Uma Senhora Para Pemberley escrita por AustenGirl


Capítulo 25
Lar Doce Lar


Notas iniciais do capítulo

Boa noite gente! Espero que ainda tenha alguém por aqui!

Quero me desculpar pela demora. Tive alguns problemas pessoais, mas agora tudo está bem. Agradeço a todos que comentaram nesse período. O apoio de vocês é fundamental para mim.

Sem mais delongas eu desejo a vocês uma ótima leitura.



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Conforme a carruagem se aproximava de Hertfordshire, Elizabeth aos poucos começava a reconhecer as paisagens e casas que, a não muito tempo atrás, faziam parte do seu dia a dia.

Ao entrar no condado ela notou que os moradores olhavam com uma certa curiosidade para o veículo que se aproximava. Alguns cochichavam entre si, provavelmente especulando de quem era e de onde vinha aquela carruagem. 

Depois de percorrer mais alguns quilômetros, finalmente Elizabeth enxergou Loungbour a distância. Um sentimento de nostalgia tomou conta do seu peito e ela respirou fundo sentindo o ar do campo preencher os seus pulmões. 

Várias lembranças boas invadiram sua mente. Certamente os últimos momentos que Elizabeth passara em casa, antes de partir para Londres, não foram os melhores, porém, aquele lugar lhe trazia muito mais lembranças boas do que ruins.

Quando a carruagem parou em frente a entrada da casa, Elizabeth desceu olhando ao redor, e em meio a tantas paisagens conhecidas, ela viu algo que a surpreendeu um pouco.

Lydia estava em frente a casa batendo alguns tapetes que estavam empoeirados. Aquela cena era deveras peculiar, pois pelo que Elizabeth lembrava, Lydia raramente ajudava em afazeres domésticos e quando ajudava eram em coisas mais leves.  

A força que a menina Bennet depositava em cada golpe no tapete fazia uma nuvem de poeira subir, provocando em Lydia uma crise de tosse, e isso a irritava. Quanto mais irritada ela ficava, mais forte ela batia. 

Elizabeth não conseguiu segurar o riso diante daquela cena e a mais nova estava tão compenetrada em seu serviço que nem percebeu a chegada da irmã. Porém, em um certo momento ela parou para descansar e viu que Elizabeth entrava pelo portão da propriedade​.

— Elizabeth! — Exclamou ela e correu em direção a irmã. — Está mesmo aqui, ou eu estou delirando por causa dessa maldita poeira? — Perguntou ela e abraçou sua irmã.

Elizabeth ficou verdadeiramente surpresa com aquela afetuosidade, já que dentre todas, Lydia era a menos dada a demonstrações de afeto, principalmente para com ela. Realmente algumas coisas estavam mudadas em Loungbourn.

— Não... Não sou efeito da poeira. Estou realmente aqui. — Respondeu Elizabeth sorrindo e correspondeu o abraço de sua irmã.

— E me parece que veio para ficar... — Comentou Lydia observando os baús que Elizabeth trazia consigo. — O que aconteceu? Onde está o senhor Darcy? 

— Ele não veio. — Respondeu Elizabeth vagamente. — Você pode me ajudar com a bagagem? — Perguntou ela para fugir de explicações maiores naquele momento. Seria melhor se ela contasse o ocorrido para todas ao mesmo tempo. 

Lydia deu de ombros contentando-se com a resposta e pegou um dos baús enquanto Elizabeth dispensava o cocheiro. 

Elas foram em silêncio pelo corredor que levava até o hall de entrada e volta e meia Lydia reclamava do peso do baú. Ao entrarem Elizabeth estranhou o silêncio em que a casa se encontrava. 

— Onde estão todas? — Perguntou ela.

— Mamãe foi na feira com Kitty e Mary, pois não temos nada para comer. — Respondeu Lydia. — Acredita que todas as comidas estragaram enquanto estávamos fora? 

— Acredito. — Disse Elizabeth. — E onde está Jane?

— Está trabalhando. — Respondeu a mais nova. — Saiu para o trabalho e me mandou limpar todos os tapetes. Não sei como ela teve coragem de fazer isso comigo! Nasci para andar em tapetes vermelhos e não para bater tapetes poeirentos! — Falou ela com indignação e Elizabeth riu da expressão dela.

Ao que parecia, com a morte do pai e chefe de família, quem tomou as rédeas na casa foi Jane. Embora o natural fosse que a senhora Bennet ocupasse tal posto Elizabeth tinha de reconhecer que sua querida, porém desequilibrada mãe, não era a pessoa ideal para tomar certas decisões. Já Jane sempre foi mais sensata e com os pés no chão. Além disso, desde que o senhor Bennet morreu, Jane Bennet mostrou ter uma força que Elizabeth não conhecia antes e isso a deixava muito orgulhosa de sua querida irmã. 

— Não vejo graça alguma! — Resmungou Lydia e Elizabeth parou de rir. 

— Desculpe-me. — Falou Elizabeth comprimindo os lábios em um pequeno sorriso. — Mas então, não quero atrasar​ seu serviço. Vou me acomodar e logo desço para lhe ajudar. 

Lydia assentiu e voltou para seu serviço enquanto Elizabeth carregou seus pertences para dentro de seu antigo quarto. Ao terminar de fazer isso ela desceu com o intuito de ajudar Lydia, mas antes disso resolveu ir até a um lugar da casa que ela sentia uma saudade especial.

A biblioteca do seu pai. 

Dentro dela as coisas ainda estavam no mesmo lugar onde seu pai costumava deixar. Além disso, tudo estava muito limpo mostrando que a biblioteca estava sendo cuidada. 

Ela sorriu ao olhar ao redor pois aquele lugar da casa em especial, lhe trazia muitas lembranças boas. Embora ela sentisse saudades do seu pai e dos momentos que passara com ele, Elizabeth agora conseguia lembrar deles sem chorar. 

A dor da perda continuava ali, mas agora Elizabeth havia se acostumado com ela. Exatamente como o senhor Darcy lhe disse que aconteceria.

Elizabeth ainda estava perdida em suas lembranças e devaneios quando ouviu vozes dentro da casa e logo reconheceu que eram sua mãe e irmãs. 

— Mamãe... Você não vai nem acreditar em quem está aqui! — Lydia falou.

— Não me diga que já temos visitas! — Falou a senhora Bennet empolgada. — Não vejo a hora de contar a todos sobre nosso passeio maravilhoso! 

— Não é exatamente uma visita. — Explicou Lydia e neste momento a própria Elizabeth apareceu na sala onde sua família estava. A surpresa​ de todas elas estava estampada em seus rostos. 

— Minha Lizzy! — Exclamou a senhora Bennet e foi ao encontro da filha para dar-lhe um abraço. — Não esperávamos vê-la tão cedo! Como está? 

— Eu estou bem, minha mãe. Obrigado. — Respondeu Elizabeth e estava começando​ a ficar nervosa, pois se aproximava o momento de contar o que havia acontecido. 

Jane também já havia chegado do trabalho e ficou também surpresa com a chegada de sua irmã. Logo notou que algo não estava bem, pois ao olhar com atenção​ para as feições de sua irmã, Jane notou que ela estava levemente pálida e seu rosto tinha uma expressão cansada e triste. Em nada se parecia com a Elizabeth que ela deixou em Pemberley quando partiu.

— E onde está meu querido genro? Ou melhor, futuro genro. — Falou a senhora Bennet sorrindo alegremente. 

— O senhor Darcy não veio... — Começou Elizabeth, mas não sabia muito bem como continuar. — Mamãe... Acredito que será melhor a senhora sentar-se. Tenho algo importante a dizer. — Pediu ela e a sua mãe lhe lançou um olhar desconfiado, porém obedeceu a instrução da filha e sentou-se na poltrona mais próxima. 

— Já sei! — Exclamou a senhora Bennet. — Está aqui pois finalmente marcaram a data do casamento? — Perguntou ela com os olhos cheios de esperança e por alguns segundos Elizabeth até ficou com pena de sua mãe e dos seus pobres nervos.

— Não, nós não marcamos a data. — Respondeu Elizabeth. — Na verdade... O senhor Darcy e eu não estamos mais noivos. — Disse ela e a senhora Bennet ficou calada por alguns segundos.

— Que brincadeira mais tola é essa minha filha? — Perguntou sua mãe e já tinha a voz um pouco alterada e espalmou as mãos no peito como se sentisse dor. 

— Sinto lhe causar esse abalo, mas infelizmente é a verdade. Eu não vou mais me casar. — Disse Elizabeth, preferindo ser direta em suas palavras pois sabia que não havia um jeito fácil de dar aquela notícia.

A senhora Bennet pegou um leque que estava em uma mesa de centro e abanava-se freneticamente enquanto respirava com uma certa dificuldade. Elizabeth não sabia dizer se aquilo era um exagero da parte dela ou se realmente era verdade, já que o assunto casamento era algo bem delicado para sua mãe.

Por via das dúvidas ela tomou a iniciativa de pegar um copo d'água e alcançou para sua mãe que o tomou praticamente em um só gole. Elizabeth aguardou com paciência​ até que sua mãe se acalmasse e suas irmãs fizeram o mesmo. 

— O que aconteceu? — Finalmente a senhora Bennet perguntou. — Ele desistiu do casamento? Ah minha filha, eu tantas vezes falei para marcar logo a data antes que ele desistisse. 

As irmãs de Elizabeth olhavam​ para toda aquela cena e ainda estavam absorvendo aquela informação. Todas elas haviam notado o quanto Elizabeth e o senhor Darcy estavam apaixonados, então não conseguiam entender o que teria levado ao término do noivado de maneira tão repentina.

— O senhor Darcy e eu pertencemos a mundos completamente diferentes. — Disse Elizabeth. — Nós acabamos nos desentendendo e infelizmente as diferenças prevaleceram. — Explicou ela da maneira mais resumida possível. — Mas não foi ele quem desistiu do nosso compromisso​. Eu desisti.

Nesse momento a senhora Bennet pareceu ter uma síncope.

— Criança tola e inconsequente! — Bradou a senhora Bennet. — Eu realmente não sei onde errei com você! — Disse ela e levantou-se andando de um lado para o outro da sala. — Não tem nem ao menos um pouco de compaixão por nós? 

— Mamãe, entendo sua frustração, mas o fato de eu não me casar com o senhor Darcy, não significa que eu não vá ajudá-las. As coisas continuarão como eram antes... — Começou ela, mas foi logo interrompida pela sua mãe. 

— Certamente que não! Agora o senhor Collins irá nos despejar de nossa casa sem nem pestanejar​. 

Elizabeth tentou argumentar, mas sua mãe estava nervosa demais para qualquer conversa racional. Estava muito mais nervosa do que quando Elizabeth rejeitou o senhor Collins. Jurou algumas vezes que não falaria mais com Elizabeth e, por fim, foi para o seu quarto ficar sozinha.

As irmãs de Elizabeth ainda processavam a informação e ao verem o quanto sua irmã estava abatida, as quatro se juntaram e deram-lhe um abraço reconfortante. Da parte delas não houve nenhum julgamento ou palavras de repreensão e Elizabeth sentiu-se grata por isso. 

Depois de alguns segundos ela decidiu que seria melhor ir para o quarto, e suas irmãs a deixaram, com exceção de Jane. Ela precisava saber com detalhes o que realmente havia acontecido. 

— Elizabeth eu não consigo entender! — Exclamou ela quando as duas ficaram a sós no quarto. — Que discussão tão grande foi essa que a levou a tomar essa decisão extrema?

Elizabeth olhou para Jane e respirou fundo. Ainda não havia contado para ninguém sobre os detalhes envolvendo a separação deles. 

— No dia do baile, eu ouvi duas senhoras falando sobre mim. Uma delas disse que eu não sou a mulher adequada para o senhor Darcy e que ele se arrependeria de estar comigo. — Começou ela. — Depois de ouvir aquilo, eu comecei a ver tudo com outros olhos.

— E desde quando se importa com o que os outros dizem sobre você? — Jane perguntou confusa sentando-se ao lado de sua irmã. 

— Eu não me importo com o que dizem sobre mim. Eu estava até mesmo preparada para não ser aceita pela sociedade, mas o que elas falaram não era exatamente sobre mim ou sobre meus modos, e sim sobre os sentimentos do senhor Darcy. 

—  E então foi apenas por isso que terminou seu noivado? Por uma dúvida criada por terceiros? Eu não estou a reconhecendo minha irmã... — Jane falou e ainda tinha um tom de incredulidade na voz.   

— Jane... Certamente a senhora Westwood foi perniciosa ao falar aquelas coisas, mas ela não mentiu. — Falou Elizabeth com um certo pesar na voz. — A discussão que o senhor Darcy e eu tivemos depois serviram como confirmação de que nossa união era muito imprudente. 

— O que ele lhe disse para que pense assim? — Jane insistiu pois tinha a sensação de que havia algo a mais naquela história 

Ao ouvir essa pergunta, Elizabeth não soube exatamente o que dizer, no entanto chegou muito perto de contar à sua irmã o que havia descoberto a respeito da influência que o senhor Darcy exerceu no senhor Bingley​. Porém rapidamente ela se refreou de dizer isso. Seria doloroso para sua irmã saber que sempre foi correspondida pelo homem que amava. Enquanto as coisas não estivessem perfeitamente estabelecidas em relação​ a Jane e o senhor Bingley, ela não diria nada sobre este assunto para sua irmã. 

Ela só poderia libertar-se daquele segredo quando ele perdesse totalmente o seu valor.

— A questão não é o que ele disse, e sim os fatos... — Falou Elizabeth e então ficou em silêncio desviando o olhar de sua irmã. 

Jane entendeu que não conseguiria tirar mais informações de Elizabeth, e sentia muito pela tristeza de sua irmã. 

— Oh Lizzy! — Jane murmurou e abraçou Elizabeth com afeto. — Se eu soubesse de seus sentimentos, do quanto estava abalada após o baile, eu não teria lhe deixado em Pemberley. Por que não me disse nada? 

— Eu não lhe disse, pois sabia que ficaria preocupada comigo e permaneceria em Pemberley, mesmo que não fosse de sua vontade. — Disse Elizabeth. — Não seria justo que se preocupasse com meus problemas, sendo que já tinha os seus.

— Mas, não é isso que irmãs fazem? — Perguntou Jane. — Se não nos apoiarmos durante as dificuldades, de que adianta termos uma a outra?

Elizabeth não soube como responder. Talvez ela tivesse mesmo errado ao não contar para Jane sobre suas preocupações, mas dentre todos os erros envolvidos na relação dela com o senhor Darcy, este erro era o menor de todos.  

A verdade é que naquele momento ela já não tinha mais certeza de nada. Não sabia mais o que era certo ou errado naquilo tudo. A única certeza que ela tinha, era sua vontade de seguir em frente.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam?

A senhora Bennet respira por aparelhos, mas passa bem kkkk

Ainda não tivemos Darcy, e ele não aparecerá por enquanto. Primeiro Elizabeth vai organizar os pensamentos dela. O próximo capítulo será provavelmente na sexta, talvez antes pois ele está praticamente​ pronto.

Aguardo os comentários.



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