Uma Senhora Para Pemberley escrita por AustenGirl


Capítulo 19
Um Reencontro Nada Agradável


Notas iniciais do capítulo

Oii gente linda! Tudo bem?

Quero me desculpar com vocês pela demora... Essas últimas semanas eu e minha família passamos por alguns problemas e infelizmente eu não consegui me concentrar para escrever.

Mas eu agradeço do fundo do coração para quem comentou e está lendo a fanfic por que são esses comentários que me motivam a não desistir de escrever. Obrigado mesmo! Eu amo muito vocês!

Peço que leiam as notas finais, pois tenho um recado importante.

Agora sem mais delongas vamos ao capítulo!

Boa leitura.



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Se a ansiedade fosse uma pessoa, naquele momento ela seria Elizabeth.

 

Ela estava em seu quarto e já estava pronta para sair, mas protelava esse momento, devido ao nervosismo que sentia. 

Várias coisas estavam deixando-a naquele estado. Como ela seria recebida pelas pessoas do círculo social de seu noivo, o reencontro de sua irmã com Charles Bingley, como suas irmãs mais jovens se comportariam, e principalmente, a declaração que ela faria ao senhor Darcy.

Antes de finalmente sair, ela olhou-se mais uma vez no espelho e repetiu para si mesma que tudo daria certo. Assim, tratou de sair do quarto e logo ela chegou na grande escadaria que a separava do grande salão. 

Do alto, ela pode ver o senhor Darcy lá em baixo conversando com a senhora Reynolds. Com cuidado para não tropeçar no próprio vestido, Elizabeth começou descer os degraus devagar e ele ainda não havia notado a presença dela até o momento que a senhora Reynolds a olhou e o senhor Darcy acompanhou o olhar da senhora e enfim pousou sua visão​ em Elizabeth.

Ele pediu licença para a governanta e foi ao encontro de sua noiva.

A moça usava um vestido vermelho, que ele nunca havia visto ela usar antes. Aquela cor dava um destaque especial aos olhos dela, além de deixá-la ainda  é mais atraente, pensou ele a observava descer a escada. Ela estava linda. Naquele instante o senhor Darcy perguntou-se como ele pôde chegar a pensar e dizer que Elizabeth era tolerável se ela era a mulher mais bela do mundo?

Talvez por que ele fosse um cego na época. Orgulhoso demais para reconhecer a beleza dela. Mas eram águas passadas, e ele já havia se arrependido muito por aquilo.

— Que tal estou? — Perguntou Elizabeth erguendo levemente a barra do vestido e fazendo uma mesura propositalmente exagerada. 

— Bela o suficiente para me tentar! — Disse o senhor Darcy estendendo-lhe seu braço para acompanhá-la.

Ela riu das palavras dele indicando que se lembrava muito bem delas. Palavras que outrora haviam sido proferidas com desprezo, mas agora estavam carregadas de sua admiração. 

— Fico muito lisonjeada em saber! — Falou ela e enganchou seu braço ao dele. 

Nenhum dos convidados havia chegado ainda, mas as Bennets, Georgiana Darcy e a família Gardiner, com exceção das crianças pois eles eram muito pequenos para frequentar bailes, já estavam presentes no salão.

As irmãs mais novas de Elizabeth tinham uma empolgação evidente e estavam próximas a porta para que pudessem ser as primeiras a ver os convidados que chegariam. Tinham certeza que não haviam militares na lista, porém sabiam que tinha uma quantidade razoável de jovens solteiros que o senhor Darcy havia convidado. Assim elas estavam ansiosas para que os convidados começassem a chegar e conhecer quem seriam seus pares de dança para aquela noite.

A senhora Bennet estava com Jane e Georgiana Darcy em outro canto do salão e assim que as três viram Elizabeth e o senhor Darcy juntos, elas foram até eles.

— Minha filha, está tão linda! — A Senhora Bennet a elogiou com orgulho. — E o senhor também está muito bonito, é claro! — Falou um tanto constrangida para o senhor Darcy que lhe fez uma pequena reverência em agradecimento.

— Realmente estão lindos! — Georgiana falou sorrindo para o casal. — Lizzy, o vestido ficou perfeito! Parece ter sido feito para você! 

— Obrigada! — Agradeceu Elizabeth. — Devo agradecer a você pelo bom gosto! Se eu mesma tivesse escolhido um vestido, acho que não teria feito uma escolha melhor que a sua! 

O senhor Darcy acompanhava satisfeito o entrosamento entre as duas. Estava feliz por ver a amizade crescer entre as mulheres que ele mais amava. Continuaram conversando sobre algumas amenidades, quando ouviram a Kitty​ e Lydia dizerem animadas que os primeiros convidados haviam chegado.

Elas estavam visivelmente empolgadas, porém foi até engraçado ver a decepção delas quando elas viram que se tratava do senhor e da senhora Collins.

Ao contrário das suas jovens irmãs, Elizabeth sorriu de alegria ao ver sua amiga chegar e então ela e o senhor Darcy foram ao encontro do casal. 

— Minha amiga! Você está tão linda! Parece até uma princesa. — Charlotte falou dando um abraço apertado em Elizabeth. — Como você está?

— Eu estou ótima! Senti tanta saudade! — Elizabeth respondeu dando mais um breve abraço em sua amiga. 

A seguir Elizabeth cumprimentou o seu primo. 

O senhor Collins sempre teve um jeito pomposo para falar, e como ele mesmo dissera uma vez, gostava de criar elogios para as pessoas. Suas boas maneiras eram ensaiadas. E agora ele se desmanchava em elogios e felicitações ao casal.

— Minha doce e estimada prima. Se me permitem dizer, Pemberley em breve terá uma nova joia para adorná-la! — Disse ele em um certo momento sorrindo para Elizabeth, indicando que a “joia” a qual se referia era ela própria.

Precisou respirar fundo para não rir daquilo. Como a mãe dela pôde um dia supor que ela seria capaz de se casar com aquele homem? Como Charlotte o suportava? 

— O Senhor é muito gentil, senhor Collins. — Agradeceu ela, mas era mais em consideração a esposa dele que era sua amiga, do que ao seu primo.

As maneiras como ele falava e bajulava a irritava profundamente. E além disso, as atitudes dele faziam com que Elizabeth pensasse que estava certa ao supor que ele havia cedido Longbourn para sua família não por caridade ou compaixão, e sim por interesse em agradar o senhor Darcy.

Era algo controverso, ela tinha de admitir. 

O senhor Collins tinha uma devoção exagerada a sua benfeitora. Lady Catherine, por sua vez, posicionava-se contra o noivado de Elizabeth e Darcy. Assim o que era de se esperar era que o senhor Collins apoiasse a sua benfeitora e também fosse contra o casal. Porém ele se mostrava ser um homem muito astuto procurando agradar aos dois lados, tia e sobrinho. Talvez o senhor Collins não fosse tão estúpido quanto parecia, pensou ela com um certo divertimento.

Por sorte Charlotte não era como o senhor Collins, e se comportava para com ela da mesma maneira que antes e isso era um alívio para Elizabeth, já que ela era sua melhor amiga. 

Elizabeth ficou até com pena de deixar seu noivo na companhia do senhor Collins, mas as duas mulheres se afastaram dos cavalheiros para poderem conversar mais à vontade.

— E tantas vezes eu falei que ele estava apaixonado e você me chamou de louca. — Comentou Charlotte em um tom bem-humorado, quando já estavam longe o suficiente para não serem ouvidas. — E eu me lembro muito bem que a senhorita jurou detestá-lo por toda eternidade! Mal sabes a minha surpresa quando soube do teu noivado.

— Ah Charlotte tanta coisa aconteceu! — Disse Elizabeth sorrindo e soltou um breve suspiro.  

— Então trate de me contar logo! — Charlotte falou impaciente.

Elizabeth contou para sua amiga sobre como sua opinião sobre o senhor Darcy havia mudado no decorrer do tempo e como ele se mostrara diferente do que ela pensava sobre ele. 

— E eu lhe falei isso desde o princípio, mas teimosa como sempre foste, negou-se a acreditar em mim! — Ironizou Charlotte ao ouvir todo o relato de Elizabeth. — Podias estar feliz ao lado dele a muito mais tempo, se me permite dizer.

— Creio que não! — Elizabeth respondeu. — Cada sentimento surgiu ao seu próprio tempo. E ouso dizer que até mesmo o período em que eu detestava o senhor Darcy me ensinou uma valiosa lição.

— E podes me dizer qual foi essa lição? — Charlotte perguntou.

— Ensinou-me a não acreditar cegamente nas primeiras impressões. — Disse ela. — Embora eu ainda me considere muito boa em analisar o caráter das pessoas, devo dizer que já não confio tanto assim nessa minha habilidade como antes confiava.

— Minha cara amiga, tenho de reconhecer que este noivado lhe fez muito bem! — Disse Charlotte com orgulho de Elizabeth. Ela sempre achou que sua amiga e o senhor Darcy formavam um belo casal. Não apenas na aparência, mas achava que o gênio dos dois combinava muito.

As maneiras extrovertidas de Elizabeth, contrastavam com a personalidade mais reservada do senhor Darcy. Assim, a união de ambos proporcionou um equilíbrio entre as partes. Ele aprendeu a ser mais amigável, e ela aprendeu a não julgar tanto.

— Mas agora diga-me Charlotte, quais são as novidades em Rosings e Hunsford? — Perguntou Elizabeth, mudando de assunto.

— Nossa vida, com certeza, não está tão agitada quanto a sua. — Respondeu Charlotte com bom humor. — Mas não tenho do que reclamar. 

— E Lady Catherine não se opôs ao fato de virem ao baile? — Perguntou Elizabeth e estava muito curiosa para saber a resposta.

— Certamente que não! — Disse Charlotte como se falasse a coisa mais óbvia do mundo e Elizabeth se surpreendeu com aquela resposta. — Sabes de como ela gosta de opinar e dar críticas sobre tudo. — Charlotte apressou-se em explicar ao ver a confusão de sua amiga. — Sendo assim ela própria gostaria de estar aqui, para ver tudo com os próprios olhos, mas orgulhosa como é, jamais daria o braço a torcer em relação a isso. Então quando fomos convidados, ela ficou até contente, inclusive nos cedeu uma de suas carruagens para virmos para cá. Ela sabe que o senhor Collins chegará em Rosings contando a ela sobre cada detalhe desta festa, assim, será como se ela própria tivesse comparecido. 

— Entendo. — Murmurou Elizabeth.

A resposta sincera de Charlotte reforçou o pensamento que antes tivera a respeito do seu primo. Ele era mais esperto do que parecia.

Depois disso as duas mudaram novamente de assunto e então Jane Bennet juntou-se a elas. 

As três amigas tinham uma conversa animada, na qual Jane atualizou Charlotte de todas as novidades do condado, bem como passaram a conversar sobre boas lembranças dos velhos tempos de infância e adolescência. 

Enquanto isso outros convidados começaram a chegar. Ao que parecia, um casal, com os seus dois filhos. Elizabeth lamentou de ter de deixar a conversa animada que estava  tendo com sua irmã e sua amiga, mas precisou sair para receber os recém-chegados. Afinal, ela era praticamente uma anfitriã naquela festa. 

Assim ela e seu noivo se aproximaram da família que chegava.

— Permitam-me apresentar minha noiva, a senhorita Bennet. — Disse o senhor Darcy e Elizabeth fez uma curta reverência ao casal. — Elizabeth, estes são senhor e senhora Benson. — Complementou e a família também fez um movimento de reverência.

O senhor Darcy já havia falado sobre eles com Elizabeth, assim ela os observou por um momento, juntando as informações que já tinha, com as que ela agora podia observar.

O senhor Thomas Benson era um homem mais velho, com certeza já havia passado dos cinquenta, mas ainda tinha uma aparência jovial. Fizera sua fortuna no comércio e era muito conhecido no condado. Não se podia dizer que ele era bonito, era até um pouco feio para falar a verdade, porém o sorriso acolhedor que ele tinha, o tornava um homem simpático. Talvez sua simpatia se devesse ao fato de ser um comerciante.  

Já a senhora Benson, Olívia pelo nome de batismo, embora também não fosse mais tão jovem, era uma mulher de grande beleza. Vestia-se elegantemente e tinha um porte altivo. Ela também deu um sorriso para Elizabeth, mas não parecia tão natural e simpático quanto de seu marido. A maneira como ela olhou para Elizabeth dos pés a cabeça, mostrava que ela a estava analisando.

Embora incomodada com tal atitude, Elizabeth fez o seu melhor para não demonstrar seu descontentamento. E sinceramente, ela já esperava esse tipo de reação das pessoas.

Quanto aos filhos do casal, eram rapazes muito belos, pois por sorte haviam puxado pela beleza da mãe e a simpatia do pai. Os olhos das Bennets mais novas faiscaram de alegria ao vê-los e elas logo trataram de pedir para Georgiana as apresentar para os rapazes. 

— Finalmente tenho o prazer de conhecer a tão famosa Elizabeth Bennet. — Disse Olívia Benson aproximando-se de Elizabeth. — Tenho de dizer, senhor Darcy, sua noiva é uma jovem muito bela. 

Elizabeth agradeceu o elogio e ficou ainda mais desconfiada com a intrigante mulher. Parecia que as maneiras dela, não condiziam com suas palavras. Porém Elizabeth decidiu afastar esses pensamentos. Afinal, ela poderia estar enganada, assim como se enganou a respeito do senhor Darcy no princípio. 

O senhor Darcy entrou em uma conversa amena com o senhor Benson enquanto os rapazes passaram a andar pelo salão e foram apresentados para as moças. Elizabeth gostaria de encontrar algum assunto para conversar com a senhora Benson, porém não houve muito tempo pois mais convidados começaram a chegar.

Desta vez, era a família Westwood. 

Um casal razoavelmente jovem, aproximadamente quarentena anos, e já tinham um filho de dezessete anos, chamado John.

O senhor Westwood era um homem sério e parecia não ser dado a muitas palavras. Pelo que Elizabeth sabia ele e Darcy se conheciam a um bom tempo e eram bons companheiros de caçadas e pescarias.

Enquanto o marido era um sepulcro de tão calado, a senhora Westwood era justamente o oposto. Depois que as devidas apresentações foram feitas e a mulher foi muito amável para com Elizabeth.

— É uma honra finalmente conhecê-la senhorita Bennet. — Disse ela com um sorriso de orelha a orelha, tomando as mãos de Elizabeth entre as suas. 

Elizabeth estranhou por um momento aquela intimidade, mas logo passou o estranhamento e ela rapidamente decidiu que gostava daquela alegre mulher.

— A honra é toda minha senhora Westwood... — Elizabeth começou a falar, mas foi interrompida pela animada senhora.

— Deixe de formalidades minha querida. Podes me chamar apenas de Anne. — Falou ela. — Espero sinceramente que possamos ser amigas. — Completou com um sorriso cordial que foi correspondido por Elizabeth. — O que está achando do nosso condado?

— Para lhe ser sincera, quase não tive tempo para conhecer. — Disse Elizabeth e a mulher fez uma expressão consternada. 

— Isso é uma pena. — Falou ela. — Mas depois que se casar não faltará oportunidade de conhecer tudo. Eu mesma faço questão de acompanhá-la se desejar. — Ofereceu-se e Elizabeth aceitou de bom grado.

Neste meio tempo mais e mais convidados começaram a chegar e a maioria eram conhecidos do senhor Darcy, pois infelizmente muitos dos amigos dela de Hertfordshire não puderam comparecer devido a distância. Mas ainda assim ela estava animada pois todos estavam sendo muito amigáveis para com ela, bem diferente do que ela esperava.

A música já tocava e os primeiros pares começaram a se formar no salão. As Bennet mais jovens ficaram contentes, pois logo de início já tiveram par para dançar. Até mesmo Mary, que não gostava muito de bailes estava animada, pois ela e Georgiana Darcy foram convidadas a tocar algumas das músicas. 

A única a estar mais reservada era Jane Bennet. Ela estava em um canto mais isolado do salão. Estava entretida observando os pares dançando e ao ver a alegria de suas irmãs mais novas ela sorriu. Parecia estar mais animada, mas, ainda assim, era alvo de preocupação de Elizabeth, que assim que teve oportunidade foi falar com sua irmã.

— Porque a senhorita não está dançando? — Elizabeth perguntou assim que chegou perto dela. — Deveria pelo menos tentar se divertir!

— Mas eu estou me divertindo. — Jane respondeu sorrindo. — Só não estou dançando por que não fui tirada ainda. Ou queres que eu ofereça a minha mão aos rapazes? — Ironizou ela e Elizabeth riu.

— Não acredito! Mas esses rapazes são todos tolos certamente! — Elizabeth falou entrando na brincadeira. 

— Disso eu não tenho dúvidas! — Jane disse rindo. — E a senhorita, não está dançando​ porque? Imaginei que a veria rodopiando por esse salão a noite inteira.

— Eu também Jane, eu também. — Elizabeth respondeu frustrada. — Mas precisamos recepcionar os convidados. Ainda não nos sobrou tempo para dançar.

— E já conheceu pessoas interessantes?

— Sim! Ouso dizer que já fiz até algumas amizades. — Falou ela observando em volta e viu a senhora Benson conversando com a senhora Westwood e ambas acenaram discretamente para Elizabeth e Jane. 

Antes que um novo assunto surgisse entre as duas irmãs, o senhor Darcy apareceu pedindo que Elizabeth o acompanhasse pois gostaria de apresentar a ela um de seus amigos que a poucos minutos havia chegado.

Aproximaram-se do homem magro e alto que os recebeu com um sorriso alegre. 

— Elizabeth, este é o senhor Richard Grimes, o delegado do condado. Nos conhecemos desde criança​s, pois estudamos juntos. — O Senhor Darcy informou com satisfação sorrindo para o amigo.

— Encantado em conhecê-la senhorita! — Disse ele com um sorriso cordial, que fazia com que pequenas rugas se evidenciassem nos cantos dos seus olhos azuis, dando a ele um ar ainda mais cordial. — Aliás, devo confessar que eu já a tinha em grande estima muito tempo antes de conhecê-la. — Falou ele sorrindo cúmplice para o senhor Darcy e Elizabeth ficou sem entender. 

— O senhor Grimes e eu fizemos uma aposta, nos tempos de colégio, deveríamos ter uns dez anos. — Disse ele e Elizabeth o olhou esperando que ele continuasse. — Eu disse a ele que jamais me apaixonaria, e ele duvidou da minha palavra, então fizemos uma aposta sobre isso. 

— E o que os senhores apostaram? Posso saber? — Perguntou ela divertida e interessada no rumo da conversa.

— Sabe que eu não me lembro! — Disse o senhor Darcy olhando para o seu amigo para ver se ele se lembrava. - Já faz tanto tempo.

— Eu também não! — Disse o senhor Grimes rindo. — Mas o que importa é que eu venci. 

— E eu nunca fiquei tão feliz em perder. — Falou o senhor Darcy olhando sugestivamente para Elizabeth que ficou sem graça. 

O senhor Grimes então tratou de puxar outro assunto e assim os três logo estavam em uma conversa muito animada.

Ele era muito divertido e embora estivesse a envergonhar o senhor Darcy contando todas as traquinagens e anedotas da infância de seu amigo, Elizabeth se divertia ao imaginar o menino Fitzwilliam correndo pelos pátios de Pemberley e aproveitando a infância. 

Entre um assunto e outro, o senhor Grimes aproveitou para pedir para Elizabeth, algo que ele queria quase tão logo chegou na festa.

— Senhorita Bennet, poderia fazer-me uma gentileza? 

— Claro que sim. Em que posso ajudá-lo? — Ela respondeu prontamente.

— Eu gostaria muito que me apresentasse para a sua irmã. — Falou ele e ela percebeu que ele ficou vermelho e parecia envergonhado com o próprio pedido. — Se não for incomodar, é claro. — Falou ele e Elizabeth lhe sorriu. 

— A qual delas o senhor quer conhecer? Afinal eu tenho quatro irmãs. — Ela disse divertida e ele também riu. O homem olhou em volta pelo salão e então pousou seu olhar na Bennet que ele queria conhecer. 

Jane estava no mesmo lugar onde Elizabeth a deixara  minutos antes e estava tão concentrada em observar as danças que nem percebeu ser o era alvo do olhar da admiração do senhor Grimes. 

Ele era viúvo há alguns anos. Sua esposa, que tinha acabado de completar vinte anos, faleceu ao dar a luz e infelizmente mãe e filha não sobreviveram as complicações no parto. 

Foram anos difíceis pelos quais ele passou depois daquela tragédia, mas depois de um certo tempo ele começou a tentar dar a volta por cima. Afinal de contas, ele era um homem jovem e mesmo que a vida houvesse lhe dado grandes rasteiras, ele estava decidido a reencontrar sua felicidade.

Tão logo chegou ao baile ele ficou encantado com a beleza da irmã de Elizabeth. 

Se fosse em outros tempos ele não teria tido a coragem de pedir para ser apresentado. Ele sempre foi impetuoso para exercer sua profissão como delegado, o que não era nenhum pouco fácil, mas esse ímpeto o deixava quando se tratava de relacionamentos. Mesmo depois de casado, ele as vezes tinha dificuldades de expressar seus sentimentos.

Mas ele havia mudado muito. Depois de perder tudo o que mais lhe importava, Richard Grimes decidiu não deveria perder tempo nem oportunidades. Não se guardava. Não hesitava. Ele sabia que a vida era curta e imprevisível demais para que ele não fosse aproveitada ao seu máximo. Assim, sem titubear ele solicitou que Elizabeth o apresentasse para a mulher que estava lhe encantando tanto.  

Ao ver que ele estava tão encantado com sua irmã, Elizabeth até sentiu pena dele, pois ela mais do que qualquer um ali sabia que o coração de Jane ainda pertencia a outro.

No entanto, Elizabeth ainda estava decidida a fazer sua irmã esquecer Charles Bingley, e se divertir naquela festa. Talvez sua irmã achasse impertinente de sua parte apresentá-la a um outro cavalheiro nas presentes condições, porém esse pensamento não demoveu Elizabeth de sua ideia.

Ela achou que apresentar o senhor Grimes para Jane seria uma boa coisa. Talvez futuramente, ele pudesse ser a oportunidade para Jane esquecer o senhor Bingley.  

— Espere um momento que vou trazê-la aqui. — Disse Elizabeth e o cavalheiro sorriu satisfeito.

Assim, dentro de pouco tempo ela trazia sua irmã consigo e a apresentou para Richard que sorriu ao constatar que a senhorita Bennet era ainda mais bela ao ser vista de perto. Sem demoras ele a tirou para dançar.

Jane embora hesitante no começo, logo pensou melhor e aceitou prontamente o convite. Afinal de contas, ela adorava dançar. E além do mais, ela não deveria ficar se provando de se divertir. Por mais que fosse difícil, ela estava decidida a deixar o passado no seu devido lugar e aproveitar o presente.

Enquanto isso lado de fora do salão, chegava uma carruagem vinda de Londres trazendo o casal Hurst, bem como Charles e Caroline Bingley.

Quando o veículo parou, todos desceram com exceção de Charles que estava distraído demais com os próprios pensamentos que nem percebeu que haviam chegado.

— Charles vamos! — Sua irmã o repreendeu. — Já estamos com uma hora de atraso. Sabes que detesto chegar por último nos lugares.

— Teríamos chegado mais cedo se não tivesse ficado trocado de vestido por, pelo menos, dez vezes. — Ele respondeu mal-humorado, despertando de seu devaneio.

— Eu precisava me arrumar. — Respondeu ela e nesta altura já estava de braço dado com seu irmão. — Quero que todos vejam como sou muito superior a ela.

Charles sabia de quem Caroline se referia. Sua irmã, embora já não fosse mais uma criança, tinha uma atitude extremamente infantil em relação a Elizabeth. Ela precisava sentir-se e mostrar-se melhor que os outros. Uma grande bobagem na opinião dele, pois sabia que seu amigo nunca teve olhos para ela e estava perdidamente apaixonado pela noiva.

Porém, para não discutir com sua irmã ele apenas assentiu e então caminharam elegantemente até o hall de entrada.  

Assim que entraram no salão, Charles automaticamente olhou em volta procurando por ela.

Por mais que já tivessem se passado seis meses desde que partira de Netherfield, ele nunca conseguiu esquecê-la. Nem por um dia sequer. 

Então, não demorou muito para que ele a avistasse. Tão bela como ele se lembrava. 

Jane estava no meio do salão e dançava com o senhor Grimes, o delegado do condado. Charles Bingley sentiu algo se revirar em seu íntimo e sabia muito bem o que era. Era ciúmes. Ciúmes por ver outro Gomes dando atenção para a mulher que ele amava, e ver que ela retribuia tal atenção. Ou talvez, a palavra que definiria melhor os seus sentimentos era inveja, pois na realidade, ele gostaria de estar no lugar do homem que conduzia Jane pelo salão.

Em um dos passos de dança Jane e o senhor Grimes ficaram mais próximos e Charles viu Jane sorrir por causa de algo que o homem disse. Um sorriso meigo e encantador, que um dia foram para ele e que agora ela dispensava para outro.

Ver aquela cena lhe doía, mas ele não conseguia se afastar oi sequer desviar os olhos. Era como se seus pés tivessem sido plantados naquele chão. Foi então que ela finalmente o enxergou.

Por alguns instantes ela parou e perdeu-se nos passos de dança. Seus olhos se cruzaram com os dele e os mais variados sentimentos invadiram a ambos. 

Por que ele a olhava daquela maneira? Por alguns segundos ela pensou que ele a olhava a com paixão, mas logo afastou essa ideia. Charles Bingley não a amava. Nunca amou.

— Algum problema senhorita? — Richard Grimes perguntou ao ver que Jane não estava mais concentrada na dança.

Ela negou e por mais confusa que estivesse, por mais que isso lhe ferisse, ela rapidamente parou de olhar para o senhor Bingley e voltou a dar atenção para o seu par. Não permitiria que Charles a enganasse novamente. 

Aquilo machucou o coração de​ Charles mais do que qualquer coisa. Mostrava o quão indiferente ela era e o quanto ele foi cego ao pensar que ela pudesse o amar. Mais do que nunca teve certeza que o senhor Darcy tinha razão sobre tudo.

Os dois estavam magoados e quebrados, cada um crendo na indiferença do outro e agora só lhes restava aceitar e esperar que aquela noite infernal acabasse logo.

E o pior é que ela só estava começando.


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Notas finais do capítulo

E então gente, o que acharam? O capítulo do baile vai ser dividido em duas partes e no próximo mais coisas acontecerão.

Agora sobre o assunto importante, é que queria falar para vcs que pelos meus cálculos faltam mais ou menos uns dez capítulos para esta fic acabar, e eu já estou com um outro projeto em mente para quando finalizar "Uma Senhora Para Pemberley".

Será uma nova fanfic, também sobre Orgulho e Preconceito, mas desta vez uma história moderna.

Fiz um pequeno trailer para esse novo projeto e aguardo as opiniões de vocês sobre isso.
Aqui está o link:

https://www.youtube.com/watch?v=GuTba3k1iVM

Bjos e até mais.



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