Meredith Gruwell escrita por Karina A de Souza


Capítulo 3
Malfoy


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas.
Entrem no grupo das minhas fanfics:
https://m.facebook.com/groups/1535257620021671



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/741826/chapter/3

Fui acordada por outro pesadelo, de novo, igual ao da noite anterior. Gritei até ficar rouca, e suei até o vestido branco ficar grudado na minha pele. Dessa vez não havia nem Severo nem Minerva ali, o que me deixou aflita, já que eu me sentia observada.

Saí da cama devagar e fui para o corredor. Estava vazio, mas a sensação estava ali ainda. Num impulso, comecei a correr.

Eu não costumava sair correndo por aí no meio da noite, não era esse tipo de pessoa. Mas definitivamente tinha alguém atrás de mim naquele momento, e tudo o que eu não precisava era ser morta de novo, sem explicação. Não sei como, mas ganhei uma segunda chance, renasci ali na frente de Hogwarts, e não podia deixar nada me levar para a morte de novo, pelo menos não ainda.

Alguma coisa se moveu na escuridão e agarrou meus braços. Soltei um grito daqueles, acho que despertando todo o castelo. Só me acalmei quando a luz iluminou o rosto de quem havia me parado.

—Por Merlin, Severo, você podia ter me matado de susto.

—Do que estava fugindo?

—Tinha alguém atrás de mim. –Me soltei, olhando na direção de onde vim. –Tinha alguém me observando. –Encostou a mão na minha testa, me afastei, ele estava me olhando como se eu fosse louca. –Sei o que estou dizendo, Severo.

—Você está com febre, talvez até delirando.

—Não estou delirando! Tinha alguém na enfermaria, e tinha alguém atrás de mim...

—Você está só assustada com o que aconteceu.

—Bom, alguém me empurrou da Torre do Relógio, talvez eu só não queira que aconteça de novo.

—Volte para a enfermaria. –Fiz que não. –Meredith, você não tem mais...

—Dezesseis? Eu tenho, sim. Por mais que não devesse. –Me apoiei na parede, tonta de repente.

—Meredith?

—O mundo está girado. –Deslizei até sentar no chão, Severo se abaixou na minha frente. –Por que você ainda não me perdoou?

—Meri...

O mundo apagou.

***

Eu nunca achei que diria isso, mas... Amo o uniforme da Grifinória.

Tudo bem, vamos lá. Quando acordei naquela manhã, recuperada do desmaio anterior no corredor com Severo, Minerva me contou que eu deveria retornar às aulas. E depois de tudo, de acordar e descobrir que tinha morrido vinte anos atrás... Foi a primeira vez que me senti bem de verdade.

—Como sempre foi uma boa aluna, acho que vai se sair bem. Começamos há pouco tempo o ano letivo, e sei que vai acompanhar seus colegas.

—Vou me esforçar. –Prometi, distraída com a lista de livros que fora colocada na minha frente. Eu tinha sido movida para o meu antigo quarto, que por sorte tinha um espaço pra mim. –Vou ter aulas com Snape? Ele é professor de Poções?-Olhei para cima, para Minerva. –Isso é sério?

É, meu antigo amigo havia se tornado um professor. E agora eu teria aulas com ele. Não seria fácil, considerando que agora ele tinha raiva de mim. Suspirei. Severo com raiva e Sirius não me amava mais. Péssimo momento para se despertar da morte.

—Ele é um bom professor. –Minerva disse. Hermione, atrás dela, fez uma cara engraçada, fingindo se concentrar no livro que estava lendo.

—Eu aposto que sim. Ele sempre foi muito centrado nos estudos.

—Bom, vou deixar você se ajeitar por aqui. Suas aulas começam amanhã.

—Obrigada. –Ela sorriu e saiu. Pelo menos alguém que eu conhecia antes não me odiava.

—Tudo bem, Snape é um bom professor, - Hermione começou, olhando pra mim. –mas bem rígido.

—Não esperava outra coisa. Não depois de ver o que ele se tornou. É como acordar numa realidade alternativa.

—Deve ser bem estressante.

—Com certeza. Sempre que começo a pensar nos meus problemas nunca sei por onde começar. Parece horrível, sabe, reclamar, sendo que eu despertei da morte, mas... É complicado.

—Entendo. Bom, voltar às aulas com certeza vai te fazer bem, e do jeito que Snape gosta de passar deveres... Vai ficar ocupada demais para pensar nos seus problemas.

—Espero que sim. Preciso mesmo me distrair.

***

Todo mundo, sem surpresa, estava olhando pra mim. Hermione se ofereceu pra me levar até o Salão Principal, não que eu não me lembrasse de onde ficava, eu sabia me orientar pela escola. O fato era que eu não queria ficar sozinha. Por sorte Hermione entendeu sem que eu precisasse falar.

—É muito diferente?-Ela perguntou, enquanto nos sentávamos.

—Não. Igual. Não são os mesmos alunos, mas continuam barulhentos e famintos. –Rimos. Harry e Rony se sentaram do outro lado e acenaram.

Lancei um olhar rápido para frente do salão, localizando Severo na mesa dos professores, ele mais parecia uma estátua de cera do que outra coisa. Emoções? Desde que despertei, não vi nenhuma nele. Assim que ele olhou na minha direção, eu me virei, fingindo prestar atenção na conversa que estava se desenrolando ao meu lado.

—Acha que pode passar cola pra gente?-Rony me perguntou.

—O que?

—Bom, você já fez o sexto ano...

—Na verdade, não. Eu só fiz alguns meses do sexto ano quando... Aconteceu o acidente. –Atrás de nós, um grupo de garotos começou a rir. Um deles era estranhamente familiar. –O garoto loiro. Quem é ele?

—Draco Malfoy. –Harry respondeu. –Você deve ter conhecido o pai dele.

—Lúcio. Conheço. Não tenho boas recordações dele, se querem saber.

—O filho dele é igual. –Hermione começou. –É só ignorar.

—Parece que agora temos fantasmas estudantes em Hogwarts. –Draco comentou, olhando para onde meu grupo estava, fingi não ouvir, o que era difícil, ele falava alto.

Na frente do salão, Dumbledore levantou. Todos ficaram em silêncio.

—Como todos sabem, temos uma aluna de última hora, Meredith Gruwell. Claro, que muitos de vocês já sabem a história dela, e o que aconteceu. –Muitos olhares estavam em mim agora, me concentrei em encarar a frente do salão. –Meredith é um caso especial. Não quero intrigas, nem piadinhas. A situação é séria. Qualquer problema ou queixa que chegar aos meus ouvidos pode levar a uma severa punição. Espero que tenham entendido. Tenham um bom jantar. –Suspirei. É, eles iam mesmo me notar agora.

—Ótimo, mais uma favorita na Grifinória. –Ouvi Draco reclamar. Achei melhor seguir o conselho de Hermione. Era o que eu fazia com Lúcio, ignorava.

—Vou ter problemas, não vou?-Perguntei aos meus novos amigos.

—Com certeza. –Rony disse, enchendo a boca de comida. –Eles já têm raiva por causa de Harry, agora tem você.

—Não fale de boca cheia. –Hermione repreendeu, o garoto deu de ombros.

Tudo isso era estranhamente familiar. Nem tudo havia mudado.

***

—Pronta para ter aulas com Snape?-Hermione perguntou. Eu estava terminando de me arrumar, enquanto a garota já estava na porta, pronta.

—Não. Acho que não. Ele não vai ser nada gentil, suponho.

—Ele nunca é gentil.

—Vou sobreviver.

Hermione acabou saindo sem mim. Terminei de me arrumar e saí correndo para a primeira aula. Infelizmente, ela já havia começado, e o professor era Severo.

—Está atrasada, Gruwell. –Comentou. Parei na porta, incerta. Todo mundo se virou para me olhar. –Menos cinco pontos para Grifinória, pela falta de pontualidade. –Suspirei internamente. Claro que ele ia fazer isso. –Entre. –Me sentei no lugar vazio ao lado de Hermione. –E saiba de uma coisa, aqui, na minha sala, você não receberá tratamento especial. –Assenti, sem deixar nenhuma emoção aparecer. Não podia esperar outra coisa dele.

—Entendido, professor Snape.

Ele apenas olhou pra mim e continuou a aula.

Eu ainda era o centro das atenções.

***

—Você sobreviveu!-Rony disse, assim que as aulas terminaram naquele dia. Comecei a rir. –Achei que o Morcego ia fazer picadinho de você na frente da sala toda.

—Morcego? É bem a cara dele.

—Achei que eram amigos. –Harry comentou.

—E nós éramos. Mas tenho que me acostumar com o novo e rígido Snape. –E pensar que vinte anos antes ele era completamente diferente. –Mas vou sobreviver, com certeza. –Alguém esbarrou no meu ombro, com força.

—Cuidado aí, Fantasma. –Draco comentou, sem se virar.

—Parece que ele é realmente muito parecido com o pai. O que é uma pena. –Eu não havia visto Lúcio depois de renascer, mas com certeza ele era horrível ainda.

—Ignora. É mais fácil. –Harry aconselhou. Hermione e Rony estavam discutindo algo sobre um trabalho que o garoto não fez, então se despediram, avisando que nos viam mais tarde.

—Mal cheguei, ou melhor, voltei, e já me odeiam?

—Não odeiam você. É... Por que você é diferente.

—É porque estive morta por vinte anos. Ninguém nunca implicou comigo antes, parece que agora arrumaram um motivo.

***

Eu estava correndo. Não sabia exatamente onde estava, mas estava correndo. Não me lembrava do que havia acontecido, mas estava correndo. É, correndo. Correndo muito.

Tinha alguém atrás de mim, alguém me seguindo e me observando.

Tropecei e caí, surpresa por estar chorando e não perceber. Havia vozes ao meu redor, falando e falando, mas eu não as ouvia. Alguém tentou me fazer levantar, recuei, dando um grito.

—Meredith, pare. –Segurei o braço de Severo. Minerva estava mandando alguns alunos para a cama.

—Tinha alguém atrás de mim. Tinha, sim. Querem me matar de novo.

—Ninguém quer matar você.

—Então por que me mataram da última vez?

Minerva se aproximou, os alunos já tinham ido. Severo me ajudou a levantar, segurando meu braço com força. Estava doendo, mas se ele me soltasse, eu ia cair.

Olhei em volta, a sensação havia sumido, mas eu ainda estava com medo.

—Você está encharcada de suor!-Minerva disse. –E com febre. Por que estava correndo?

—Alguém estava atrás de mim. –Ela olhou rapidamente para Severo e suspirou. –Vocês não acreditam, não é? Mas tinha, eu sei que tinha.

—É melhor você descansar.

No dia seguinte, Hermione me disse que eu acordei gritando no meio da noite, então saí correndo quando as outras garotas perguntaram o que havia acontecido. Não me lembrava de nada. Mas sabia que tive o mesmo pesadelo.

Nos corredores, e no Salão Principal, fui alvo dos olhares de quase todos os alunos, alguns nem eram discretos. Ninguém disse nada, podia apostar que era porque Dumbledore parecia atento. Depois do meu surto noturno, com certeza piadinhas viriam.

E vieram.

—Fantasmas têm pesadelos?-Draco perguntou, para ninguém em particular, andando perto de mim. Ignorei. –Acho que tem. A Gruwell saiu como uma louca pelos corredores.

—Você é horrível como seu pai, sabia?-Parei de andar, olhando para o garoto.

—Não fale do meu pai, louca.

—São iguais. O que é bem ruim. Pessoas assim nunca têm finais felizes. –Ele olhou para os amigos, o grupo riu. Revirei os olhos e saí andando.

—Cuidado nos corredores! O monstro que persegue pode te pegar!-Parei de andar e me virei.

—Está me ameaçando?

—O que? Não.

—Pareceu uma ameaça.

—Você é doida. –E saiu com os garotos que o seguiam.

Eu tinha aula, mas tinha que falar com Dumbledore urgentemente.

***

—Entendo que esteja preocupada e assustada, Meredith, mas já pensou que o que aconteceu tenha traumatizado você?

—Ninguém aqui acredita em mim? Tem alguém me observando e me seguindo durante a noite e todos acham que estou ficando maluca!

—Ninguém disse isso. –Dumbledore empurrou uma xícara na minha direção. –Precisa se acalmar.

—Estou tentando. Mas não consigo. Não me lembro de sair do dormitório ontem à noite. Não sei o que aconteceu. E o pesadelo...

—Tem sonhado toda noite?

—Sim. Sempre a mesma coisa. Sempre alguém me seguindo e me empurrando para a morte. –Fiz uma pausa. –Tem alguma coisa errada comigo?

—Mas é claro que não. Você apenas... –A porta abriu com um estrondo. Acho que alguém a chutou. Então um homem entrou. Os olhos frios e alguns traços eram reconhecíveis de longe. Vinte anos haviam se passado, mas eu me lembrava bem dele. –Lúcio, não pode entrar aqui desse jeito.

—Meredith Gruwell está morta. –Ele disse, lançando um olhar afiado pra mim. –Quem é essa impostora?

—Essa é a verdadeira Meredith, acho que se lembra dela, já que estudaram juntos. –Encarei a mesa, não conseguindo lidar com o olhar avaliador do homem.

Nunca gostei de Lúcio Malfoy. Como o filho, ele era cruel, e adorava infernizar todo mundo. Tiago não era um amor de pessoa, mas Lúcio era mil vezes pior. Ele fazia pra ferir. Nós tivemos nossos problemas, mas me surpreendi com a sensação esquisita que me cercou assim que ele entrou na sala.

—Ela não pode ser Meredith. Ela foi assassinada. Empurrada...

—Sabemos com ela morreu, Lúcio. Não precisa repetir. Ainda não sabemos como, mas Meredith ganhou uma nova chance.

—Então pode nos dizer quem a matou. –Ergui o olhar. Por acaso era o interesse dele que pegassem e punissem meu assassino?

—Não. –Respondi, achando incrível o fato de minha voz não falhar. –Eu não sei quem me... Matou.

—Conveniente. –Me preparei para perguntar o que ele quis dizer, mas Dumbledore se pronunciou antes que eu.

—É bom que está aqui, Lúcio, já que seu filho não tem sido muito gentil com Meredith. Ele a ameaçou.

—Draco?-Olhou pra mim, estreitando os olhos. –Ele lhe ameaçou?

—Deu a entender que sim. –Respondi.

—E podemos acreditar em você? Talvez, sem querer acusar ninguém, você esteja do lado do Lorde das Trevas.

—Voldemort?-Lembrei tarde demais que não devia ficar pronunciando esse nome por aí. –Ele matou minha melhor amiga. Nunca ficaria do lado dele.

—Que comovente...

—Basta. –Dumbledore interrompeu. –Quais suas intenções aqui, Lúcio?

—Garantir a segurança de todos nessa escola, diferente de você, diretor. Meredith Gruwell, ou seja lá quem ela for, não pode permanecer em Hogwarts.

—O que?-Perguntei, levantando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Okay, esse foi o capítulo de hoje. Parece que Meredith não terá um retorno fácil.
E aí, o que estão achando? Comentem ♥