Meredith Gruwell escrita por Karina A de Souza


Capítulo 2
Atualização


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoinhas. Espero que gostem do capítulo.
É hora de Meredith se atualizar sobre o que perdeu...



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Minerva estava me puxando pelo braço, apressada. Parecia nervosa, não sabia por que. O que tinha de errado?

Muitos alunos estavam pelo caminho, parecendo curiosos. Tentei achar Lílian, Sirius, Tiago e Remo, mas não consegui.

—O que está acontecendo?-Perguntei. Minerva me fez entrar em uma sala e sentar. Dumbledore apareceu pouco depois. –Estou encrencada por sair no meio da noite?

—Meredith, você sabe em que anos estamos?-O diretor perguntou.

—Claro! 1977! Por que está me perguntando isso?-A expressão dele me deixou assustada.

—Não se lembra do que aconteceu em 5 de dezembro?

—Hoje é 5 de dezembro, professor. –Olhei para Minerva, então para ele de novo. –Não é?

—Aqui. –Me entregou um jornal. Quase o deixei cair.

“ALUNA É ASSASSINADA EM HOGWARTS!”. A foto abaixo era minha. 

Morta, eu?

—O que é isso?-Larguei o jornal. –Em que ano estamos?

—Em 1997. –Cobri a boca com a mão. Vinte anos morta?

—Mas... Se estou aqui... O que houve? Quem... Quem me matou?

—Infelizmente, não sabemos como responder, Meredith.

—Não pode ser verdade. –Murmurei. Alguém entrou na sala rapidamente.

—Severo, você pode se encarregar de chamar Sirius, não pode?-Me virei.

—Severo? Eu jamais te reconheceria! –Ele não olhou pra mim. Ainda estaria bravo comigo? Olhei para o diretor. –E Lílian? Posso falar com ela também? –Dumbledore suspirou.

—Lílian e Tiago não estão mais entre nós.

—Você está dizendo que... Eles... -Fez que sim. Não podia ser. Era um pesadelo, não era? –Sirius? Ele está bem, não está?

—Até onde sabemos... Sim. Severo, pode ir. –Meu antigo amigo saiu.

Minerva me trouxe uma xícara de chá quentinho e um casaco que era grande demais para mim, mas aceitei mesmo assim. Eu estava encharcada e com frio.

Minha mente era uma confusão. Se eu tinha morrido, o que estava fazendo ali?

O tempo se arrastou, o chá ficou frio, e eu não me sentia aquecida. A porta abriu de novo e um homem entrou. Eu não o teria reconhecido se não fosse pelos olhos.

—Sirius!-Gritei, me levantando num pulo e correndo para abraçá-lo. –Você está tão... Diferente. –Ele se afastou, olhando pra mim completamente chocado. Recuei um passo, com medo de tê-lo assustado.

—Meredith... Mas... O que está acontecendo aqui?

—Eu não sei.

—Meredith apareceu do lado de fora. –Minerva explicou. Eu não conseguia parar de olhar para Sirius. –Como um fantasma. Jamais teria acreditado se não fosse lá fora e a visto.

—Mortos não voltam à vida. –Foi tudo o que ele disse.

—Você não gostou de me ter de volta?-Perguntei, tentando esconder a sensação estranha que se instalou dentro de mim. Sirius não estava feliz? Estávamos namorando antes de eu ser “misteriosamente” assassinada. Passei vinte anos morta, e quando retorno... Ele não liga mais pra mim?

—É só um pouco espantoso. –Fiquei tonta de repente, meus joelhos cederam. Sirius me segurou antes que eu caísse.

—Acho que ela deve descansar. –Dumbledore disse. –Minerva, leve-a para a enfermaria, até decidirmos o que fazer com ela.

***

Eu estava correndo, sabia que estava com medo, podia sentir isso como se fosse real. Havia alguém atrás de mim, e ninguém que pudesse me ajudar. Parei de correr, exausta.

Estava na Torre do Relógio. Olhei pelo vidro, nevava lá fora. Eu estava vestida exatamente como quando aparecei na frente de Hogwarts. Camisola branca, despenteada e descalça.

De repente, alguém apareceu atrás de mim. Me virei, não tive tempo de ver o rosto da pessoa. Fui empurrada com força, atravessando o vidro e caindo... Caindo... Caindo...

—Não!-Gritei, me sentando. Reparei que estava tremendo, e grudando de suor. Alguma coisa se movimentou perto de mim, um vulto negro, gritei de novo.

—Meredith, pare. –Cobri a boca com a mão, tentando me acalmar.

—Severo. –Respirei fundo. –Você me assustou.

—Por que estava gritando?

—Acho que... Sonhei com a minha morte. –Ele não pareceu surpreso. Na verdade, eu estava um pouco surpresa. Ele não parecia muito com o Snape que eu conhecia. Parecia mais... Hum, era difícil explicar. Meu antigo amigo costumava ter mais expressões. –Por que estava escondido no escuro?

—Dumbledore achou melhor alguém ficar por perto. Estou me revezando com Minerva.

—Ah. –Olhei em volta, a enfermaria parecia a mesma. O que de certa forma era engraçado.

—Volte a dormir.

—Não sinto mais sono. Quer conversar? Se passaram vinte anos.

—Volte a dormir, Meredith. –Suspirei.

—Ainda está com raiva de mim por causa de Lílian e Tiago?-Sem resposta, ele sequer se mexeu. Então saiu da enfermaria.

Minerva entrou segundos depois.

—O que faz acordada, Gruwell?-Perguntou levemente repreensiva. –Volte a dormir.

—Tive um pesadelo.

—São apenas sonhos, não podem afetar você. –Me fez deitar e me cobriu.

—O que aconteceu com Severo? Ele não é o mesmo.

—Ninguém é. Agora descanse. Tem muita história para ouvir amanhã. Perdeu vinte anos, não será fácil se atualizar.

***

De manhã, Minerva me entregou uma muda de roupa emprestada por uma aluna, então me levou, já vestida, para a sala de Dumbledore de novo. Sirius estava lá, me sentei ao lado dele, esperando que, diferente de Severo, ele não tivesse mudado drasticamente. Não tivemos tempo para conversar na noite anterior, pois apaguei pouco depois de Minerva me dizer para segui-la.

—Por onde quer que comecemos, Meredith?-Dumbledore perguntou.

—Lílian. Lílian e Tiago. Me disse ontem que eles estão mortos. –Apertei as mãos juntas, tentando não chorar. Lílian era minha melhor amiga. Não podia estar morta.

—Infelizmente, eles estão sim. Foram mortos por Voldemort, um bruxo muito poderoso e perigoso, você deve se lembrar do Lorde das Trevas. Deixaram um filho, que está vivo.

—Eles tiveram um filho?-Não pude evitar ficar surpresa. Não achei que ambos iam tão longe quando ficaram juntos. –Como é o nome dele? Posso conhecê-lo?

—O nome dele é Harry. E com certeza vai conhecê-lo em breve, ele pediu para conhecer você. –Fiquei imaginando se Harry era parecido com os pais.

—Hã... E Remo? Ele não morreu, não é?-Olhei para Sirius.

—Não. –Ele respondeu. –Você vai revê-lo, logo.

—Espero. É estranho, me sinto como se não houvesse tempo perdido. Achei que deveria haver... Um... Buraco, entendem? Mas não sinto falta de nada.

—Estamos tentando descobrir o que aconteceu com você. –Dumbledore disse. –Mas não está fácil.

—Espero que descubram, por que tenho que admitir que não saber o que aconteceu me deixa mais nervosa do que saber que morri. –Alguém bateu na porta. Me virei, curiosa.

—Entre.

Um garoto passou pela porta. Pisquei algumas vezes, levemente surpresa. Não era preciso me dizer quem ele era. Algumas lágrimas encheram meus olhos. Quis que Lílian estivesse ali.

—Você se parece muito com Tiago.–Murmurei. –Mas tem os olhos da sua mãe. -Sorriu. -É Harry, não é?

—Sim.

—Sou Meredith.

—Ouvi falar de você. –Sorri. Podia sentir minha amiga em torno do menino, sabia que estava por perto.

—Lamento pelos seus pais. Eu... Realmente... Gostava muito deles. –Algumas lágrimas escaparam. Abaixei a cabeça. –Desculpem, eu continuo sentimental.

—Isso não é novidade. –Sirius disse, me entregando um lenço. Olhei pra ele.

—Obrigada.

Me contaram muitas coisas naquele dia, coisas que me deixaram confusa, alegre, triste, emocionada, e mais confusa ainda. Me contaram sobre as pessoas que conheci (algumas, infelizmente, estavam mortas) e pessoas que eu devia conhecer. Narraram os atos incríveis de Harry, que me deixaram chocada. Ele tinha a minha idade, e fez coisas inacreditáveis.

Me explicaram sobre Voldemort (que eu não devia pronunciar o nome, as pessoas não gostavam), e as coisas ruins que ele fez.

Contaram que Pedro, aquele covarde, entregou Lílian e Tiago para o Lorde das Trevas, o que causou a morte deles. Além disso, colocou a culpa em Sirius, que foi parar em Azkaban.

—Você foi preso?-Gritei, agarrando o braço dele. -Acusado de matar nossos amigos?

—Está tudo bem. -Me fez soltá-lo, gentilmente. -Estou livre... Ou nem tanto.

No fim do dia, eu me sentia exausta e cheia, era muita informação para um dia só. Saí da sala de Dumbledore com Sirius e Harry, fazendo algumas perguntas. Eu ainda precisava entender algumas coisas. Sirius não devia ficar andando por Hogwarts, pois aos olhos do Ministério e de quase todo o mundo bruxo, ele era um assassino, mas Dumbledore garantiu que nenhum aluno estaria fora dos Salões Comunais.

Encontramos dois garotos, uma menina um menino, que vieram até nós ocultos por uma capa da invisibilidade. Harry os apresentou, eram amigos dele. Hermione Granger e Rony Weasley. A garota havia me emprestado as roupas.

—Obrigada pelo empréstimo. Devolvo assim que descobrir onde foram parar as minhas.

—Sem pressa.

Harry se despediu e saiu com os amigos, me deixando com Sirius. Ele não parecia exatamente confortável perto de mim, o que estava me deixando meio nervosa. Pegamos o caminho da enfermaria em silêncio. Isso até eu não conseguir aguentar mais e abrir a boca.

—Sirius, tem alguma coisa errada? Você mal tem olhado pra mim e... Parece distante. Eu fiz alguma coisa?-Ele parou de andar, fiz o mesmo.

—Meredith, se passaram vinte anos, você pode não ter os vivido, mas eu sim.

—Você tem outra pessoa. Deve estar casado e eu aqui... Sendo idiota. Tudo bem. –Voltei a andar, Sirius me puxou de volta.

—Não estou casado. –Tentei não alimentar minhas esperanças. Ainda amava Sirius como amava vinte anos atrás.

—Namorando?

—Não. –Cruzei os braços.

—Então qual o problema?

—As coisas estão diferentes, Meri. –Tentei não sorrir. Ele me chamou de Meri, meu apelido.

—Eu devia ter imaginado. Vinte anos se passaram, sentimentos somem. É isso, não é? Sou sua namorada morta que caiu no esquecimento.

—Meredith...

—Tudo bem. –Dei de ombros. –Boa noite, Sirius. Acho que posso chegar à enfermaria sozinha. –Me afastei antes que ele pudesse me puxar de volta.

—Meredith...

Continuei andando, sem olhar para trás.


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Notas finais do capítulo

E então, o que estão achando? Digam aí.
Até o próximo cap ♥