Blindfolded escrita por Berezi


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Um pouquinho de linguagem pesada nesse, não é nada muito extremo, mas só avisando antes para leitores mais sensíveis ^^



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— Onde você estava?

Já era quase oito e meia da noite quando Chao Tae chegou em casa. Mesmo sendo cuidadosa ao fechar a porta, Mae estava na sala assistindo seu seriado preferido. Não tinha como a ruiva passar despercebida.

Ao ouvir a voz de sua guardiã, no entanto, Chao congelou.

— Uh... Eu estava andando com um amigo meu. Foi mal por não te ligar ou algo assim.

Mae se virou para encará-la, tocando no sofá, sinalizando que queria que Chao sentasse ao seu lado.

— Olha Mae... Desculpa ok? Eu só estava de bobeira, só isso... Da próxima vez-

— Próxima vez? Não vai ter próxima vez mocinha. – Mae suspirou com um tom óbvio de irritação. Sua voz já demonstrava falta de paciência. – Você mal chegou nessa escola e já vem “ficando de bobeira”?

— ... Desculpa...

— Desculpas não resolvem sempre, Chao. Ugh, você pelo menos tenta ligar para a escola? – a conversa foi de ruim para péssima em questão de segundos. Mae desligou a TV para continuar a conversa. Aquilo estava sério.

— Olha, eu estou tentando meu melhor tá? É o meu segundo dia, poxa, o que você quer de mim?

— O que eu quero? Que você chegue em casa no horário e que não fique “de bobeira” por aí! Você sabe o que EU passo com você?

— Aparentemente um monte de merda! – a voz da ruiva se elevou, já irritada. Não queria ouvir nada daquilo assim que chegou em casa. Qual é, nem havia sido nada demais e já estava levando um sermão. Ela só queria ir pro quarto e dormir. Mas claro que não iria conseguir isso tão pacificamente. – Se eu causo tanto problema pra você desde que você me adotou por que não me larga também?

Chao pôde sentir seus olhos se encherem de lágrimas.

— Se nem minha mãe me aguentou, por que não faz o mesmo já que você tá sempre reclamando de mim?! Você vive falando do que você passa comigo, mas você já parou pra pensar como eu me sinto sendo tratada que nem lixo quando eu faço alguma coisa errada?

Mae se levantou assim como Chao, ficando em silêncio por alguns minutos e então, simplesmente virou a mão no rosto da menina. Com força.

— Não fale assim comigo. Não fale como se eu fosse sua mãe... – ela começou – Eu te acolhi e você deve isso a mim. Você tem que fazer o que eu mandar, e ponto final.

Chao pôs a mão na bochecha vermelha. Lágrimas escorreram por suas bochechas. Ela não conseguia a encarar então ficou apenas olhando pro nada.

— Se você começar com esse drama de adolescente então você pode pegar suas coisas e se emancipar porque eu não tenho tempo pra isso. – Mae suspirou, sem mais paciência para continuar aquela discussão. – Vai pro seu quarto. Vai ficar sem jantar.

Em silêncio, Chao pegou sua mochila do chão e sem olhar para sua guardiã, foi para o seu quarto e fechou a porta.

...

De manhã, nenhuma palavra foi dita entre Mae e Chao. Nenhum olhar foi trocado, e nenhum “bom dia” foi ouvido. O apartamento estava em completo silêncio.

Quando Chao saiu, ninguém disse uma palavra. Como se ninguém estivesse ali.

Ao chegar na escola, Chao foi pegar seus livros em seu armário quando viu Nathaniel andando pelos corredores. Acenou, sendo educada, mas rapidamente fechou o rosto e continuou a pegar seus cadernos.

Nathaniel não pôde deixar de perceber a súbita mudança no rosto da menina, então ousou se aproximar.

— Hey... Chao?

Ela se virou, sem expressão.

— Tá tudo bem? – O garoto loiro perguntou, com uma expressão obviamente preocupada.

— Como se você realmente estivesse preocupado. – respondeu da forma mais fria possível. – Me deixa em paz, tá bom?

Sem o menor gosto, passou por ele à força, empurrando seu ombro para seguir em frente e ir para sua sala. Nathaniel simplesmente ficou a olhando até a perdê-la de vista, boquiaberto. Algo seriamente estava errado... Mas, aparentemente seus esforços em saber eram irrelevantes.

O garoto suspirou pesadamente, e murmurou para si um “tanto faz...” antes de seguir com seu horário.

Na sala de aula, Chao não se importou com as aulas, não se importou com os professores e muito menos com os alunos. Hoje era um péssimo dia. E absolutamente nada iria mudar seu humor de cocô para torta de limão.

Quando o sinal tocou, Chao lentamente arrumou suas coisas e por um bom momento ficou em pé de frente para sua mesa, pensando.

Fechou os olhos e tentou esquecer-se de ontem à noite, tentou pensar que hoje era um novo dia e que não precisava descontar nas outras pessoas, mas, no fundo sabia que isso não iria dar certo e essa realização só a deixou com ainda mais raiva.

Ao sair da sala de aula, fez seu caminho para o seu “banco preferido”, onde alguém já estava sentado, mas não importava, sentou-se brutamente no banco, já com seus fones de ouvidos e com a cara mais fechada do que nunca.

— Dia ruim? – o garoto ruivo perguntou, virando o rosto para a outra.

— O que você acha? – Chao suspirou, cruzando os braços.

— Quer falar sobre isso?

— Não. – curta e grossa, a garota simplesmente decidiu não olhar para o rapaz. Estava sentindo uma bomba de emoções e não sabia como manter essa bomba em segurança.

Estava com raiva, muita raiva, mas também estava triste, irritada, e especialmente cansada. Sentia que qualquer coisa que dissesse iria a fazer chorar ridiculamente e isso seria a pior coisa que poderia acontecer naquele momento.

— Tópico sensível, huh? Entendi. – Castiel coçou a cabeça e ficou em silêncio por um momento.

Chao quase se virou para olhá-lo, ficando curiosa e um tanto ansiosa sobre se iria passar o resto do intervalo em completo silêncio.

No entanto, Castiel simplesmente pôs um braço no ombro dela e a puxou para mais perto, como um abraço.

— Vai ficar tudo bem... – disse numa voz baixa. – Qualquer coisa que tenha acontecido de ontem para hoje... Vai passar e daqui um tempo você nem vai se lembrar disso...

Chao ficou em silêncio, aquilo era a última coisa que esperava vindo de um cara como ele.

— Eu não sou muito bom para falar essas coisas e... Eu não te conheço muito bem ainda, mas... Qualquer coisa que esteja te irritando, se eu puder ajudar, é só me falar. – ele encostou a cabeça na dela por uns segundos e depois a soltou, ainda perto dela.

Chao sentiu suas bochechas esquentarem, e não só por causa da extrema explosão de atenção que acabou de receber, mas também porque lágrimas estavam saindo de seus olhos.

— Chao? – Quando Castiel percebeu que a garota estava chorando, entrou em um pânico quase que instantâneo. – H-hey! Por que está chorando? Foi alguma coisa que eu disse?

Ela não conseguiu se controlar e muito menos o agradecer por tudo aquilo, então simplesmente se levantou e cobriu o rosto com as duas mãos, soluçando.

— Hey! N-não chore desse jeito... – Castiel também se levantou, sem saber muito o que fazer. Ficou confuso se aquela reação era normal ou se era culpado por causar aquilo. – Quer... quer que eu te leve na enfermaria ou algo assim?

Ela balançou que não com a cabeça, enxugando as lágrimas e tentando ao máximo parar de chorar como uma completa idiota.

— Eu- eu vou indo... – Conseguiu dizer entre soluços, se apressando para chegar ao banheiro, devia estar parecendo ridícula, principalmente na frente de um garoto que nem ele. Pensou consigo.

Castiel a encarou legitimamente preocupado, mas achou melhor deixa-la ir. Parecia muito sensível no momento... Mas, seja o que for que a fez daquele jeito tão rápido deveria ter sido muito ruim, e isso não o deixava nem um pouco contente.

...

Chao ficou no banheiro por diversos minutos e quando percebeu que já fazia tempo demais, já havia perdido as duas aulas depois do intervalo. Bem, agora que já tinha perdido tudo isso, não faria mal se simplesmente continuasse ali.

Pelo menos já havia se acalmado e seus olhos já não estavam vermelhos de choro. Porém, mesmo que estável, seu coração não parava de bater forte.

O que Castiel disse foi muito importante para ela. Chao realmente precisava ouvir aquilo. Talvez tenha sido isso a alavanca para fazê-la desmoronar emocionalmente, mas, poxa, toda vez que parava para pensar no quão adorável aquele momento foi, acabava por se sentir a maior trouxa por começar a chorar e correr para o banheiro.

— Mas... Ainda foi muito bom. – disse para si, fechando os olhos e abraçando as pernas, abrindo um leve sorriso. – me pergunto que tipo de pessoa ele é... De verdade.


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Notas finais do capítulo

Pra quem a esse ponto acha que a história vai ser lowkey Castiel x Chao Tae... se preparem owo



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