Akame ga Kill! escrita por Kath Klein


Capítulo 3
Mate o Conto de Fadas


Notas iniciais do capítulo

Música: Faster (mais rápida) by Within Temptation

link: https://www.youtube.com/watch?v=ew57ZIVVUSQ



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Akame Ga Kiru!

Mate o Conto de Fadas

Por Kath Klein

Akame abriu os olhos e fitou o teto do quarto, tinha sido acordada pelo barulho de uma explosão. Com certeza a comemoração pela volta de Tatsumi não faria aquele tipo de barulho. Franziu a testa e levantou, sentando-se na cama e prestando atenção aos barulhos. Ouviu a voz de Lubback e um barulho logo em seguida. Respirou mais fundo e logo reconheceu o cheiro de sangue fresco. Droga. Estavam sendo invadidos.

Provavelmente seguiram-nos até a sede depois do resgate de Tatsumi. Trincou os dentes, tinha colocado o grupo em risco por sua incompetência em apagar os rastros. Passou a mão no rosto irritada por ter se deixado levar por sentimentos e ter resgatado Tatsumi. Mine tinha razão. Tinha agido como um boba.

I can't sleep ‘cause its burning deep inside

(Não posso dormir, porque isto queima por dentro)

Like gasoline on fire running wild

(Como a gasolina no fogo correndo selvagem)

No more fear ‘cause I'm getting closer now

(Não há mais medo, pois estou chegando perto agora)

So unreal but I like it anyhow

(Tão irreal, mas eu gosto de qualquer forma)

Levantou-se colocando os sapatos e pegando Murasame de cima do móvel que sempre repousava durante as horas de descanso. Sem acender a luz caminhou rápido mas de forma cuidadosa até a porta para averiguar a situação da invasão.

Ouviu Lubback gritando pelo corredor e arregalou os olhos vendo a quantidade enorme de inimigos que o perseguia. Não pareciam humanos… não mais.

‘Ahhhhhh! Como são rápidos!!!!’ Lubback gritou correndo, tentando se afastar dos monstros humanóides que invadiram a sede dos Night Raids.

Akame correu perseguindo o grupo, flexionou os joelhos apenas para pegar impulso e saltar por cima deles, dando algumas cambalhotas no ar e pousando no chão, a frente do companheiro. Seus pés arrastaram pelo piso escorregando até que freasse o movimento e encarava os inimigos de frente.  Destravou Murasame com o polegar de sua proteção.

‘Fique atrás de mim.’ Ela falou para Lubback que voltou-se para trás olhando aliviado para a amiga. Ele não era bom em combate contra grupo. E eram tantos… não sabia nem direito quantos tinham vindo em seu encalço enquanto corria pelo corredor da grande sede do grupo.

‘Akame-chan!!!!’ Lubback soltou alegre, fitando as costas da amiga. Sabia que ela tinha total controle sobre aquela situação. Já a viu combater sozinha contra grupos tão numerosos tanto aquele. Eles estavam ferrados, Lubback pensou para si, satisfeito.

Akame franziu a testa observando o grupo todo vindo em sua direção. Idiotas.

‘Eliminar…’ Sussurrou ao mesmo tempo que puxava Murasame da sua proteção e com a velocidade sobre humana passou por eles retalhando-os. Sua teigu era potente contra inimigos humanos, corrompendo-os a alma e levando o corpo à morte, porém ela tinha experiência suficiente em combate para saber que o inimigo agora não era humano. Eram fantoches. Tinha que retalha-los completamente para não apresentarem mais perigo para seus companheiros.

I go faster and faster and faster

(Eu vou mais rápido e mais rápido e mais rápido)

And faster and faster and faster and faster

(E mais rápido e mais rápido e mais rápido e mais rápido)

‘Fiiuuuu!’ Assoviou o rapaz aliviado. ‘Grande Akame-chan!!!’ Soltou verdadeiramente admirado pela precisão e eficiência da amiga. Parecia tudo sob controle até ouvirem os passos de alguém se aproximando.  Ficou em posição de alerta novamente. Pareciam que não tinham fim aqueles monstros! ‘Mais um!’ Exclamou irritado e surpreso.

Akame franziu a testa observando o novo inimigo que se aproximava. Não era do mesmo nível que os fantoches que havia dizimado a pouco. Reconhecia um inimigo mais interessante. Ergueu Murasame a frente e observou-o a poucos metros, encarando-a com o rosto sério.

‘Mesmo que sejamos inimigos, a parabenizo.’ Ele falou com a voz calma. Tinha os braços para trás do corpo enquanto encarava Akame com interesse. Sabia que estava à frente da maior assassina do Império. Realmente fora uma pena perdê-la para os revolucionários.

Akame avaliava-o, concluindo que ele era forte. Realmente não era como os outros. Sua dúvida era apenas se era usuário ou não de arma imperial. Era melhor ser cautelosa, atrás do semblante calmo daquele homem conseguia reconhecer os olhos sedentos de sangue. Um assassino sempre reconhecia outro.

‘O meu nome é Toby.’ Ele se apresentou de forma polida e se inclinou a frente mostrando finalmente as mãos. ‘Exijo um duelo com você, Akame-domo.’ Falou sem rodeios o seu desejo. Tinha ouvido milhares de histórias sobre ela, seria realmente uma honra lutar contra Akame da espada encantada. Da região anterior dos dois antebraços de Toby surgiram lâminas curvadas e afiadíssimas.

Akame franziu a testa reparando na energia do inimigo. Era poderosa além dele ser rápido, tinha acompanhado os movimentos dele que flexionou os joelhos, saltando na parede do corredor para pegar impulso e ir em direção a ela tentando golpeá-la com um chute alto.  Ela inclinou o corpo um pouco a frente e reparou que da sola do sapato do inimigo o mesmo tipo de lâmina surgiu, pronta para golpeá-la. Sorriu de lado pensando que Toby era ingênuo achando que poderia surpreendê-la com aquele truque.

Abaixou o corpo de leve e levantou Murasame para se chocar com a lâmina do adversário que arrastou-se por toda a extensão da teigu, faiscando energia entre as duas armas.

Toby passou por Akame que virou o corpo e antes que ele atingisse o chão após o chute bloqueado, movimentou Murasame e golpeou-o, atingindo-o no tronco. Sabia exatamente o que estava atingindo e constatou seu pressentimento. Era um usuário de arma imperial, as lâminas “surpresa” eram com certeza armas poderosas, no entanto ele não era humano. Passava a ela a sensação de uma máquina. Apesar da força que parecia vir dele e sabendo que a arma que ele possuía era fantástica, o cara não passava de um fantoche também. A questão era: manipulado por quem? Esdeath?

Toby pousou no chão e as lâminas de seus pés deslizaram pelo piso como se estivesse patinando. Deu duas voltas em torno do seu corpo e voltou a fitar Akame com os braços para trás. Tinha uma posição austera. Sorriu de leve observando-a e levantou o braço esquerdo pronto para recomeçar o duelo. Ela era muito melhor do que haviam lhe contado.

Lubback olhou para os dois que se encaravam prontos para reiniciar o luta. ‘Akame-chan!’ Gritou correndo em direção a ela para ajudá-la quando foi surpreendido novamente por dois grandes gigantes que surgiram em sua frente. ‘Malditos!’ Soltou frustrado já acionando suas Cross tails para eliminar aqueles estorvos, atrás deles conseguia ouvir os golpes e a luta entre Toby e Akame reiniciar de forma violenta.

Toby avançou novamente até Akame que desviou o ataque, deu um rolamento esquivando-se novamente da segunda investida violenta e furiosa do inimigo que tentava acertá-la de forma incessante e tentava golpeá-la a esmo. Sem tática. Uma pena. Ela concluiu após finalizar sua análise crítica. Toby possuía um bom ataque, mas era descuidado, pois tinha como objetivo apenas acertá-la sem se preocupar em se defender. Nem sempre a estratégia de que a melhor defesa é o ataque ostensivo era verdadeira, conhecer o inimigo e achar suas falhas, abria brechas para atacar de forma mais precisa e não a esmo e finalizar a luta. Infelizmente, este era o caso daquela máquina usuária de uma teigu. Não raciocinava de forma estratégica durante a luta.

And I can't live in a fairytale of lies

(E eu não posso viver em um conto de fadas de mentira)

And I can't hide from the feeling ‘cause it's right

(E eu não posso esconder do sentimento pois isto é certo)

And I go faster and faster and faster and faster for life

(E eu vou mais rápido e mais rápido e mais rápido e mais rápido pela vida)

I can't live in a fairytale of lies

(E eu não posso viver em um conto de fadas de mentira)

Ouviu barulho de explosões e pensou que não tinha mais tempo, era melhor finalizar a questão, estava preocupada com Tatsumi que havia retornado a pouco a sede e mal teve tempo para descansar. Ainda por cima, era capaz de estar com os reflexos que nunca foram bons, piores ainda devido a ingestão de álcool pela comemoração. Agora que ele estava de volta ao lar, não se perdoaria se algo acontecesse a ele por descuido dela.

Toby correu na direção dela para mais um ataque furioso e inconsequente, Akame novamente defendeu-se com Murasame. Não sabia qual era a arma exatamente dele, mas as lâminas eram similarmente poderosas. Quem definiria o confronto seria o usuário. Ela franziu a testa e apertou a empunhadura da katana, girou o punho saindo da defesa e seguindo para o ataque e em apenas um golpe, acertou o braço esquerdo do adversário, mutilando-o.

Toby trincou os dentes ao receber o golpe e perceber o sangue literalmente saindo em jatos abaixo de seu ombro. Suas lâminas presas aos pés deslizaram sobre o piso, patinando e após alguns metros conseguiu parar encarando Akame.

‘Se eu não puder te abater com um golpe, vou te cortar desta maneira.’ Akame alertou-o. Levantou a arma apontando-a para ele, sem desviar os olhos. ‘A dor é garantida. Esteja preparado.’

Toby sorriu de forma irônica. ‘Já não tenho mais sensibilidade a muito tempo!’ Informou voltando a correr na direção dela para golpeá-la, saltou tentando acertá-la com a lâmina no antebraço esquerdo, mas Akame desviou do golpe virando o corpo de leve para a direita. De onde seu membro havia sido amputado surgiu mais uma lâmina que ele tentou, girando o corpo, acertar Akame.

A jovem colocou sua katana a frente protegendo-se e fazendo novamente a lâmina de murasame faiscar pelo violento choque. Ela arregalou os olhos ao perceber que de forma surreal, Toby abriu a boca e de dentro dela o calibre de uma arma apareceu. Que tipo de monstro era aquele que estava enfrentando. Que robô terrível o Império tinha transformado um ser humano para suas ambições e poder?

Akame desviou do projétil da inesperada arma  e levantou o braço que empunhava sua espada para fazer um novo corte no adversário mutilando-o agora o braço direito e como ela bem havia previsto, agora no lugar do membro recém amputado surgiu mais uma arma porém de fogo que assim que Toby tocou no chão, atirou contra ela e novamente, errando.

O adversário estava enfurecido por ter sido atingido de forma tão mortal pela jovem que mantinha o ar sereno e calmo enquanto desviada de cada tentativa dele de acertá-la e retalhava-o aos poucos.

Akame empunhou Murasame e avançou sobre Toby agora golpeando e mutilando-o a perna direita. O robô voltou-se para ela pronto para atirar novamente quando foi atingido pelas costas de forma mortal por uma lança que atravessou seu corpo.

‘Argh! Maldito! Como ousa me apunhalar pelas costas?!’ Ele soltou revoltado pela intervenção de Lubback no confronto com Akame.

‘O esconderijo e meus amigos correm perigo.’ O assassino esclareceu. ‘Não tenho tempo para ficar assistindo sua derrota.’

I can feel that you mesmerize my heart

(Eu posso sentir que você hipnotizou meu coração)

‘Verdade… Eu já tinha perdido mesmo no combate contra ela.’ Toby falou resignado. ‘Akame-domo, por favor, diga-me… em que fui inferior a senhorita?’ Ele pediu ouvindo os passos da jovem se aproximando dele. Apesar da derrota, sentia-se feliz por ter sido vencido por ela de quem tanto havia ouvido falar e por quem sempre havia sido fascinado. Não fora a toa que tinha aceitado ser submetido a todos aqueles malditos experimentos daquele louco do Stylist para tentar estar ao nível da Assassina de olhos vermelhos.

I feel so free, I'm alive, I'm breaking out

(Eu me sinto tão livre, estou livre, estou rompendo)

Akame aproximou-se dele devagar. ‘Seus ataques foram furiosos, mas você foi descuidado… Assim analisei.’ Ela explicou a ele, sabia que aquilo era importante para Toby.

Ele sorriu satisfeito por ela lhe dar atenção. ‘Minha defesa foi descuidada então… Pelo visto, não sentir dor, não serviu para nada.’ Entendeu exatamente do que ela estava falando. Respirou fundo ao mesmo tempo que sentia quando ela se aproximou e o golpeou, decapitando-o. Seu último pensamento, foi que estava feliz por ter sido ela a levá-lo a morte e não aquele maldito cientista louco. Morreu em paz.

Akame voltou-se para trás observando a cabeça de Toby rolando pelo corredor pelo ombro esquerdo. Recolocou Murasame na sua proteção finalizando a luta. No fundo, estava aliviada por ter acabado com o pouco de vida que ainda restava naquela máquina. O Império não tinha mais limites. Estavam transformando homens assassinos em máquinas assassinas para seus interesses. Tinham que abater o quanto antes o Imperador e o Primeiro Ministro.

I won't give in, ‘cause I'm proud of all my scars

(Não irei desistir, pois tenho orgulho de minhas cicatrizes)

Ela levantou o rosto e encarou Lubback que recolhia suas Cross Tails olhando para o corpo mutilado de Toby.

‘Que tipo de monstro enfrentaremos, Akame-chan?’

Ela balançou a cabeça desolada, também tinha o mesmo gosto amargo na boca que o companheiro. ‘Eu não sei, amigo… mas não sei mais qual é o limite do Império. Não há o menor valor a vida humana.’

Ele concordou com a cabeça e ouviram uma explosão. ‘É Pumpkin!’ Ele reconheceu a arma de Mine.

‘Sim.’ Akame também percebeu o poder da arma da companheira. Sabia que Mine conseguia aquele poder quando estava sob pressão. ‘Vamos! Temos que ajudá-los!’  Falou já correndo em direção ao lado de fora sendo seguida por Lubback.

And I can see I've been wasting too much time

(E eu posso ver que estive desperdiçando muito tempo)

Os dois correram para fora da sede e logo encontraram Tatsumi, usando Incursio, Mine e Leona.

‘Estão todos bem?’ Perguntou preocupada.

‘Sim!’ Tatsumi respondeu observando-a correndo na direção deles junto com Lubback.

‘Todos reunidos então!’

Akame olhou para os quatro companheiros sentindo-se aliviada por alguns segundos ao constatar que nenhum estava ferido gravemente. No entanto, virou-se para trás percebendo a presença de mais inimigos. Droga. Eles não terminariam nunca?

Logo estavam novamente sendo cercado por inúmeros daquelas coisas horrendas vestidas em trajes sumários e de máscaras cobrindo seus rostos.

‘Ainda tem mais?’  Tatsumi exclamou surpreso.

‘Segundo as minhas linhas, estes são os últimos.’ Lubback alertou os amigos.

‘Também não consigo sentir o cheiro de mais ninguém por perto.’ Leona corroborou com a afirmação de Lubback.

‘Beleza!’ Tatsumi falou animado. ‘Já que estão todos aqui, vamos acabar com eles de uma vez.’

Akame olhou de soslaio para ele e concordou. Era melhor finalizar o quanto antes aqueles invasores. No entanto, quando estava pronta para atacá-los sentiu seu corpo enrijecer de forma súbita, fazendo-a cair no chão sem conseguir movimentar-se.

Tatsumi olhou assustado para a jovem que caiu no chão. ‘Akame?! O que aconteceu?’ Estava para ir até ela quando reparou que todos os outros também tinham caído no chão fracos.

‘Do nada…. O meu corpo… não consigo mexer.’ Mine tentou explicar o que acontecia. Aparentemente apenas Tatsumi não havia sido atingido pelo que quer que fosse.

Ele olhou para seus amigos no chão e para o numeroso grupo que estava em torno deles. Tinha que protegê-los de qualquer ataque. Pensou olhando em volta.

‘Aconteceu o mesmo no cruzeiro…’ Ele falou lembrando-se do que tinha acontecido com ele e Aniki. ‘Hipnose?’

‘Não desta vez…’ Akame respondeu, tentando erguer o corpo espalmando suas mãos ao chão. ‘É veneno…’ Ela esclareceu. Conhecia bem o efeito de cada veneno, precisava apenas de um tempo para fazer com que seu corpo conseguisse ultrapassar os efeitos iniciais da toxina.

‘O veneno está sendo espalhado pelo ar.’ Akame avisou-o. ‘Incursio deve estar protegendo-o, mas não fará isso por muito tempo, Tatsumi.’

‘Certo.’ Ele assentiu com a cabeça. ‘Vou protegê-los!’ Falou de forma assertiva colocando-se a frente do grupo. Aqueles vermes não machucariam seus companheiros.

Akame observou as costas do rapaz e conseguiu se levantar vencendo aos poucos os efeitos do veneno. Leona também começava a apresentar melhora devido ao poder de cicatrização de Lionel. As duas logo conseguiriam se restabelecer, o problema era Mine e Lubback que não tinham aquele tipo de treinamento como ela ou a mesma cartada de Leona.

‘Precisamos tirar Mine e Lubback do alcance da toxina.’ Ela alertou tentando se levantar mas sentindo o corpo ainda fraco e caindo de joelho.

Tatsumi olhou para ela e engoliu em seco. ‘Vou protegê-los. Custe e o que custar.’

‘Não seja bobo! Tire os dois daqui.’ Akame alertou.

‘Não vou deixar ninguém mais para trás.’

Akame trincou os dentes com a teimosia do rapaz. Estava já começando a realmente se preocupar pela vida de Mine e Lubback quando ouviu um barulho a frente e logo conseguiu distinguir a silhueta de um grande homem carregando uma enorme arma.

I go faster and faster and faster

(E eu vou mais rápido e mais rápido e mais rápido)

And faster and faster and faster and faster

(E mais rápido e mais rápido e mais rápido e mais rápido)

Leona engoliu em seco, fitando-o o novato. ‘E-ele está no nosso lado, não está?’

Akame desviou os olhos dele e levantou o rosto observando Najenda que sobrevoava acima de todos com o demônio Air Manta. Franziu a testa, estreitando os olhos em Boss. Provavelmente, ele deveria ser um dos reforços que ela havia conseguido para os Night Raids.

‘Em frente! Elimine todos os inimigos a sua frente, Susanoo.’ A ordem de Najenda para ele fora clara e direta.

‘Entendido.’ Susanoo respondeu observando-a pelo ombro esquerdo e depois virando-se para o numeroso grupo de inimigos. Caminhou devagar em direção a eles e em questão de instantes conseguiu com sua poderosa arma liquidar todos. Era com certeza um poderoso aliado para o grupo. Boss tinha cumprido sua missão com maestria, como era de se esperar.

‘Caramba…’ Tatsumi soltou surpreendido com a habilidade de Susanoo.

De repente em torno do novato os corpos de alguns inimigos que estavam jogados no chão explodiram fazendo com que uma nuvem de terra levantasse do chão.

‘Que… que droga…’ Ele soltou, imaginando que o inesperado aliado havia sido abatido devido a grande explosão, no entanto todos se surpreenderam ao ver o corpo de Susanoo inicialmente destruído se reconstruir em segundos.

‘Ele está…’ Mine olhava sem acreditar… ‘Não acredito…’ Balbuciou observando algo extraordinário a sua frente.

‘Que… o que é isso?’ O rapaz soltou assustado vendo o corpo antes dilacerado tornar a mesma forma anterior.

‘É uma arma imperial orgânica.’ Akame tentou clarificar a eles. Já tinha ouvido falar delas e já tinha enfrentado algumas, mas eram raras. Pensou que todas já haviam sido destruídas. Restando apenas, pelo que conhecia, Hekatonkheires que tinha como usuária a assassina de Sheele, Seryu.

‘Arma imperial orgânica?’ Tatsumi perguntou voltando-se para ela.

‘Isso mesmo.’ Akame falou soltando um suspiro enquanto observava Susanoo se aproximando de Mine e arrumando a franja dela. Balançou a cabeça de leve, Boss realmente conseguia surpreender a todos. Sempre. Não fora a toa que havia se unido a ela em vez de tentar matá-la. A general Najenda era uma mulher impressionante.

‘Susanno!’ Ouviram a voz de Boss em tom de urgência. ‘Inimigo a sudeste. Não deixem que escapem.’ Ordenou de forma ativa.

‘Entendido!’ Ele respondeu, logo em seguida deslocando-se em direção as coordenadas dadas por Najenda e deixando os integrantes dos Night Raids que ainda tentavam se recuperar dos efeitos do veneno de Stylish. Tudo parecia estar sob controle agora se o cientista louco não injetasse uma droga no próprio corpo transformando-se num gigante monstruoso que depois de comer seus próprios aliados tornava-se ainda mais forte e corpulento.

‘Ferrou! Preciso ajudar…’ Tatsumi concluiu assim que viu que Susanoo parecia ter dificuldade para enfrentar sozinho o titã.

Akame observou-o e antes que o rapaz pudesse se afastar segurou a capa de Incursio, chamando a atenção dele que voltou-se para ela surpreso ao observá-la tentando se levantar apesar da dificuldade.

‘Tatsumi… Já que consegue se mexer livremente, vou com você.’ Ordenou segurando a capa dele e olhando-o seriamente.

‘Akame…’ Murmurou pronto para pedir a ela que ficasse em segurança, mas fitando-a nos olhos, sabia que ela não permitiria que ele fosse deixando-a segura enquanto outros se arriscavam. ‘Certo.’ Respondeu sorrindo de leve. Não esperava nenhuma outra atitude da morena que não fosse aquela. Abaixou-se e segurou a jovem que tentava se firmar nas pernas com dificuldade.

‘Vou nas suas costas. Assim poderá correr mais rápido.’ Ela falou segurando tanto Murasame como enlaçando o pescoço dele. Tatsumi sentiu quando ela passou as pernas enlaçando o seu  corpo e, por mais que a situação não permitisse aquilo, sentiu o rosto esquentar ao segurar as pernas dela.

‘Segure-se firme.’ Recomendou e a sentiu encostando-se mais nas costas dele e segurando-se no pescoço do rapaz. Ele flexionou os joelhos de leve para pegar impulso. ‘Vamos nessa, Akame!’ Exclamou, antes de saltar pelo abismo a frente deles e correr em direção a luta de Susanoo e o monstro que Stylish havia se transformado.

Akame franziu a testa observando o monstro a frente deles. Estava analisando o inimigo. Tinha que achar o ponto fraco daquela besta gigantesca para eliminá-la. Ouviu a respiração acelerada de Tatsumi que corria o mais rápido que podia para ajudar o novo aliado.

Ela reparou que  o corpo do inimigo era grande e desengonçado. Estava tentando acertar Susanoo de forma quase rudimentar apoiando-se na filosofia apenas da força e do tamanho.

‘Precisamos chegar até o maluco que está no topo. Acertando-o, o monstro cai.’ Ela falou perto do ouvido dele.

Tatsumi desviou os olhos rapidamente do caminho, fitando o perfil bonito de Akame que estava com o rosto próximo ao seu. Engoliu em seco e apertou mais forte as pernas dela para que ela não caísse de suas costas.

‘Tente me deixar o mais próxima dele e vou acertá-lo com Murasame. O monstro não é humano mas ele ainda é. Com um corte apenas, o eliminarei.’

‘É arriscado.’ Ele ponderou com a voz entrecortada pela corrida. ‘Ainda está fraca.’

‘Por isso preciso de sua ajuda.’ Akame rebateu.

Pararam em frente a Stylish chamando a atenção do lunático para o casal.

‘Ora ora! O que é isso? Um casalzinho de jovens brincando de cavalinho.’ Falou de forma irônica e maliciosa. ‘Vou esmagá-los!’ Gritou tentando golpeá-los.

Tatsumi saltou desviando do golpe enquanto Akame retirava Murasame da proteção e tentou acertar a pele do gigante que era resistente a perigosa lâmina.

Stylish continuava rir como lunático que era. ‘Se não consegue cortar a pele, sua poderosa Murasame de um corte só é inútil!’

‘Idiota arrogante.’ Akame murmurou observando-o se levantar para tentar golpeá-los.

‘Desistam logo!’ Ele gritou e logo foi atingido por um tiro quase certeiro, assustando-o.

‘Mine não conseguiu acertá-lo. Ainda está sob efeito do veneno.’ Akame esclareceu. Sabia que se a companheira estivesse bem, ela acertaria entre os olhos de Stylish.

‘Malditos!’ Stylish gritou e novamente foi acertado por mais um tiro de Pumpkin caindo ao chão.

‘Vamos.’ Akame falou para Tatsumi, sabendo que Mine havia lhes dado uma ótima chance de se aproximar finalmente de Stylish para golpeá-lo.

Tatsumi segurou firme Akame e foi em direção ao titã caído. ‘Agora vamos ao xeque mate, Dr. Stylish!’ Gritou já correndo ao longo do corpo do monstro seguindo em direção ao alvo que estava no topo da cabeça do gigante.

Stylish ainda tentou golpeá-los com o braço esquerdo que foi impedido por Susanoo e sua enorme arma e permitindo assim que Tatsumi continuasse seu caminho com Akame em direção ao lunático.

O cientista percebendo o perigo se aproximar, tentou se proteger com inúmeros tentáculos que tentavam golpear o casal.

‘Eu ainda não fui derrotado!’ Gritou beirando a loucura e ao desespero.

Tatsumi desviou das investidas do ataque final de Stylish protegendo a si e Akame. Saltou para trás fora do alcance deles. Sentiu quando ela subiu por suas costas, colocando seus joelhos nos ombros dele.

‘Joge-me na direção dele, consigo desviar.’  Ela falou em tom calmo e baixo para ele, sem tirar os olhos de seu alvo.

O rapaz ainda hesitou um segundo, mas fechou os olhos e pensou que ela conseguiria de forma mais eficaz que ele desviar dos tentáculos de Stylish. Não queria colocá-la em perigo daquela forma, mas…

‘Manda ver, Akame!’ Falou quando sentiu que ela pegou impulso com seus pés nos ombros dele e saltou em direção a Stylish. Observou-a desviando com precisão das investidas do inimigo, e apenas desembainhou Murasame quando estava suficientemente perto para que a perigosa e mortal katana acertasse finalmente o cientista.

‘Eliminado...’ Ela sussurrou sabendo que seu alvo tinha sido abatido. Sorriu de leve, pensando que agora tudo terminaria e que todos seus companheiros estavam salvos.

And I can't live in a fairytale of lies

(E eu não posso viver em um conto de fadas de mentira)

‘Akame…’ Sentiu quando Tatsumi a pegou nos braços e meneou a cabeça, ele e seus rompantes de heroísmo. Deixou que ele a levasse como uma donzela. ‘Você está bem?’

Ela assentiu com a cabeça, respondendo.

‘Que bom…’ Tatsumi falou, pousando no chão com ela nos braços. Virou-se para trás e observou quando o gigantesco monstro finalmente tombou morto depois dos gritos de Stylish reclamando de seu azar por ter sido atingido e sua vida de loucuras e sadismo com suas cobaias havia terminado.

‘Era um louco…’ Akame murmurou. Soltou um suspiro e desviou os olhos do alvo abatido para Tatsumi. ‘Pode me colocar no chão.’

‘Hã?!’ Ele soltou, instintivamente segurando-a mais forte, não queria soltá-la. ‘Ainda está fraca…’ Falou fazendo-a inclinar a cabeça de lado observando-o.

And I can't hide from the feeling ‘cause it's right

(E eu não posso esconder do sentimento pois isto é certo)

‘Estou bem.’ Akame insistiu.

Ele franziu a testa e desviou os olhos dela. ‘Fazer-se de forte não a manterá viva.’ Repetiu de forma bem petulante o que ela tinha lhe dito no dia anterior e fazendo-a estreitar os olhos nele.

‘Humph…’ Akame murmurou fechando os olhos rapidamente e balançando a cabeça. ‘Não é porque usa uma armadura e capa que é um príncipe encantado, Tatsumi…’ Ela abriu os olhos e o encarou, mal sabendo que o tinha deixado corado de embaraço pelo comentário. ‘Além disso… estou longe de ser uma princesa de contos de fadas.’

And I go faster and faster and faster and faster for life

(E eu vou mais rápido e mais rápido e mais rápido e mais rápido pela vida)

Tatsumi apertou ela de leve nos braços e a encarou. Soltou um suspiro colocando-a no chão e olhando de forma bem decepcionada que ela havia conseguido se manter em pé sem a ajuda dele.

‘Você sempre me salva… Nunca reclamei…’ Resmungou contrariado, fazendo-a sorrir de leve.

‘Mantenha-se vivo e será como se tivesse sempre me mantido a salvo.’ Rebateu fazendo-o voltar a fitá-la.

I can't live in a fairytale of lies

(E eu não posso viver em um conto de fadas de mentira)

Akame desviou os olhos dele e observou o corpo do gigante abatido a sua frente. Franziu a testa pensando naquelas coisas todas que aquele lunático havia criado para o Império. As coisas estavam saindo completamente do controle. O Império agora estava brincando além de matar, dar vida aos mortos.

‘E ele ainda morreu com todos os membros intactos…’ Akame pensou alto. ‘Não era o que merecia.’

Ela observou Susanoo se aproximando e depois desviou os olhos dele para o alto observando Boss e Mine com o novo membro. Agora mais que nunca, eles precisavam de reforços poderosos. O inimigo estava completamente ensandecido de poder.

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Akame estava na cozinha finalizando a refeição do grupo. Susanoo havia se tornado seu companheiro no preparo das refeições para o grupo. Tatsumi precisava treinar muito ainda para conseguir alcançar uma melhora de sua performance lutando com a teigu que fora de Bulat. E era isso que o rapaz andava fazendo de forma exaustiva, principalmente depois que constatou pessoalmente o poder que o grupo de elite de Esdeath possuía. Estava cada vez mais empenhado em treinar.

Sorriu de leve constatando que ele havia amadurecido bastante. Ainda tinha aquele lado ingênuo e até mesmo tonto que no fundo era engraçado, mas também andava cada vez mais consciente da responsabilidade que tinha herdado junto com Incursio. Bulat confiava nele… ela confiava nele.

Soltou um suspiro, sem querer, enquanto preparava a refeição. Não queria admitir, gostava e muito de Susanoo. Estava aprendendo com ele vários pratos novos e truques culinários, mas sentia falta das conversas tolas que Tatsumi tentava puxar com ela. Às vezes, o rapaz falava o tempo todo sobre sua infância no vilarejo com Sayo e Ieyasu. Tatsumi ainda mantinha a esperança de achar algo que pudesse trazer os amigos de infância à vida. Não tinha aceitado a morte deles.

No fundo, ela gostava apenas de ouvir a voz dele falando sem parar sobre o vilarejo, sobre as brincadeira, brigas, desentendimentos e reconciliações com seus amigos. Assim como falava sobre sua vida antes deles se encontrarem.

‘Eu tenho certeza que vamos vencer… tenho o vilarejo inteiro ao meu lado confiando que levarei melhorias para eles. E agora sei que para isso acontecer, este Império corruptor tem que cair.’ Lembrou-se das palavras dele ao falar de sua despedida ao ancião que havia treinado-o antes de partirem para a capital cheios de esperanças. ‘Luto por todos eles.’

Balançou a cabeça de leve voltando a sorrir de forma furtiva. Ele no fundo tinha dentro de si uma esperança que ela adoraria possuir também. Enquanto ele lutava por pessoas, ela lutava no fundo por mortos. Lutava para tentar de alguma forma remediar o mal que havia feito. Bem… não importava as razões, o principal era as consequências maravilhosas que a revolução acarretaria para o país tão devastado e para as pessoas tão sofridas.

‘Você é muito dedicada, não?’ Ela ouviu uma voz atrás de si e virou a cabeça, observando sobre o ombro esquerdo a nova integrante do grupo de assassinos.

Voltou a prestar atenção aos legumes que descascava e picava com rapidez. ‘Gosto de cozinhar.’ Respondeu, encolhendo de leve os ombros.

Chelsea se aproximou brincando com o pirulito que tinha na boca. Parou ao lado dela, debruçando-se de costas na pia e observando o perfil de Akame.

A ruiva riu. ‘Não digo sobre cozinhar… Digo que você é muito dedicada à causa revolucionária, não?’ Insistiu na pergunta.

Akame a olhou de soslaio, perguntando-se o que realmente Chelsea queria. Já havia prestado a atenção que ela tentava se manter sempre longe do grupo, quando se aproximava normalmente era para irritar Mine e se divertir com as atitudes tempestuosas da jovem de cabelos rosa.

‘Todos aqui são.’ Akame respondeu por fim.

‘Hum-hum… Você é bem calada também…’ Chelsea falou, inclinando a cabeça e observando-a. ‘Lembra-me muito uma amiga que tinha… do antigo grupo de assassinos que eu fazia parte.’

Akame manteve-se calada e cortando os legumes.

‘Ela tinha os cabelos tão bonitos e muito parecidos como os seus…’ Chelsea falou pegando uma mecha do cabelo dela e passando a mão. Soltou e sorriu reparando que a morena estava embaraçada com a comparação e elogio. ‘Mas ela foi morta… Sabe… encontrei o corpo dela dilacerado.’ Soltou um suspiro pesado e virou-se para frente, voltando a debruçar-se na bancada da cozinha. Voltou a brincar com o doce que tinha na boca. Olhou de esguelha para Akame e sorriu de leve novamente reparando que realmente a nova companheira era muito parecida com Taeko.

‘Você fala que não devemos ter laços de amizade para não amolecer nossos corações… mas…’ Akame virou-se para ela. ‘Pelo que estou vendo, também trilha o caminho guiada pelo seu coração.’

Chelsea levantou os braços, espreguiçando-se de forma dengosa. ‘Não sou uma pessoa fria.’

‘Você gosta de se divertir irritando Mine… isso mostra que não é indiferente.’

Chelsea soltou uma risada gostosa ao lembra-se de seu principal alvo de bullying. ‘É fácil irritá-la… e divertido. Já você é diferente.’ Ela falou e reteve-se por alguns segundos.

Akame parou de picar os legumes e olhou para Chelsea que virou o rosto, finalmente as duas se encararam diretamente. ‘O que quer perguntar para mim?’

Chelsea mordeu o palito do pirulito que tinha na boca. O rosto pela primeira vez estava verdadeiramente sério. ‘Ouvi falar que você fazia parte da Elite dos sete.’ Akame assentiu com a cabeça, respondendo. ‘Estavamos atrás deles… Eu cheguei a ver dois deles. Dois rapazes.’ Ela desviou os olhos rapidamente e depois voltou a fitar Akame. ‘Mas apesar deles parecerem fortes, não eram páreo para Taeko. Ela tinha sido treinada por Barbara Oreburg, do clã de assassinos, desde quando era um bebê. Os dois não eram páreo para ela.’

Akame sentiu o tom de voz dela, apertou mais forte o cabo da faca que usava para cortar os legumes e respirou fundo. Soltou o ar devagar, ao mesmo tempo que soltou a faca dentro da vasilha e virou-se para Chelsea. ‘Está querendo me perguntar quem a matou? Por quê?’

Chelsea estreitou os olhos nela. ‘Quero saber o quão forte era o inimigo.’

‘Inimigo?’ Perguntou inclinando a cabeça de leve, mas sem desviar os olhos da ruiva.

‘Exatamente.’ Ela respondeu mordendo forte o palito que tinha na boca.

‘A Elite dos sete foi separada desde que pa…’ Ela reteve-se e engoliu em seco. ‘Desde que o mentor desapareceu e Murasame me aceitou como usuária. Deve deixar isso no passado.’

‘Não posso.’ Ela rebateu. ‘Por mais que eu queira. Taeko foi a primeira pessoa que se importou comigo. Verdadeiramente. Ela e o vovô. E os dois foram mortos pelo grupo de assassinos imperiais.’

Akame ficou quieta por alguns instantes apenas observando Chelsea. ‘Eu matei… e muito para o Império e contra o Império.’ Estreitou os olhos nela fazendo a ruiva franzir a testa, tensa. ‘Você, pelo que Najenda me contou, entrou por dinheiro. Poderia ter entrado para o lado do Império, mas os revolucionários estavam pagando melhor. Não deveria ter este tipo de sentimentalismo para com um ex companheiro.’

Chelsea cuspiu o doce que tinha na boca, dando um passo para frente e encarando-a com o rosto em fúria. ‘Não venha me dizer que é melhor que eu por conta disso.’

‘Eu fui manipulada por mentiras, você foi manipulada por dinheiro. Agora estamos na mesma situação. Não invente um conto de fadas bonito para justificar suas decisões. Que diferença faz para você saber quem matou sua colega?’

‘Ela era muito mais que isso!’ Chelsea gritou na cara dela com o rosto, que sempre ou era irônico ou zombeteiro, agora em fúria. ‘Não fale como se soubesse da minha vida.’

‘Não conclua como se soubesse da minha.’ Akame rebateu com o tom calmo mas firme.

Chelsea abaixou o rosto e cerrou os punhos. ‘Eu preciso saber quem matou Taeko… eu preciso saber quem foi o filho da puta que a matou e se você sabe, precisa me falar!’ Gritou voltando a encará-la.

‘Não desconfia?’ Akame perguntou e viu os olhos avermelhados parecido com os dela arregalaram.

Chelsea deu um passo agora para trás. ‘F-foi você?’ Perguntou com a voz falhada. ‘Foi você!’ Respondeu em seguida, trincando os dentes. ‘Foi você! Taeko só perderia para uma pessoa tão…’ Comprimiu os lábios, sem desviar os olhos dela. ‘Como você.’

‘Ela matou uma de minhas companheiras também e me mataria. Foi uma luta entre assassinos. E foi ela quem me chamou para o embate.’

Akame sentiu a bofetada forte de Chelsea no lado esquerdo do seu rosto, tinha visto o movimento e poderia ter desviado mas achou que no fundo merecia aquilo, além de certo modo fazer com que a nova companheira fosse se sentir melhor por aquilo.

Levantou o rosto, voltando a encarar a ruiva que a olhava com a respiração ofegante. Tinha os olhos brilhantes pela iminência de lágrimas que ela recusava a deixar que derramassem pelo rosto.

‘Você tem ideia de quem matou? Você se importou com quem você matou?!’

Akame levantou a mão e passou pelo canto dos lábios que havia sangrado pela agressão. ‘Você se importa com seu alvo agora?’ Rebateu a pergunta. ‘Você realmente se importa em saber quem é verdadeiramente seu alvo uma vez que aceita a missão?’

‘Taeko não deveria ser um alvo!’

‘Era ela ou eu. Assim como era ela ou Cornélia.’ Akame falou de maneira calma e pausada. ‘Ou você termina com isso aqui, ou isso acabará com você. Sua teigu é poderosa apenas quando é inesperada, mas ela não é de combate. Não seja tonta.’

Chelsea abaixou o rosto novamente tentando se controlar, a muito tempo não perdia a cabeça daquela forma. No fundo, falava para os outros não possuírem “coração mole” mas ela mesma tinha um. Fechou os olhos e finalmente sentiu as lágrimas saírem deles de forma teimosa. Tentou ainda de forma inútil, secar o rosto com a manga da blusa branca.

‘Eu sinto muito…’ Akame falou com sinceridade.

‘Você não sente!’ Chelsea gritou. ‘Você não sente nada!’

Akame endireitou o corpo, aquilo tinha doido mais que o tapa no rosto. ‘Acho que tem razão.’ Falou por fim e sentiu a voz falhada.

‘O que está acontecendo aqui?’

As duas viraram-se para a porta da cozinha e encontraram Tatsumi observando-as seriamente. Ele estreitou os olhos em Akame que tinha o lado esquerdo do rosto vermelho e o canto da boca machucado.

A morena virou o rosto voltando a atenção a preparação aos legumes para a refeição do grupo. ‘Nada.’ Ela respondeu. ‘Acho que seria melhor você levar Chelsea para um passeio, Tatsumi.’

O rapaz caminhou em direção das duas, analisando-as. Sabia que nenhuma falaria o que realmente tinha acontecido entre elas.

‘Eu não preciso ser consolada.’ Chelsea ainda falou com a voz falhada e afastando-se deles. Atravessou a cozinha de forma rápida e inclusive esbarrando em Leona que estava passando pelo corredor, que soltou um palavrão, xingando a nova companheira de mal educada.

Tatsumi parou ao lado de Akame que voltava ao preparo da refeição de forma sistemática. Ele não falou nada, apenas observando-a finalizar o corte dos legumes e logo depois ela os colocando na panela que cozinhava a carne. Ela estava para iniciar outra etapa da refeição quando ele segurou um dos seus pulsos obrigando-a a parar o movimento e levantar o rosto encarando-o com reprovação.

‘O que foi?’ Perguntou sem tato.

‘Por que ela a agrediu?’

Akame estreitou os olhos nele. ‘Isso não foi nada. Não se meta.’ Respondeu tentando puxar o braço, mas olhou-o mais atravessada ao reparar que ele segurou mais firme seu pulso.

‘Não deveria ter deixado-a machucá-la.’ Ele falou com repreensão.

‘Você…’

‘Não importa!’ Tatsumi a cortou. Já tinha ideia do que a morena falaria. Que ele não sabe de nada… que ele é ingênuo… que ele era um bobo… que tinha rompantes de heroísmo de contos de fadas… No fundo, já estava farto que ela o visse dessa forma. Merda! Quando é que Akame o veria de forma diferente?

‘Você não é pior, nem melhor que qualquer um deste grupo. Todos aqui têm suas cargas e não devemos deixar que nos julguem por isso. Ou aí sim… nosso grupo vai enfraquecer. E foi você mesma quem disse que ele é uma das bases da revolução. Se a base é fraca, tudo desmorona. Certo?’

And I can't live in a fairytale of lies

(E eu não posso viver em um conto de fadas de mentira)

Akame arregalou os olhos, surpresa tanto pelo que ele falou e o tom que ele usou com ela. Realmente, Tatsumi havia amadurecido bastante. Ela soltou um suspiro e assentiu com a cabeça. ‘Tem razão.’ Concordou com ele.

‘Ótimo!’ Ele falou satisfeito e começou a puxá-la. ‘Vamos tratar este corte na sua boca. Deveria colocar gelo no rosto. Capaz de ficar inchado.’

‘Preciso finalizar o almoço.’ Falou tentando firmar as pernas, mas não teve coragem de realmente parar de acompanhá-lo.

Tatsumi virou para trás olhando-a sobre o ombro. ‘Susanoo está vindo e pode finalizar por você. Terminamos de treinar por hoje.’

Akame desviou os olhos dos dele. ‘Isso não foi nada…’ Falou levantando a mão do braço livre e tocando de leve na face agredida. No fundo, as palavras da ruiva é que tinham machucado mais do que o tapa na cara. ‘Além disso… preciso ajudá-lo.’

And I can't hide from the feeling ‘cause it's right

(E eu não posso esconder do sentimento pois isto é certo)

Tatsumi franziu a testa e voltou a olhar para frente. ‘Humph… Ele pode se virar muito bem sozinho. Não precisa ajudá-lo. Vamos…’ Falou com a voz contrariada, continuando a puxá-la. ‘Por que deixou que Chelsea a agredisse? Você é rápida o suficiente para desviar de qualquer golpe.’

Akame sentiu que ele apertou mais forte o pulso dela. Franziu a testa observando o de costas. ‘Não sou tão rápida assim…’

‘Humph… sempre a considerei sincera demais. Estranha-me ouvi-la falar isso.’

Ela encolheu os ombros de leve. Era fácil perceber quando ela estava mentindo. Era realmente uma péssima mentirosa. ‘Hum… não sei direito… Espero que isso… não sei… talvez ajude ela a sentir menos pior…’

And I go faster and faster and faster and faster for life

(E eu vou mais rápido e mais rápido e mais rápido e mais rápido pela vida)

Tatsumi parou de caminhar e voltou-se para ela, olhando-a com o rosto sério. ‘Para com isso!’ Falou com o tom mais alto, fazendo-a arregalar os olhos novamente, surpressa. ‘Para de achar que é culpada pelo que fez pelo Império. Eu fui enganado… todos que estão aqui foram enganados achando que o Império se importava… que era o certo. Existem pessoas que ainda acham que ele é o melhor para o país. Não ache que você é a única culpada.’ Disse de uma vez o que estava incomodando-o já algum tempo.

Akame franziu a testa, devolvendo a encarada dele. ‘Eu matei mais que qualquer um pelo Império. Minha dívida é…’

‘Maior?’ Ele a interrompeu. ‘Por quê? Acha que ninguém aqui sente o mesmo que você?’

Ela tentou puxar o braço que ele segurava mas o rapaz a segurou impedindo-a de se afastar. Os dois se fitaram de forma arisca.

‘Está concluindo as coisas de forma errada, Akame! Está minimizando a responsabilidade e da dor de cada um, ao achar que a sua responsabilidade é maior.’

I can't live in a fairytale of lies

(E eu não posso viver em um conto de fadas de mentira)

‘Você anda metido demais.’ Ela rebateu entre os dentes.

‘Você que é cabeça dura demais.’

‘Não tanto quanto você.’

‘Ora, ora, ora…’ Leona exclamou de forma irônica, se aproximando dos dois. ‘Já estão brigando até como um casalzinho…’ Emendou de forma maliciosa fazendo os dois sentirem os rostos vermelhos de embaraço e finalmente Tatsumi soltar o pulso de Akame que se afastou dele assim que pode.

‘Para de falar besteira, Leona.’ Akame falou sem encará-la, sabia que estava com o rosto rubro.

Tatsumi encolheu os ombros também sem encarar a loira. ‘Você tem a imaginação maliciosa demais, nee-san.’

Leona se aproximou do casal, ainda com o rosto zombeteiro. Franziu a testa observando rosto de Akame e a segurando pelo queixo para levantá-lo e analisá-lo melhor. Ergueu uma sobrancelha reparando na marca avermelhada e no machucado dos lábios. ‘Hum… Esdeath andou lhe ensinando sadismo, é Tatsumi?’

‘Nee-san!!! Ah!!! Você é maluca!’ Ele exclamou constrangido com o rosto mais vermelho que um tomate maduro. Afastou-se das duas sabendo que agora Leona não deixaria que ele cuidasse de Akame e só falaria coisa cada vez mais comprometedora entre os dois. ‘Você é uma tarada! Só pensa em sacanagem!’ Ainda exclamou contrariado pisando duro.

Leona observou o rapaz que logo entrou no seu quarto batendo a porta com força. Soltou uma gargalhada divertindo-se com o constrangimento dele. ‘Até parece que ele não pensa só nisso…’ Falou entre risadas. Olhou para Akame que não conseguia encará-la. ‘Agora, você é quem eu não imaginava que gostava dessas coisas…’

Akame bateu no braço dela da mão que ainda segurava o seu queixo, soltando. Deu um passo para trás com os ombros encolhidos. ‘Para com isso, Leona.’

‘Hei Akame…’ A voz da loira agora era séria, sem o tom de brincadeira. ‘Sei que não foi ele quem fez isso. Quem foi? Você não é disso.’

Akame respirou fundo e soltou o ar devagar. ‘Fui eu quem matei a amiga de Chelsea.’ Esclareceu.

Leona cruzou os braços observando a amiga. ‘Boss sabia disso, não? Então porque trouxe esta garota?’

‘Motivos pessoais devem ser deixados de lado. Chelsea é uma excelente assassina.’ Falou começando a caminhar e sendo acompanhada pela loira. Era melhor colocar algo no rosto ou todos ficariam perguntando e cada vez aumentando um incidente bobo como aquele. ‘Boss tinha me falado sobre ela e eu concordei. Não foi de forma arbitrária. Você sabe que Boss nunca faria isso.’

Leona concordou com a cabeça, mas soltou um suspiro contrariado. ‘Mesmo assim… melhor a gente se manter espertas. Nunca devemos confiar em alguém que tem uma grande mágoa no coração. Isso aqui é vida real, não é história da carochinha.’

Akame assentiu com a cabeça, concordando com Leona.

A fairytale of lies!

(Um conto de fadas de mentira)


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Notas finais do capítulo

A conversa da Chelsea e da Akame foi baseada em Akame ga Kill Zero.

Elite dos Sete: Akame, Cornélia, Green, Tsukushi, Guy, Najasho, Poney.

O lider da Elite dos Sete era Gozuki, a quem todos chamavam de "papai", inclusive Akame apesar de nunca ter sido muito próxima a ele com os outros. Gozuki aparece em AgK anime quando as lembranças da separação de Akame e Kurome são mostradas. Ele é o cara que segura a menina Akame enquanto o outro cara careca (ahhhh odeio este cara em AgK zero!) leva Kurome.

Chelsea fazia parte de um grupo de assassinos contratados pelos revolucionários e liderado por Barbara Oreburg, do clã de assassinos. Ela o chamava de forma bem atrevida e carinhosa de "vovô". Também fazia parte do grupo Taeko, que fora criada desde pequena pelo clã com a esperança de inclusive derrubar o Império.

A luta entre Taeko e Cornélia foi um dos pontos altos de AgK Zero, até pq as duas haviam se tornado camaradas sem saberem que ambas eram assassinas. Akame depois enfrentou Taeko mas conseguiu vencer pq... oras pq... pq ela é f***! hahaha



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