Sua postura se tornou extremamente rígida ao ouvir a voz do mesmo atrás de si. Em sua mente percorria diversas desculpas que poderia ser dada para livrar-se de Aaron e de seu possível sermão ao descobrir.

—Papai. -A voz de Jack percorreu pela sala chamando a atenção do chefe salvando Prentiss. Aaron por sua vez abaixou-se imediatamente recebendo um abraço do filho que lhe arrancou um pequeno sorriso.

—Fui trocada.-Garcia pronunciou-se tirando pequeno sorriso de todos na sala.

A noite tranquila fez com que todos descontraía-se. As piadas de Garcia e Morgan sobre Reid arrancando risos de todos que logo em seguida foram para suas mesas aos seu afazeres, aos poucos que iam acabando seus respectivos relatórios, eram dispensados.

—Tia Emily?-A voz chamou sua atenção, ao olhar ao lado ali está Jack com uma pequena caixa de lápis de cor em suas mãos junto a algumas folhas :-Posso ficar aqui?

—Claro. Sente-se aqui ao meu lado.-A morena puxou a cadeira colocando o mesmo sentado logo em seguida :-O que está fazendo?

—Estou desenhando. Aqui tem eu, papai e a mamãe.-O primeiro desenho foi entregue a Emily que o analisava atentamente :-Neste eu e a tia Jess.- A segunda uma criança juntamente com uma mulher em um tipo de sala cheio de brinquedos esparramados :-Aqui eu com um cachorro, acho que assim o papai me dá um.-No último havia um menino com um cachorro na frente de uma casa.

—Quando criança vivia pedindo um animal para minha mãe, tentava de todas as formas, desenhos, conversas, o máximo que consegui arrancar dela foi um peixinho.-A agente da UAC comenta recordando sua infância. Devido a tantas mudanças e falta de tempo, Elizabeth nunca considerou a ideia de dar qualquer tipo de animal para a filha :-Mas sabe, continue insistindo, tenho certeza que seu pai logo irá lhe dar um. -A mesma da uma piscadela a Jack que sorri.

—Tia Emily, Abby não irá voltar mais?-A pergunta a pegou de surpresa, com o dia todo corrido a dor a respeito da partida de Abby passou despercebida.

—Creio que não querido.-Sua expressão de imediato mudou, porém também agradeceu um pouco a Jack, aliás a realidade bateria em sua porta a partir do momento em que chegasse em seu apartamento e ali sobre seu sofá não estaria o pequeno ser deitado juntamente com o urso de pelúcia entre os braços e a cabeleira loira toda bagunçada por ter pegado no sono enquanto estava a sua espera.

—Não fique assim, você tem a mim. -A mão de Jack foi ao encontro de sua face acariciando-a fazendo com que um pequeno sorriso surgisse em seu rosto.

—Que tal você fazer um desenho bem lindo para que eu pendure em minha geladeira enquanto termino meu relatório?-Sua pergunta foi respondida apenas por um aceno de cabeça vindo por parte de Jack. O tempo passou, talvez a enrolação de Emily para terminar o relatório viesse do simples fato de que ao chegar em seu apartamento a realidade novamente a atingisse com a falta de Abby.

Em meio aos diversos pensamentos, mal havia percebido dois fatos: o término de seu relatório e Jack ter pego no sono sobre sua mesa. Organizou tudo, desde suas coisas até os lápis e os desenhos de Jack e com o mínimo cuidado o pegou no colo junto às coisas e foi em direção a sala de Aaron.

—Desculpe entrar sem bater, mas..-Não foi necessário dizer mais nenhuma palavra, Hotch de imediato compreende e levantou-se para pegar o filho no colo.

—Obrigada. -Aaron agradeceu a agente.

—Imagine. Bom, aqui está meu relatório e as coisas de Jack.-Caminhou e as colocou sobre a mesa do chefe as separando para não haver confusões entre os papéis :-Deveria ir Hotch, ambos estão cansados.

—Eu gostaria de terminar os últimos papéis.

—Termine-os amanhã, ambos precisam de descanso. Boa noite.

—Nós já iremos. Boa noite Prentiss.

A primeira coisa feita por Emily ao chegar foi respirar profundamente, aonde pequenas imagens passaram a percorrer sua mente apenas pelo cheiro de Abby que ali ainda permanecia. Colocou a mala sobre o chão ao lado da porta e caminhou em direção ao seu quarto, necessitava de um banho. As roupas deixada sobre o chão a qual logo vieram a serem pegas e logo entrou no banheiro ligando o chuveiro deixando a água quente percorrer sobre seu corpo, onde junto a ela também caiam suas lágrimas.

Os dias que se sucederam-se foram cansativos, todos os dias que retornavam um novo caso aparecia sem ao menos conterem tempo de descanso.

—Rachel e Thomas Tompson, as primeiras vítimas. Encontrados pela empregada que chegou pela manhã e os encontrou, os corpos estavam na sala de jantar, com a mesa posta a 3. Rachel foi drogada e logo depois sufocada, encontraram fibras em seu nariz, Thomás por sua vez sofreu levou diversos tiros sobre o abdômen, porém estava limpo, sem nenhum vestígio de sangue o cobrindo. -JJ explicava atentamente o caso que a pouco tempo havia chegado a si :- As outras 4 vítimas foram encontradas no mesmo estado, porém em partes diferentes da casa, como se fosse momento em família, a variedade entre a forma que foram mortos variam, no segundo caso Sarah Donavan quem levou os tiros e Ian quem fora envenenado e sufocado.

—Alguma relação entre os casais?-Dave perguntou enquanto sua atenção permanecia sobre a pasta a sua frente.

—Não que contenha nos mandado, eles não se conheciam, todos de áreas de trabalho diferentes, porém ótimos economicamente, moravam em bairros distintos de Las Vegas. -A loira responde a pergunta do agente mais velho :-Porém o último casal, Holly e Joe Gallagher ambos foram os corpos totalmente violentados, assassinados com total brutalidade.

—Assim que chegarmos, JJ você dará um jeito na imprensa o fato dele ser juiz interfere muito. Morgan e Dave vocês iram para delegacia, eu,Reid e Prentiss iremos até a cena do último crime, e Garcia tente encontrar qualquer ligação, mínima que seja entre eles e nos comunique assim que tiver qualquer informação que seja, saímos em 15 minutos. -Logo que Aaron terminou de dar as ordens, todos foram a seus últimos afazeres para irem para o avião.

Algo martelava na cabeça de Morgan e enquanto não soubesse o que estava acontecendo não iria sossegar, seu radar de desconfiança e curiosidade apitava sem ao menos sessar. Nos últimos casos o moreno havia percebido algo, a aproximação nos casos entre Aaron e Emily, porém cedo demais para criar teorias, esperaria mais algum tempo e então, agiria. Assim como o animal estuda sua presa antes de atacar, Derek iria fazer, estudaria Emily e Aaron sem que eles soubessem.

—Sou o Agente Aaron Hotchner, este é o Dr.Spencer Reid e a Agente Emily Prentiss.-Aaron tomou a frente apresentando-se não somente a si, como também ao dois membros da equipe que se encontra consigo.

—Sou o policial Paul Mackenzie. -Apresentou-se logo em seguida.

Emily assim como Reid analisava atentamente ao local, tentando absorver ao máximo todas as informações necessárias do local.

—Aqui é sempre tão calmo e silencioso?-Emily tomou a frente começando as perguntas.

—Sim, é uma vizinhança bem tranquila. Por mais que seja um bairro onde concentra-se o maior número de pessoas bem financeiramente é seguro, são raros o índices de roubo por aqui.

—Ninguém ouviu nada? Nenhum movimento, barulho, pessoas diferentes, algo estranho acontecendo?-Foi a vez de Aaron perguntar, porém tudo aconteceu muito rapidamente, uma voz interrompeu todo processo.

—Policial Mackenzie?-Uma voz doce, porém com um toque de autoridade. Os 4 viraram-se imediatamente em direção a voz. Seus cabelos castanhos claros com um pequeno toque do ruivo, dando a eles uma tonalidade diferente mas encantadora, os olhos tão azuis e imensos , postura ereta, seu semblante sério porém com um toque de dor. Aquela mulher, realmente chama a atenção por onde passa.

—Agentes e Dr, está é Mareen Gallagher filha adotiva do casal Joe e Holly. -A apresentação foi feita, os olhares alternava-se entre todos. 

—Não havia informações sobre uma filha.-Emily fora a primeira a se prontificar estranhando completamente a situação, sem ao menos dizer uma palavra Emily afastou-se com o celular na mão indo em direção a um lugar um pouco afastado.

—Fala que eu lhe escuto minha linda.—Garcia prontificou-se ao atender o telefone.

—Garcia procure informações de todas as vítimas se elas têm filhos, e procure a respeito de Mareen Gallagher.

—Já esta na mão, lhe ligo assim que terminar.

—Obrigada Garcia. -Desligou imediatamente e tornou a se aproximar.

—Tornarei a repetir Agente Hotchner, não moro em Las Vegas desde meus 16 anos, retornei à um mês para visitar meus pais e resolver alguns assuntos de trabalho, a quesito de informações, não fiquei nem na casa deles.-O humor de Mareen não se era um dos mais agradáveis, desconforto, nervosismo se é captado em seu tom de voz.

—Poderia me dar informações para confirmar em seu trabalho?-Hotch pediu com sua pose firme de sempre.

—Não, não posso. Apenas quero que terminem logo, preciso da liberação dos corpos para o enterro.-Virou-se saindo deixando os agentes completamente desconfiados, aliás como ficar assim perante uma situação como está a respeito da morte dos próprios pais.

—Isto está estranho, ela não transmite tristeza, dor, nada do tipo.-Emily comenta olhando para os homens a sua frente.

—As pessoas têm modos diferentes de agir perante a perda, porém encontrar alguém agir de tal forma é totalmente estranho. -Reid pronunciou-se analisando Mareen, a realidade é que a atitude da mulher realmente havia lhe chamado a atenção. Mordeu os lábios e alternou o olhar, ato que não passou despercebido por ambos os agentes que o conhece, sabiam exatamente que algo o incomodava.