Bastards and Queens escrita por kelly pimentel


Capítulo 9
Aliança


Notas iniciais do capítulo

Voltei, espero que gostem do novo capítulo. :)



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Daenerys sempre ouviu dizer que o Norte era tão grande quanto as outras seis partes dos Sete Reinos juntas, e era verdade. Essa afirmação ganha ainda mais força no inverno, tudo é cinza, não há visibilidade, o caminho parecia interminável. Ela pensou em como seus filhos estariam tendo dificuldade voando nesse clima. Era uma boa coisa não ter ouvido Jorah quando o homem expressou o desejo de que Dany fosse para o Norte com os dragões, ela não poderia ver nada lá de cima. Não com esse tempo.

Tyrion contou que o inverno pode ser tão severo que toda a luz parece desaparecer, principalmente no Norte. “A escuridão pode fazer uma pessoa enlouquecer” Sor Davos tinha dito antes. E Daenerys temia a loucura, era a filha do “Rei Louco” afinal de contas. Quando ela veio a Winterfell pela primeira vez, com Jon doente, havia neve de fim de verão, mas agora o inverno tinha finalmente chegado e parecia que não estava disposto a ir à lugar algum.

Viserys quase nunca falava do Norte quando eram crianças, ou quando fazia contava histórias sobre como os nortenhos eram praticamente selvagens. Ele dizia que o Norte foi a ruína de Rhaegar e, consequentemente, de todo o reino dominado pelos Targaryens. A chamada “Rebelião de Robert” começou por uma nortenha, mas enquanto ela cresceu ouvindo que o irmão morreu pela mulher que amava, outros acreditam que ele tinha tomado-a a força. Como todas em todas as histórias, ela sabia que a verdade, depois de um tempo, seria aquela que melhor agradasse às pessoas no poder. Então o irmão passou a ser um vilão, e morreu vilão, defendendo o reino no Tridente.

Daenerys passou pelos muros de Winterfell em seu cavalo, com Jon Snow e Davos Seaworth cavalgando ao seu lado. Fora quatorze dias de viagem de Pedra do Dragão para lá, todos estavam cansados e o frio parecia ter se enraizado em seus ossos. Apesar da insistência de muitos, Daenerys fez questão de se manter fora da carruagem o máximo que pode, tinha sobrevivido ao fogo, poderia seguir no gelo.

A comitiva de recepção dessa vez era muito maior. Lady Sansa usava uma capa muito bonita, parecida com a de Jon. Bran e Arya também estavam esperando por eles, junto com alguns lordes nortenhos. Pelo modo como foram recebidos no castelo Cerwyn, Daenerys acreditava que a notícia da rendição de Jon tinha sido mantida em sigilo, mas agora as coisas iriam mudar, Jon iria declarar seu apoio publicamente, assim com ela declararia que estava disposta a lutar pela sobrevivência do Norte contra os caminhantes e adiar a retomada dos Sete Reinos. Daenerys já tinha feito muito nos últimos anos, desde os quatorze anos esteve sendo colocada em situações difíceis, mas, ainda assim, aquele novo desafio lhe causava uma certa ânsia. Era um passo efetivo na conquista de Westeros, era o desejo de Viserys, o desejo que fora incutido nela por tantos anos. Foi a primeira vez que ela passou pelos muros sem esconder os cabelos prateados que são a marca dos Targaryens, quando colocaram os olhos nela muito dos nortenhos que ali estavam pareciam admirados. Ela olhou para Jon. Ele estava bonito em sua armadura negra, garra longa colada em seu peito, ao alcance de sua mão direita. Daenerys sentiu que Jon estava sempre pronto para uma briga, embora não fosse o tipo de homem que sentia prazer na batalha, prazer em tirar uma vida.  Quando o nortenho colocou seus olhos no dela, Daenerys pode sentir o apoio que emanava neles, mas havia algo mais, era como se ele perguntasse “Está pronta?”, ela assentiu positivamente de forma leve. Estava. Realmente estava.

Jon desceu do cavalo e os presentes se ajoelharam, com exceção de Sansa. Ela permaneceu de pé. Daenerys sentiu os olhos azuis da irmã de Jon nos seus. Ela então finalmente entendeu porque havia achado Cersei Lannister estranhamente familiar, havia algo muito semelhante em ambas: o olhar de fúria pessimamente disfarçado. A força para continuar lutando pelo poder até o fim.

—Meus lordes, - Jon disse atraindo todos os olhares. - Obrigado por terem vindo. -Ele caminhou até Daenerys e ajudou-a a descer do cavalo, Daenerys sentiu que a ajuda não era necessária, mas entendeu que Jon queria que os vissem como aliados - Essa é Daenerys Targaryen, a rainha que conseguiu fazer com que o nosso reino se unisse em torno de uma causa. Que trouxe seus homens para lutar pela sobrevivência do Norte e dos Sete Reinos.

Todos os presentes foram cordiais, embora alguns tivessem um olhar cheio de ressalva e até mesmo indignação com a presença de Daenerys. Ela se aproximou dos homens e tomou fôlego.

—Meu lordes, e ladys… espero que entendam que a minha presença aqui tem apenas o intuito de ajudar. Fizemos um acordo com os Lannisters e ele também estão se juntando a essa luta. Como Jon disse na primeira vez me falou sobre os Caminhantes, são os vivos que importam agora, esse é o único lado que temos que escolher.

—E a Targaryen lutará por nós sem nenhuma outra razão atrás disso? - Uma garota perguntou, ela era bem menor que Arya, não parecia ter mais de doze anos, tinha os cabelos negros característicos do norte.

—Lady Mormont, - Jon falou respeitosamente. Pelo tom de sua voz Daenerys entendeu que ele respeitava a garota em sua frente. Ela também não pode deixar de notar que a menina tinha o mesmo sobrenome que Sor Jorah. - me perguntou uma vez porque deveria arriscar a vida das pessoas pela quais é responsável numa luta alheia, é a mesma coisa o que essa mulher está fazendo, arriscando os seus pela nossa luta. Eu a admirei desde o momento em que trouxe os homens da Ilha dos Ursos para nosso lado e nos ajudou a vencer, assim como admiro a rainha Daenerys por fazer o mesmo.

—Eu sigo ao Rei do Norte. - Ela disse confiante. - E se é isso que o rei diz. 

Os outros lordes pareciam não ter muito a dizer depois disso, Jon anunciou que conversaríamos todos em breve, quando estivéssemos descansados da viagem. Ele cumprimentou os irmãos, Arya deu um sorriso, ou melhor, a versão disso dada pelos Starks. Daenerys chegou à conclusão de que a família inteira não tinha o melhor dos humores, ou que talvez nenhum nortenho  fosse. Jon caminhou ao lado de Daenerys enquanto Sansa falava sobre os arranjos para acomodar os homens, e a montagem do acampamento nas terras de Winterfell, com Missandei, Davos, Tyrion, Arya, Jorah e Bran um pouco atrás deles.

…………………...x……………..

Depois de deixar Daenerys alojada, Jon tinha que lidar com Sansa. Sabia que devia explicações a irmã. Ela entrou no quarto dele com seu andar imponente, os olhos azuis queimavam, Jon sabia que o gelo também poderia queimar.

—Então você não é mais um Rei. Por ela? - Sansa perguntou encarando-a.

—Não só por ela, mas pelo Norte. Não teríamos a menor chance sem ela, eu vi mais de 100 mil mortos, cem mil, nós seriamos dizimados, eles têm lanças capazes de… - Jon se calou. Pensar em Viserion traziam a dor que vira na expressão de Daenerys, além disso, ele não queria expor o que aconteceu. - Eles são muitos, são perigosos, e querem nos vencer. Se você os tivesse visto...

—Eu acredito em você, mas não posso acreditar que fez isso sem me consultar. Você podia usar a coroa, mas o Norte é…

—Seu. - Ele disse encarando-a. Você o conquistou de volta com a ajuda de Lorde Baelish, mas eu fui escolhido como Rei, por mais injusto que isso seja, e eu escolhi apoiar Daenerys.

—No final das contas você é mesmo filho do meu pai, esqueceu a honra por uma mulher. - Sansa disse encarando-o.

—Eu cumpro a minha palavra, assim como nosso pai. -Jon disse friamente. -Daenerys salvou minha vida e eu prometi que ela seria minha rainha daquele momento em diante.

—Você está apaixonado por ela? - A irmã perguntou sem cerimônia.

—Eu já amei alguém, quando estava na patrulha, e meu coração se partiu quando eu tive que partir, mas eu parti, porque a minha prioridade sempre será a minha missão. Quando ela se foi, eu fiz o que tinha que fazer e segui em frente. Minha prioridade é essa guerra e eu nunca tomaria uma decisão dessas por sentimentalismo. Eu não sou um idiota.

—Eu acho que é. Acho que todos vocês são se acham que podem confiar em Cersei Lannister. Essa aliança será nossa destruição. E eu não passei por tudo que passei para acabar assim. Agora, se me der licença, eu tenho que ir.

—Sansa… - Jon começou a dizer, mas não tinha mais argumentos contra a irmã.

—Ah, eu quase esqueci. Lorde Baelish está morto, os homens do Vale são leais a mim. Sou uma Tully afinal de contas.

—Como ele morreu? - Jon quis saber. Ele podia sentir o tom de desafio da irmã, mas não estava disposto a considerá-la como uma ameça. Era sua irmã afinal de contas. 

—Arya cortou sua garganta com a lâmina que ele mandou usarem para matar Bran. Poético não acha? Como Ramsay sendo comido por seus próprios cães. - Ela afirmou deixando a sala.  

Jon respirou fundo e encarou o grande salão vazio. Em breve, aquele local estaria cheio de nortenhos e ele teria que contar sobre sua decisão, ainda assim, depois de Sansa, ele imaginava que a segunda parte seria mais fácil. Embora houvesse muito mais a se perder. Ele sentou-se na cadeira na qual o pai costumava sentar quando era protetor do Norte e esperou, ele lembrou-se de quando era criança, com nove ou dez anos, e costumava acompanhar o pai, Robb sentava-se ao lado do pai, mas ele ficava mais afastado, observando o modo firme com o qual Ned lidava com as situações. Muitos lhe diziam que ele o mais semelhante dos filhos de Ned, o que mais herdara os traços do pai, naquele momento, ele desejou que aquilo fosse verdade.

Davos foi o primeiro a entrar, acompanhando por Tyrion. Em seguida, Bran, Gilly e Sam marcharam em direção a Jon “Precisamos conversar” Bran disse, mas a porta abriu-se novamente e vários lordes e algumas ladys nortenhas entraram. Jon então disse que a conversa teria que esperar. Faltava apenas Daenerys quando ele olhou para Tyrion perguntando por ela.  

—Passei por ela no corredor quando sai daqui. - Sansa disse encarando o irmão. Jon já estava pronto para sair atrás de Daenerys quando ela entrou, seguida por alguns de seus irmãos de sangue. A presença dos homens fez muitos dos nortenhos ficarem visivelmente desconfortáveis.

—Meus lordes e ladys, os reuni aqui hoje porque estamos vivendo dias perigosos, o inverno está se aproximando e com eles os caminhantes que chegam cada vez mais perto da muralha, estive lá, vi mais de cem mil mortos prontos para marchar em nossa direção. Daenerys Targaryen a herdeira verdadeira do trono de ferro, concordou em colocar a reconquista dos Sete Reinos em espera para ajudar em nossa causa, por esse gesto, eu jurei lealdade a ela. O norte fará parte dos Sete Reinos novamente, sob o comando de um só líder, se este líder for Daenerys Targaryen.

—Obrigada Jon. - Daenerys disse. - Meus exércitos estão a disposição para está luta. Entendo que está é a única batalha que importa no momento.

Várias vozes passaram a ecoar pelo salão. Alguns homens tinham suas dúvidas, outros estavam indignados com a rendição de Jon. Ele explicou um pouco os feitos de Daenerys, mas a rainha não parecia preocupada em se autopromover. 

—Meu exército é formado por homens livres que me seguem não por obrigação ou ouro, mas porque acreditam em mim. Espero que com o tempo vocês possam ver o mesmo. - Daenerys disse ficando de pé e deixando o salão. Jon encerrou a reunião, lidaria com os insatisfeitos em outro momento, ele precisava falar com Daenerys.

—Jon, precisamos conversar. - Bran disse novamente.

—Agora não. - Jon respondeu ao irmão. E então saiu atrás de Daenerys.

Ele não a viu no corredor, então seguiu na direção dos aposentos que lhe foram designados, mas antes que pudesse chegar à porta encontrou Fantasma. O lobo branco o encarou, Jon entendeu pelo olhar vermelho qual era seu propósito e então mudou sua rota, passando a segui-lo. Encontrou Daenerys no bosque sagrado, encarando a árvore coração.

—Achei que seus deuses fossem os novos. - Jon disse se aproximando de Daenerys por trás e passando os braços ao redor dela. Diferente de outras vezes, Daenerys se esquivou, afastando-se do carinho. - O que houve? - Ele quis saber.

—Nada. Estou preocupada com a guerra.

—Não é isso. Eu posso ver que tem algo te incomodando, mais cedo, você me ouviu falando com Sansa, não ouviu? - Jon perguntou recordando-se de suas palavras. Ele nunca disse a irmã como se sentia por Daenerys, em vez disso, falou de Ygritte, e de como sempre colocou dever acima de qualquer coisa. 

—Ouvi. - Ela fala assentindo. -Por que você foi até minha cabine naquela noite? Foi pela guerra? Por dever?

—Não! Eu fui porque eu não conseguia mais ficar longe de você. - Jon respondeu. Ele não era bom nisso, em dizer como se sente. Não era o tipo de situação que o deixava confortável, preferia lutar contra dez homens de uma só vez.

—Você disse a Sansa que ama alguém. O que aconteceu com ela? Ela morreu? A mulher que você ama, ela está morta? - Dany perguntou.

—Não Daenerys. - Ele respondeu. Jon sentiu seu peito apertar. - A mulher que eu amo está viva, e aqui na minha frente. Porque a mulher que eu amo é você.


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