Bastards and Queens escrita por kelly pimentel


Capítulo 10
Aegon




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/741053/chapter/10

“A mulher que eu amo é você”, Jon disse encarando-a. Daenerys sentiu o peito arfar, era uma sensação de dor e alívio ao mesmo tempo e ela se sentia parcialmente tola por estar ali, questionando os sentimentos dele enquanto eles tinham coisas mais importantes com as quais lidar, mas havia algo mais importante que o sentimento de tolice, ela não estava disposta a se envolver emocionalmente com alguém que não quisesse o mesmo, se apenas quisesse sexo, poderia fazer isso sem problemas, mas não iria mergulhar em algo se não fosse real, saber disso era importante para ela.

O nortenho se aproximou passando as mãos por sua cintura, juntando seus corpos carinhosamente, fazendo-a sentir-se acolhida, a sensação trouxe à sua mente a porta vermelha que conhecia como lar quando pequena. Seus lábios se encontram e ela rapidamente correspondeu. Daenerys cresceu ouvindo que os Targaryens que se casaram por amor trouxeram a ruína para sua família, e ela estava preocupada porque era exatamente que isso que estava sentindo: amor. Como nunca tinha sentindo antes.

A intensidade dos beijos e das carícias fez com que elas ficassem claramente inapropriadas para o bosque sagrado. Jon afastou-se de Dany um pouco, pegando-a pela mão. Ela o seguiu até uma parte mais afastada e eles voltaram a se beijar, se amaram ali mesmo e enquanto Jon a penetrava, Daenerys não pode deixar de pensar no costume Dothraki que dizia que todas as coisas importantes devem ser feitas ao ar livre.  

—Você acha que podemos vencer? -Daenerys perguntou enquanto a mão de Jon passeava  por seus cabelos prateados. Ela estava deitada ao lado de Jon na relva, sua cabeça apoiada no peito do nortenho. Ambos já recompostos.

—Eu não sei. - Jon confessou. - Mas eu sei que não teríamos a menor chance sem a sua ajuda. Obrigada, Dany.

—Achei que você não tinhamos combinado que não ia mais me chamar de Dany. - Ela disse levantando o rosto para encará-lo. Jon sentiu os olhos violeta de Daenerys nos seus. Ela era mesmo uma visão e ele não se cansava de admirá-la.

—Obrigada, minha rainha. -ele disse com um pequeno sorriso. Fazendo-a rir também. Nesse momento, Fantasma se aproximou do casal como se quisesse avisar algo. Jon ouviu passos e ficou de pé, ajudando Daenerys a levantar, a mão direita segurando a espada, a esquerda no pulso de Daenerys, mantendo-a perto de forma protetiva.

—Acho que isso não vai ser necessário. - A voz de Arya disse. Em seguida, Jon colocou os olhos na irmã. Ela podia ser leve como um gato, era uma boa vantagem numa luta. -Não queria incomodá-los, mas Bran está aflito, diz que precisa falar com você imediatamente.

—Claro! - Jon diz lembrando-se de que o irmão realmente já havia expressado seu desejo de abordar algo duas vezes no mesmo dia.

Os três caminharam juntos até o pátio de Winterfell e então Daenerys disse a Jon que deveria deixá-lo conversar à sós com irmão e que se veriam breve. Ele quis beijá-la mesmo que a despedida fosse curta, o momento que acabaram de compartilhar pedia isso, mas se conteve. Em vez disso, caminhou junto a Arya deixando Daenerys na companhia de Verme Cinzento e outros de seus soldados. A irmã o guiou até a biblioteca onde Bran, Gilly, Sansa, Sam e Davos o esperavam.

Jon sentiu como se estivesse entrando em algum tipo de território perigoso, ele tinha grande estima por todas aquelas pessoas, então sabia que se todos estavam ali reunidos para tratar de algo, esse algo era delicado.

—O que aconteceu? - Ele perguntou olhando para Bran. Fora o irmão afinal de contas que o havia chamado.

—Sente-se. - Ele diz. Jon não deseja sentar, mas o faz. Coloca uma cadeira de frente para o irmão e respira fundo. - Descobrimos algo sobre o seu passado, algo importante que muda tudo.

—Sobre o meu passado? - Ele pergunta sem entender.

—Sim. Você não é filho de Ned Stark. -Bran diz sem nenhuma cerimônia. - Você é filho de Lyanna Stark. Meu pai o salvou na Torre da Alegria, quando você era um bebê, o tirou dos braços sem vida da irmã.

—Você perdeu de vez a cabeça? - Arya pergunta furiosa.

—Não. E tem mais, Jon é filho de Rhaegar Targaryen. Seus pais estavam apaixonados, eles se casaram…

—Pare! - Jon disse levantando. Seu corpo inteiro estava trêmulo.

—Você precisa ouvir… Seu nome não é Jon Snow. É Aegon, Aegon Targaryen. Você é o legítimo herdeiro do trono de ferro. Não Daenerys. Aqui- Bran disse entregando-lhe um documento. - Nós o encontramos na cripta, no túmulo de Lyanna. Nosso pai deve ter escondido lá, é a prova de que você é fruto de uma relação legítima.

Jon olhou para o pergaminho e sentiu como se todo o seu mundo estivesse sendo destruído, ele viu o rosto do pai na última vez que estiveram juntos, a promessa no olhar dele, o carinho com o qual pareceu falar da mãe de Jon. “Deveria ser uma mulher e tanto para fazer com que Eddard Stark quebrasse sua moral” alguns lhe diziam. Em parte, aquilo fazia sentido, mas ele queria com todas as suas forças que não fosse verdade.

—Eles se casaram em segredo, depois que Rhaegar anulou seu primeiro casamento. -Gilly afirmou.

—Seus pais se amavam. E Robert teria o matado se se soubesse a verdade. - Bran continuou. - Por isso nosso pai mentiu.

Jon sabia disso, sabia que Robert odiava Rhaegar, todos sabiam, mas naquele momento talvez fosse mesmo melhor que tivesse morto. No fim das contas, ele não era a prova da traição de Ned, era algo pior: era o resultado das ações idiotas de duas pessoas irresponsáveis, de um homem que anulou seu casamento para casar com outra, descartando sua primeira esposa. De uma mulher que deixou que seus familiares começassem uma guerra por ela.

Jon ouviu um soluço e encarou Arya que estava com lágrimas nos olhos. Ver a irmã chorar realmente o tocou. Arya era mais forte do que ele, mais forte do que a maioria das pessoas, e ainda assim estava chorando. Aquilo o machucava ainda mais. Ele aproximou-se da irmã.

—Me escute. - Ele disse olhando para ela. Pegando seu rosto com as mãos. -Isso não muda nada. Você me entende? Eu ainda sou Jon Snow, sempre serei seu irmão.

—Exceto pelo fato de que você não é Jon Snow. - Disse Arya, balançando a cabeça. -Você não entende? Você é mais do que isso agora.

—Ninguém pode saber sobre isso. - Ele afirmou. -Estamos em guerra, não precisamos dessa informação criando abismos entre nós. Ele soltou a irmã e caminhou em direção à porta.

—Jon, aonde você vai? - Sansa perguntou.

— Eu preciso ficar sozinho. - Ele respondeu deixando o local.

—O que devo fazer com isso? - Sam perguntou segurando o papel que comprova o casamento de Lyanna e Rhaegar.

—Queime! - Arya disse.

—Vamos guardar - Davos afirmou. -Se Jon mudar de ideia, essa é a única prova que temos.

— Jon não vai mudar de ideia. Alguém terá que fazer isso por ele. - Sansa afirmou. -Se ele mudasse de ideia, essa seria a primeira vez em toda sua vida.

………………..x……………

Missandei se juntou a Daenerys e Verme Cinzento enquanto eles preparam os Imaculados para a Grande Guerra, as lanças tradicionais estavam sendo substituídas pelas de vidro de dragão feitas em Pedra de Dragão. Assim como, antes, fizeram com as armas dos Dothraki. Com isso, todo o exército de Daenerys estava pronto, embora eles ainda fossem esperar pela chegada das forças Lannisters para marchar até a Muralha. Eles deveriam chegar em pelo menos mais uns quinze dias, a viagem de Porto Real até Winterfell, pela estrada do Rei, durava um mês em passo moderado.  

—Os lordes e ladys não pareceram receber a notícia da rendição de Jon tão mal quanto o esperado. - Missandei pontuou. - Acho que esse é o efeito de saber que há pessoas mortas andando por aí.

—Você está certa. Eles não foram tão ruins. - Ela concordou.

—Parece menos insatisfeita Khaleesi, menos insatisfeita do que quando deixou o salão mais cedo.

Daenerys sorriu lembrando-se da expressão no rosto de Jon, lembrando de que ele a amava, ela sentiu um frio no estômago, inicialmente, era uma sensação gostosa, mas rapidamente se transformou em um cansaço, e ela teve um mal pressentimento.

—Está tudo bem, Khaleesi? - Missandei questionou. - Parece tão branca quanto essa neve.

—Estou apenas cansada. Acho que Tyrion tinha razão, eu deveria ter descansado mais depois de todos esses dias de viagens.

—Levou muito gelo e chuva Khaleesi, vamos pedir para que façam uma infusão, vai se sentir melhor.

—Ainda não. - Ela respondeu. -Tenho que ver meus dragões, quero ver onde fizeram pouso.

—Sabia que iria querer isso, então pedi para que conferissem. Eles estão numa área montanhosa perto daqui, estão bem. Sor Davos me disse que era uma área sem moradores na qual eles facilmente podem caçar. Descanse um pouco Khaleesi. Até mesmo a mãe dos dragões precisa de descanso.

Daenerys seguiu para seus aposentos e, no caminho, foi surpreendida por Fantasma. Ela passou suas mãos no pelo do lobo albino, seu olhar parecia triste.

—Venha comigo garoto. - Ela disse. E o lobo a seguiu até seu quarto, deitando-se junto aos pés de Daenerys na cama.

………..x…………

A coisa que Jon mais queria era que aquilo tudo tivesse sido um pesadelo. Era filho de Ned Stark, sempre foi. Era o bastardo de Ned Stark. Não essa outra pessoa, não era esse outro homem, não tinha outro nome. Ele caminhou sem direção, mas quando percebeu estava na cripta. Ele passou pela estátua de Ned e seguiu em direção à de Lyanna, clareando-a com o fogo de sua tocha.

Jon pensou em como passou por aquela estátua diversas vezes, sobre como ouviu as histórias da jovem Lyanna Stark, morta aos dezesseis anos, depois de ter sido roubada por Rhaegar Targaryen, sempre ouviu que guerra começou por ela, que um reinado terminou por ela. Agora ele sabia que aquela era sua mãe, que eles se amavam, e que a guerra começou por segredos. Se eles tivessem dito a verdade, talvez tudo tivesse sido diferente.

Ele não teria crescido com o constante ódio de Catelyn Stark sob ele, ele não teria ido para patrulha da noite, mas também não teria se apaixonado por Daenerys. Jon sentiu o peito doer ao pensar nela. Ele não teria sido criado por Ned.

No fim das contas, ele não mudaria nada, ele não queria ter crescido um príncipe, nunca invejou aqueles que possuem tudo entregue numa bandeja de prata, talvez por isso admirasse Daenerys, ela conquistou tudo que tem. Não sabia como contaria aquilo a Daenerys, não queria que ela soubesse. Na verdade, gostaria, ele mesmo, de poder esquecer todo aquele absurdo.

Se os lordes e ladys nortenhos descobrissem a verdade agora, tudo poderia ser colocado em risco. Não reconhecemos outro rei, senão o Rei no Norte cujo nome é Stark. Eu não me importo se ele é um bastardo. O sangue de Ned Stark corre em suas veias. Ele é meu rei a partir deste dia até seu último dia. Ele lembrou do que disse Lyanna Mormont, a garota que tinha o mesmo nome que sua mãe. Se eles soubessem que não era filho de Ned, todo seu crédito acabaria.

Nunca seria Aegon, era Jon, Jon Snow. O Bastardo de Ned Stark. Quando ele voltou para o castelo já era tarde da noite. Imaginou se Daenerys o tinha procurado, o que teriam dito a ela, ele não sabia como faria para lidar com a rainha a partir daquele momento, pois, mesmo que não quisesse que ela soubesse, entendia que ela tinha direito de saber. Jon foi até o quarto de Daenerys e a encontrou dormindo, Fantasma estava aos pés dela, protegendo-a, aquecendo-a, ele se aproximou devagar, tentando não acordá-la, e passou a mão pelos seus cabelos prateados afastando-os do rosto e então depositou um beijo entre seus cabelos. Naquele momento, Jon percebeu que às vezes é mais fácil afastar as pessoas que ama do que contar a verdade para elas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bastards and Queens" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.