Bastards and Queens escrita por kelly pimentel


Capítulo 6
O retorno para Pedra do Dragão




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Jon Snow sabia da importância de partir, estava indo com sua rainha, e para proteger a todos, fora por isso que aceitara ser chamado de Rei, algo que nunca almejou. Apesar de ter quebrado seu juramento à Patrulha da noite, algumas partes ainda importavam, “a trombeta que acorda os que dormem, o escudo que defende os reinos dos homens”, mas uma coisa era entender suas obrigações morais, outra era convencer suas irmãs sobre isso.

Ambas bravas, embora por diferentes razões, Arya e Sansa Stark olhavam fixo para Jon Snow enquanto ele e Davos conversavam com elas e meistre Wolkan sobre algumas medidas de treinamento necessárias para os homens no Norte, em preparação para a guerra que se aproxima.

—Estamos de acordo? - Jon perguntou dirigindo-se principalmente a Sansa.

—Claro. Vamos continuar treinando nossos homens...

—E mulheres… -Arya disse.

—Lady Brienne poderá se encarregar disso.

—Arya também pode ser útil nisso. - Jon disse dando um olhar de suporte para irmã mais nova.

—Claro, mas o que acontece se você morrer nessa nova excursão idiota?

—Não é uma excursão idiota. - Jon disse firmemente.

—Assim como a ideia de ir com poucos homens capturar um “não morto” ou seja-lá-o-que-for, também não era.

Sansa tinha um ponto, havia sido mesmo um risco desnecessário. Um risco que custou muito para Daenerys.

—Isso é diferente.

—O que acontece se você morrer?

—Eu suponho que você consegue o que quer, certo? - Arya pergunta olhando para irmã. -Ser declarada “Rainha do Norte”, você sempre quis ser uma Rainha, acha que nasceu para isso.

Sansa encarou Arya como se fosse capaz de matá-la apenas com a força de sua mente.

—Já chega! -Jon disse. - É uma preocupação válida Sansa, mas sem lutar contra o Rei da Noite, não haverá Norte, Winterfell, ou qualquer coisa para reinar.

—Então faça uma boa viagem. - Ela disse se retirando.

Restava ainda Arya Stark que, por sua vez, estava brava com Jon Snow por outra razão: ele havia negado seu pedido de ir junto com eles.

—Não vai mesmo me levar junto? - Arya perguntou.

—Só dessa vez, por favor, eu preciso de você aqui. Eu não confio em Baelish, e Sansa pode precisar de você. - Além disso ser verdade, Jon não queria que Arya fosse porque sabia que a razão da irmã era apenas uma: chegar perto o suficiente de Cersei Lannister para matá-la, o que adiantaria uma guerra e colocaria todos os planos dele por água abaixo.

—Sansa não me escuta. Ela não escutaria, porque ela só ouve pessoas que dizem o que ela gostaria de ouvir.

—Você está sendo injusta com ela. – Jon afirmou tentando desarmar a irmã.

—Arya, eu preciso descobrir se foi Baelish quem tentou matar Daenerys, se foi, ele pode ter um plano pior contra algum de vocês, Bran, Sansa…

—Contra você. - Ela completa. - Tudo bem Jon, mas não pense que é porque você é Rei ou qualquer coisa do tipo, é apenas porque eu gostaria de matar o Mindinho. - Ela afirmou. Aquilo fez Jon rir.

—Fique de olho nele e me mande notícias. - Ele disse abraçando a irmã.

—Tente não quase morrer dessa vez.

—Vou fazer meu melhor. Tente permanecer longe de problemas.

—Isso eu já não posso prometer. - Ela fala piscando para o irmão.

—Quando eu voltar, falaremos sobre o que você esteve fazendo em Bravos. - Jon afirma lembrando que não teve tempo de conversar direito com a irmã. Ele lembrou das palavras do pai “Dá próxima vez que nos vermos, conversaremos sobre sua mãe”, e sentiu um frio na espinha, talvez não devesse fazer promessas.

Jon tinha mais uma despedida a fazer antes de partir. Ele andou pelo bosque sagrado para encontrar seu irmão, seguido de fantasma que estava agindo como sua sombra, como se soubesse que Jon logo estaria partindo.

—Veio se despedir? - Bran pontuou sem olhar para o irmão.

—Sim. - Jon respondeu. Não conseguia entender onde foram parar os traços da personalidade amável que o irmão tinha anos atrás. Bran parecia outra pessoa. Se esse era o preço de ser “o corvo de três olhos”, Jon realmente gostaria que outra pessoa pudesse sê-lo, mas todos possuem seu papel e ele teria que se acostumar com esse novo Bran. Fantasma se aproximou do jovem, que colocou a mão no focinho do animal.

—Verão se foi por Bran. – O jovem disse. - De alguma forma, isso significa que você protegeu todos os seus irmãos o máximo que pode, foi você quem convenceu Ned Stark a não matá-los.

—Versão se foi por você. - Jon diz.

—Está preocupado Jon. -Bran disse olhando para Jon, ignorando sua observação. -Não fique, os sacrifícios que estão por vir serão duros, mas por uma causa maior.

—Que sacrifícios? - Questionou. - Vão exigir muito de você agora Jon, e é nessas horas que as pessoas descobrem do que são feitas. E você é um Stark, mas também é mais do que isso, e o preço pode ser caro, mas meistre Aemon estava certo, você tem a força necessária para fazer o que precisa ser feito.

Jon nem mesmo perguntou como o irmão sabia sobre sua conversa no leito de morte de meistre Aemon, ou talvez, estivesse apenas coincidentemente, usando as mesmas palavras, de qualquer forma, Jon sabia que havia muito mais lá fora do que caminhantes brancos e o irmão era a prova disso.

—Faça uma boa viagem, e lembre-se que a melhor forma de lutar contra os mortos é viver.

—Se mantenha a salvo irmão.

—Eu não estou em perigo, não mais. As pessoas que antes tentaram me matar não mais precisam fingir, não têm mais nada para esconder.

—Você sabe quem foi? Sabe quem tentou te matar? - Jon perguntou.

—Jaime lannister me jogou daquela torre, Lorde Baelish tentou “lidar” comigo depois. - Ele afirmou. Jon sentiu uma raiva dominando-o, mataria Lorde Baelish, não se importava com o custo.

—Alguns segredos precisam ser guardados. Alguns segredos são perigosos demais para compartilhar com aqueles que amamos e confiamos.

—Ele não pode permanecer aqui, não depois disso.

—Não Jon, deixe-o vivo. Ele não deve morrer por suas mãos. Ele faz parte da cruzada de outras pessoas. Prometa. Eu sei que você nunca quebraria uma promessa.

Jon não queria ouvir o irmão naquele momento, mas havia entendido que as coisas que Bran tinha a dizer não podiam ser levianamente consideradas, então prometeu que não faria nada por hora. Ele então se despediu do irmão e voltou para o castelo. Seu sangue ainda estava gelado com as recentes notícias, mas sabia que precisava dar o melhor de si para mante entrou no salão principal onde encontrou Sansa, Davos, Lorde Baelish, Tryion e Daenerys. Mal pode se controlar para manter suas mãos longe de Baelish.

—Estamos apenas esperando vossa majestade para partir. – Davos afirmou.

—Gostaria de trocar uma palavra com vossa graça antes, em particular. – Lorde Baelish disse.

—Claro. - Jon disse, e o homem levantou. Eles caminharam para o corredor-

—Majestade, gostaria que considerasse uma possibilidade mais duradoura de estender a aliança entre o Vale e Winterfell.. -Mindinho começou a falar. - Talvez com uma aliança através de casamento... - Ele nem pode continuar, Jon o pegou pelo pescoço, jogando-o na parede de pedra.

—Fique longe de Sansa, fique longe de todos os meus irmãos. Se ousar qualquer coisa…

—Jon? - A voz de Daenerys o chamou. Jon então soltou Baelish que ajustou suas vestes.

—Vossa graça deve ter me interpretado mal, só desejo o melhor para os Starks de Winterfell. -O homem não parecia nem um pouco abalado, foi só quando Fantasma rosnou que pareceu assustado. – Ele fez uma breve e aos olhos de Jon provocativa reverência antes de sair.

—O que aconteceu? - Daenerys perguntou se aproximando de Jon.

—Nada. - Ele respondeu rispidamente se afastando de Daenerys, com fantasma ao seu lado.

................x..............

Dany se despediu de Lady Sansa e Lady Arya, havia realmente gostado de conhecer as irmãs de Jon Snow, mesmo que o sentimento só parecesse ser recíproco para uma delas.

—Para você. - Arya disse entregando-a Duma adaga. Não era a mesma adaga que ela havia usado antes, mas mesmo assim uma bela peça. 

—Obrigada. - Dany disse abraçando-a.

—Espero que nos vejamos novamente. De preferência, quando você estiver em seu torno e a cabeça de Cersei exibida nos muros. - Arya disse. - E, por favor, me deixe estar lá quando você a cortar.

Arya obviamente não entendia que Dany não saia cortando cabeças de pessoas, mas ela entendia o ódio da nortenha por Cersei, os Stark foram praticamente dizimados graças aos Lannisters.

Dany entrou na carruagem junto com Tyrion e a comitiva partiu. Jon, Thurmond, Sam, Sor Davos e Gendry cavalgavam. Junto com alguns soldados de Winterfell que os escoltariam até o local de embarcação mais próximo, onde Tyrion havia deixado um navio Targaryen a espera.

—Parece chateada minha rainha. - Tyrion disse.

—Não estou. Só quero chegar em Pedra do Dragão. Tive muito do Norte por esses dias.

—Tem certeza de que é só isso? - Tyrion questionou.

—Não. E só que.. homens podem ser tão idiotas, tão cabeça dura. E mesmo quando estamos numa posição de poder, eles acham que isso não se aplica a eles.

—Está falando de um homem em específico vossa graça? -Tyrion perguntou. Dany olhou pela janela e viu Jon, cavalgando ao lado de Sam.

—Ele parece infeliz. - Daenerys disse. -Ele sempre parece infeliz.

—Se me permite dizer, conheço Jon Snow de antes, mesmo depois da morte de seu pai, da morte dos irmãos, ele sempre foi assim, mas é algo que eu posso entender. Não é fácil crescer um bastardo quando se é um homem como ele. Enquanto vossa graça, mesmo longe de casa, cresceu ouvindo que era uma princesa, e que tinha direitos. Jon cresceu em casa, ouvindo que não pertencia aquele lugar.

—Está falando de si mesmo também não está?

—Claro, como disse a Jon anos atrás. Um anão é sempre um bastardo aos olhos do pai, mas não estou dizendo que a sua vida foi mais fácil que a dele, e sim que a vida que ele teve o moldou dessa forma, assim como a minha fez com que eu me tornasse quem eu sou. Desenvolvemos aquilo que achamos necessário para sobreviver, você desenvolveu esperança, eu a minha mente, Jon Snow focou em achar um propósito. Todos perdemos e ganhamos algo no processo. Ele era um garoto ingênuo quando o conheci, mas já era mais sensato do que muitos lordes de meia vida.

—Você gosta dele não gosta?

—Sim. E eu não aprecio muitas pessoas. - Tyrion responde. - Mas não é isso que importa. O que importa é como você se sente sobre ele.

—Achei que preferisse outras alianças, mais vantajosas.

—Eu não estou falando do futuro. Afinal de contas, talvez não exista um. Além disso, nada diz que você precisa se casar para reinar Westeros, o que você de fato precisa é de um sucessor. Indique alguém. 

—Entendo. - Daenerys fala olhando novamente pela janela, mas não quero falar da minha possível morte, vamos falar sobre quem pode me matar, me fale sobre sua irmã. O que devo esperar dela?

—Tudo. - Tyrion pontua. -Cersei é uma mulher que não deve ser subestimada. Ela obviamente está planejando alguma coisa para nossa chegada em Porto Real. Talvez por isso devêssemos considerar ir com força total.

—E se ela resolver tomar Pedra do Dragão?

—Ela adoraria fazer isso, claro, mas não tem homens suficientes. Por isso, como Sam contou, os meistres na Cidadela acham que o exército de caminhantes é uma história para enfraquecer as forças Lannisters. De qualquer forma, seja lá qual for o plano de Cersei, ele é para Porto Real.

Dany seguiu viagem pensando em como precisava tomar decisões importantes nos dias que estavam por vir, mas o que ela mais queria no momento era estar novamente com seus filhos.

(...)

Já no navio, velejando em direção a Pedra do Dragão. Dany recolheu-se cedo para sua cabine. Ela estava apreciando um pouco de leitura, havia encontrado um dos livros de Tyrion na cabine, o Lannister estava sempre cercado por eles. Era um livro de cânticos que contavam histórias de grandes batalhas do passado, Daenerys imaginou o quanto daquilo poderia ser verdade. Estava tão entretida que quando alguém bateu na porta, ela nem mesmo se deu o trabalho de tirar os olhos da página, apenas ordenou que entrasse.

—Podemos conversar? - A voz tensa de Jon Snow perguntou.

—Sobre algo em particular? - Ela questionou tirando os olhos do livro.

—Eu queria me desculpar pelo modo como a tratei em Winterfell. Eu estava…

—Sendo um idiota? - Ela pergunta encarando-o.

—Eu estava com raiva, frustrado, e eu sei que isso não é desculpa.

—Você só me disse um não Jon Snow. Eu posso ser rainha, mas ainda lembro o que um não significa, não se preocupe, não pretendo me lançar ao mar por isso. - Ela havia ficado ofendida, obviamente, mas não pretendia dar a Jon a satisfação de perceber isso.

—Ainda assim… - Ele fala. Seus olhos parecem tão cheios de sinceridade, “novamente esses malditos olhos” Daenerys pensou. - Eu quero me desculpar. Eu me senti terrível no mesmo instante, mas eu não podia ficar ali.

—Vai me contar o que houve?

—Se eu disser pode se sentir mais propensa a me perdoar?

—Está mesmo tentando barganhar comigo sobre isso?

—Estou. Qualquer coisa para que você diga que me perdoa. - Ele afirma se aproximando da cama na qual a rainha está sentada. - Quando Bran era pequeno, ele adorava escalar as paredes de Winterfell, ele fazia isso o tempo todo, era quase como se ele pudesse voar de tão leve que eram seus pés, mas eles também eram firmes. Quando Robert Baratheon veio para WInterfell, convidar Lorde Stark para ser a Mão do Rei, misteriosamente, meu irmão caiu da torre. E todos sempre acharam que havia um dedo dos Lannister nisso, mas quando Bran acordou ele não conseguia lembrar, de qualquer forma, antes que ele acordasse, Lady Stark e ele sofreram um atentado, foram salvos por Verão, o lobo de Bran e também descobri hoje que Baelish o responsável. 

—Tudo bem. - Ela disse pegando na mão de Jon. - Eu te perdoo. Só não entendo porque não o matou então.

—Tyrion, Davos… todos acham que eu deveria esperar, ter certeza. Que isso pode custar as forças do Vale. Além disso, ele é um aliado de Sansa, não teríamos tomado o Norte sem ele, e Baelish só veio por Sansa. Eu não sei bem como navegar quando o assunto é Sansa Stark.

—E por que não? - Daenerys perguntou curiosa.

—Eu sempre me dei bem com todos os meus irmãos, todos exceto por um: Sansa. Sansa sempre me olhou do mesmo jeito que Lady Stark me olhava, sempre me viu como um ser inferior que não deveria estar ali, junto com eles. Sei que ela mudou de opinião agora, ou que pelo menos tenta, mas isso não significa que eu saiba lidar bem como essa nova dinâmica.

—Você é o Rei, não ela. Essa é a resposta. -Daenerys disse.

—Bom, agora que me perdoou, vou deixar que termine sua leitura- Jon afirma

Jon… - Daenerys fala. -Por que eles jogariam uma criança pela janela de uma torre? -

—Existem boatos de que Jaime e Cersei Lannister são mais do que irmãos.

—Oh.. bem… É uma prática antiga aceita em algumas famílias, Vyseris me contou que os Targaryen costumavam casar entre si. Meu avô, Jaehaerys, comandou que meus pais, seus filhos, se casassem. Aparentemente, da linhagem deles nasceria o príncipe prometido, às vezes eu me pergunto se eles se amavam, mas não conheci nenhum deles, não conheci minha mãe, nem meu pai, nenhum dos meus relativos além de Vyseris, tudo que sei através de outras pessoas, histórias que ou exageram para o bem, ou para o mal, mas essas tradições não parecem minhas. - Ela afirmou.

—Eu também não conheci a minha mãe. - Jon contou com certo penar. - Mas conheci um parente seu: Aemon Targaryen. Se eu estiver correto, ele era tio do seu avô Jaehaerys, e poderia ter sido o rei de Westeros, mas recusou, dizendo que Aegon, seu bisavó, deveria ser rei. Ele o chamava de “Eg”.

—Como você o conheceu? - Daenerys pergunta curiosa.

—Meistre Aemon estava em Castelo Negro quando cheguei lá, e esteve lá por muitos anos.

—Como ele era? - A rainha quis saber curiosa. Só conhecia seus parentes por essas descrições de terceiros, ainda assim, realmente gostava de tais informações.

—Justo. Aemon foi para muralha para que não pudesse ser usado contra o irmão que estava assumindo o reino. Pouco antes de morrer, ele me deu o mesmo conselho que disse ter dado ao irmão quando ele fora escolhido pelo Grande Conselho para sentar no Trono de Ferro, ele me disse para matar o menino e deixar o homem nascer, porque o inverno se aproximava.

—Ah, então é por isso que você nunca sorri?! - Daenerys pontua achando graça da expressão carrancuda de Jon Snow.

Dany riu olhando para ele, mas sabia que antes de sair daquele navio deveria lembrar a Jon que eles precisavam pensar na guerra e apenas nela.

(...)

Quando seu pequeno conselho se reuniu na noite da chegada em Pedra do Dragão para falar sobre o encontro com Cersei Lannister, Daenerys precisou fazer um esforço extra para se concentrar. Jon Snow, estava sentado de frente para ela, do outro lado da mesa de madeira, mas ainda assim sua pele queimava, ela não tinha conseguido deixar de pensar nas conversas que tiveram no navio, nos beijos que trocaram em Winterfell, mas sabia que precisava fazer isso, ou melhor, estava obstinada a colocar qualquer coisa que não fosse a guerra no fundo da sua mente. Jon estava de acordo.

—Vamos para Porto Real com força total. - Daenerys afirma depois de muita discussão, mesmo que nossa missão seja de paz.

—Afinal de contas, quem acredita que Cersei Lannisters não está sempre pronta para uma batalha, é porque não a conhece. - Varys afirma. – Cersei acredita que qualquer pessoa que não seja um Lannister é um inimigo.

—Alguns Lannisters também são inimigos. – Davos diz olhando para Tyrion.

—O caminhante vai ser suficiente para que ela acredite? - Missandei perguntou.

—Cersei vai acreditar quando o vir, mas se ela vai de fato agir com base nisso, considerar essa guerra uma prioridade, bem, essa é a verdadeira questão.

—Quem não acharia que essa questão é mais importante? - Jon perguntou

—Alguém que perdeu tudo, os três filhos, o pai, por um trono. Alguém que não desistira daquele trono por nada- Tyrion afirma.

Depois da reunião, Dany segue para seu aposento, acompanhada de Missandei que ajudou a trocar de vestes.

—Teve uma boa estada no Norte Khaleesi?

—É difícil dizer. - Dany pontua. -Foi uma visita proveitosa em vários aspectos, mas não muito em outros.

—Sua graça e o chamado Rei do Norte tiveram tempo se conhecer melhor?

—O que faz com que você pense isso? – Dany pergunta curiosa.

—Notei os olhares que trocavam antes de partir, e os que trocaram hoje. Deveria aproveitar Khaleesi, em meio a tudo que vem acontecendo, merece um pouco de distração.

 -Não, eu não deveria me distrair. Principalmente, em meio a tudo que vem acontecendo, não é como se fossemos você e Verme Cinzento. Ele não é um nascido das Cidades Livres, Jon Snow é...

—Apenas um homem Khaleesi, um homem bonito e que tem grande dificuldade de tirar os olhos da rainha. – A afirmação de Missandei coloca um sorriso no rosto de Daenerys. - O que teme?

O que temia? Essa era uma pergunta boa, Daenerys temia que a felicidade pudesse custar o poder. Lembrou de Vyseris falando que o Rei Aegon se casou por amor, e que permitiu que seus filhos fizessem o mesmo, e que isso trouxe sofrimento ao reino. Então Dany temia que aquilo pudesse custar tudo que lutou para conseguir. Ela não cresceu longe da sua terra natal, ouvindo as lamúrias e xingamentos do irmão para nada, ela não foi vendida como escrava o Khal, violentada, envergonhada, para perder agora.

—As regras em Westeros são diferentes. Tudo que fazemos aqui é por poder, pelo jogo. As alianças forjadas, as camas nas quais nos deitamos. Eu já tenho muitos inimigos para me preocupar.

—Não seria essa mais uma razão para ficar perto dos aliados, Khaleesi?

—Talvez, mas não tão perto.

………............x…………..

Em poucos dias estariam chegando em Porto Real, Jon nunca tinha colocado seus pés no lugar, em poucos dias estaria encarando Cersei Lannister, Jon lembrava claramente da rainha quando ela foi até Winterfell com a comitiva real, lembrava de ver aquela mulher loira, muito bonita, com tranças longas e um olhar mais gelado que todo o Norte. Veria novamente Jaime Lannister, pelo qual ele havia herdado o desprezo que Ned possuía. O gêmeo da rainha era o homem que havia matado o pai de Daenerys, e pensar nisso fez Jon lembrar de uma das conversas que teve com Dany no navio, quando ela disse que gostaria de saber se os pais se amavam, ele havia ouvido histórias sobre como o Aerys II era insano, sobre seus casos, sobre as suspeitas ao redor de Rhaella Targaryen e sua fidelidade.

Cersei havia sentenciado Ned Stark a morte, mas muitos anos antes o Rei Louco havia matado seu avô e tio. Jon não tinha interesse na luta por Westeros, entendia que aquele era um jogo sem regras, onde qualquer aliado poderia se tornar inimigo, mas devia a Dany, pelo filho que ela perdeu, pelo fato de que ele não estaria vivo não fosse por ela, e aquele um movimento de um outro jogo, um jogo mais importante: mortos x vivos. Além da dívida, sentia que poderia ir com ela para qualquer lugar do mundo, mas não podia se esquecer de seu dever com o Norte. Com Sansa, com Arya, com Bran.

Pensar nos irmãos mais novos na ideia de dever, trouxe Robb Stark a sua mente, era cruel que seu irmão estivesse morto e que ele fosse o único Stark considerado para assumir qualquer posto, seja como Rei do Norte ou Lorde protetor, Sansa ou Bran seriam melhor nisso, Robb foi criado para tal feito, desde o momento que abriu seus olhos.

Respeitando a vontade de Daenerys, o pedido que ela fez no navio sobre “precisar ser concentrar na guerra” ele se manteve afastado dela, passou a maior parte do seu tempo na caverna, acompanhando a extração de vidro de dragão e o processo de produção de armas eficazes contra os mortos. Muitas vezes, ele mesmo escavava, o trabalho físico o fazia bem, lembrava de momentos mais simples, quando sua maior preocupação era não cruzar o caminho de Lady Catelyn ou deixa de ser um intendente para se tornar um patrulheiro.

Pouco antes da partida para Porto Real, ele estava sozinho na caverna, retirando grandes pedaços de vidro de dragão, e mesmo com a pouca iluminação de algumas tochas, seguiu em frente. Aquilo o impedia de pensar. Jon estava acostumado ao fato de que ouvia apenas o tintilar do metal no vidro e o vento passando pelas paredes da caverna, mas então algo mudou, alguém se aproximava, ele puxou garra longa e se manteve pronto para o possível ataque, mas os cabelos prateados de Daenerys deixaram claro que não era nenhuma ameaça que se aproximava, pelo menos nenhuma ameaça física.

—Vossa graça deveria ser mais cuidadosa ao se aproximar de alguém armado numa caverna escura.

—Ele disse devolvendo a espada à capa.

—Aço valiriano. É uma bela espada. Pertenceu ao seu pai? - Ela diz olhando para a espada.

—Não. Na verdade, pertencia ao Lorde Jeor Mormont, meu antigo Lorde Comandante. - Ele disse vestindo novamente a túnica branca de seu traje.

—Mormont? O pai de Sor Jorah? - Ela perguntou surpresa.

—Sim. Ele me deu por salvar sua vida. Eu tentei devolver a Jorah, mas ele não aceitou. - O comentário fez a rainha sorrir, um sorriso de admiração, algo em Jon não gostava daquilo, assim como não havia se sentido confortável no dia em que Sor Jorah retornou e fora saudado com um abraço da Rainha.

—É muito apegada a ele não é? - Jon pontuou.

—Sor Jorah foi uma luz em momentos nos quais eu estava sozinha, mesmo cercada por um exército, mas ele também… bem, todos desapontam.

Por mais mesquinho que o sentimento pudesse parecer, Jon gostava de saber que Jorah tinha sido “uma decepção” para Dany em algum momento, isso o trazia para o nível do real, e Jon podia lutar contra o real, mas nunca contra o idealizado, a idealização sempre foi seu maior inimigo.

—Eu perguntaria o que ele fez, mas sinto que você não gostaria de falar sobre isso.

—Ele se aproximou de mim de forma ardilosa, como parte de um plano de Robert Baratheon, mas isso é passado, eu não quero mesmo falar sobre o assunto. O que eu quero é saber se você não vai descansar, Sor Davos me disse que você estava aqui. Já temos vidro o dragão suficiente extraído, não temos? E ainda temos tempo até a batalha contra o Rei da Noite, estamos agora em um passo intermédio, tentando convencer Cersei Lannister de que há uma guerra mais importante do que a pelo Trono de Ferro. Eu preciso que você esteja descansado para isso. Precisa ser você a falar com ela.

—Eu? - Jon perguntou. - Tyrion é claramente melhor negociador.

—Sim, mas quem melhor do que você para falar sobre os Caminhantes Brancos e o Rei da Noite?

—Então posso ficar tranquilo com a ideia de que você estará segura com Drogon e Rhaego em vez de frente aos Lannister?

 -Não. Que tipo de trégua eu estaria negociando sem aparecer? Que tipo de rainha eu seria? Além disso, eu quero olhar nos olhos do homem que matou meu pai. - A menção do Rei Louco fez Jon respirar fundo. -Você o considera um herói? Jaime Lannister?

—Eu o considero desprezível, mesmo que o seu pai precisasse ser parado, por ordenar todas aquelas mortes, por atear pessoas em fogo por puro desagrado, eu tenho certeza de que Jaime Lannister não é o tipo de homem que age pelo que é certo, e sim pelo que favorece os Lannisters. - Dany olhou para Jon parecendo um pouco contrariada. - Me perdoe se minhas palavras foram duras.

—Não foram. -Dany disse séria. - Foram honestas. 

—O que eu estou querendo dizer é que Jaime não mede esforços para fazer com que Cersei tenha o que deseja, e que, por isso, ele não segue regras, assim como ela não segue regras. Você precisa tomar medidas protetivas,  preciso que fique a salvo. - Ele disse se aproximando dela. - Não é como se pudesse empunhar uma espada melhor que ele, Jaime é o mais jovem membro da Guarda Real de toda a história, seu pai o inseriu na guarda quando tinha quinze anos de idade e ele era elogiado até mesmo por Arthur Dayne, a espada da manhã.

—E você pode? - Ela perguntou sem se mover.

—Não, eu nunca fui um cavalheiro, nunca fui nada além de um bastardo.

—Isso não é verdade, você é um rei na sua terra. Foi Lorde Comandante da patrulha.

—De qualquer forma, eu não vou fazer falta, enquanto você…

—Não diga isso, você fará falta. -Daenerys disse. -Para os seus irmão, Arya, Bran, Sansa... para fantasma, para mim. - Ela termina engolindo seco.

A tensão cresceu entre eles e o que Jon mais queria era poder tomar Daenerys em seus braços, queria sentir sua pele quente, queria beijá-la e mais do que tudo, queria estar dentro dela. 

—Eu tenho que ir. – Daenerys disse se afastando para sua frustração. Então ele assistiu enquanto ela se afastou e teve que admitir para si mesmo que estava apaixonado por Daenerys Targaryen. 


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Notas finais do capítulo

Gente, este capítulo já estava pronto antes do season finale, mas eu vou tentar me manter fiel a maior parte dos acontecimentos do episódio de ontem porque foi simplesmente divino. Beijos!



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