Bastards and Queens escrita por kelly pimentel


Capítulo 16
Segredos


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Vou parar de fazer promessas sobre os capítulos porque eu começo e escrever e as coisas seguem rumo próprio. Espero que gostem! beijos :)



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Daenerys assistiu os dois grupos partirem, embora seguissem pelo mesmo caminho, em breve estariam marchando em direções opostas. Ela passou seus olhos pelos milhares de soldados, nortenhos, cavaleiros do vale, imaculados, dothrakis, aquela era uma cena que tinha certa poesia, colocou seus olhos em Jon, montando em seu cavalo, Fantasma ao seu lado, ela gostaria que o lobo gigante tivesse ficado em Winterfell, era uma forma de sentir-se mais próxima de Jon, mas Fantasma adorava seu dono, então, de certa forma, aquilo lhe dava um alívio.  Assim que sumiram de sua vista, engolidos pela névoa, ela virou-se para Sam e Gendry e pediu para que começassem a trabalhar, não podia deixar seus homens sozinhos no campo de batalha, tinha que estar lá, Drogon e Rhaegal também, eles eram imprescindíveis para o sucesso do plano. Além disso, não podia negar que estava com o coração apertado com relação a Jon.

—Majestade… - Sam chamou-a com alguns pergaminhos abertos. Acho que posso trabalhar na matéria nas câmeras de Winterfell, Gendry faz os moldes aqui e fazemos a forja final do lado de fora dos muros, onde os dragões podem soltar fogo sem risco algum.

—É um ótimo plano. -Dany responde. Se ela não tivesse visto as feridas no corpo de Sor Jorah, e não soubesse que ele está totalmente curado agora, graças aos cuidados de Sam, não teria muita fé na figura parada em sua frente, mas Sam era inteligente, mais inteligente do que a maioria das pessoas e era bom, genuinamente bom. -Gendry?

—Vossa graça. -O homem disse olhando-a respeitosamente. Ele parecia um pouco distraído desde a partida, talvez quisesse estar indo junto. Daenerys não o conhecia o bastante para levantar suposições acertadas ao seu respeito.

—Desculpe, não sei seu último nome.

—Waters. Sou um bastardo do Sul. -Ele afirmou. Gendry parecia usar o sobrenome como o mesmo tipo de honra com o qual Jon usava o indevido Snow. Poderia usar Stark ou Targaryen se quisesse, mas continuava um Snow.

—Podemos fazer isso? -Dany quis saber encarando-o.

—Claro majestade!

Enquanto Sam fazia a primeira parte do trabalho Daenerys aproveitou para passar um tempo com Drogon e Rhaegal, com toda a confusão dos últimos dias, e os preparativos para a guerra, esteve um pouco afastada dos filhos. Montou Drogo e subiu o máximo que puderam, sobrevoando Winterfell, Rhaegal voando perto deles, não podiam ver muito, mas a sensação de estar no ar a fazia sentir menos impotente naquele cenário.

Estava com seus dois filhos ali, mas continuava pensando na possibilidade de serem três novamente. Só a morte pode pagar a vida. A morte de Viserion significa isso então? A morte de seu doce e amado dragão lhe daria direito a uma criança no ventre? Ela soltou uma das mãos e colocou-a no ventre. Se aquilo fosse verdade, seria no pior momento. Se estivessem vencendo os mortos, se estivessem no fim da guerra, ela estaria feliz, mas, naquele momento, a ideia de uma criança era um desvantagem. Lembrou-se do que Tyrion disse sobre Jon, quando você ama algo ou alguém, seus inimigos sabem exatamente no que mirar.

Quando desceu novamente e voltou para o castelo, hora depois, foi junto com Sansa conferir o trabalho de Gendry.

—Achei que aço valiriano fosse feito com mágica. - Sansa pontuou caminhando com ela. - Mas suponho que dragões sejam criaturas mágicas. Assim como Caminhantes brancos e todas essas coisas boas e más das quais Bran segue falando.

—Eles são mesmo. -Daenerys responde lembrando de quando entrou na fogueira com Mirri. Só a morte pode pagar a vida. Três mortos: Rhaego, Drogo e Mirri; por três dragões. Agora, um dragão por um pequeno princípe. Era um preço injusto, era terrível que algo que trouxe tanta tristeza pudesse trazer também tanta felicidade. Ela estava confusa e assustada pela primeira vez em muito tempo.

—Gelo era preciosa. Então a ideia de fazerem várias espadas de aço valiriano agora é um pouco incômoda. - Sansa confessa. - Mas até mesmo ela foi reforjada, uma espada para Jofrrey e outra para Jaime Lannister. O lamento a viúva e a cumpridora de promessas. Até mesmo os nomes escolhidos eram formas de zombar do nosso nome, do nosso destino. Sinto muito. - Ela pede encarando Daenerys. - Não deveria falar tão livremente dos meus rancores.

—Não se desculpe. - Dany disse sentindo-se, pela primeira vez, no mesmo pé que Sansa Stark. Ambas haviam passado por coisas horríveis que eram de alguma forma parecidas, situações as quais mulheres são postas no mundo, mas havia uma semelhança a qual Daenerys não tinha feito as ligações: ambas perderam a família por mãos Lannisters, direta ou indiretamente.

—E só que… em situações como essa, eu acho que Arya tinha razão quando éramos pequenas, agulhas e boas maneiras não me servem de nada agora. Se eu pudesse manejar uma espada.

—Eu também não sei, mas podemos ser mais fortes e mais inteligentes que os que manejam espadas minha querida, e tenho certeza de que sabe disso. -Ela falou sorrindo.

Quando elas se aproximaram de Gendry o rapaz pareceu mais desconfortável que o comum. Daenerys fez algumas perguntas sobre as formas, assim como Sansa. E em breve elas estariam prontas para que um dos dragões as forjassem, eram apenas três espadas primeiro, um teste. Se tudo desse certo, fariam várias outras e as lanças gigantes. Gendry estava sujo, com seu martelo na mão e trabalhando numa forma para a lança.

Um soldado se aproximou fazendo uma cortesia para ambas e então disse a Lady Sansa que havia uma garota nos portões, então a loba foi com ele verificar quem era. Com a saída de Sansa, imediatamente, Gendry pareceu aliviado e Daenerys não pode deixar de notar.

—Parece tenso na presença de Lady Stark. -Ela pontuou encarando-o.

—Um pouco. -Gendry disse parando o martelo. -Achei que ela pudesse contar sobre… na verdade, vossa graça, embora tenha sido aconselhado a manter isso em segredo, acredito que deve saber a verdade por mim, uma verdade que Lady Sansa conhece, sem dúvidas: Sou um bastardo de Robert Baratheon.

Baratheon. O sobrenome assombrou Daenerys por anos. Assombrou Vyseris. Eles fugiam das sombras dos homens supostamente enviados pelo rei para matá-lo. Agora, como Lorde Varys confessou, ela sabia que o irmão não estava enganado, Robert Baratheon os queria mortos, e mandou homens para isso. Ela imaginou os homens sentados ao redor de uma mesa decidindo sobre o destino dela, sobre como terminar a vida dela e do filho que carregava no ventre. Lembrou que Ned Stark a defendeu, o homem que pegou Jon dos braços de Lyanna e prometeu a ela que guardaria um segredo, que manteria seu filho vivo, que o protegeria da fúria de Robert Baratheon. Ambos, ela e Jon, teriam sido mortos por Robert, pelo pai do belo rapaz na sua frente.

—É um dos bastardos de Robert? -questionou processando tudo.

—O último deles, até onde sei. Cersei Lannister matou todos os outros.

—Majestade, eu nunca tive, nem tenho nenhum tipo de ilusão ou pretensão sobre essa filiação. Eu nunca troquei uma palavra com meu pai, nunca fui seu filho de fato, embora todos me digam que sou parecido com ele e com os meus tios, eu sou só um bastardo e não pretendo ser nada além disso.

—Você sabia que Baratheons e Targaryens são relacionados? -Ela perguntou olhando para Gendry. -Orys Baratheon, o fundador da sua casa, era irmão bastardo de Aegon, o conquistador. Os Baratheons são um ramo não oficial de nossa casa e, ironicamente, foi esse ramo que quase nos transformou em pó. Agora existe apenas um Baratheon, uma Targaryen… -ela disse pensando sobre como não podia falar sobre Jon - talvez fosse de se esperar que eu te visse como uma ameaça, mas eu entendo como é ser o último do seu nome, sozinho no mundo. Então, Gendry Waters, bastardo Baratheon, se quiser me servir, é muito bem-vindo.

—Já estou majestade. servindo-a. Jurei lealdade a Jon, e tenho certeza de que isso significa ser leal ao seu reinado.

—Ótimo, vamos trabalhar então. -Dany afirmou dando o assunto como encerrado. O pecado dos pais não podem ser os pecados do filho ela pensou antes de voltar sua atenção para o que Gendry estava fazendo.

………………………………………..x………………………………………

Sansa seguiu para os portões a fim de ver quem era a visitante inesperada, talvez uma garota perdida, alguém que veio de outro castelo passando necessidade, não era incomum no inverno, mas quando chegou ao local encontrou a garota que estivera ali meses atrás, carregando Bran. Meera Reed.

Ela tinha ouvido histórias sobre o pai da garota e o próprio pai, eles eram amigos, estiverem juntos na batalha da Torre da Alegria, como Ned costumava dizer, ele o homem havia salvo sua vida. Provavelmente, também tinha salvo a vida de Jon, considerando que não tinha como Ned Stark ter saído dali com uma criança nos braços sem que o cavalheiro que o acompanhava entendesse que aquela criança era de Lyanna Stark, cujo corpo esfriava na torre. O pai dela havia salvo seu pai e irmão, a garota havia defendido a vida de Bran e trago-o com segurança, Sansa não pode deixar de sentir que tinha uma dúvida com ela.

—Deseja falar com Bran? - ela perguntou. Assim que ordenou que a passagem de Meera fosse liberada.

—Não. Não de imediato. Desejo falar com o protetor do Norte, Jon.

—Jon partiu hoje cedo, levou os exércitos para lutar contra os mortos. Entre, vamos para o castelo.

Elas começaram a se mover em direção ao castelo e Sansa não pode deixar de pensar em como aquela garota era obviamente uma guerreira. Esteve além da muralha com Jon, lutou contra os mortos, trouxe Bran de volta em segurança. Meera a lembrava de Arya, mas ela era maior e mais sinuosa que a loba caçula. O que fez com que Sansa lembrasse que Meera deveria ter a sua idade, ou ser um pouco mais velha.

—Se importa se eu perguntar o que deseja com Jon? - Sansa questionou assim que entraram no salão. Ela pediu que trouxessem um pouco de comida e uma bebida quente para Meera, não importava o quão valente pudesse ser, o frio alcançava a todos.

—Contei algo a meu pai e ele me pediu para entregar algo a Jon.

—Posso receber isso por ele?

—Ficaria mais confortável se pudesse falar com o corvo de três olhos. - A mulher afirmou. Havia certo escárnio as últimas palavras, ou talvez algum rancor. Sansa não conseguiu decidir.

………………………………………..x………………………………………

Jon respirou o ar frio sentindo-o invadir seus pulmões, está ali, cercado por pessoas que acreditavam naquela luta, tendo realmente uma chance de vencer, embora fosse uma chance cheia de complicações, era tudo pelo qual ele rezará nos últimos anos, desde a primeira vez que encontrou um caminhante, mas, ainda assim, parte dele estava em Winterfell, seu coração estava lá. E ele não podia reclamar disso, afinal de contas, a mulher vermelha poderia ter lhe trago do mundo dos mortos, mas foi Daenerys que de fato fez com que ele se sentisse vivo, de verdade. Antes disso, apenas garralonga em sua mão e uma batalha parecia fazer sentido. Sem ela, talvez estivesse tão morto quanto os inimigos gelados.

—Seu amigo, Samuel Tarly, ele é mesmo cheio de surpresas. Primeiro aparece com algo capaz de comprovar o anulação do primeiro casamento de Rhaegar, depois com uma forma de produzir aço valiriano…

Jon encarou Lorde Tyrion por alguns segundos, o respeitava. Lembrou por anos dos conselhos que o homem lhe deu quando cavalgaram juntos em direção à muralha, quando Jon estava indo se juntar à Patrulha, mas, às vezes, tinha dificuldade de ver aquele mesmo homem. Tyrion estava anos mais velho, obviamente, mas não era só isso, havia algo nele, uma sabedoria cansada.

—Acha que ele não vai conseguir? - Jon perguntou

—Eu ouvi sobre o que ele fez por Sor Jorah, acredito que se ele pode curar uma doença que todos os meistres julgam como fatal, talvez possa mesmo produzir aço valiriano, teremos que esperar para ver.

—Vamos contar com o que temos por enquanto. - Afirmou firmemente. Olhou para trás rapidamente e pode ver a multidão de homens que os seguiam.

—É mesmo filho do seu pai. - Tyrion disse observando-o. Jon sentiu-se desconfortável. -Me refiro ao Lorde Stark, Ned era exatamente assim, não gostava de contar com ovos que não foram postos, mas não deixava de ser um idealista.Não posso falar do seu pai biológico, era uma criança quando Rhaegar foi derrotado, tinha apenas nove, Cersei e Jaime tinham 17 anos…  ela dizia que as pessoas o amavam, e que ele tocava a harpa e compunha canções como ninguém, e tinha todas as donzelas aos seus pés… eu ouvi histórias sobre sua beleza e melancolia, talvez por isso você seja o mais sério dos Starks.

—Não desejo falar sobre isso. - Jon disse. Não era de todo verdade, queria saber mais sobre Rhaegar, sobre Lyanna, mas não gostava de imaginar o que sua vida poderia ter sido, não gostava de pensar em como eles foram tolos e inconsequentes. Gostava menos ainda de lembrar que aquele homem era o irmão de Daenerys.  

—Podemos ser dizimados por um dragão de gelo a qualquer momento Jon Snow.

—Bem, seria menos conflitante. -ele afirmou. -De qualquer forma, Daenerys vai estar aqui em breve e poderemos agir. Temos os arqueiros prontos como plano B - Jon afirmou, repassar o plano era uma forma de se manter acalentado por uma sensação de previsibilidade, não podiam contar com o acaso - Flechas com fogo, flechas com vidro de dragão.

—Precisamos manter os vivos longe dos mortos quando ela estiver no ar, não queremos que os dragões incinerem acidentalmente nossos próprios soldado.
—Podemos fazer isso, os mortos não possuem nenhuma estratégia ou formação própria. Os Caminhantes brancos simplesmente irão fazer com que ataquem, simples assim, podemos vencer se formos mais espertos, mais rápidos.

—Ainda assim, parece que vamos precisar de um milagre para ganhar, com metade da força e o fato de que eles são capazes de produzir mais homens. Davos disse se aproximando.

—Temos uma boa estratégia de batalha, e ninguém vence Dothrakis em campo aberto.

—Deveria ter permitido que vossa graça convocasse o resto dos Dothrakis

—Ela precisa manter Pedra do Dragão protegida, os homens que ficaram lá quase não são suficientes, mas talvez consigam mais homens com os prisioneiros. Sou grato por ela ter pensado nisso.

—A majestade também pensou em convocar os Segundos Filhos. -Tyrion contou. -Uma das lideranças é um associado dela.

—E por que não vieram com ela? - Jon quis saber. Ele conhecia pouco sobre os Segundos Filhos, mas sabia que era uma das companhias de mercenários de Essos, menos famosa que a Companhia Dourada, mas ainda assim relevante.

—Bem, a associação entre Daenerys e Daario não era benéfica para uma rainha em Westeros, uma Khaleesi pode fazer qualquer coisa, uma rainha não.

Jon sentiu seu punho apertar nas rédeas do cavalo. Era um sentimento idiota, mas não podia evitá-lo. Não gostava de pensar em Daenerys com outro homem, aquela ideia o irritava.

—Deveria também ter aprendido mais sobre amizades e política Jon, não com Lorde Stark claro, mas com Lady Stark. Catelyn podia fazer homens brotarem da terra em nome da lealdade, mesmo numa taberna qualquer à beira da estrada. - Tyrion disse, mas Jon não teve tempo de responder, foi cortado por Davos.

—Meu Lorde, os batedores estão parando, há algo a frente.

Jon levou rapidamente a mão para a espada. Estavam tentando evitar a batalha até a chegada de Daenerys e os dragões, eles eram o plano principal, mas se aquele fosse um sinal da aproximação dos mortos, não havia nada que pudessem fazer além de lutar.

—Sobreviventes! - Um dos batedores, um soldado nortenho, diz ao se aproximar. Encontramos dois homens, eles tão em má forma, mas estão vivos.

Jon fez com que seu cavalo andasse mais rápido e quando se aproximou não pode acreditar em seus olhos. Tormund estava lá, caído, com uma barba mais densa que o usual e um expressão de terror. Jon desmontou às pressas e caminhou na direção do amigo.

—Achei que estivesse morto. - Ele disse examinando o homem.

—E eu achei o mesmo, mas ele me tirou de lá. -O gigante disse apontando para o homem ao seu lado. Jon então notou que aquele era Beric Dondarrion, ele estava em péssimo estado.

—Está ferido? - Perguntou a Tormund.

—Estou com sede e com fome. Você não teria uma galinha teria? - O homem perguntou exibindo os dentes mesmo na situação que estava, o que fez com que Jon também sorrisse.

…………...x…………….

Bran sentiu a presença dela no momento em que a porta se abriu, sabia quem estava ali antes de abrir os olhos, não por ter tido qualquer visão, mas algo nele, algo que ainda existia do garoto que a conheceu anos atrás, podia conhecer os passos pesados de Meera. Ele abriu os olhos e encarou seus cabelos cacheados, ela parecia ainda mais bonita que antes, chegar em casa e ter os cuidados destinados aos nobres havia feito-a bem, mas ele imaginava o que ela estava fazendo ali, porque razão havia voltado, principalmente quando ele, ou o corvo de três olhos - as linhas não estavam muito claras - havia sido rude com ela. Ele podia lembrar como se sentia com relação a Meera antes, mas não conseguia acessar o sentimento de fato, não conseguia sentí-lo.

—Meera, é uma surpresa vê-la. - Ele falou quebrando o silêncio.

—Não me viu? Era de se esperar que alguém com três olhos visse melhor. - Ele não respondeu nada. Não sentia a necessidade de explicar suas ações. -Bem, suponho então que não saiba porque estou aqui.

—Não. -Ele poderia descobrir se quisesse, mas já que ela estava ali, nada mais justo que contasse.

—Eu contei ao meu pai sobre Jon, e ele me pediu para vir aqui. Há algo que preciso entrega a seu irmão e como ele não está, deveria ficar com você.

—Você pode esperar. Seria mais seguro, os mortos estão avançando, você não deveria voltar…

—Eu trouxe você até aqui sozinha, posso me cuidar.

—Meera, eu sou grato.

—Não, você não é! Bran seria, Bran seria grato. Bran nunca teria me assistido ir embora sem dizer nada, não depois de tudo que aconteceu, depois de Jojen - o rosto da garota estava vermelho, ela estava furiosa, toda a raiva que conteve meses atrás, quando se despediram, estava ali agora - depois de Hodor. Você não é Bran! -Ela diz se aproximando da cadeira. -Bran está morto ou preso aí dentro, mas você definitivamente não é Bran.

…………….x……………

A noite já havia caído quando Daenerys finalmente deitou-se em sua cama, ela estava cansada do dia extremamente ativo de trabalho, tinha acompanhado Sam e Gendry o dia inteiro, eles até mesmo tinham saído para forjar as primeiras peças com o fogo dos dragões, peças que seriam testadas no dia seguinte, embora Gendry parecesse muito satisfeito com o trabalho final. Ela lembrou da expressão do jovem quando lhe contou sobre ser filho de Robert, ele era apenas alguns anos mais novo que ela, talvez tivesse a mesma idade que Sansa, mas havia algo nele que ela reconhecia, o olhar de quem sempre esteve sozinho no mundo, e ela podia se simpatizar com isso. Era um bastardo, assim como Jon acreditou ser por muitos anos.

Quando alguém bateu na porta, algo nela queria que fosse Jon, mesmo que aquilo fosse impossível, estava com saudades do Nortenho, quase foi dormir na cama dele, mas sabia que precisava ficar onde pudessem encontrá-la. Daenerys seguiu até a porta e encontrou Lorde Varys parado, com sua usual expressão de tranquilidade.

—Vossa graça, trago notícias sobre os avanços de Cersei Lannister.

—Sabemos quando a Companhia Dourada deve chegar.

—Eles pediram alguns dias para resolver alguns assuntos, mas devem partir em poucos dias.

—Quantos homens?

—10.000 homens, com os 50.000 das ilhas de ferro e a reduzida força de Porto Real, ficará perto dos 70 mil.

—Eles não ganhariam dos Dothraki em combate num campo aberto, principalmente com os dragões.

—Deveria levar Rhaegal para Pedra do Dragão.

—Não posso. Eles não obedece a ninguém além de mim. Seria um massacre indiscriminado. E não posso deixar essa luta agora.

—O que faremos então majestade?

—Consideramos que não podemos comprar a nova força de Cersei contra ela, teremos uma guerra de cada vez. O norte tem 35 mil homens marchando, alguns aqui e mais 10 mil que ainda podem ser recrutados, se conseguirmos driblar esse inverno, o Vale tem 50.000 homens, apenas 10 mil estão com Jon hoje, Lady Sansa pode convencê-los a se juntar a nós, eles podem não querer brigar contra os mortos, mas irão contra os vivos.

Daenerys sentiu uma pequena tontura e sentou-se na cama, fazendo com que Lorde Varys se movesse até ela, parecendo preocupado.

—Majestade…

—Não é nada. Estou com fome, não tive tempo de comer com todos os eventos do dia.

—Vou pedir para que sirvam o jantar em seus aposentos. -Ele disse saindo. - Agora mesmo.

Minutos depois, para surpresa de Dany, foi Gilly que trouxe sua comida. Daenerys perguntou porque ela estava trabalhando, mas a mulher disse que fazia questão de se manter ocupada.

—Eu passo a maior parte do tempo lendo, mas a biblioteca de Winterfell não é muito diversa. Não tento ajudar Sam, não com feitiços. - Ela disse como se a ideia sozinha fosse um mau agouro. -E não me deixam ajudar na cozinha, mas me deixaram trazer sua comida, então vim satisfeita.

—Obrigada. -Dany disse sorrindo. -Como está o pequeno Sam?

—Brincando com o filho de uma das cozinheiras.

Daenerys levou um pouco da sopa até a boca, estava excelente, ou talvez ela realmente estivesse com muita fome.

—Jon sabe?.-Gilly pergunta olhando para Daenerys.

—O que? - A rainha perguntou genuinamente confusa.

—Oh… - Dany gostava do modo pouco formal com o qual Gilly falava com ela, ou com qualquer outra pessoa, e era apenas nisso que podia pensar, até que a esposa de Sam disse aquilo que ela não esperava ouvir: -Você também não sabe que está grávida?

Daenerys olhou para Gilly surpresa.

—Eu não estou grávida Gilly, não posso ter filhos.

—Claro que pode, se não pudesse não estaria. E está grávida. Eu vi grávidas demais na minha vida, minhas irmãs, e tias... Você está grávida, sem dúvidas. - Ela afirmou.

—Gilly… não… - Ela estava chocada demais para conseguir dizer qualquer coisa, não se sentia tão vulnerável em anos.

—Não vou contar. -A mulher completou encarando-a antes de sair do quarto.

Daenerys colocou a mão na barriga e pela primeira vez se permitiu acreditar naquilo. Talvez fosse a hora de chamar o Meistre, precisava ter certeza, mas algo nela queria manter aquilo em segredo, afinal de contas, a única outra pessoa em todo o reino que tinha o direito de saber, não estava ali, então decidiu não chamá-lo. Manter o segredo era duplamente preventivo, descobrir o contrário quebraria seu espírito, contar a todos colocaria ela e Jon numa difícil situação.


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