Bastards and Queens escrita por kelly pimentel


Capítulo 15
Um túmulo gelado


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que prometi guerra, mas quando comecei a escreve o capítulo ficou grande demais e eu nem tinha saído de Winterfell ainda. Espero que gostem!



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Jon acordou antes mesmo do sol nascer, embora ele nascesse com pouco vigor no inverno, Daenerys estava deitada ao seu lado e ele gostaria, mais do que qualquer coisa, de poder mantê-la dormindo, de partir deixando-a em segurança, mas sabia que Daenerys nunca deixaria que seus homens lutassem sem poder vê-la por perto, sem se sentir inspirados pelo exemplo que ela leva para o campo de batalha, assim como ele mesmo nunca permitiria o mesmo. Eram ambos guerreiros, ambos tinham personalidades fortes, embora fossem diametralmente opostos, e aquela era a receita para uma atração irresistível, eram duas pessoas que vieram de extremidades totalmente diferentes da Terra, mas que, ainda assim, passaram por experiências similares. Talvez qualquer um que os olhe separadamente tenha a impressão de que nunca funcionariam juntos, ele mesmo questionou isso, mas quando reunidos, lado a lado, eles cabem um no outro perfeitamente.

Ele acordou Daenerys que se vestiu com um casaco de pele e seguiu com ele pelos corredores ainda escuros do castelo, em breve todo o local estaria repleto de soldados se organizando em formação para a partida e ela tinha que estar em seu próprio aposento. Quando se despediram, sem se importar com a presença dos homens Dothraki que guardavam a porta da rainha, eles se beijaram. Não sabiam quando teriam novamente essa liberdade.

O nortenho seguiu para banhar-se, e depois voltou para organizar os primeiros homens que foram acordando. Os Imaculados de Daenerys, liderados por Verme Cinzento, já estavam todos prontos enquanto os nortenhos e os os homens do Vale faziam os últimos ajustes. Estava frio, era o inverno mais frio da vida de Jon, ele havia passado por outro quando criança, um inverno longo, mas ainda assim havia algo de diferente nesse, ele sabia que à medida que chegassem mais ao Norte, as coisas ficariam pior, os ventos podiam ser assustadores, podiam levar árvores, os animais podiam simplesmente morrer, mesmo que tivessem comida, e a maioria do exército com que contavam era de homens que nunca tinha vivido um inverno rigoroso.

—Podemos conversar? - A voz de Sansa perguntou enquanto Jon contemplava a organização dos homens no pátio. A loba não estava exatamente pedindo, em situações como essa Jon não podia deixar de ver a falecida Lady Stark em sua frente.

—Claro. - Respondeu caminhando com Sansa para se afastar da confusão de pessoas que andavam de um lado para o outro no pátio.

—Gostaria de me desculpar. -Ela afirmou. Jon Acreditava que a irmã tinha algo a dizer sobre as provisões para viagem ou segurança de Winterfell, mas em vez disso acabou se surpreendendo.  

—Não há nada para desculpar. -Jon disse encarando-a.

—Droga Jon, claro que há! Você deveria aprender a guardar rancor.

—Eu nunca guardaria rancor da minha própria irmã. -Ele retrucou.

—Deveria. Eu fui injusta e dura e eu sinto que deveria me desculpar.

—O que mudou sua mente? -Jon questionou olhando dentro dos olhos azuis da irmã, eles pareciam menos inflexíveis.

—Eu não mudei de ideia, ainda acho que vocês dois juntos, agora, publicamente, seria um erro. -Ela afirmou com um pequeno sorriso. -Jon, a segurança dessas paredes, de saber que os homens de Winterfell e do Vale me servem, eu preciso disso para não ficar paralisada, eu não posso me defender com uma espada como você e Arya, isso é tudo que eu tenho. Eu estive todos esses anos nas mãos dos outros, eles podiam fazer o que bem entendessem comigo, Joffrey, Cersei, Mindinho… isso não vai acontecer comigo novamente, ou com Arya, nem com você ou Bran.

Jon olhou para irmã em conflito, ele não podia fingir entender a dor do que Sansa passou, e queria poder voltar no tempo e impedir que qualquer mal acontecesse a ela, como isso não era possível, seu papel agora era tentar mantê-la segura no presente, e no futuro, proteger Winterfell, mas haviam custos e eram tais custos que o deixavam em conflito.

—Eu posso entender porque você está brava, eu deveria ter te consultado, e eu entendo o que isso tudo pode parecer, mas… ela salvou minha vida. Eu devo a ela… Não foi só porque..

—Eu acredito em você. -Ela afirma. - É claro que eu quase mudei de ideia quando soube que minhas palavras nem mesmo pesaram o suficiente para que vocês passassem uma noite separados.

—Como você…

—Eu sou a Lady de Winterfell, é meu dever saber tudo que acontece aqui dentro. E depois de anos convivendo com Mindinho, aprendi um truque ou outro, mas isso não importa, o que realmente importa é que eu preciso te dizer que deveria ser menos idealista, nosso pai morreu por isso, você mesmo foi morto por seu idealismo. Precisamos ser calculistas, precisamos de aliados não só para essa guerra, mas para as outras que estão por vir. De qualquer forma, eu não queria que partisse sem que eu tivesse a chance de me desculpar.

A menção da iminente marcha fez Jon pensar em como não se preparou para a possibilidade de não voltar.

—Sansa, se as coisas não saírem como esperamos. Vá para o Vale, leve Bran, tente convencer Arya. Leve todas as pessoas que puder. Vão estar protegidos lá, o acesso é…

—Eu não vou deixar Winterfell Jon. Não importa o que aconteça. Além disso, tenho certeza de que aquela é Arya ali se preparando para lutar, e eu não tentaria convencer alguém que faz parte de uma facção de assassinos a fazer algo que essa pessoa claramente não quer. -Jon segue o olhar de Sansa para encontrar Arya a alguns metros de distância conversando com Gendry. -Eu vi as faces que ela carrega, se você tentar impedi-la ela provavelmente pode matar algum homem e ir como ele.-Sansa disse com um tom que deixava claro que estava se divertindo com ideia.

Jon respirou profundamente o ar frio, notando que os anos mudaram todos os seus irmãos. Sansa não era mais a sonhadora mimada que ele conhecia, Bran também não era o cheio de vida e curioso garoto que escalava torres e árvores, mas tinha dificuldade de acertar uma flecha. E Arya, bem, a irmã mais nova não parecia tão diferente se vista rapidamente, mas ela definitivamente não era mais a garota que sonhava em ser um cavalheiro em vez de uma lady, havia algo em seus olhos, uma escuridão.

Foi a aproximação de Gendry e Arya que o arrancou de seus pensamentos, o ferreiro colocou uma adaga feita com vidro de dragão na cintura da garota, eles pareciam extremamente íntimos.

—Sério? - Sansa perguntou fazendo Jon desviar sua atenção.

—O que? - Perguntou curioso.

—Pareceu menos preocupado quando eu disse que Arya é uma assassina do que quando a viu conversando com um garoto.

—Ele não é um garoto, é um homem. Anos mais velho que ela.

—Eles se conhecem Jon, viajaram juntos depois que o pai foi morto.

—Eu sei que se conhecem, mas não sei de toda a história. De qualquer modo, isso não é…

—Apropriado? Não sabemos onde ela esteve ou o que fez pelos últimos anos. É um pouco tarde para essas preocupações, mas isso só mostra que, de todos nós, você é o que menos mudou.

—Eu mudei. - Jon afirma encarando a irmã.

—Não mudou. Você pode ter ganho novas perspectivas, aprendido coisas novas, mas continua o mesmo Jon, mas isso é uma coisa boa, e eu sou grata pelo fato de que é nosso irmão.

Jon se aproximou da irmã e beijou sua testa: -Eu também sou grato por isso. - Ele afirmou.

……………….x……..

Missandei entrou nos aposentos de Daenerys acompanhada das duas garotas nortenhas que lhe foram atribuídas para ajudá-la a se preparar. Ela levantou da cama e tomou um banho. Depois disso, colocou sua veste de batalha, e o punhal dado por Arya na cintura.  Ela detestava as pesadas roupas que o Norte a obrigava a usar, eram funcionais para o frio e para combate, mas sentia falta da praticidade das vestes mais simples. Além disso, suas roupas estavam justas, a garota mais nova, com cabelos pretos característicos do Norte, teve trabalho para fazer os laços. Dany notou a expressão curiosa de Missandei que estava parada de frente para ela, examinando-a.

—O que? - Perguntou intrigada. As garotas eram nortenhas, então Dany entendeu a ressalva no olhar de Missandei quando ela prendeu os lábios como resposta a sua pergunta, era cautela.  -Podem ir. - Ela disse. - Sou grata, mas Missandei pode me ajudar a terminar. Ela esperou que as garotas deixassem o quarto antes de perguntar novamente. -O que gostaria de me dizer MIssandei?

—Bem… quando foi a última vez que sangrou Khaleesi? -Daenerys foi pega de surpresa pela pergunta, passou anos sem sangrar e ainda assim acontecia de forma irregular agora. Não fazia sentido se preocupar com aquilo, não quando sabia que não podia ter filhos. “Quem te disse isso?” a voz de Jon ecoou em sua cabeça. Talvez mais de um mês, não tinha certeza, sabia que desde que esteve com Jon pela primeira vez não tinha seu fluxo, pois, estiveram juntos na maioria das noites. -Quer que chame o Meistre?

—Não. Absolutamente não! Não deve ser nada, além disso, não posso confiar no meistre, ele provavelmente contaria a Jon segundos depois de deixar meus aposentos.

—E por que o Lorde não deveria saber? - Missandei perguntou.

—Eu não quero que ele tenha esperanças. - Confessou. Essa era a verdadeira razão pela qual nomeou Jon como seu sucessor, sabia que não podia ter o que mais queria, o que Jon merecia: uma família. Seu tempo com Daario era a prova disso, ela esteve com ele por anos, e ainda assim, nada. Ela não ficaria no caminho da continuidade da linhagem Targaryen, ele podia não estar convencido disso agora, mas ela daria um jeito de fazer com que ele mudasse de idea, mesmo que apenas imaginar ter de vê-lo com outra pudesse destruir seu coração. -Eu não posso ter filhos, não quero desapontá-lo quando isso se provar não ser nada além de uma suspeita infundada.

—Ele ficaria desapontado Khaleesi? Achei que ele tinha dito que não se importava.

—Disse. - Ela afirmou recordando a conversa que teve com a confidente. -Mas um homem como Jon, esse é o tipo de homem que deseja filhos, uma esposa.

—Ele não era juramentado a patrulha da muralha?

—Patrulha da Noite. - Ela corrigiu sorrindo. - Era, mas eu sei que ele deseja isso, eu posso ver o modo como ele brinca com o pequeno Sam. De qualquer forma, é só uma suspeita infundada, não falemos mais disso.

—Não é infundada Khaleesi, eu posso notar as mudanças. -A amiga pontuou. -Não deveria estar indo para uma luta sem ter certeza.

—Nenhuma palavra sobre isso Melisande, para ninguém. Nem mesmo para Tyrion. Eu preciso me concentrar na guerra, não em devaneios. -Ela disse, mas quando Melisande deixou o quarto, minutos depois, Daenerys pôs a mão na barriga e se permitiu sonhar. Um filho era tudo que ela mais queria, ela podia abrir mão do trono de ferro pela chance de ter uma criança sua. Amava seus dragões, e eles eram mesmo seus filhos, mas sabia que aquilo era diferente, que por mais terrível que fosse o pensamento, os trocaria por Rhaego. Queria uma criança em seus braços, sempre quis. Ela se permitiu imaginar os cachos prateados, o olhar negro do pai, se permitiu imaginar um cenário sem mortos tentando destruir os vivos, sem usurpadores, uma vida feliz, um lar de verdade. E então fez uma prece. Talvez os deuses decidissem começar a ouvi-la.

Danerys seguiu para o grande salão, conforme havia combinado com Jon, tinham que organizar a questão envolvendo Jaime Lannister e os sulistas presos em Pedra do Dragão. Conseguir o reforço necessário para ganhar aquela guerra. Assim que o conselho se reuniu ela começou a explicar a ideia de usar o Lannister para conseguir fazer com que os prisioneiros lutassem.

—Não podia simplesmente forçá-los a vir? -Sansa perguntou. Havia um genuíno tom de curiosidade em sua voz.

—Poderia Lady Sansa, mas eu não tenho escravos, não apoio a escravidão, os homens que me servem fazem isso porque querem, eu posso ter forçado aqueles homens a se ajoelharem, mas não posso obrigá-los a lutarem por mim. Há uma diferença entre prisioneiros de guerra e escravos. -Daenerys explicou, a ruiva assentiu concordando.

—Eu sei que algum de vocês podem achar que é melhor investir todos os homens que temos na luta agora, mas se vamos ganhar, precisamos ser cautelosos, precisamos de reforços. Assisti Lorde Snow e Sor Davos, tentarem fazer o máximo com o que dispomos, mas isso não será suficiente.

—Eu irei majestade.- Jaime afirmou. -E tenho certeza que conseguirei convencer os homens, principalmente com sua gentil oferta de libertá-los depois disso. - O loiro disse. Tyrion, sentando ao lado dele, parecia preocupado.

—Ótimo! Mandarei soldados Dothraki com o Lorde, tenho certeza que irá adorá-los. -Ela disse apreciando o olhar no rosto do Lannister. -Assim como Sor Jorah. - Dany afirmou encarando o amigo. -Não quero que nenhuma dificuldade de comunicação acabe matando-o.

—Lady Brienne também deve ir. -Jon afirma. 

—Eu me sentiria mais segura se Lady Brianne ficasse em Winterfell Jon. - Sansa pede encarando o irmão.

—Eu posso ir. - Arya se voluntaria, muito olham para ela com surpresa, mas Dany entende, ela viu os caninos da loba se preparando, saciando pelo ataque ao leão. Ela queria estar por perto.

—Então está decidido! Se ninguém tiver mais nada a dizer, devemos partir - Daenerys disse.

—Ainda precisamos falar sobre como lidaremos com os comandantes do Rei da Norte, os caminhantes brancos de verdade. Temos apenas cinco lâminas de aço valiriano, a espada Tarly, Garralonga, as duas espadas feitas da espada de Lorde Stark e uma adaga pertencente a Arya.

—Na verdade… - Sam afirmou levantando-se. - Eu gostaria de sugerir algo. Eu vi os escorpiões feitos com as instruções de Jaime, mas acho que eles têm um problema, as lanças de vidro de dragão, elas são fatais contra caminhantes, mas podem mesmo perfurar um dragão?

—E do que elas deveriam ser feitas? - Arya perguntou curiosa.

—Aço valiriano.

—Aço valiriano? - Jaime perguntou rindo. - Talvez tenha esquecido que ele não existe a nosso bel prazer.

—Aço valiriano não surgia na terra. E Sam sabe como fazer isso. - Bran se pronunciou. Daenerys assistiu enquanto Jon se ajustou na cadeira, parecendo mais interessado ainda.

—É verdade? - Jon perguntou ao amigo.

—Digamos que eu tomei emprestado alguns registros extremamente antigos que pareciam perdidos na Cidadela. - Sam afirma com seu jeito bobo. -Como sabemos, o aço deve ser forjado com o fogo do dragão. - Dessa vez ele olha diretamente para Daenerys. -E até recentemente, não tínhamos dragões para tornar isso possível.

—Você está nos dizendo que consegue mesmo fazer isso? - Tyrion pergunta a Sam. Os olhos da Mão da Rainha parecem brilhar de excitação.

—Eu acredito que sim- Sam responde. Daenerys percebe que ele está um pouco hesitante.

—Precisamos de mais do que isso, Sam. Precisamos de certeza. -Jon diz ao amigo, apesar das palavras, o tom é gentil.

—Vale a pena tentar. Eu passei a noite tentando determinar o método exato, mas acho que consegui entender tudo.

—Ainda assim, vamos precisar de alguém capaz de forjar isso. Teríamos que trazer alguém das cidades livres, não há tempo. -Dany pontua.

—Eu posso. -A voz de Gendry se destaca, ele está sentando ao lado de Davos. - Majestades, eu aprendi por Tobho Mott em Porto Real, foi ele quem reforjou a espada de Lorde Stark.

Daenerys não tinha prestado muita atenção em Gendry até então, ele havia levado a notícia do perigo que Jon e os outros enfrentavam além da muralha, e estava com eles desde então, mas Dany não o conhecia.

—Teríamos que ficar aqui então? - Daenerys pergunta, ela olha para Gendry. Ele é um jovem bonito, de olhos azuis.

—Sim. - Gendry responde.-Temos estrutura para forja aqui.

—Ficamos por dois dias. E pode acompanhar a tropa se tor voando majestade. - Tyrion sugere.

Daenerys concorda, mas assim que todos começam  deixar o salão, a maioria deles prontos para partir. Ela segura Jon pela mão discretamente.

—Dá última vez que você marchou naquela direção, sozinho, eu quase te perdi. - Dany afirma quando eles ficam a sós. Jon passa a mão pelo braço da rainha, segurando-a pelo cotovelo.

—Tenho certeza de que vai aparecer para me salvar.

—Isso não tem graça! -Ela afirma batendo no peito de Jon.

—Eu sei. - O nortenho aproxima os lábios dos dela. - Dany, vai ficar tudo bem. Isso não é uma despedida de verdade. Vocês vão ao nosso encontro em breve.

—Vocês são só homens, contra um dragão de gelo. Deveria levar um dos meus filhos.

—Não. Eles não me conhecem o suficiente, e eu nunca teria a presunção de achar que eles irão responder a mim, em vez de a você.

—Você é parte dragão. Eles sabem disso. -Dany afirmou.

—E você é totalmente dragão. E é por isso que eles são seus filhos. Além disso, eu nunca me perdoaria se algo acontecesse a eles. -Dany pensou na conversa que teve com Missandei, se, por algum milagre, estivesse mesmo com um filho de Jon em seu ventre, se a semente tivesse germinado, ele poderia nunca saber sobre isso, caso o pior acontecesse. -Peça para Bran ficar de olho. Ele vai saber se precisarmos de ajuda. Agora me dê um beijo e tente não se preocupar. -Jon diz beijando-a. Daenerys sente os lábios macios de Jon, sua barba, a língua que demanda passagem, e eles se beijam com intensidade.

—Eu amo você. -Ela diz abraçando-o apertado.

—E eu a você. -Jon devolve. -Precisamos ir, você tem que falar com os seus homens, e eu preciso encontrar Arya antes que ela parta.

…………...x……………..

Arya andou em direção a Gendry, ele tinha os olhos fixos em um pergaminho. Assim que se aproximou, silenciosamente, ela notou que eram os planos de Sam para a produção do aço valiriano, ela adoraria ficar para ver aquilo, mas realmente queria estar no Sul, se as coisas não saíssem bem, ela tinha que fazer algo, não importava se o mundo estava acabando, ela tinha um objetivo a cumprir.

—Então, você pode fazer isso ou não? - Ela perguntou. Gendry olhou para ela sobressaltado.

—Você não deveria fazer isso. É um hábito irritante. - Ele afirma sorrindo.

—Talvez se prestasse mais atenção no mundo ao seu redor, não fosse pego de surpresa com facilidade. -Arya retrucou. -Então, pode fazer isso ou não?

—Posso, realmente posso. Mas devo confessar que a ideia de ficar perto daqueles dragões não é nada confortável...

—Você é mesmo filho do seu pai. Robert odiava dragões.

—Não deveria falar isso por aqui. As pessoas não sabem que...

—Eu sei. Nem vão saber. Estão ocupados demais para prestar atenção em nós dois seu idiota. Acredite em mim.

—Não deveria estar partindo para o Sul? Achei que quisesse lutar ao lado de Jon.

—Queria, mas eu tenho a minha própria guerra.

—Então veio se despedir de mim? - Ele perguntou se aproximando dela. Arya era consideravelmente mais baixa que Gendry, mas a aproximação dele não a intimidava.

—Não seja convencido. -A loba respondeu.

—Então precisa de uma espada? - Gendry perguntou. Ela sabia que ele estava provocando-a, então deu as costas, mas então o bastardo Baratheon pegou-a pelo braço, fazendo-a girar nos calcanhares. - Tenha cuidado lá fora milady. -Ele aproximou o corpo do dela, estavam tão perto um do outro que Arya simplesmente não resistiu e colocou seus lábios sobre os dele, que rapidamente correspondeu. Em dezesseis dias do seu nome, era a primeira vez que Arya beijava alguém, mas ela não precisava aprender nada. Tudo veio para ela com facilidade, beijar Gendry parecia algo tão certo quanto ter uma espada em sua mão. Foi ele quem separou os lábios, ambos ofegantes. Eles ficaram se olhando por algum tempo, ela não sabia o que dizer, ele muito menos. Arya sentiu a pele queimar no quadril, onde Gendry estivera com a mão, provavelmente pela pressão exercida para manter seu corpo para cima.

—Arya. -Jon disse. Sua voz roufenha parecia formal demais, quase repreensiva. Ela questionou-se sobre o que o irmão poderia ter visto. Ela caminhou na direção dele sem se despedir de Gendry.

—Quer falar comigo? - Perguntou colocando as mãos para atrás. Ainda podia sentir a barba de Gendry em seu rosto.

—É sobre Jaime Lannister. Lembre-se qual o objetivo dessa missão, precisamos de aliados, não de cadáveres.

—Não se preocupe, eu não pretendo matá-lo. Só quero estar por perto caso a oportunidade se apresente. -O tom sério do rosto de Jon deu lugar a um sorriso. -É bom te ver sorrir. -Ela afirma.

—É bom ver que você ainda é uma garota normal. - Ele diz. Arya queria perguntar se o irmão se referia a Gendry, se sim, ele obviamente tinha visto o beijo, mas aquela seria uma conversa extremamente estranha para ambos. -Tenha cuidado.

—Você também. Tente não quase morrer dessa vez, nem de fato morrer.

Quando todos estavam prontos para começar, Arya, em seu cavalo, podia ver Jon, também montado, olhando para Daenerys que estava na sacada onde Ned Stark costumava assistir os filhos treinar. Eles se amavam de verdade. Sansa se aproximou da rainha, ficando ao lado da mesma. Arya imaginou o quanto deveria ser ruim para Daenerys a ideia de ter que ficar, principalmente quando ela e seus dragões eram a melhor chance que eles tinham para vencer.

—Essa não é uma briga por casas, não é uma briga por terras, não iremos hastear bandeiras diferentes, há apenas uma causa, um lado: o dos vivos! - Jon gritou encorajando os soldados. E até mesmo muito dos homens Dothraki, que não entendiam o idioma, estavam vibrando com a energia do irmão. No grupo que ela estava, exponencialmente menor, o clima era menos fervoroso. E tudo que Arya pode pensar quando os homens começaram a deixar os muros de Winterfell, era se eles estavam marchando em direção à um túmulo gelado.

 


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? beijos!!



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