Bastards and Queens escrita por kelly pimentel


Capítulo 14
O leão, a loba e as promessas


Notas iniciais do capítulo

Demorei mais do que o normal, mas estou compensando com um capítulo um pouco maior. Espero que gostem!



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Daenerys gostava de se considerar como alguém capaz de perdoar, mas sabia que, aos olhos alheios, o perdão se aproximava muito da falta de pulso e que, facilmente poderiam duvidar de suas capacidades de governar, mas quando deixou o encarregado de construções de Winterfell acompanhada por Lorde Tyrion ainda não sabia o que pretendia decidir sobre Jaime Lannister. A resposta simples era matá-lo, isso daria energia aos nortenhos que odeiam tudo que os Lannisters representam. Deveria deixar a decisão nas mãos de Jon, ele era o responsável pelo Norte, ele quem lidava com os planos envolvendo a batalha, era ele que contava com os 10.000 homens que Cersei enviaria e que tinha feito planos sobre a disposição dos exércitos, planos que passou as últimas horas tentando alterar, mas ela mesma teria que resolver isso por uma única razão: Tyrion.

—Ele pode ser útil. - Tyrion insistiu. -Jaime tem experiência com exércitos, sabe como preparar soldados para uma luta.

—Jon está a frente disso. E eu não vi nenhuma razão para questioná-lo até agora. - Daenerys afirmou. - Além disso, ele é um homem, precisávamos de 10.000.

—Minha rainha, decidiu declarar sua intenção de tê-lo como sucessor sem me consultar, me deixe então dar um conselho: seu sucessor precisa estar seguro.

Daenerys havia pensado bastante sobre nomear Jon como seu herdeiro, ela precisava de alguém que pudesse continuar a linhagem Targaryen caso algo terrível acontecesse com ela nas muitas batalhas que se aproximavam, e Jon, mesmo que não quisesse, era filho de Rhaegar, ela havia concordado com Tyrion quando ele disse que ela fez por merecer, que todo seu caminho a levou até aquele momento, ela realmente queria governar os Sete Reinos, mas se não pudesse fazer isso, gostaria que fosse Jon. Ele era parecido com ela em muitos aspectos, respeitava aqueles que os outros normalmente desprezam, sempre cumpria sua palavra, além disso, Jon tinha algo que a faltava: ele era gelo. Suas decisões, comedidas, e até mesmo suas palavras.

—Acha mesmo que Jon Snow ficará aqui enquanto outros lutam sua batalha? - Ela pergunta encarando-o. -Lorde Tyrion, não estamos aqui para discutir as decisões que já tomei, e sim as que pretendo tomar. O que mais tem a dizer por Jaime Lannister antes que eu tome minha decisão?

—Ele é meu irmão. -Tyrion disse.

—Assim como Cersei, mas a sua lealdade, Lorde Tyrion, está jurada à mim. - Daenerys lembrou de Vyseris, de como ele implorou por sua vida. “Dany, por favor”. Ela não desviou o olhar, não mudou de ideia, assim como não voltou atrás em sua decisão sobre o pai e irmão de Sam. Isso não significa que ela não sentia por suas mortes, principalmente pela do irmão que fora tudo que ela tinha por anos, ainda assim, sabia que um governante não pode fazer promessas que não pretende cumprir, por isso, ainda não tinha tomado uma decisão sobre Jaime Lannister. Uma grande parte dela queria vê-lo pagar por tudo que fez, sem importar se ele fez tais coisas por um bem maior. Lembrou-se das palavras dele sobre seus pais, sobre as atrocidades cometidas por Aerys II.

—Ele deixou Cersei, ele cavalgou sozinho até o Norte para avisar, para alertar. Por ele, vamos poder nos preparar para o que Cersei está armando. Ele não deveria pagar por isso. Jaime quer lutar, deixe que lute. Só isso que peço. Se perdemos, ele estará morto de qualquer forma. Cersei nunca o perdoará.

—Ele pode ser liberado. -Ela disse encarando-o. -Se eu pelo menos sonhar que Jaime está planejando algo contra nós, ele será pó. Marque minhas palavras, eu já disse que não suporto traição, mesmo quando ela é devidamente esperada.

Tyrion deu um sorriso, mas ainda parecia preocupado. Daenerys então voltou sua atenção para o aparato que havia sido construído com base no que ela viu um dos homens de Cersei disparar contra Drogon no último confronto físico entre as casas.

—Busque seu irmão agora mesmo. Talvez ele tenha algo a dizer sobre esses lançadores. Vamos ver se ele pode mesmo ser útil.

……………………………………x…………………...

—Você precisa aceitar a indicação de sucessão. -Sansa disse entrando no salão no qual Jon trabalhava até tarde. Ela viu que ele estava traçando planos e marcando locais no grande mapa que usavam em suas reuniões com o conselho, provavelmente planejando os melhores locais para ataques aos caminhantes, os pontos que dariam vantagem ao exército nortenho e aos homens de Daenerys. Jon levantou a cabeça para encará-la a boca entreaberta com a surpresa de sua demanda.

—Eu não vou. Não foi isso que combinei com Daenerys. - Afirmou. Sansa olhou dentro dos olhos negros do irmão bastardo. Desprezou Jon por anos por medo de fazer desfeita à mãe, sabia como a existência de um filho gerado fora do casamento, enquanto ela mesma esperava seu primogênito a ofendia, e nunca se imaginou nessa posição, nunca imaginou que seus pais estariam mortos, que Robb e Rickon estariam mortos enquanto ela e Jon tomavam conta de Winterfell, mas ela do que ele, já que segundo a jovem loba o irmão havia trocado o Norte por uma foda.

—Daenerys. -Ela fala. -Nem mesmo tenta mais disfarçar? É da sua rainha que está falando. -Pontuou.

—Não. Eu estou falando da mulher que amo. E nós decidimos que iríamos deixar claro nossa intenção de estarmos juntos. -Jon afirma inquieto. Ele estava claramente desconfortável por falar sobre seus sentimentos, mas Sansa não poderia se importar menos.

—Você perdeu a cabeça ou deseja perdê-la? Esses homens te nomearam Rei do Norte e você já os traiu entregando nosso reino para uma rainha sulista, agora deseja negar a sucessão, o que mais pretende fazer? Contar que é na verdade um maldito Targaryen? Guarde isso para o final da guerra Jon, para caso a vençamos. Se você fizer isso agora, se disser que deseja ficar com ela, terá o mesmo destino de Robb, que perdeu a guerra porque uma mulher virou sua cabeça.

—Não é a mesma coisa! -Jon retruca. -Eu não estava prometido a ninguém. E eu… eu estou...

—Apaixonado? -Sansa zombou. Os olhos negros de Jon parecem surpresos pelo seu tom. -Robb também estava, apaixonado por uma estrangeira. Ele quebrou o juramento que fez a Walder Frey e morreu por isso.

—Sansa, por favor. Apenas ouça.

Não! -Ela gritou.- Robb quebrou seu juramento, e quase levou nossa casa à ruína. Os Boltons nunca teria tomado Winterfell, eu nunca teria casado com aquele monstro se Robb não tivesse sido um idiota. Então, sinto muito se não recebo seu amor por essa mulher de braços abertos, mas você tem uma obrigação com a nossa casa, com Winterfell, com meu pai, e irá cumpri-la Jon. Pode casar com ela se sobrevivermos a tudo isso, pode casar com sua maldita tia, eu não poderia me importar menos, pode voar num daqueles dragões com ela para Essos se tudo der errado, mas não vai seguir seu coração agora, Robb seguiu o coração e perdeu a cabeça por isso.

—Ele não apenas perdeu a cabeça. - Arya disse. Sansa não sabia há quanto tempo a irmã estava ali, mas sabia que Arya era sorrateira o suficiente para entrar e sair sem ser notada. Era membro de uma liga de assassinos afinal de contas. Suas mãos estavam apertadas atrás de suas costas e ela tinha um olhar distante -O “Cão de caça” ia me vender para Robb e a mãe, mas chegamos atrasados ao casamento vermelho, eles já estavam mortos, e os homens tinham costurado a cabeça de Vento Cinzento no corpo de Robb, ele estava amarrado em um cavalo e havia um desfile, os homens gritavam “Rei do Norte” zombando do seu corpo. Eu vi tudo, eu ouvi as histórias sobre como cortaram a garganta da nossa mãe e sobre como a esposa de Robb foi morta, junto com a criança que carregava.

Sansa sabia daquilo, Joffrey fez questão de contar, se fechasse os olhos ainda podia ouvir a voz aguda do Lannister, seu sorriso maligno, mas Jon parecia surpreso. O que Sansa não sabia é que Arya tinha visto tudo, ela imaginou se a irmã também não morreu naquele momento, porque a figura rígida na sua frente tinha pouco da garotinha que conheceu um dia.

—O Norte se lembra, Jon. Eles vão se lembrar das decisões imprudentes e egoístas de Robb, bem como eles lembram que o pai de Daenerys queimou nosso tio e avô vivos. Não podemos arriscar pagar esse preço.

—Você também se sente assim? -Jon perguntou olhando para Arya. Sansa odiava a inexpressividade do irmão naquele momento.

—Eu gosto de Daenerys, e qualquer idiota que passe tempo perto de vocês pode entender que estão apaixonados, mas cautela nunca fez mal a ninguém Jon. Amor, por outro lado, já fez muita gente perder a cabeça. Honra eles podem entender, ela salvou sua vida, o dragão dela morreu por isso, mas amor… eles nunca entenderiam.

Sansa respirou aliviada quando a irmã concordou, estava pronta para usar outras armas, cobraria o preço do que o pai fez por Jon se fosse preciso, mas não pode deixar de pensar em como a realidade cruel do mundo se distinguia dos seus sonhos infantis. A Sansa Stark que recebeu a comitiva real em Winterfell anos atrás - quando Rei Robert veio convidar o pai dela para ser Mão do Rei - acreditava em amor, acreditava em belos príncipes e em histórias nas quais se fazia tudo pela pessoa amada.

—Prometa! - Ela pediu. -Prometa que não irá recusar a sucessão, que não irá casar com ela se isso for custar o Norte.

—Podemos esperar. - Ele responde. -Mas não vou fazer uma promessa que me impeça de estar com Daenerys.

—Eu não me importo de saber onde dorme Jon, pode foder com ela o quanto quiser, mas não vai fazer nada publicamente. Prometa! - Ele parecia chocado com a linguagem da irmã, mas Sansa havia perdido toda sua paciência e boas maneiras, além disso, não era nenhuma menina.

—Prometo que não vou prejudicar o Norte, mas se algo mudar...

—As coisas não simplesmente mudam Jon, nós precisamos mudá-las.-Ela finalizou dando às costas aos irmãos para retornar a seus afazeres, tinha que controlar a demanda de provimentos e determinar qual seria o jantar dos soldados e da corte.

—Sansa! -Arya disse surgindo em sua frente.

—Que os outros te levem! -Ela xingou irritada. Detestava a habilidade de Arya de simplesmente aparecer, minutos antes ela estava com Jon, como poderia estar agora na sua frente?

—Não quis te assustar.

—Tenho certeza de que não é verdade. - Ela afirmou encarando-a.

—Só queria dizer que não deveria ser tão dura com Jon. Não é culpa dele…

—Não é? Ele se ajoelhou para ela mesmo sabendo que os lordes nortenhos não ficariam satisfeitos, ele colocou as necessidades do Norte depois de seus desejos…

—Ele não se ajoelhou para ela por isso. Você sabe. - Arya tenta argumentar.

—Arya, pouco me importa se ele se ajoelhou porque ela fez isso antes, e não de uma maneira usada para mostrar lealdade. A única coisa que quero é proteger a nossa casa, nosso pai está morto, nosso mãe, Robb, Rickon, eu não quero que mais ninguém morra. Deveríamos ser uma matilha, mas Jon é…

—Ele é um lobo! Sempre vai ser! Jon e Daenerys são provas vivas de que sangue não significa nada, que são as experiências que moldam as pessoas. Ela não é louca como pai, Jon não é um inconsequente Targaryen, ele é um lobo.

—Achei que tinha concordado comigo.

—Concordo. Eles não precisam sair por aí de mãos dadas, estamos em guerra, precisamos de foco, deveria ser mais compreensiva com eles, afinal de contas, Jon e Daenerys poderiam usar a verdade para tentar conseguir amenizar o modo como os nortenhos se sentem sobre Rhaegar e todos os Targaryens.

—Mas eles não vão, porque Jon é um tolo e não quer ser o príncipe herdeiro, ele nem mesmo quer ser o herdeiro dela.

—É uma decisão que só cabe a eles. Não seja tão dura.

—Eu vou ser quem for preciso ser para sobreviver. Assim como você com seus rostos.

……………………...x………………….

Todos os olhos se moveram para Jaime Lannister quando ele foi escoltado para o grande salão. Ela estava sendo observado pelos olhos dos homens nortenhos que dariam tudo para matar um Lannister, principalmente depois da traição de Cersei; pelos soldados de Daenerys, que haviam confrontado homens liderados por Jaime, mas havia ainda um par de olhos em particular: os de Arya Stark. Estavam todos reunidos para ouvir as orientações sobre a ação da comitiva que sairia no dia seguinte, e Daenerys pode ver os olhos estreitos da irmã mais nova de Jon paralisados na figura loira. Jaime era um homem bonito, forte, tinha uma postura imponente, mas havia algo nele, algo que ela podia conhecer com facilidade: uma ferida em sua alma. Ela se perguntou o que teria se passado entre Jaime e Cersei, o que teria levado-o a deixá-la.

—Sinto pela demora. -Jon disse entrando no salão. Alguns nortenhos ficaram de pé, Sansa também. -Recebi notícias de Castelo Negro, infelizmente não existe sinal de sobreviventes, os mortos continuam muito perto do perímetro da muralha - Ele afirmou enquanto recolocava suas luvas. O nortenho sentou-se ao lado de Daenerys, os olhos cerrados nos delas, mesmo que apenas por alguns segundos, era o mais próximo que eles haviam estado durante todo o dia, e embora parecesse pouco, Dany sentia falta dele, mas Jon havia passado todo seu tempo tentando encontrar uma forma de vencer o Rei da Noite com a quantidade de soldados que tinham, enquanto ela mesma tinha seus compromissos com a preparação dos Imaculados e dos Dothraki que estavam no Norte.

—O que isso significa em números? Temos os homens suficientes vossa graça? - Lady Mormont perguntou. Daenerys gostava dela, era prima de Jorah, obstinada como qualquer outro bom nortenho, mas sabia pelo “vossa graça” dirigido a Jon que a garota não tinha planos de ajoelhar-se com facilidade, assim como o resto do Norte, embora todos eles, inclusive a própria Lyanna Mormont, tivessem o mesmo trato com ela.

—Não necessariamente, mas quando enfrentamos o exército, notamos que a eles não são todos iguais, alguns apenas são controlados, não possuem nada além do desejo de matar, podem ser facilmente destruídos, são com os caminhantes que devemos nos preocupar. - Jon disse.

—E com o dragão. -Sansa afirmou.

—Temos outros dois. -Daenerys disse. - E meus dragões estarão nessa guerra, lutando conosco. Também temos um dispositivo especialmente feito para derrubar o dragão de gelo -Referir-se a Viserion, seu mais doce filho, daquela forma cortava seu coração. - Faremos nosso melhor.

—Se eles têm um dragão de gelo, porque ainda não chegaram aqui? - Um outro lorde, do qual o nome Dany não conseguia lembrar, questionou. 

—Eles não querem o Norte, ou qualquer lugar específico. - Bran afirmou. - Eles querem os vivos. Querem destruir toda a vida que encontrarem pelo caminho, não importa se a vida é sulista ou nortenha, nobre ou plebeia.

—Levaremos todas nossas forças, mas tentaremos evitar o combate direto. -Jon continuou. -Lanças e arcos são nossas prioridades.

—Vou mandar um corvo para Pedra do Dragão, o restante do homens Dothraki podem compensar pela falta dos soldados de Cersei.

—Não! - Jon disse colocando seus olhos nos de Daenerys. Ele diminuiu seu tom de voz para continuar. -Você precisa manter Pedra do Dragão protegida. -E então virou-se novamente para os presentes no salão: -Quando essa guerra acabar, meus lordes de ladys, uma outra será nosso foco, Daenerys Targaryen é a verdadeira herdeira do trono de ferro, e não podemos permitir que Cersei Lannister continue governando os Sete Reinos.

Vários gritos de concordância ecoaram pelo salão e Daenerys sentiu, pela primeira vez, o paio dos nortenhos. A reunião se estendeu por mais algum tempo, todos pareciam ter perguntas. O que era justo, eles podiam estar embarcando rumo à túmulo de gelo, ou pior, à transformação em soldados para o exército do Rei da Noite, mas, aos poucos, as pessoas foram deixando o salão. Daenerys viu Jon cercado por lordes nortenhos e não o esperou, seguiu em direção à porta, estava cansada e teriam que partir na primeira luz, mas antes que pudesse deixar o salão Jaime Lannister apareceu na sua frente.

—Vossa graça. -Ele afirmou sério. - Gostaria de agradecer por me deixar lutar.

—Por que? Por que você veio. Por que deseja tanto lutar? - Dany perguntou encarando os olhos do Lannister.

—Eu fiz você uma promessa em Porto Real e a minha honra diz que preciso cumpri-la, que essa luta é maior do que jogos por poder. É o tipo de coisas que me fez querer ser um cavalheiro.

—Pelo que me contaram, você deve ter achado a sua honra depois da última vez esteve em Winterfell.  Afinal de contas, homens de honra não costumam jogar crianças inocentes de torres, costumam?

—Eu fiz o que precisei fazer para garantir que a minha família não fosse morta, mas isso não importa agora, o que importa é que eu pretendo lutar com a minha vida nessa batalha, talvez isso compense alguns dos meus pecados.

—Espero que esteja dizendo a verdade Lannister, eu não costumo perdoar.

……………..x…………

Voltando do encontro com os Lordes do Norte, Jon encontrou Daenerys em seus aposentos, olhando pela janela. A luz que entrava, mesmo pouca, banhava sua pele branca e os cabelos prateados, deixando-a ainda mais linda. Estava usando uma camisola de seda e um roupão aberto, a cena fez com que Jon se dirigisse até ela, colocando as mãos em seus ombros, o toque a fez estremecer, mas a rainha relaxou imediatamente quando percebeu que era Jon.

—Como foi com os Lordes? - Daenerys perguntou apoiando a cabeça no ombro de Jon, ela pegou as mãos dele e guiou seus braços para que eles a envolvesse. Jon queria poder ficar ali, naquele momento, abraçado a mulher que ama, sem se preocupar com mais nada, mas a realidade latejava em sua cabeça. “Os mortos não esperam”.

—Não foi tão ruim quanto eu pensei que seria. -Ele disse bem perto do ouvido da rainha. - Alguns não ficaram felizes por não termos executado Jaime Lannister, mas estão focados demais na batalha. -Enquanto abraçava-a, as palavras de Sansa ecoaram em sua cabeça, talvez ela tivesse razão, talvez ele devesse mesmo questionar sua racionalidade perto da rainha, mas ele desejou Daenerys desde o primeiro momento que a viu, passou a respeitá-la em pouco tempo e se apaixonou quando viu toda a determinação de seus olhos violeta chegando para resgatá-los, então não sabia se podia mesmo fazer algo ao respeito. Nunca sentiu por ninguém o que sente pela mulher apoiada em seu corpo. Pensou também que talvez devessem ao menos ser mais cuidadosos. Os homens parados na porta dos aposentos de Jon, mesmo sendo de Winterfell, poderiam espalhar, isso se a conversa já não existisse.

—Então por que parece mais chateado do que o normal? Pelo meu anúncio? -Ela perguntou. -Jon, eu precisava escolher alguém. -Ela disse com firmeza, virando-se para encará-lo. O nortenho pensou no que poderia ter feito para irritar os deuses ao ponto de terem colocado as mulheres mais obstinadas do mundo em sua vida: Sansa Stark, Arya Stark, Daenerys Targaryen. Todas tempestuosas, forte, cabeças duras. - Se algo acontecer comigo, se eu morrer... preciso de um sucessor, e você seria o último Targaryen, mesmo que não queria o nome, então essa é uma forma de garantir o seu direito. -Ela afirmou.

—Você não vai morrer. -Ele disse segurando-a pela cintura, como se o gesto fosse capaz de protegê-la da ideia, de proteger a si mesmo do efeito que isso teria -Pode me pedir qualquer coisa. Você tem minha espada, minha devoção, e eu morreria alegre para que a minha rainha pudesse se sentar naquele trono, mas não me peça para concordar com o absurdo de ser seu sucessor, eu não mereço, e, acima de tudo, eu não quero.

—Aceite, por mim, eu ficaria mais tranquila se...

—Eu não sou um Targaryen!

—Eu não ia dizer isso! Ia dizer que ficaria mais tranquila se alguém em que confio, em quem acredito, pudesse ficar no meu lugar. Você é bom, se preocupa com as pessoas, é paciente. Eu não conheço ninguém mais nobre que você. E é apenas temporário Jon Snow. Se sobrevivermos, vamos achar um plano melhor, mas eu preciso que faça o que peço.

—Está pedindo ou ordenando? Não importa, eu não tenho opção, prometi a Sansa que não negaria, não antes do fim da guerra, mas também não estou dizendo sim.

—Sua irmã parece preocupada com a minha sobrevivência. - Daenerys disse. Ela gostava de Sansa, mas a ideia de outras pessoas contando com sua morte a irritava.

—Eu não desejo falar sobre a minha irmã, nem sobre sucessões ou guerras agora. -As mãos de Jon foram para os ombros de Daenerys novamente, mas dessa vez para remover o roupão que ela usava. Assim que o tecido caiu no chão ele começou a desfazer os laços da camisola. - Em todo esse tempo, poderíamos esta fazendo coisas mais produtivas.

—É um golpe bastante ardiloso da sua parte Jon Snow. - Daenerys disse sem conseguir deixar de sorrir.

Depois de despida, a rainha levou as mãos para os laços da calça de Jon, enquanto ele mesmo tirava sua armadura de couro. Quando ambos estavam nus, ele envolveu seus braços ao redor dela novamente, guiando-os para a cama. Ambos queriam aproveitar o momento juntos, não sabiam quando estariam seguros novamente, quando poderiam se amar sem preocupações. Ela começou por cima, seus lábios colados num beijo intenso, mas depois de um tempo, quando estavam prontos um para o outro, Jon inverteu as posições. Quando ele a penetrou, cada movimento era pura sincronia, cada novo impulso fazia com que Daenerys se aproximasse mais, suas unhas cravadas nas costas de Jon, os olhos presos nos dele. Em poucas horas estariam marchando em direção aos mortos, para a primeira de muitas batalhas, e eles pareciam dizer sem palavras, com cada toque, o quanto temiam perder um ao outro.

Jon nunca teve a esperança de encontrar amor, mas foi sortudo o suficiente para encontrar em Ygritte, sem ela ele não seria capaz de reconhecer o que sentiu quando colocou seus olhos pela primeira vez em Daenerys, ele não saberia diferenciar desejo de paixão, de amor. Daenerys também não tinha grandes noções românticas, cresceu como uma princesa sem reino, não tinha sonhos de casar-se com um belo nobre ou se tornar rainha um dia, tudo que Daenerys sempre sonhou foi com um lar. E ambos sabiam que um amor com o deles não poderia existir por muito tempo no meio de uma guerra, sabiam que eram fraquezas um para o outro, pontos exploráveis para seus inimigos, não havia nada que Jon Snow não estivesse disposto a fazer para manter Dany segura, e ela sentia-se do mesmo jeito, o que deixava-os assustados.

—Jon… -Daenerys ofegou -Não pare. -Pediu. Ele não tinha intenção alguma de parar. Continuou investindo vigorosamente, mesmo sentindo que estava próximo a deixar sua semente espalhar-se dentro dela. Ele sentia os mamilos rígidos de Dany contra o seu peito enquanto se movimentava. Os gemidos da rainha eram altos, ela não poderia se controlar nem mesmo se quisesse, já Jon tinha algo como um grunhindo, ouvir aquilo deixava Daenerys ainda mais excitada.

Mais tarde, naquela noite, os dois amantes se debruçaram nos braços uns dos outros. Os dedos de Jon passeavam pelos cabelos prateados e longos de Daenerys, terminando de desfazer suas tranças, enquanto ela brincava com as cicatrizes no peito de Jon.

—O ataque nas terras da Coroa, na torrente do Água Negra. - Daenerys disse levantando-se animada. Jon olhou para ela sem entender.

—Daenerys, achei que não íamos falar sobre guerra, não agora.

—Jon, apenas me escute. Quando ganhei a batalha contra Jaime, depois que Lorde Tarly se negou a se ajoelhar, vários dos homens se renderam à mim, eles não tiveram escolha, claro, mas esses homens estão presos em Pedra do Dragão, alguns até mesmo ajudaram na extração do vidro de dragão, eles podem não querer lutar por mim, mas o antigo comandante deles está aqui em Winterfell, podemos usar isso.

—O que está pensando em fazer? - Perguntou Jon sentado-se na cama para encará-la.

—Eu irei libertar esses homens, se eles concordarem não só em lutar, mas e em tentar convencer mais homens a lutarem conosco contra o Rei da Noite. Eles podem tomar o partido que quiserem depois disso, eu não me importo.

—E você acha que Jaime deveria liderá-los? - Jon perguntou.

—Seria a melhor opção, mas precisamos de gente de confiança por perto. Garantindo que ele não irá marchar para o Sul com esses homens e voltar para Cersei.

—É um excelente plano minha rainha. Vamos discutir isso com Davos e Tyrion assim que clarear, agora venha aqui. - Ele disse puxando-a para seus braços e beijando-a. O beijo tinha algo de diferente, talvez a realidade do que se aproximava estivesse finalmente acertado-os. Quando separaram suas bocas Dany estava triste, Jon podia ver claramente nos lindos olhos da rainha.

—Jon, você pode me prometer uma coisa? - Ela perguntou. -Me prometa que, não importa o que aconteça, ou a distância entre nós, prometa que você sempre vai achar um jeito de voltar para mim.

—Que tal se prometemos sempre encontrar o caminho de volta um para o outro? -Ele responde passando a mão no rosto de Daenerys.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? No próximo capítulo já devemos ter ação, então quero ser cuidadosa com a escrita, devo demorar um pouquinho para postar, mas prometo que não demoro muito.