Pov. Sansa Stark

Música do Capítulo - Don't Let me Down

Mais uma vez desperto com o mesmo pesadelo. Costumava sonhar com Ramsay e uma das suas torturas, mas desde que Jon partiu esses sonhos mudaram. Tenho medo constantemente por ele, Jon não manda notícias há semanas e cada vez que um dos Lords ousa subentender que eu deveria tomar seu lugar, que talvez ele nunca volte, preciso controlar minhas emoções para não calá-lo na hora de um jeito que não seria nem um pouco bem visto.

A verdade é que quanto mais tempo passa mais fico preocupada e esse maldito sonho não sai da minha cabeça. No começo estamos somente eu e ele pra lá da Muralha, ele está me pedindo para que cuide de nossos irmãos e de Ghost, quando por um sobressalto um dos dragões aparece. Jon não parece temê-lo e se aproxima, tudo acontece muito rápido num instante Jon está bem e no outro completamente queimado e morto bem na minha frente.

Não quero perdê-lo, não posso, sinto como se estivesse enlouquecendo aos poucos e muito rápido. Tenho ido vezes demais ao bosque sagrado rezar na frente do represeiro, mesmo ele me trazendo péssimas lembranças do meu último “casamento”, me pego constantemente também orando pela fé dos sete.  A única que sei com certeza é que preciso dele e que não posso me dar ao luxo de perdê-lo. Jon é a única família que me resta e dessa maneira recorro a todas as fés que conheço para salvá-lo.

Arya só fala sobre vingança e não confia em mim, nunca confiou e Bran, Bran não se importa com mais nada, não é mais o irmão que eu um dia conheci. Estou sozinha no lugar que costumava chamar de lar e que também fui horrivelmente torturada. As lembranças são difíceis, ainda mais sem Jon, com ele por perto era muito mais fácil ignorar as constantes lembranças de Ramsay. Com ele por perto eu me sentia segura e agora além de ter que lidar com as minhas próprias inseguranças sozinha preciso convencer a Arya a confiar em mim. O que está se provando cada vez mais impossível.

 Arya me vê da mesma forma como me via antes, o grande problema é que eu nunca fui quem ela pensava que eu era, nem quando ela pensava me conhecer realmente me conhecia.

Quando criança ela me odiava porque na cabeça infantil dela eu a esnobava, eu me sentia melhor que ela, o que ela nunca soube era que eu tinha que ser perfeita. Eu sentia que eu precisava ser assim para que pudesse ser notada pelos meus próprios pais. Parece algo estúpido e realmente agora eu percebo que era uma besteira, mas enquanto Arya podia correr e brincar na lama sem muitas consequências. Isso não era algo que eu pudesse fazer sem perder o amor do meu pai. Ned entendia todos seus filhos, menos eu, ele estava sempre presente, mas eu podia ver em seus olhos com quem ele se identificava, em quem ele se enxergava, enquanto ele olhava pra mim não havia nada.

Não sei com que idade exatamente eu percebi isso, mas foi quando eu comecei a confiar nas canções que me contavam. Todas elas traziam uma mensagem de esperança muito bonita por trás, mil palavras eram cantadas, porém o que eu ouvia é que se eu fosse uma boa dama, se eu me comportasse bem, me casaria com um grande guerreiro, deixaria Winterfell para sempre e seria feliz. É esse o grande erro de Arya, por mais que eu quisesse ser Rainha, o que eu sempre quis foi ser feliz, algo que vem se mostrando cada vez mais difícil.

Se eu pudesse a expulsaria, mas não posso, pelos nossos pais preciso resistir as provocações dela, preciso arrumar um jeito que ela compreenda e me perdoe por coisas, que apesar de eu mesma me culpar, sei que não tenho realmente culpa.  Escrevi aquele bilhete por coação, eu era uma prisioneira apesar de ser chamada de convidada e se ela tivesse ficado em Porto Real saberia do que eu estou falando.

Amei minha mãe, meus irmãos e nossos pais tanto ou até mais que ela. Ouvi-la me acusando de não ser leal a Jon e pior de não ser leal a nossa família como um todo é só o estopim da pressão que estou sendo colocada por todos os Lords de Winterfell. Eles querem que eu assuma o lugar de Jon como Rainha. Venho tentando convencê-los do contrário, mas quanto mais tempo passa mais complicado fica.

 Não tenho tempo para brigas internas, porém ao que parece Arya não percebe isso. Apenas enfiou na cabeça que eu não sou confiável, o que está me deixando ainda mais louca. Se não posso confiar na minha própria irmã em quem mais posso?

A última ameaça foi a gota d’água, estou com medo,  Arya tem uma lista de vingança e me ameaçou.  Quanto tempo vai ser necessário para que ela me coloque nessa lista? Se é que já não colocou.  Não estou nem um pouco segura em Winterfell, mais uma vez meu lar se virou contra mim, mas dessa vez o inimigo estava disfarçado de aliado, minha própria irmã, mandar Brienne para Porto Real foi um grande erro.

O corvo de Cersei é só mais uma prova de que nosso outro inimigo não se esqueceu da gente. Não só eu preciso de Jon, mas todo o Norte e é com esse pensamento que reflito sobre mandar um corvo para ele. Pelo menos assim eu teria certeza que ele está vivo e bem, porém mudo de ideia. Jon sabe o que está fazendo e retornará quando for o momento. Só resta a mim esperar que estarei viva e sã para ver seu retorno. Assim só consigo exclamar ao vento:

— Onde você está, Jon? Não me desaponte agora por favor. Acho que estou ficando louca sem você por perto, então por favor, se por alguma magia dessas terras você puder me ouvir ou me sentir. Volte pra casa, nós precisamos de você, eu preciso de você... — se um dia ele ouviu nunca respondeu e eu só consigo rezar para que um dia ele volte pra casa e que me salve de novo. Não sei quanto mais tempo posso resistir sozinha.