Perdida em STILândia. escrita por micca


Capítulo 3
Tudo que é novo assusta. (2)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/740651/chapter/3

Depois que voltei pra casa, acabei sendo obrigada a almoçar e fiquei ouvindo a conversa entre Melissa e Elise, ambas pareciam animadas.

Meu avô foi cuidar da plantação pequena que tinha, logo descobri que a casa tinha uma piscina na área de trás e era um local bonito.

Os gêmeos se trancaram em seus quartos e por lá ficaram e não liguei muito para isso.

Logo a hora foi passando e resolvi ir pro quarto também e comecei a arrumar minhas roupas e tira-las da mala e em seguida peguei minhas fotos e guardei-as o mais perto que conseguia.

Fiquei tão distraída com a minha arrumação, que nem percebi que as horas forma se passando e já era 21 horas.

Suspirei e olhei meu celular que estava carregando.

— Cadê ela? – Alguém falou alto no andar de baixo e ouvi algumas conversas e passos apressados subindo a escada e minha porta foi aberta em uma velocidade surpreendente e senti um corpo me atingir, fazendo um grito escapar por meus lábios quando cai na cama.

— Mas que porra. – Murmurei quando Jackson me puxou para um abraça desajeitado em cima da cama, fazendo meu corpo passar por cima do dele e cair de encontro ao chão, sim, ele acabou me derrubando com a sua tentativa falha de dar um abraça descente. – Ai... – Choraminguei ao ouvir o barulho alto do meu corpo se chocando contra o chão, junto com o peso dele. – Sai de cima de mim, porra... – Reclamei.

Jack não se mexeu, pelo contrario, soltou uma risada alta e seus olhos buscaram os meus. – Olá pimentinha. – Ele começou a espalhar beijos por minhas bochechas.

A atitude dele me fez rir alto e o empurrei, reclamando. – Ai Jackson, você é pesado. – Quando estava livre do corpo dele, me sentei no chão e passei a analisar cada traço daquele rosto familiar.

Os olhos azuis e cabelos castanhos escuros que estavam mais grande que o normal me fazendo querer mexer neles e acabei por sorrir de forma amorosa.

Nós ficamos um fitando o outro por longos minutos e suspirei ao rodear o ombro dele e abraça-lo, sentindo a saudade de dois ano apertar.

— O melhor abraço de todos. – Ele depositou um beijo em meu cabelo e deu leves carinhos em minhas costas. – É bom te ver, criatura.

— É sempre bom te ver,  Jackzinho. – Me afastei e logo dei um beijo na bochecha dele. – Sempre.

Os olhos dele passaram pelo quarto e vi-o rir. – Quem diria que nossa garota estaria de volta a San Diego.

Eu acabei revirando meus olhos. – Já estou com saudade do nosso lar. – Sussurrei ao ir até a cama e me acomodar lá e o moreno fez o mesmo, ficando ao meu lado e ambos deitamos e fitamos o teto.

— Por que você saiu de lá?

— Uau, demorou para você fazer essa pergunta. – Fui sarcástica e fiquei na defensiva e isso não passou despercebido por Jack que arqueou a sobrancelha. – Nada demais, só não aguentava ficar mais naquele inferno.

— Que você ama... Não acredito nessa, Lydia. Sei que algo aconteceu, você não abandonaria Allison.

— Como você nos abandonou? Bom, isso é verdade. – Acusei-o.

— Ei. – Ele me advertiu. – Calma ai, gata... Não precisa me tacar fogo, só estou comentando. – Suas palavras me fizeram corar e suspirei.

— Desculpa, ok? Só não quero falar sobre isso.

Jack ficou em silencio e sabia que independendo da curiosidade dele, ele me respeitaria. Nossa amizade é longa, desde o dia que me mudei para lá não desgrudamos mais, foi aquela amizade estranhamente rápida. O idiota do meu amigo só tinha um problema, ele era protetor e desconfiado, conseguia rastrear meus sentimentos de longe e isso é um saco as vezes.

— Quando quiser falar estarei aqui. – Ele disse e me puxou para deitar no peito dele e o carinho que recebi em seguida foi o suficiente para me fazer relaxar e apagar.

~

Domingo. – 10 horas da manhã.

No dia seguinte eu acordei com os braços de Jack sobre mim e uma coberta sobre nós dois, a posição não era tão confortável, já que o cabelo dele estava na minha cara e isso me arrancou um resmungo ao me levantar e olha-lo de cima. – Jackson... – O meu grito foi tão alto que provavelmente todos os vizinhos escutaram e se alguém naquela casa estivesse dormindo provavelmente me odiaria. – Acorda porra. – Essa ultima frase foi mais baixa, mas a minha risada não, porque eu não estava preparada para ver a cara de susto do moreno e seus olhos se arregalarem como se eu tivesse acabado de dizer que tem uma cobra no pé dele.

Sim, o idiota morre de medo de cobra.

— Mas que merda, Lydia... Está louca? – O rosto dele estava contorcido em raiva e ele bufou ao se levantar e sair do quarto, batendo a porta com certa violência.

— Ui. – Ri baixo e tratei de pegar minhas coisas para tomar um banho e quando sai do quarto fui logo pro banheiro que ficava de frente e fiz minha higiene matinal e coloquei minhas roupas, sendo ela uma calça jeans, cropped branco, coturno e um cardigã vinho. Meu cabelo ficou solto e um pouco armado e os poucos cachos que tinha eu já havia desmanchado por conta do pente. 

Sai do banheiro e fui em direção ao barulho e caminhei até uma cozinha bonita e branca, sendo o local menos chamativo.

Na mesa estava todos sentados.

Meus avôs estavam do lado direito, sentados junto com Melissa e do outro lado estava os gêmeos e Jack ao lado da Malia.

E só tinha uma cadeira vaga, sendo ela a que ficava no meio e suspirei ao me aproximar. – Bom dia. – Fui até os meus avôs e dei um beijo estalado nas bochechas dele e passei pelos gêmeos e Melissa apenas dando um sorriso educado e quando cheguei no Jackson, apertei as bochechas dele ao perceber que ele ainda estava bravo e isso arrancou uma risada do meu avô que já era acostumado com as nossas brigas, até porque ele que nos separava. – Bom dia, querido.

— Eu te odeio. – Ele respondeu fazendo um bico manhoso.

— Eu também, Jack... Eu também – Abri um sorriso meigo e me encostei no balcão, olhando todos.

— Ela gritou no seu ouvido foi? – Meu avô perguntou.

— Aham, apenas deu esses gritos irritantes. – Era engraçado ver ele parecendo uma criança birrenta. – Você deveria ter deixado ela de castigo quando ela fez da primeira vez, Andrew... Você criou um monstro. – Ele pegou um morango que estava na mesa e jogou na minha cara, me fazendo revirar os olhos e me limpar.

— Eu digo isso todos os dias. – Dona Elise se pronunciou e levantou a mão pra bater na mão de Jack, fazendo ele rir.

— Traíras. – Murmurei olhando para a mesa sem muito interesse, até porque nossos avôs não paravam para tomar café dessa maneira, era um tanto incomum.

— Você reclama como um bebê. – Meu vô me defendeu, me arrancando uma risada alta e mostrei a língua para Jack que levantou-se rapidamente e tentou pegar minha língua, me fazendo empurra-lo.

— Bebezão. – Sorri sacana.

— O bebê aqui vai te sequestrar hoje... Algum problema Andrew? – Ele indagou, olhando de forma inocente pro meu avô que bufou e deu de ombros. – Ok, vamos gatinha... Preciso passar em casa antes.

— Ela nem tomou café, Jackson. – Elise falou, nos repreendo com o olhar quando comecei a cutuca-lo e ele fez o mesmo.

— Não tem problema vó. – Abri um sorriso malicioso. – Vou fazer companhia a mãe dessa criatura. – Dei pulinhos animados, imaginando as gostosuras que ela iria fazer para mim.

— Não está gordinha demais não? – Jack falou enciumado, apertando minha barriga.

— Shiu, não é minha culpa que sua mãe queria nos trocar. – Me afastei dele e puxei-o pela mão. – Não vou levar dinheiro, então prepare-se para me bancar. – Pisquei na direção dele.

Me ignorando, ele se despediu de Scott com um aperto no ombro e depositou um beijo na bochecha de Malia, que estava quieta demais. Em seguida beijou Melissa e Elise e fez continência pro meu avô.

— Preciso pegar o meu celular. – Fiz uma careta.

— Não, qualquer coisa ligam pro meu... – Ele disse dando de ombros e me puxando para começar a andar.

Reviro meus olhos ao senti-lo me puxar e vou caminhando até um carro desconhecido por mim e me sento quando ele destrava o carro.

Olho de canto de olho pro Jack e observo-o começar a ligar o mesmo.

— Me diz... O quanto San Diego é legal? – Pergunto. – O máximo que conheço aqui é do GTA.

O moreno solta uma risada. – É bem igual. – Respondeu irônico. – Aqui é legal, muito agitado... Balada, festa e tudo isso.

— Sério? Mas que tipo de festa você participa? Você terminou o ensino médio no ano passado. – Perguntei confusa, porque Jack tinha 18 anos, igual os gêmeos.

— Bom, eu fiz bastante amigos que não terminaram ainda.

— Ah, tá explicado. – Sorri de forma sacana.

— E como está indo com sua família?

Sua pergunta me fez soltar um suspiro. – Está na mesma... Eles não me conhecem, então isso é mais complicado do que podemos imaginar... E outra, meu avô não contou pra ela que não sou vegetariana.

Os olhos do moreno se arregalaram e nem precisou falar nada para eu saber a opinião dele, isso daria merda. Até porque uma das poucas coisas que Melissa pediu para os meus avôs era sobre isso, me manter vegetariana.

— Foda. – Ele cantarolou.

O caminho até a casa deles foi bem tranquila, ele desceu e foi tomar um banho. Os pais deles não estavam lá e só tinha um recado dizendo que saíram com alguns amigos e eu acabei sorrindo ao perceber que todos estavam se dando bem nessa cidade.

Quando o idiota do meu amigo se arrumou, fomos a caminho da La Jolla Beach, que ele disse que é considerada uma das melhores praias daqui e fiquei totalmente animada, porque eu gostava da sensação que a praia transmitia.

— Uau. – Foi a primeira coisa que disse quando os meus pés foram de encontro a areia fofinha e um sorriso iluminou meu rosto. – Aqui é...

— Lindo. –Meu amigo completou, totalmente fascinado com o lugar. – Não importa quantas vezes eu visite esse lugar, é sempre diferente.

O mar parecia tão agitado e o vento gelado batia contra o nosso rosto, fazendo nós resmungar a todo momento. Meu cabelo teve que ser prendido, porque estava começando a ficar armado e estava me atrapalhando a andar.

Jack me acompanhou o caminho todo quieto e eu agradeci por isso. Porque não importa o quanto o lugar é bonito, eu estava com saudades de casa e principalmente daquela movimentação calma.

No caminho eu aproveitei para tirar algumas fotos com o celular dele e ele acabou sendo vitima da câmera, me fazendo rir a todo momento.

Depois de darmos quase toda a volta na praia, nós fomos a caminho de uma sorveteria e o moreno resolveu escolher o meu sorvete, me fazendo rir alto quando ele chegou.

— Puta que... – Abismada com o tamanho dele, fico um pouco distraída encarando o do Jack e ele acabou tirando uma foto da nossa situação.

— Sua cara ficou hilária. – Ele riu e vi-o mexer no celular.

— Não posta isso, sério. – Adverti-o.

Ele soltou uma gargalhada e deu de ombros. – Não vou postar, só guardar como lembrança essa sua cara assustada por causa de um sorvete.

— Ei. – Sorri meio constrangida. – É muito grande, pô... Nem adianta descordar.

— Aham, criancinha. – Ele mostrou a língua.

— Idiota. – Ignorando, comecei a tomar sorvete e cantarolar baixo a musica que tocava no ambiente.

Ficamos conversando sobre coisas aleatórias e nada muito pessoal, até porque eu não queria perguntar sobre as novas amizades dele e não queria que ele perguntasse o que me trouxe de volta.

E como bons amigos, respeitamos o espaço um do outro e fingimos que não tinha nenhum segredo querendo nos afastar.

Jack as vezes se distraia com o celular, que não parava de avisar a chegada de mensagens e aquilo estava me deixando um pouco irritada.

Suspirando, olhei o horário e percebi que estava ficando tarde. – É melhor nós irmos. – Alertei-o.

— Quer ficar lá em casa?

Mesmo eu querendo, eu percebi que ele tinha algum compromisso e resolvi negar e voltamos para a casa de Melissa.

Me despedi de forma automática do moreno e voltei pra casa, sendo recebida por Elise no caminho e apenas sorri para ela anunciando que iria pro quarto.

O final do dia foi passando rápido, meu avô me chamou para passear com ele, mas recusei e só decidi ir para jantar, onde estavam os meus avôs e Melissa. A comida era vegetariana e não tinha nada de carne e percebi que meu avô estava emburrado, me fazendo segurar a risada quase o jantar todo.

Quando voltei pro quarto, mandei uma mensagem para a Alien.

"Não importa o quanto esse lugar seja lindo... Aqui dentro é mais obscuro que tudo."

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Heello, espero que tenha gostado. ♥ ♥

Tumblr: criveis



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perdida em STILândia." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.