Perdida em STILândia. escrita por micca


Capítulo 1
p r ó l o g o




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Elise Martin - Avó.

Andrew Martin - Avô.

Melissa McCall - Mãe.

Scott McCall - Irmão mais velho.

Malia McCall - Irmã.

Jackson Whittemore - Melhor amigo.

Allison Argent - Melhor amiga.

— É completamente inaceitável isso. – Murmurei já totalmente impaciente naquele ônibus horroroso, ok, o coitado não tinha nada a ver com o meu estresse, mas eu já estava a três dias dentro dele, então imaginem como eu me encontro.

1 – Minha bunda não existe mais.

2 – Eu estou com uma maldita dor de barriga.

3 – Estou cansada demais.

Eu poderia continuar enumerando os motivos do meu estresse, mas com um milagre divino eu estou chegando na casa da minha... cof cof... mãe e confesso que isso me deixa um pouco incomodada. Bom, faz exatamente sete anos que não volto pra essa cidade e isso é totalmente assustador. Quando meu pai faleceu, minha mãe acabou ficando sem renda para conseguir criar os três filhos e resolveu me mandar morar com os meus avôs, que para ela provavelmente foi um sacrifício. Minha mãe é a típica hippie, vegetariana, defensora dos animais, contra violência e tudo isso, sério, ela até entrou em diversos protestos ao longo dos anos e meu pai não era diferente dela.

Ambos eram completamente paz e amor. Em um lindo dia ela ficou gravida de casal de gêmeos: Malia e Scott, ambos tem 18 anos e ainda estou terminando o ensino médio. Motivo? Bom, eles se atrasaram na escola porque meus pais estavam em um protesto e isso é uma longa história, que provavelmente precisaria da minha vida toda para contar. Bom, depois de um ano eu nasci, prazer, Lydia e segui minha linda vida com eles até os meus nove anos.

Meu pai foi morto em um assalto, logo depois da tragédia minha mãe teve que começar a trabalhar e com todos os problemas emocionais ela não queria largar os filhos e também não queria dividir os gêmeos por eles serem tão apegados a ela, então resolveu mandar a filha mais nova para morar com os avós Martin, que de hippies não tem nada.

Bom, então eu morei com os meus avós durante um bom tempo e agora estou voltando para San Diego e irei terminar o ensino médio lá... O culpado de tudo isso é o diretor da escola que eu frequentava, até porque foi ele quem me expulsou... Isso é um segredo de família (só meus avós e eu que sabemos), porque se minha mãe descobrir o motivo provavelmente ela vai querer me deserdar... Mas não é nada tão grave, eu não enterrei um corpo no meu quintal como Alison Hendrix de Orphan Black, mas tenho que dizer que a mulher é muito esperta.

No quintal, pô? Quem descobriria?

Solto um suspiro ao ser despertada dos meus devaneios. – Menina, chegamos. – Olhei pela janela e sorrio ao perceber que o céu já estava escuro e suspiro ao sair do ônibus, carregando uma mochila junto.

Quando eu saio do local, me deparo com meu avô que estava pegando minha outra bolsa com o motorista. Ele se encontrava distraído e isso me fez rir baixo. – Vovô. – Cantarolei ao me jogar sobre o ombro dele e senti-o me empurrar.

— Ei, mal educada. – Ele gritou, só faltando me bater. Empurrou minha mala de rodinha e comecei a segui-lo, arrumando minhas vestes, um macacão de moletom.

Quando ele parou na frente do carro dele e jogou minha mala dentro do mesmo, o senhor de olhos tão claros me olhou e abriu um sorriso meigo ao me puxar para um abraço forte. – Estava com saudades, pimentinha.

Isso me fez soltar uma risada baixa. – Pra quem estava com saudades nem me cumprimentou quando eu sai daquela maquina de tortura. – Resmunguei.

— Maquina de tortura? Por favor, Lydia... Toda vez que você volta do acampamento você reclama do ônibus. – Ele deu um tapa em minha cabeça e revirou os olhos.

Mas eu acabei concordando, até porque eu sempre fui pro acampamento que meu vô frequentava quando mais novo e era uma rotina  minha reclamar. Como meu pai não gostava desse tipo de evento, ele acabou me criando como uma filha, isso incluía me obrigar a ir todos os anos para aquele local.

As vezes até duas vezes por ano, isso era loucura, mas eu amava o acampamento e nunca foi uma tortura, tirando o ônibus.

— Claro, eles poderiam fazer algo que nos deixasse mais confortável. – Resmunguei e resolvi entrar no carro e acomodei no banco de forma desengonçada. – Bancos fofinhos, travesseiros... Doces o dia todo.

— Tá. – Ele resmunguei ao sentar também e ligou o carro. – Mas me diga, como foi lá?

Uma coisa que eu amava em meu avô era a personalidade ranzinza, mas ele amava ouvir minhas historias no acampamento, claro que nem sempre foi assim, meu vô trabalhou no exercito por um tempo e ele carregava grande fardos, mas ao longo dos anos ele começou a ser mais amoroso e hoje ele me trata como uma filha e por isso quando minha mãe falou para eu passar o ultimo ano com ela, ele resolveu vir junto com minha avó.

Alegando que não queria que a neta dele fosse contaminada com a loucura da ex nora.

Ri baixo ao me lembrar desse dia. – Foi normal. – Dei de ombros e quando vi-o arquear a sobrancelha, suspirei. – Ok, foi muito divertido... Eu realmente não sei como as pessoas veem aquele lugar como tortura. – Soltei uma gargalhada. – Todos deveriam conhecer, sério... Mas enfim, agora temos aula de culinária lá, só pra quem quer e eu resolvi participar, até aprendi a fazer uma torta maravilhosa. – Pisquei para ele. – Falando em comida, como você anda sobrevivendo com a dona Melissa vulgo a mulher que é conhecida como minha mãe? – Meu avô odiava que eu a chamasse apenas de Melissa, mas qual é, durante esse sete anos eu só vi ela e os gêmeos apenas duas vezes, tirando as ligações que eram raras, até porque eu odiava falar por telefone.

Então isso acabou me afastando um pouco deles e eu não tenho tanta intimidade com os meus familiares.

— Eu não sei. – Meu vô pareceu raivoso. – Ela só come aquelas coisas estranhas e saudáveis. – Olhei-o e vi a raiva estampada nos olhos dele. – Ela poderia matar os seus irmãos com algumas coisas que inventa, não é nada comestível Lydia... – Ele colocou a mão no meu ombro e me chacoalhou quando paramos no farol. – A sua avó vomitou, pra você ter noção...

Eu acabei rindo baixo, minha mãe gostava de tudo saudável pelo que ouvi e eu sabia que meus irmãos também eram vegetarianos e eu era a única que não era. Como eu disse, fui criada por meus avós, então eles me entupiam de comida por me achar muito magrinha e agora eles me obrigam a fazer exercícios porque ando engordando muito, ok, talvez isso só seja uma implicância.

— Não seja tão dramático, vovô... É escolha deles serem vegetarianos. – Pisquei na direção dele e olhei para a local movimentado e logo vi que estávamos entrando em uma área mais reservada. – Eles moram em uma fazenda ainda?

— Claro. – Ele revirou os olhos. – Você está bem em vir pra cá?

A pergunta dele me deixou um pouco desconfortável e bufei. – Não tenho escolha... Aquela cidadezinha não é mais uma alternativa. – Passei a mão por meus cabelos e mordi meu lábio. – E também logo eu termino a escola e posso seguir minha vida... Eu aguento. – Dei de ombros. – E vocês vão ficar comigo, né?

Ele sorriu e concordou. – Nunca te abandonaria, filha.

Eu sorri de forma sincera e arrumei meu cabelo que estava enorme e com as pontas um pouco claras. – Eu sei disso senhor eu não sou sentimental, mas sempre falo coisa fofa pra minha neta e mimo ela demais. 

Ele riu baixo. – Não deixa sua mãe saber disso.

Acabei acompanhando-o na risada, porque meu vô sempre foi um pouco seco e eu acabei quebrando essa geleira dele.

— Nosso segredo, fica tranquilo.

— Temos muito segredos, pimenta... – Sim, nossa família guardava muito segredo e aquilo me incomodou um pouco. Porque hoje sinto que somos eu e eles... Mas agora iria ter mais membros e eu não conseguia deixar de sentir que eu era uma intrusa.

A nossa conversa durante o caminho me distraiu bastante, que logo me vi na frente de uma casa enorme e saio junto com meu avô, que levava minha mala e eu minha mochila.

Quando passamos pela cerca, meus olhos se depararam com duas mulheres. Uma tinha um sorriso meigo e acolhedor e a outra sorria de forma tão animada que me assustou.

Melissa, minha mãe foi a primeira a correr em minha direção e me abraçar, fazendo eu resmungar um pouco com a atitude dela. –Querida, como você está linda... – Ela passava a mão por meus cabelos e me analisava atentamente. – Está tão parecida com seu pai. – Ela falou de forma sincera e observei-a e percebi que o tempo fez bem para ela, a mesma continuava bonita e não tinha mudado nada, olhos claros e cabelos castanhos, dando um belo contraste com a pele branca dela.

Quem nos visse junta nunca acreditaria que somos mãe e filha, porque primeiro meu cabelo era totalmente ruivo e meus olhos esverdeados, minha pele era um pouco mais clara que a dela e bom, tirando que ela era muito magra e eu tinha um corpo bem distribuído.

Eu sorri meio sem jeito e olhei para minha avó e logo senti ela se aproximar e o abraço dela foi mais leve, me fazendo sorrir ao sentir ela arrumar meus cabelos ao se afastar e analisar meu rosto de forma tão detalhada. – Oi minha princesa. – Ela acariciou minhas bochechas e se afastou para que pudesse abraçar o braço do meu avô. – Como estava com saudades.

— Não fez nem um mês direito, vovó. – Resmunguei. – O seu lado sentimental é muito comovente, mas se não tiver me feito um bolo de chocolate eu juro que vou chorar. – Fiz um bico.

Dona Melissa me olhava um pouco assustada com minhas falas e eu acabei olhando pro meu avô que riu junto com a vovó, que me deu um soco no braço.

— Criatura irritante. – Ela me puxou para o meio dos dois e ambos me abraçaram forte. – É claro que eu fiz o seu bolo.

Eu sorri como uma criança feliz e dou um beijo estalado na bochecha dela e sussurrei no ouvido dela. – Também estava com saudades da minha linda velha. – Eu sabia que só meu avô ouviu, porque ele riu baixo.

— Vamos entrar? – Melissa perguntou e olhei-a novamente, estranhando um pouco aquilo, pois ver pessoalmente era tão estranho.

— Vamos... – Meu vô concordou e passou o braço por meu ombro, enquanto elas iam na frente. – Qual é a expectativa pra esse ano?

Um sorriso malicioso foi esbouçado em meus lábios e respondi de forma automática. – Tudo é liberado, menos ir pra cadeia.


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