Doce Vingança escrita por Haruno Patthy


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Tenham uma ótima leitura.



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No sábado seguinte, Sakura estava fazendo as tarefas que deixava para os domingos, quando foi surpreendida por um raro telefonema de Temari.

— Sakura… Oh, graças a Deus está em casa. Pode me fazer um favor enorme? Por favor, por favor, diga que sim ou eu…

— Ei! Alguma coisa errada com Shikadai?

— Sim… Não… Quero dizer…

— Respire fundo e se acalme. O que está errado?

— Shikamaru acabou de sair para levar Choji ao aeroporto. Fomos convidados para um almoço ao ar livre amanhã e Choji teve que voltar às pressas para casa por causa de uma crise familiar. Tão sem consideração, poderia ter esperado até segunda-feira. Haverá muitas pessoas importantes para os negócios de Shikamaru na festa e ele terá que ir, mas crianças não podem ir e não há ninguém para cuidar de Shikadai… E… E… – Temari começou a chorar meio histérica.

— Temari! Pelo amor de Deus, controle-se! – Sakura suspirou. Adeus ao almoço com os Uchiha. – Está bem, eu irei, desde que garanta que sairá da festa em tempo de eu voltar à noite. Preciso estar no trabalho bem cedo na segunda-feira, lembre-se.

— Sinceramente, Sakura, só consegue pensar no trabalho? – Temari parou e se controlou depressa. – Desculpe, desculpe. Estou tão transtornada que não consigo pensar direito. Você virá esta noite?

E dormir no quarto de Shikadai para que a criança não perturbasse o sono da mãe durante a noite, agora que seu padrinho Choji não estava lá?

— Não, não posso, sinto muito.

— Certamente pode adiar qualquer coisa que tenha combinado para esta noite – soluçou Temari. – Por favor, Sakura.

— Escute Temari, tenho um convite para almoçar amanhã. Estou disposta a cancelar para ajudá-la, mas não vou viajar esta noite. Irei amanhã de manhã.

— Oh, está bem. Mas chegue cedo, precisamos estar na festa ao meio-dia.

Era absurdo, pensou Sakura, se sentir tão desapontada. Então ligou para Konan para desmarcar, a mesma se mostrou aborrecida, mas garantiu que compreendia.

— Konan, já que não posso ir amanhã, que tal você almoçar comigo na cidade um dia desses?

— Adoraria. Quando?

Combinaram uma data e Sakura se sentiu um pouco melhor depois que desligou. Inquieta demais para ficar sentada na casa agora imaculada numa tarde quente de sábado, decidiu cuidar do jardim. Passou protetor solar, prendeu os cabelos no furo traseiro de um boné, então se sentou no carrinho de cortar grama.

Estava suando, o short e a camiseta sem mangas sujos, os cabelos molhados agarrados na nuca e na testa quando terminou com o gramado principal. Esvaziou o compartimento da grama cortada num monte de composto para adubo e voltou para levar a máquina de volta à garagem. E o coração disparou ao ver Sasuke encostado ao carro, o rosto uma máscara de desaprovação quando passou por ele no carrinho.

— Não posso parar – gritou –, preciso guardar isto.

Frustrada com a baixa velocidade da máquina e terrivelmente consciente de sua aparência enquanto ele andava atrás dela, Sakura se dirigiu para a garagem. Quando finalmente parou, desceu, tirou as luvas e Sasuke se aproximou.

— Por que, em nome de Deus, está se escravizando assim? – A voz era ríspida. – Aquele jardineiro não pode cortar a grama?

Ela tirou um lenço de papel do bolso e enxugou o rosto.

— É claro que pode, mas de vez em quando faço isso para deixá-lo livre para fazer outras coisas. Veio passar o fim de semana?

— Por que cancelou o almoço de amanhã? – Ignorou a pergunta dela. – Estava com medo de se encontrar comigo?

— É claro que não. – Irritou-se. – Escute, não posso ficar aqui, preciso de um banho.

— Posso esperar. Tentar falar com você pelo telefone é uma frustração maldita e decidi ter um contato pessoal depois que Konan me disse que havia cancelado o almoço. Diga a verdade, senhorita Haruno. Há mesmo uma crise familiar? Ou simplesmente não consegue conversar comigo educadamente durante um almoço?

Sakura não respondeu; marchou pelo caminho de carros até o chalé, furiosa por ele a ter surpreendido suja e suada e provavelmente com um cheiro muito pouco agradável.

— Quer entrar? – Tirou os sapatos na varanda.

— Disse que esperaria. Mas, se prefere que não entre, posso ficar no carro.

— Não seja ridículo! – Entrou na frente e subiu correndo a escada.

Quando Sakura voltou à sala de estar, sua visita inesperada estava esparramada no sofá assistindo a um jogo qualquer na televisão. Sasuke se levantou quando ela chegou.

— Espero que não se importe, este foi o último do dia.

— De jeito nenhum.

— Está se sentindo melhor agora, Sakura?

Ela acenou e os olhos dele entrecerraram enquanto ele lhe observava o vestido rosa de algodão.

— Você tinha um vestido parecido, antigamente.

Vestira-o na primeira vez que saíram juntos.

— Sério? Não me lembro.

— Não?

Sasuke olhou para ela de uma forma que Sakura preferiu ignorar.

— Estou com sede, preciso de uma bebida. Quer? Sem cerveja ou vinho, mas posso lhe oferecer água mineral, suco de laranja, chá ou café…

— Qualquer coisa… – interrompeu-se. – O que for mais fácil.

Quando Sakura voltou com dois copos de água mineral, Sasuke estava em pé à janela, a testa franzida.

— Todas estas árvores e flores nos jardins, no entanto, tudo o que pode ver daqui é um pedaço do gramado e um loureiro.

— Tenho uma boa vista dos jardins da janela do meu quarto – defendeu-se, e lhe entregou um dos copos.

Ele se virou a expressão hostil.

— Eu não saberia. Quartos nunca fizeram parte do nosso relacionamento. E você nunca me deixou voltar aqui depois daquele primeiro dia, quando vim consertar seu computador. – A voz profunda se tornou áspera. – Como um idiota, permiti que me tratasse como um segredinho sujo durante todo o verão porque pensei que tudo seria diferente quando morássemos juntos. Mas isso nunca aconteceu.

— Não, não aconteceu – concordou com a voz gelada.

— E por que diabos não pode comprar uma garrafa de vinho? – A irritação de Sasuke era cada vez maior. – Você deve ter um bom salário e vive aqui sem pagar aluguel…

— Na verdade, não vivo. Pago aluguel ao meu pai. E este lugar é pequeno demais para receber amigos, assim, ter vinho ou qualquer outra coisa para convidados não é necessário…

Interrompeu-se quando o celular tocou e pediu licença para atender Temari.

— Graças a Deus a encontrei. Sakura seja boazinha, por favor! Adie seu encontro e venha esta noite. Shikadai está tão ansioso para encontrá-la e seria muito mais conveniente…

— Para você, talvez, mas não para mim. Diga ao Shikadai que estarei aí pela manhã.

— Oh, está bem! – Havia grande irritação na voz de Temari. – Apenas garanta que chegará a tempo.

— Estarei aí amanhã.

Sakura fechou o telefone com força.

— Desculpe, era minha irmã.

— A jornalista ou a linda mimada?

— A primeira, mas Temari também é linda, e claro  mimada també como Tsunade a diferença e que agora esta casada.

— Quem é Shikadai?

— Meu sobrinho, o padrinho dele que mora com eles e repara ele para Temari teve que viajar de repente hoje. Os pais de Shikadai foram convidados para um evento social muito importante amanhã, assim vou cuidar dele. – Sakura sorriu enquanto se sentava no assento da janela. – E é por isso que cancelei o almoço com Konan, Uchiha Sasuke, mas Konan ira vir almoçar comigo durante a semana.

Os olhos frios ficaram calorosos quando ele sorriu de volta.

— Ela me contou. Está ansiosa pelo encontro.

— Eu também. Ela me disse que Karin está melhorando, mas muito entediada. Você a viu recentemente?

— Fui lá alguns dias atrás. Estava em Londres para um jantar e fui vê-la no dia seguinte. – Sorriu um pouco triste. – Tenten e Neji estavam lá, mais algumas amigas e um envergonhado Suigetsu. Minha presença deixou todo mundo tão constrangido que não me demorei. De acordo com Tenten, Suigetsu visita Karin com regularidade desde o acidente.

Os olhos de Sakura brilharam.

— Desbancando você, Sasuke?

— Parece que sim, felizmente.

— Não devia informar Karin disso? Ela tem uma enorme paixão por você, Sasuke.

— Teve, talvez. Mas não mais. De qualquer maneira, meus sentimentos em relação a ela… E a Tenten… Sempre foram fraternais.

— Oh, vamos lá. Não foi muito fraternal aquela noite na casa do seu irmão!

Sasuke ruborizou.

— Tive motivos para me arrepender depois, quando Itachi me deu uma bronca.

O olhar de Sakura para ele foi firme.

— Eu soube, assim que cheguei á casa de Itachi, por que estava lá. Poderia ter lhe dado todas as informações pelo telefone, mas você queria que o visse junto à família, com uma criatura linda como Karin ofegando por você.

Ele se encolheu.

— Parece realmente imaturo quando dito assim, mas não posso negar. Aquele dia no seu escritório pareceu tão remota e altiva que agarrei a oportunidade de lhe mostrar o quanto me afastei daquele técnico de computador que não servia para a senhorita Haruno Sakura.

— Nunca pensei em você desse modo.

— Mas seu pai pensou.

— Sim, pensou. Mas apenas porque nunca o conheceu…

— Não por culpa minha.

— Eu sei. – Desviou o olhar. – Queria mantê-lo só para mim, para que nada estragasse o que tínhamos juntos.

— Mas quando lhe contou que pretendíamos morar juntos, ele não gostou.

Ela acenou.

— Ficou totalmente contra.

Ele sorriu sardônico.

— Seu pai dificilmente a prenderia no sótão e a manteria a pão e água, Sakura. Podia ter saído de casa se realmente quisesse. Foi um problema de dinheiro? Não conseguiria fazer a faculdade sem o apoio dele?

Teve vontade de tomar o caminho mais fácil e dizer que sim. Mas não conseguiu.

— Tinha um fundo para a faculdade deixado por minha mãe.

Os olhos de Sasuke escureceram.

— Então, por que diabos não fugiu comigo? – exigiu a voz mais áspera. – Tinha medo de que eu quisesse partilhar do fundo?

— Não, Sasuke. – A voz agora estava cansada. – Foi por isso que veio aqui hoje, para desenterrar uma história antiga?

— Não. Acredite ou não, pensei que pudesse estar doente. – A boca retorceu. – Em vez disso, encontrei-a cortando grama naquela maldita máquina com todo esse calor. E amanhã vai cuidar o dia todo do filho de sua irmã. Quantos anos têm?

— Três.

— Você sempre larga tudo para cuidar dele?

— Apenas quando há uma crise. Embora a ideia de Temari sobre crise seja diferente da minha. Sempre foi a rainha do drama.

— Vocês não se dão bem?

— Ela tem ciúme de mim porque sou eu que vivo em casa.

— E, no entanto, é você que ela chama numa crise.

— Vivo a apenas uma hora de carro de distância e Tsunade mora em Londres. – De repente, Sakura sorriu. – Não que Temari teria sorte com Tsunade. Ela não é exatamente do tipo que cuida de crianças.

— E você é.

— Sim. Um dia na companhia de Shikadai é um prazer, não um trabalho.

— Na verdade, tive outro motivo para invadir sua torre de marfim.

Ela ergueu as sobrancelhas.

— Não é uma torre, Sasuke!

— Mas tem o mesmo objetivo. É onde você se esconde do mundo.

— Não me escondo.

— Então, se um homem quiser levá-la para a cama, é sempre na casa dele, não na sua?

— Mais ou menos isto e quanto a você? Não perguntei onde mora.

— Comprei uma casa perto há dois anos. Estou reformando-a devagar. O lugar é tombado, assim preciso ter cuidado. – Franziu a testa. – Seu pai já sabe quem eu sou?

— Com certeza. O senhor Kakashi teve muito prazer em lhe contar. – Sakura tomou o resto da água. – Papai ficou tão furioso que temi que tivesse um derrame. Gritou e xingou por muito tempo, mas no final a tempestade passou. – Sorriu. – A parte realmente irônica foi que ele gostou de você e de sua família. De alguma forma, acho que isso foi o pior quando descobriu quem você é.

Sasuke a observou com simpatia.

— Um relacionamento tenso com seu pai deve ser difícil. Meus pais morreram relativamente jovens, mas tive sorte por que tinha Itachi comigo.

— Muita sorte mesmo. – Sakura suspirou. – Lamento muito perder o almoço com Konan amanhã. Vou pensar em você com inveja enquanto comer fatias de peixe.

— Só então? – Havia uma nova intensidade no olhar dele.

— Na verdade, não. Vou pensar em você cada vez que assinar um cheque para os homens que estão consertando o telhado!

— Vi os andaimes quando estacionei o carro. Quando eles terminam?

— Semana que vem. E quero que terminem logo porque minha irmã está organizando fotos de moda aqui para a revista dela e depois um canal de televisão quer fazer algumas cenas internas e externas para uma novela. – Sakura sorriu feliz. – Você começou a rodar a bola com a festa, assim sua vingança ricocheteou, Sasuke. Deu à mansão mais tempo de vida.

Sasuke deixou o copo sobre a mesa e a puxou para seus braços.

— Nunca pensa em mais nada além desta maldita casa?

Beijou-lhe a boca que ela abrira para protestar, os braços a esmagando com tanta força que ela não conseguiu respirar. O beijo era pura punição. Ela perdeu o controle, mordeu-lhe a língua e Sasuke praguejou e a soltou.

Sakura correu para a cozinha e cortou um pedaço de toalha de papel. Limpou a boca, então levou um pedaço para Sasuke.

— Aqui. – A voz era gelada. – Você está sangrando.

Ele pressionou o papel na ponta da língua, observando-a com rancor.

— Tudo o que precisava fazer era dizer “não”.

— Diria se pudesse. Por que tudo isso de novo, Sasuke? Não conseguiu sua vingança ao usar a casa?

— Pelo amor de Deus, pare de falar sobre a casa. A casa onde não vive que não vai herdar e, no entanto, passa a vida se escravizando para manter. Quando vai viver a sua vida, Sakura? – Os olhos tinham um brilho quase feroz. – Isso é tudo o que temos e é curto. Inferno, de que adianta? – Respirou fundo e suas maneiras de repente se tornaram formais. – Peço desculpas.

— Aceitas. – Virou-se e se dirigiu para a porta. – Não peço desculpas por mordê-lo.

— Você desenvolveu tendências violentas com a maturidade – observou enquanto passava por ela. – É assim com todos os seus homens?

— Nunca houve motivo. Eles me tratam com respeito.

Os olhos dele brilharam maliciosos.

— Que tédio! Adeus, Sakura.

Cheia demais de emoções para confiar na voz, fechou a porta sem uma palavra, então gritou quando a porta se abriu de repente e Sasuke entrou novamente, tomou-a nos braços e a beijou de novo, mas, dessa vez, com a antiga magia persuasiva que ela jamais encontrara em outro homem. Contra sua vontade, Sakura sentiu cada nervo respondendo ao toque dele até que, subitamente, estava livre.

— Este é o meu verdadeiro pedido de desculpas. – A voz estava rouca enquanto ele a deixava imobilizada e saía. Virou-se. – Apenas para registro, se desmarcou o almoço com Konan para me evitar, não precisava ter se incomodado, afinal não estarei lá.

Sakura encarou a porta que ele havia fechado e se deixou cair no sofá, sentindo como se toda a energia a tivesse abandonado. Lágrimas lhe encheram os olhos e desceram sobre o rosto ruborizado. Maldito Uchiha Sasuke e seus beijos! Agora que estava de volta à sua vida, a resignação que lhe custara tanto seria difícil de manter.


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