A Liga Extraordinária Brasileira escrita por Eye Steampunk


Capítulo 1
Sonhos de uma Nação (Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

"O perigo das nações é não saber seus inimigos e desconhecer seus amigos" O autor.

Edit (13/08/2017): Tomado pela ânimo de começa a história, e rapidez em postar o primeiro capítulo, acabei cometendo alguns erros gramaticais, seria gratificante ser alertados sobre, nos comentário, não vou me ofender, aliás, sou humano e sei que erro, estou aqui para melhorar e deixar meus leitores felizes *-*

1° Edição: 13/08/2017 - 16h00
2° Edição: 26/09/2017 - 12h00



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Em algum canto da Floresta Amazônica, Acre, Brasil, 2030.

Um grupo de soldados camuflados da FAB (Forças Armadas Brasileiras) avançavam cautelosamente em direção a um Jequitibá, uma árvore originalmente amazônica, tronco grosso e raízes protuberantes, aquela deveria ser o maior e mais antigo Jequitibá de toda a extensão de vegetação daquela área.

No alto da árvore havia uma espécie de construção residencial, a mais bizarra habitação feita de madeira; a estrutura central era oval com mais outras três extensões alongando e terminando em uma curva, geometricamente falando, parecia uma hélice de três pontas. As extensões encaixavam perfeitamente entre os galhos da árvore, janelas circulares possuíam fachadas com canteiro de vegetações e cortinas feitas de trançado de palha, cipós se estendiam pelas paredes externa da construção, e uma escada levava a parte mais acima da árvore, provavelmente onde havia um observatório.

O local estava em silencio, até mesmo para os padrões de mata fechada, nenhum passarinho fazia barulho, não havia o barulho de cigarras e grilos, não havia o coaxar dos sapos, nem mesmo os rugidos das feras da noite. Tudo que existia era um pelotão de dezoito homens armados, com viseira noturna e ganchos.

“Equipe Alpha: ganchos!” disse uma voz nos pontos eletrônicos aos ouvidos dos soldados.

Seis dos homens prepararam ganchos a cordas e atiraram como arpões de caça aos galhos mais baixos do Jequitibá. Começaram a escalar o tronco como cupins invadindo um propenso cupinzeiro. As luzes da habitação acenderam e brilharam, os escaladores pararam, os soldados no chão apontaram as armas.

“Não atirar! Repito! Não atirar!”

As luzes alternavam em tons de verde, amarelo e azul; o vento uivou, a mata se abriu revelando um céu estrelado e uma lua cheia brilhando intensamente em prateado, então um voz com sotaque italiano reverberou pela mata.

Invocus: Boiuna Indiabratus!

De uma das janelas, um pentagrama verde brilhou, um símbolo surgiu dentro do triangulo: uma espécie de “S” com o desenho de uma chama. Do pentagrama surgiu uma serpente gigante de fogo. Subiu aos céus e cuspiu uma labareda de fogo aos soldados que tentavam subir a árvore, queimando as cordas que os prendiam e fazendo cair de mais de dez metros, gritos abafados de soldados encontrando com o chão, a árvore parecia imune ao fogo, pois não exibiu nenhum sinal de madeira queimada.

Os doze restantes começaram a atirar contra a criatura, mas assim como ela surgiu logo evaporizou com o vento. Era apenas uma distração, do alto da árvore, um encapuzado saltou e caiu de mais de vinte metros, pousando suavemente ao chão a ponto de fazer um arco de poeira que fez os soldados retesar. Das árvores, outra criatura humanoide, mas baixinha, como um macaco, pulava de galho em galho, de baixo só poderiam ver seus olhos grandes esverdeados brilhando na escuridão das copas.

Invocus: Styxbrander

O encapuzado estendeu a mão direita, um pentagrama vermelho brilhou com os símbolos “I” e três retas unidas em um ponto, o pentagrama atravessou seu braço e retornou a frente, surgindo uma lâmina negra que emitia uma luz azulada. O encapuzado avançou contra os soldados e começou a perfurar os seus corpos, tiros começaram a ser disparados. Do alto da árvore, o pequeno-humanoide-de-olhos-verdes-brilhante também portava uma arma, que disparava flashes de luzes verdes contra os soldados.

“Aborta missão, recuar, recuar!” disse a voz.

Era o Sargento Brandão Cavalcante, que comunicava as instruções ao seu pelotão de soldados de sua tenda a quinze metros da árvore, era um homem musculoso, que compensava sua estatura baixa, possuía alguns quilinhos que se exibiam em sua farda, cabelo negro cortado em padrão militar. Ele e mais alguns soldados estavam à tenda observando o “progresso” da frota através de câmeras que estavam presas ao capacete dos enviados e viram o massacre ao vivo, as câmeras apagavam uma a uma, até que a última mostrava um soldado correndo de volta a tenda, flash, o soldado cai e a câmera apaga.

— Para onde eles foram? — perguntou Sargento Brandão.

— Estamos bem aqui! — Deitado em cima de uma mesa de mapas, um jovem de aparentes trinta anos, veste de pano, longa capa com capuz arroxeada estava com uma carambola à mão e a mordia. Então disse de boca cheia. — Já experimentaram? É muito boa!

Os soldados a tenda apontaram seus rifles e revolveres, mas Sargento Brandão fez sinal com a mão para que abaixassem as armas.

— Nada de armas, viemos conversar!

— E o que eu teria de tratar com o senhor? — disse de boca cheia o encapuzado, que se sentou e retirou o capuz, revelando o rosto de um caucasiano, olhos negros, cabelos escuro e cortados baixo. — Velho buscar Ulisses? Pois saibam que não permitirei que o levem, ele não possui culpa dos acidentes causados em...

— Ulisses? Você se refere ao ET de Varginha? Você deu nome àquela criatura? — perguntou o general sorrindo.

— “Aquela criatura” tem uma vida, tem família, e tem minha proteção! — disse o encapuzado estendendo a mão, que brilhou e formou um pentagrama verde. — E estou quase perdendo a paciência com vocês, o que devo fazer para não pulveriza-lo agora?

— Espere um momento! — clamou o sargento, estendendo as duas mãos em rendição. — Não viemos em busca do ET, digo... Do Ulisses. Nós viemos buscar você, Bruno Giocondo!

Bruno tremeu ao ouvir seu nome, desde que desaparecerá não sabia o que ocorria na cidade grande, abrigava Ulisses, e como ele tinha habilidade de rastreamento de satélite, conseguia pouco se atualizar sobre o mundo afora; o Ulisses contou-lhe que seus livros de orientação foram encontrados, e principalmente que vendiam muito e que ele era um autor famoso. Bruno não queria fama, e saber disso foi mais um motivo para não querer voltar e apreciar seu dom de artes do ilusionismo e misticismo onde deve ser praticado, na natureza.

Foi assim que Ulisses conheceu Bruno, ele ainda era um ET perdido em cavernas do Cerrado brasileiro, perseguido, prendido e refugiando sempre, tinha habilidade com tecnologia e hacker, o que fazia dele um expert em conhecimento terráqueo. Desde que desceu a Terra aprendeu nossa língua, nossos costumes e se apaixonou pelo povo brasileiro, mas ainda era um ser calado. Dentre suas peripécias, ele encontrou os trechos do livro de Bruno antes mesmo de serem publicados, e conseguiu encontrar uma criptografia por dentro de uma criptografia, a localização do autor, e foi assim que o ET encontrou seu novo amigo e companheiro, o místico Bruno.

— Eu?! — perguntou Bruno, incrédulo o encapuzado apagou o pentagrama e retraiu a mão. — Explique-se!

Sargento bufou aliviado.

— Vivemos um período de crise, não sei se acompanha as TVs, mas...

— Eu não assisto, é uma enfadonha distração ao que é realmente necessário. Porem Ulisses tem uma... Então ele vive falando sobre a taxa de criminalidade aumentando, prossiga! — ordenou Bruno, mostrando que ele manda no local.

— Pois então, estamos vivendo uma guerra entre facções, os comandos do tráfico ainda operam por todas as capitais, mas agora como formigas de uma colônia, eles possuem uma matriz; Precisamos de ajuda para derruba-los, o Morro do Alemão foi dominado novamente e todas as comunidades adjacentes estão a serviço de alguém realmente poderoso e...

— Isto não é algo que esta em meus planos. — interrompeu novamente Bruno. — Por que eu deveria auxilia-los em sua enfadonha crise humanitárias? Eu não devo nada a sociedade...

— Talvez eu devesse prendê-lo por assassinatos de homens inocentes... Sua pena de reclusão seria servir a Nação Brasileira e...

— Eles não estão mortos, e garanto que os tiros de Ulisses não os mataram, posso trazê-los de volta ao consciente, porém não garanto que o futuro deles será o mesmo que o seu destino e suas ameaças! — disse Bruno, com o tom de voz mais alto, por um momento ele parecia mais velho e determinado.

— Eu não queria suborna-lo, mas não tenho escolha... — o sargento caminhou até o mini freezer que havia no local, abriu e de dentro retirou um cilindro de metal alumínio, ele apertou um botão lateral e o cilindro revelou ser um compartimento que abriu verticalmente e mostrou-se um interior almofadado com uma esfera de pedra com símbolos entalhados em branco.

— Um dos oito Orbes, como encontraram? E o que impede de que eu os roube? — perguntou incrédulo, Bruno.

— Primeiro por que sabemos que você tem cinco dos oitos Orbes, sabemos também o quanto de poder cada um tem, mas nenhuma de nossas cobaias sabe operar as duas que possuímos! — disse o general. — Como encontramos é confidencial.

— Duas? — perguntou Bruno, sua mão estava ansiosa para tocar no Orbe ali presente. — Onde está a outra?

— Segura. Será o pagamento após os seus serviços, este aqui é um pagamento adiantado, o Orbe da Ordem, sei que confere o poder de controlar qualquer ser vivo, excluindo os humanos, li isso em seu livro... — disse General. — Quanto ao terceiro Orbe, o da Morte, nós também sabemos sua localização, esta nas mãos de nosso inimigo, é assim que ele está operando, comandando as áreas periféricas através do medo...

Bruno estendeu a mão para pegar o orbe, mas voltou atrás.

— E se eu não optar em ajudar?

— Bom, vamos tentar te deter, provavelmente muitos vão morrer no processo, esse compartimento se fechará e a tranca só aciona com as minhas digitais, você não terá a localização e nem a posse do outro Orbe. E também tem outros motivos... — o sargento bateu palmas e da entrada da tenda surgiu um homem.

O senhor deveria ter meio metro a mais que todos os presentes, ele teve que se abaixar para poder adentrar a tenda, seu corpo era musculoso, muitos bíceps, tríceps e outros “ceps” sendo exibida entre sua camisa verde regata. Trazia sobre o ombro direito, um enorme saco de pano, como se fosse o Papai Noel fora de época, era careca e parecia um projeto de ogro. O saco agitava, havia alguém em seu interior, Bruno calculou que deveria ser uma criança ou...

— Solte Ulisses! — ordenou Bruno, levantando a mão novamente, exibindo um pentagrama e ameaçou. — Ou terei que atear fogo na tenda.

Sargento Brandão o ignorou e caminhou ao lado do homem gigante.

— Conheça Guto, mas popularmente conhecido como o Homem do Saco! — disse o sargento. — Jovial não é mesmo... Aquela história de ele ser um velho é uma invenção, bom, quase... Sem seu saco ele perde sua juventude e realmente se transforma em uma criatura decrépita, mas enquanto o possuí ele mantem essa aparência e também a magia de prender qualquer criatura!

Bruno havia entendido, sua magia poderia fazer muitas coisas, mas era ineficaz com a própria natureza, magia era incombatível com magia, havia aprendido isto com seus conhecimentos, como de praxe, a não ser o próprio portador, ninguém poderia anular a magia daquele saco, ou pelo menos não em seu estado atual, com apenas cinco orbes. Bruno relutou, Ulisses era seu amigo, é claro, o primeiro ser a descobri sua localização, o primeiro a vir ao seu encalço, ele esperava encontrar aprendizes, mas o que encontrou foi um amigo.

— Tudo bem, eu faço questão de entrar a equipe, mas depois quero total confiança de que nos deixarão em paz, ou a magia irá consumi-lo, jure pelos Orbes! — disse firmemente Bruno.

— Eu prometo que será apenas uma missãozinha...

— Pelos orbes! — ordenou Bruno.

— Pelos Orbes, eu prometo que libertarei vocês logo após nossa enfadonha missão, se... For cumprida com êxito.

Um trovão rimbombou do lado de fora da tenda.

— Ótimo! — disse Bruno mais tranquilo. — Agora libertem Ulisses.

Sargento estalou os dedos. Guto, ou Homem do Saco, abriu o seu saco e deixou cair uma criatura humanoide. Deveria ter um metro e meio, tinha a pele vermelha, cristas onduladas em uma cabeça protuberantes, olhos longos e que variavam na cor de verde e vermelho, corpo magro, mãos e pernas com três dedos. Ele chiou em uma língua não conhecida e mostrou os dentes ao sargento. Para ele, um velho conhecido que o já havia capturado antes.

— Eu... (ruídos) não trabalhar... (mais ruídos) ele! — apontou Ulisses ao sargento com seu dedo longo e magrelo.

— Não se preocupe, ele jurou pelos Orbes, assim como jurei aos Orbes lhe proteger. — disse Bruno a Ulisses, então olhou sério ao sargento. — Ah não ser que ele deseje queimar no fogo do inferno!

— Creio que seu amiguinho ficará muito feliz com a surpresa que temos a ele! — disse o sargento mostrando um sorriso simpático.

Ulisses chiou ao sargento, mas logo se calou momentaneamente, como se pressentisse algo familiar.

— Casa! — disse.

Então três luzes, como holofote, brilharam sobre o tecido da tenda, um barulho como de tecla de um piano, vinte vezes mais alto foram emitidas de algo lá fora. Todos os presentes deixaram a tenda, Bruno não conseguia acreditar no que via, era espetacular, nunca havia visto um meio de transporte tão fabuloso.

— A primeira parte da missão... Recrutar novos membros, o Homem do Saco irá com vocês, já chamamos muita atenção do governo mandado tropas no meio do nada com desculpa de treinamento militar, nossos contatos serão sigilosos, esta missão deve ser o menos barulhenta possível... — sargento Brandão o entregou uma pasta com arquivos de algumas criaturas fantásticas dos contos brasileiros e o Orbe da Ordem como pagamento adiantado.

***

Guaratinguetá, São Paulo, 2030.

— Você acha mesmo que conseguirá captura-la com o saco? — perguntou Bruno a Guto, o gigante não respondeu.

Bruno e Guto foram encarregados de encontrar um ser espectral que habitava a Escola Estadual Conselho Rodrigo de Alves. Era manha e Ulisses ficou na nave posicionada a quarteirões de distância, em uma praça, ele disse algo sobre conseguir camufla-la, confiei nele, mas os paulistas já teriam matéria para amanhã: “OVNI sobrevoa a cidade de São Paulo”.

O prédio possuía uma planta quadrada, Bruno e Guto haviam observado isto nos arquivos dado pelo Sargento Brandão, visto pessoalmente era uma construção de três andares, possuía telhados vermelhos, pintura amarela, uma escadaria que levava a entrada e muitas janelas, um típico prédio abandonado paulista em que as pessoas teriam medo de se aproximar temendo serem observados por assombrações ou gangues de rua. Bruno abriu a pasta e observou os dados.

Loira do Banheiro

Nome: Maria Augusta (ou Maria Sangrenta)

Tipo: Ser espectro (fantasma)

Habilidade: invisibilidade, intangibilidade, possessão.

Bruno gostaria de saber quem teve tempo de pesquisar sobre todas estas informações, Ulisses era classificado como “Ser extraterrestre”, Bruno classificado como “Ser mágico”, assim como o Homem do Saco, era até irônico vendo os conhecimentos sobre o que eles chamavam de “magia”. O ocultista classificava Guto como um homem que possui um item mágico, pois de ser mágico ele não possuía nada. Nos poucos tempos que ficaram juntos, ele era tão mais silencioso quanto Ulisses, conversando através de arrotos no jantar e soltando gases durante a noite.

Era cedo, então não havia nenhum policial que pudesse prendê-los por vandalismo, para disfarçar com a sociedade, Bruno resolveu vestir as velhas vestes, camisa branca de manga, calça jeans, tênis; mas manteve a capa com capuz. Com um pouco de magia, conseguiu destrancar o cadeado, abrindo a um pequeno corredor-saguão que possuía uma bancada de atendimento no começo e duas portas de madeira de cada lado; ao fim do saguão, o caminho se abria em dois corredores laterais e um corredor central que se levava ao pátio interno.

— Que local estranho para um espirito assombrar, aqui no histórico diz “banheiro feminino”! — disse Bruno. Guto grunhiu como resposta — Você não é de falar muito...

—...

— Então Guto, como funciona seu saco? Por força do pensamento? Ou simplesmente ele possui vida e é empático com você? O que acontece se você não estiver com ele? — perguntou Bruno, a curiosidade do ocultista era imensa.

Entretanto Guto nada disse. Juntos, eles seguiram ao pátio aberto, mesmo a luz do dia, ele era assombroso, não havia vegetação além de uns pequenos matinhos crescendo em alguns cantos, mudas quebrando o asfalto, pedaços de madeira e papel, provavelmente documentações, estavam entulhadas em um canto, havia muitas poças de lama. Mais o mais assustador ainda era a quantidades incontáveis de janelas, Bruno se sentia observado.

Uma série de gritos femininos reverberou pelo pátio.

— A voz emitiu daquela direção! — indicou Bruno. — Vamos averiguar!

Ambos correram em direção ao segundo andar do prédio, um corredor lateral esquerdo. Subindo as escadarias, o grito soou novamente, uma garota estava desesperada e parecia pedir que alguém se afastasse dela. Todas as portas daquele corredor estavam trancadas, com exceção de um, entreaberto, havia a inscrição “sala 13-B” entalhada na madeira. Quando adentraram, encontraram com duas pessoas.

Era uma sala de aula abandonada, o quadro negro estava pichado, as carteiras estavam afastadas, um espelho preso à parede, um colchão estava ao chão. De um lado, encostada na parede, uma garota se cobrindo com um lençol, deveria ter quinze anos, pele negra e cabelos escuros cacheados; do outro canto, apreensivo, um homem nas faixas dos trinta anos, par de óculos, calvo, pelos no peito nu e uma almofadas cobrindo as partes intimas, enquanto a outra mão pedia silencio a garota.

— Quem são vocês? — perguntou a menina aos prantos. — Ele tentou me violentar!

— Guto, afaste-o dela! — disse Bruno correndo em direção à garota para socorrê-la.

— Não! Não se aproxime. Isto não estava no combinado... — disse a moça.

Bruno deu um passo para trás, “combinado? O que ela queria dizer?” se perguntou o ocultista; Guto estava caminhando em direção ao homem com o saco pronto para aprisiona-lo.

— Espere, ela é maluca, foi ela que me convidou a este lugar... Eu... Eu não quis fazer nada contra a força dela, foi tudo consentido! — disse o homem em gaguejos. — Diga a eles sua maluca!

— O que ele quer dizer? — perguntou Bruno se virando a garota.

A garota parou de chorar e começou a gargalhar, sua risada ampliou por toda a sala, o homem assustado tentou sair correndo da sala enquanto Guto e Bruno se distraíam, mas a porta trancou-se abruptamente, deixando os três presos com uma garota nua. O homem tentou forçar a fechadura, sem sucesso.

— Homens! Sempre defendendo homens! — os olhos da jovem brilharam em dourado, seu corpo nu levitou ao ar, um pentagrama de sangue havia sido desenhado acima da região pélvica, “Isso não é bom!” pensou. Ela começou a entoar. — Maria Sangrenta, Maria Sangrenta, Maria Sangrenta...

As janelas abriram com força, ventos fortes invadiram o local, papeis e madeiram voaram, Bruno fez um pentagrama vermelho brilhar, o símbolo “O” e três retas partindo de um ponto surgiu ao pentagrama; um campo mágico o cercou. Guto não parecia se importa com os pedaços de madeira que lhe atingiam, ele parecia ter um físico de touro. Quanto ao senhor não diria que teve a mesma sorte, ele se agachava para se proteger, mas era espancado pelos objetos voando em torno de seu corpo. A garota nua ainda cantarolava aquele nome.

Então o espelho preso à parede tremeluziu como se atirasse uma pedra no lago e provocasse ondulações, um corpo feminino surgiu no reflexo e começou a atravessa-lo, como se fosse um portal. A nossa frente havia uma mulher albina de longos cabelos loiros da cor de palha, um vestido branco esfarrapado, olhos brancos e boca aberta com lábios vermelhos sangue.

— Ricardo Ferreira, você foi aqui amaldiçoado para pagar pelos seus crimes! — disse a mulher do espelho.

— Mas eu não fiz nada! — defendeu-se o homem nu.

— Ah fez! — a mulher negra descia lentamente de volta ao chão, sua expressão estava entre raiva, tristeza e nojo. — Você foi o desgraçado que matou minha irmã, ou não se lembra de Lívia, a garota que você abusou sexualmente quando ela tinha a minha idade? Ela se matou há dois anos, não aguentou viver a barbaridade de ter sido violada.

— Diana? — perguntou Ricardo. — Eu... Por isso achava que conhecia você de algum lugar, você me seduziu para buscar vingança? Eu fui sentenciado inocente e...

— Mentira! — gritou Diana, e um pedaço de madeira acertou Ricardo na cabeça, o derrubando ao chão. — Você subornou os juízes, sua acusação for arquivada pelo que disseram ter falta de provas suficientes... Eu o vi, eu tinha dez anos, mas eu testemunhei você violentando minha irmã, e mesmo assim meu depoimento foi em vão... Você matou minha irmã.

— Eu não sabia que ela havia se matado... Eu teria ajudado, eu...

— Cala a boca, seu verme! — disse Diana fazendo movimento de vai e vem com a mão, uma barra de ferro perfurou a barriga de Ricardo, que começou a cuspir sangue.

— O que você quer? O meu dinheiro? Eu posso pagar qualquer quantia, posso te deixar rica, mas, por favor, me salve... — disse Ricardo segurando a barra de ferro com as mãos, enquanto sangue escorria do ferimento.

— Você não teve pena de minha irmã quando ela suplicou para você parar, eu não terei o mesmo.

— Eu a amava...

— Chega, não quero mais ouvir suas palavras! — Diana se virou ao fantasma. — Serviço completo... Minha irmã, ela não merecia... Maria Sangrenta, por favor! Eu rogo minha mortalidade em troca de condena à alma deste pecador ao inferno!

O pentagrama desenhado no dorso da garota queimou e brilhou, seu corpo entrou em chamas. O fantasma se virou ao homem, com os braços estendidos ela avançou contra Ricardo, seus dentes cresceram em sua boca aberta, seus dedos se alongaram para frente com garras e então ela estava sobre o pescoço caído do homem ao chão.

— Espere! NÃO! — infelizmente um grito final, antes da mordida fatal em sua jugular.

O homem gritou e se contorceu de dor, Hugo assistia sem demonstrar piedade, Bruno virou o rosto e fechou os olhos, odiava presencia a morte de seres vivos, mesmo que estes realmente mereciam ser punidos. Membros começaram a ser desmembrados; entranhas a serem desfiadas e pele arrancada, o que sobrou do “pobre homem” foi apenas pedaços não identificados e uma barra de ferro; mesmos os ossos pareciam ter sidos dilacerados pela Maria Sangrenta.

Bruno quando afastou o olhar, voltou-se a Diana, mas em seu lugar apenas havia cinzas e uma boneca de pano, igualmente a ela, trinta centímetros de graciosidade. Por impulso ou burrice, ele tomou a boneca à mão, um instinto de proteção.

— Puxa vida, ficar preso dentro do espelho me deixa com pouco espaço para esticar! — disse Maria Sangrenta terminando de se banquetear e lambendo os dedos da mão e os lábios. Ela se transformou em uma bela jovem de aparentes vinte anos, olhos castanhos, cabelos loiros e com mais vida — Oi rapazes, vieram ser minha refeição ou contratar um serviço?

— Serviço? Você é a famosa Loira do Banheiro? — perguntou Bruno.

Maria se arrepiou e chiou, por um momento voltou a sua forma anterior de fera.

— Odeio esse nome! — disse Maria com desdém. — Mas sim, sou a famosa Loira do Banheiro.

— O que foi isso que acabou de ocorrer aqui? — disse a entregando a boneca de pano.

— Ai que bonitinha! — disse Maria pegando a boneca de minha mão. — Foi um acerto de contas, fofinho; sou um espirito vingativo, em troca de sua alma, posso condenar qualquer um que desejar...

— Espere um momento, aquela garota está...

— Morta? Nunca me perguntei para onde as almas são encaminhadas, não sei se elas ficam aprisionadas nas bonecas ou se estão livres, mas sim, elas desaparecem, morrem e simplesmente deixam de existir... — disse Maria com toda a tranquilidade do mundo, ela parecia bem natural em informar isto, Bruno tinha vontade de lhe oferecer um lenço para limpar o rosto. — Agora vocês não são muitos cavalheiros, ainda não me responderam a minha pergunta, o que vieram fazer aqui?


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Notas finais do capítulo

Ei, obrigado por ler este capítulo.
Críticas serão aceitas, dicas também, deixe nos comentários o que você achou deste primeiro capítulo.
O autor.

Edit (13/08/2017): Tomado pela ânimo de começa a história, e rapidez em postar o primeiro capítulo, acabei cometendo alguns erros gramaticais, seria gratificante ser alertados sobre, nos comentário, não vou me ofender, aliás, sou humano e sei que erro, estou aqui para melhorar e deixar meus leitores felizes *-*



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