Me chamam de Corvo (Bulletproof) escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 4
A proposta


Notas iniciais do capítulo

1 - Desculpem a demora
2 - Vou viajar para a Bienal do Rio, me perdoem se eu nao postar nesse tempo. Se alguém for tb passa no meu estande kkkkk
3 - Essa é a parte em que vocês descobrem o motivo do nome da história (e não é só Baepsae)



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Nosso palpite foi que ela se candidatasse como vendedora em alguma loja de coisas para bebês, mas só entendi o que ela quis dizer quando Namjoon recebeu uma ligação e franziu o cenho.

— É o PD-nim.

O chefe disse que queria falar conosco pessoalmente e marcou uma reunião para o dia seguinte. Logo depois que Namjoon me explicou isso, ela abriu a porta, e estava feliz.

— Gente, eu consegui uma entrevista para amanhã.

— Você foi pedir emprego na Big Hit? — perguntou Namjoon, ainda um pouco surpreso.

— Sim. Eu não sabia se ia dar certo, mas parece que deu. Claro que eu contei todo o meu drama familiar, etc. Nenhuma mentira. Uma verdade que pode nos ajudar.

— Pode — eu admiti. — O PD-nim adora mimar a gente.

No dia seguinte, nós três fomos para a Big Hit, e recebemos o seguinte discurso do nosso amado chefinho.

— Antes de mais nada, eu queria dizer que vocês são três malucos. Mentir sobre a paternidade de uma criança e morar sozinhos só com dois empregos. Se bem que… Eu sempre soube que vocês eram sete malucos. Enfim, continuando. Vocês sabem que eu não posso colocar vocês de trainees, porque o certo é ter um grupo, e é bastante difícil reerguer o BTS. Mesmo que eu consiga cinco trainees para ficar junto com vocês, essa é uma ideia meio medonha. Mesmo que eu pudesse colocar vocês de trainees, eu não quero. Primeiro porque o Jin ainda está se recuperando. Segundo, porque vocês dois não são exatamente os melhores dançarinos que eu conheço. Terceiro, porque eu não faço ideia se essa menina canta e dança. A ideia de um grupo com vocês três é até bonitinha, mas não sei se esse grupo tem potencial.

— Nossa, pode parar de humilhar a gente já — disse Namjoon.

— O quarto motivo…

— Ainda tem quarto? — perguntei.

— O mais importante. A bolsa dos trainees é uma opção terrível pra vocês. Não dá muito dinheiro, o que significa continuar trabalhando no posto de madrugada, treinando de manhã… Vai ser um inferno o horário de vocês, exigir muito treino e concentração, sem tempo para bebês. Então, a proposta é a seguinte. O Namjoon já tem um histórico de composição. A vaga de compositor vai te dar mais dinheiro, menos trabalho e um horário mais flexível. Jin já entende bastante sobre os esquemas da empresa, pode ser auxiliar administrativo, o que significa bem mais dinheiro, o dobro, talvez. O trabalho é um pouco puxado, mas você divide com outros do mesmo cargo, e eu consigo um horário flexível. Dá até para ser manager e acompanhar alguns artistas para fazer um extra. Já a Yumi… Em uma única conversa eu percebi que você tem carisma, ao contrário da nossa atual recepcionista, então eu vou reduzir a carga horária dela para que você possa trabalhar no turno da manhã. Isso significa um pouco mais de dinheiro que a bolsa de trainee, e o único trabalho é ser legal e dar informações úteis.

— Hum… — perguntou Yumi. — Por que o turno da manhã? Só curiosidade.

— Essa é uma excelente pergunta, e a excelente resposta é que isso faz parte do plano de carreira de vocês.

— Plano de carreira — repeti, tentando entender qual era a do PD.

— Bom, não pensem que eu vou deixar vocês por trás dos panos para sempre. Existem cargos muito mais legais aqui. Quero levar vocês para a produção musical. Um trabalho muito mais legal por muito mais dinheiro. Isso se tiverem interesse em atuar na área.

— Eu tenho — disse Yumi. — Muito melhor que ser modelo.

— Você sabe que a gente tem — eu disse. — Mas pra isso precisa de faculdade.

— Faculdade essa que vocês farão na Universidade Nacional de Seoul com uma bolsa de estudos paga pela empresa, no turno da tarde. Por isso “turno da manhã” e “horário flexível” fazem parte da proposta. Para estudarem à tarde.

— Opa, aí eu vi vantagem — disse Namjoon. — Muita vantagem.

— Pois é. Quando a criança nascer, vou conseguir uma licença maternidade e… pasmem… uma licença paternidade pro Jin. Só o Namjoon vai ficar aqui de molho. Até lá, vocês terão aprendido o suficiente sobre produção musical para que eu possa ter uma nova proposta que facilite vocês cuidarem da criança enquanto trabalham e estudam. A proposta inicial está aqui — PD mostrou o contrato para a gente. — Leiam com calma e decidam.



Não demoramos muito para assinar. A proposta era muito melhor do que madrugar no posto para ganhar merrecas. Com a proposta, nossa renda seria mais que o dobro, e ainda estaríamos estudando para conseguir empregos ainda melhores e garantir o futuro do biscoitinho. Já imaginávamos que teríamos que nos dobrar quando a criança nascesse, mas o PD garantiu que daria um jeito, nem que ele tivesse que cuidar do bebê por umas horas, embora achasse que os nossos pais acabariam amolecendo e abrindo a creche dos avós.

O período de transição foi meio louco. Eu fiquei algumas semanas trabalhando nos dois lugares, porque tinha recebido o salário no fim do último mês, praticamente sem trabalhar. Depois de fechar um ciclo, ficamos trabalhando só de manhã até o início das aulas. PD adiantou um pouquinho do pagamento para que pudéssemos comprar alguns materiais escolares básicos.

Quando eu fui ver, nós três estávamos entrando no câmpus Seoul como alunos de 1° período de Música.



A universidade era completamente diferente do segundo grau. O câmpus era enorme e cheio de gente nos espaços abertos. Nós andamos pelo câmpus e fomos vendo tudo aquilo que era novo e parecia extraordinário… Só nas primeiras duas semanas. Fatalmente nos acostumamos à vida universitária: os professores malucos, as aulas práticas de música, a turma cheia de panelinhas, a sala do CAMUS para ficar sem fazer nada nos tempos vagos, a biblioteca (que era o lugar favorito de Namjoon), a cantina (que era o meu lugar favorito), a quadra onde os times treinavam… A nossa atlética era a Corvos, mas nós três não fazíamos nenhum esporte. Olhar pro basquete me fazia lembrar dos meninos, principalmente do Suga. Era complicado. A Corvos era a atlética geral, mas alguns cursos tinham atléticas fechadas. Era o caso da Engenharia, que tinha a Monarquia. Estávamos indo para a biblioteca e passamos pela quadra central, onde estava acontecendo um amistoso entre os times de basquete. Eu sempre tentava ignorar a quadra, principalmente quando se tratava de basquete, mas era impossível não notar. Havia muita gente acumulada nas grades. Lá, dentro, as meninas de azul e amarelo gritavam como os Reis do Basquete eram demais.

— Eles se acham muito, né? — comentou Namjoon. — Se acham exclusivos e tal…

— Eles têm ciúmes dos Corvos — explicou Yumi, que era quem manjava das atléticas — porque vieram primeiro, foram a primeira atlética do câmpus. Depois vieram atléticas de outros cursos, que decidiram se unir e formar a Corvos, mas a Monarquia não aderiu.

— Belíssima decisão — comentou Namjoon. — Agora mesmo que eles devem ter muita raiva. Não tem como a atlética de um curso só ser mais forte que uma geral.

— Então por que eles têm líderes de torcida e os Corvos não? — perguntei.

— É verdade — notou Namjoon, olhando de novo para a quadra. — Por que uma atlética de Engenharia tem líderes de torcida enquanto uma atlética de vários cursos, inclusive Música, Belas Artes e Humanas…

— Na verdade, houve um projeto para montar um time — revelou Yumi. — Não funcionou justamente por causa dos cursos mais de humanas, que achavam que Cheerleading era só dança.

— Cheer… o quê?

— Cheerleading — explicou-me ela. — É o esporte das cheerleaders, as líderes de torcida. Todo mundo acha que ser líder de torcida é dançar, mas não é. Tem muita ginástica, acrobacias, elevações…

— As Princesas fazem isso tudo? — perguntei. — Eu só vejo elas dançando e pulando.

— Mais ou menos. Elas tentam. Fazem umas elevações bem tremidas, umas acrobacias tortas… mas é pouca coisa. Elas nem ao menos conhecem as regras do esporte, aposto que viram tudo no YouTube para tentar copiar. As flyers não fazem nada na elevação, e elas só fazem as simples, não tem nem lançamento, nem uma máxima, nem sequer um liberty… Elas nem têm coach!

— Pelo visto você sabe bem mais que elas — comentei.

— Então… Eu sou formada em um curso de coach pela União Sul-Coreana de Cheerleading.

Eu e Namjoon paramos instantaneamente.

— O quê? — perguntei, chocado.

— Quando você pretendia contar isso pra gente? — questionou Nam, sempre o falso indignado.

— Ah, isso foi no Segundo Grau, gente. O curso se faz em um fim de semana, mas é os olhos da cara, também. Eu fui coach do time de uma escolinha durante alguns meses.

— Menina, você esconde umas coisas desnecessárias — eu disse. — Por que você não tenta montar um time para os Corvos?

— Não deu certo da primeira vez. Elas só dançavam, e quando descobriram que era um esporte, foram desistindo por não conhecer as regras.

— Agora existe uma certa pessoa que conhece as regras e pode ensinar a quem realmente estiver interessado.

— Só pra te lembrar, Jin, essa pessoa está grávida.

— Você não precisa fazer as acrobacias, só treinar o time — lembrou Namjoon.

— Por que vocês estão tão animados? Até parece que querem ser cheerleaders.

— Se tivesse cheerleader homem eu até iria — falei, porque de repente estava interessado. Yumi olhou para mim como se eu fosse o maior idiota do universo.

— É óbvio que tem cheerleader homem. Mas as equipes de Co-Ed só podem ter dois homens por flyer.

— Ih, para de falar difícil, criatura — disse Namjoon. — Se quer ter uma conversa decente sobre esse esporte que eu mal conheço e já considero pacas, trata de montar um time.

— Então não vamos à biblioteca. Vamos falar com o presidente da atlética. Ele deve estar na sala dos Corvos agora, e como ele é um caro amiguinho de vocês, ele deve se animar.


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Notas finais do capítulo

É ou não é a coisa mais noiada que vocês viram hoje?



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