Me chamam de Corvo (Bulletproof) escrita por Jéssica Sanz


Capítulo 3
O futuro é diferente


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei? Não sei...
Tô bastaaaante atolada com a faculdade e as outras coisas, mas garanto que tô escrevendo pra caramba... Já tô no clímax, capítulo 12.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/740373/chapter/3

Tal como imaginei, contar para os Choi sobre a gravidez da Yumi foi uma tarefa árdua. Nós três entramos na casa depois de um longo processo para convencer Namjoon de que aquilo daria certo. No fim das contas, ele percebeu que era uma decisão racional: Não havia como deixarmos o filho do Jungkook sozinho. Ele não estava ligando muito para Yumi, mas “não odiá-la” já era um avanço. Eu tinha certeza que o resto viria com o tempo.

A casa da Yumi era bastante sofisticada. Era domingo, os pais dela estavam em casa. Não foram com a minha cara desde o primeiro momento, mas fizeram um escândalo quando anunciei que ela estava esperando um filho meu. A mãe dela começou a andar desesperada pela casa, e o pai começou a gritar comigo e ameaçou bater na Yumi. Aquilo me deixou irado. Eu me coloquei na frente dela e comecei a gritar também, já que aquele era o tom de conversa dele.

— Eu não faço questão que você ajude, nem ao menos que aceite. Eu só vim aqui pra contar porque achei que seria legal que você soubesse, mas a sua opinião não importa nem um pouco pra mim. A Yumi vai morar comigo, e nossa criança também, quando nascer. Eu tenho tudo para elas, e não preciso de vocês para ajudar com um won. Mas, se quiser ajudar sem nenhum tipo de violência será bem-vindo. Porque eu estou assumindo minha responsabilidade como pai, talvez você devesse fazer o mesmo.

Ele gritou mais algumas coisas enquanto eu segurava a mão de Yumi e empurrava os dois para a porta. Não queria ficar ali nem mais um segundo.

No carro, a caminho da minha casa, comentaram como eu era um bom ator.

Meus pais e meu tio estavam em casa, o que me pareceu ótimo. Queria que aquela fosse a última vez que eu olhava para meu tio. Sempre gostei muito dele, mas depois de ouvir o que ele disse sobre os meninos, ele tinha se tornado simplesmente repugnante.

Nós entramos, e meu tio já olhou torto para Namjoon. Para minha sorte, meu aviso tinha funcionado e ele tinha parado com suas tentativas de nos afastar, mas Namjoon ainda era considerado uma péssima companhia. O mais curioso foi que o olhar do meu tio se iluminou quando viu a Yumi entrar, como se a simples hipótese de eu estar namorando uma garota de novo fosse motivo para festa.

Os três ouviram a história com paciência, mas meus pais pareciam preocupados. Eu sempre sinto que deveria dar um jeito de tirar meus pais de perto do meu tio, porque ele é um manipulador e tanto, mas não sei como posso fazer isso. Meu tio não parecia tão preocupado com a minha prematura paternidade, talvez porque achasse que isso ia me afastar do Namjoon.

A pior parte foi quando eu disse que nós três iríamos morar juntos. Meus pais não queriam que eu saísse de casa de novo, e meu tio não suportava a ideia de que eu morasse com o Namjoon. Eles chegaram a dizer que abrigariam Yumi lá em casa, mas eu fiz de tudo para recusar, até conseguir. Já não me sinto seguro perto do meu tio, muito menos tendo a criança. Meu argumento foi que Namjoon não poderia sustentar sua casa sozinho, então nós ficaríamos com ele. Não aceitaram, mas eu disse que eles não precisavam concordar com nada. A decisão cabia apenas a nós.

Depois disso, nós saímos. Não chegou a ter nenhuma confusão, mas o clima ficou tenso. Sair de lá foi um alívio.

No caminho para nossa casa, um discurso duplo — meu e de Namjoon — sobre como a casa era simples… É, nossa casa era horrível, mas a gente daria um jeito. Começamos os três a pensar em que cor de tinta ficaria legal, etc. Yumi parecia que não iria se importar com qualquer muquifo, mas eu sabia que ela era tipo uma donzela, no fundo. Estava apostando que ela iria torcer o nariz ao entrar no nosso cafofo, mas não foi o que aconteceu.

Namjoon foi mostrando os cômodos, e ela foi apreciando o tour com encanto. Depois de algum tempo, eu me arrisquei a perguntar por que ela estava tão deslumbrada se era acostumada a muito mais.

— Eu sempre tive tudo, então é uma aventura! A casa onde eu fico no Japão também é pequena e simples. Essa aqui não está tão ruim quanto vocês disseram… Só passar umas camadas de tinta nessas paredes pichadas, pensar numa iluminação e o resto a gente arruma… Quer dizer… Vocês se viraram muito bem, aqui. Essa decoração reciclada tá uma gracinha.

— Era o que tinha — eu disse.

— É o que vai continuar tendo — ela evidenciou. — Vamos ver os quartos?



— Nós dormíamos aqui no quarto dos hyungs com o Suga — disse Namjoon. — J-Hope e os mais novos dormiam aqui.

Sem hesitar, Yumi entrou no quarto maknae. Ela observou tudo em volta, as bagunças de menino, os colchões misturados com travesseiros e edredons e malas cuspindo roupas nos cantos. Nem mesmo guarda-roupa havia ali. Mas havia alguma organização: embora os colchões estivessem meio virados, dava para ver que cada membro tinha sua área.

Yumi foi para o exato colchão de Jungkook. Provavelmente ela reconheceu alguma das mantas que mandamos na viagem. Ela abaixou de frente para o colchão e sorriu. Parecia estar imaginando o Jungkook deitadão ali, olhando para ela. Depois, ela virou para trás. Boa parte das coisas dele ainda estavam feitas. Ela mexeu nas malas e pegou alguma blusa que viu jogada por ali. Ela a cheirou por alguns segundos e começou a chorar silenciosamente.

Eu a entendia bem. Tinha chegado na casa havia dois dias, e passado por aquele processo de reconhecimento do fato de que os meninos não estava ali. Namjoon me contou que, no dia do meu “acidente”, eles ficaram assistindo vídeos meus na sala. É muito difícil voltar para uma casa que sempre esteve tão cheia e bagunçada e, de repente, está vazia. Eu e Nam não mexemos em nada. Não mexeríamos em nada até nos acostumarmos minimamente com a ausência deles.



Os primeiros dias foram mais complicados. Metade do tempo era fazendo planos para o que aconteceria a seguir e arrumando coisas que podíamos arrumar. A outra metade era lembrando de momentos passados, contando histórias, revirando as coisas deles atrás de coisas que os lembrassem. Com o passar do tempo, a primeira metade foi tomando maior espaço.

Decidimos que Yumi teria o quarto maknae só pra ela. Não só por ser o quarto do Jungkook, mas por questões lógicas: ficaria mais à vontade e teria espaço para o bebê. Eu e Nam ficamos no quarto dos hyungs, como sempre fizemos. Passávamos o dia todo tentando dar um jeito na casa, e Yumii só ficava sozinha à noite, quando íamos trabalhar no posto. Estávamos na metade do mês quando aquela nova etapa começou, então logo recebemos o pagamento. O dinheiro foi para as contas da casa, para as compras para abastecer a despensa, e parte para comprar alguns materiais para começar a reformar a casa. O restinho foi para um pote de vidro onde juntaríamos o dinheiro para comprar as coisas do bebê. Esperaríamos saber o sexo para decidir o que comprar.

Houve uma tarde em que Yumi disse que iria passear para ver coisas de bebê e recusou a nossa companhia. Aquilo me preocupou, porque eu sabia que ela tivera certas intenções no passado, mas ela me garantiu que não nos abandonaria.

— Então por que não quer que a gente vá?

— É uma surpresa…

— Então tá mentindo pra gente — disse Namjoon. Sempre implicante, mas felizmente já era brincadeira, apenas.

— Vocês querem que eu conte? Eu conto, então. Eu vou atrás de um emprego.

— Quê? — perguntei, incrédulo. — Nada disso!

— Esse dinheiro é muito pouco. Dá para vivermos, mas não dá para sustentar um bebê e ainda reformar a casa.

— Sem querer ser pessimista, — disse Namjoon, — mas nenhum emprego vai aceitar você grávida. Porque aí vai ter a licença maternidade, e os empregadores evitam mulheres justamente porque ficam grávidas.

— Não se preocupem. Eu sei bem o que estou procurando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Preciso dizer que tô amando a narração do Jin... É muito legal um narrador que manja de sentimentos, etc, e pode falar doideirinhas na narração.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Me chamam de Corvo (Bulletproof)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.