Denso Como Sangue escrita por PhantonRed


Capítulo 3
Isso é Guerra!


Notas iniciais do capítulo

Olá, sejam bem vindos novamente!
Eu estou muito ocupado pra responder os comentários que recebi, mas prometo que irei retornar a atenção que venho recebendo.
Obrigado e boa leitura!
P.S.: o nome do capítulo é uma referência a This Means War, do Avenged Sevenfold.



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6 de Agosto, aqui só existe uma lei: sobrevivência...

Eu já disse que tive um mal pressentimento naquela hora, naquele mesmo dia?

Estava com minha bandeja, escolhendo o que iria comer, hoje era dia de comida italiana, toda terça feira é a mesma coisa... Peguei um pedaço de pizza (eu sei que pizza não é comida, muito menos italiana, mas eu não estava nem um pouco com fome, o que é raro) e fui em direção à uma mesa vazia que ficava bem próxima à janela, me sentei como sempre, no lugar mais solitário e isolado que achei. Ethan foi chamado por um grupo de garotas e ele seguiu em direção a elas, mas logo voltou e se serviu lentamente. O que eu fiz? Fiquei encarando o time de futebol americano da escola se servindo. Eles realmente levavam a expressão "homens também são animais" muito à sério, rosnando e se empurrando, dois deles se empurrando com as testas coladas e rosnando um para o outro. Observava tudo com o queixo escorado na palma da mão e estalando a língua, eram cães de guerra brigando pela carne.

Terminaram de se servir e o time inteiro estava vindo na direção justamente da minha mesa. Isso é mau sinal.

—Alguém mandou detetizar o lugar? Porque tô vendo um ratinho sentado na minha mesa. - disse Gregory Hudson, Quarter Back do time e carrasco nas horas vagas.

—O refeitório é ala comum, Gregory, cada um senta onde quiser. - digo sendo erguido pela roupa, Gregory me pegou pelo casaco e me encarou no fundo dos olhos. Senti minha alma gelar.

—Você é surdo, Lee?! - me chacoalhou ele - Sai da minha mesa! - minha mão tateou atrás de mim, eu poderia usar a lâmina que havia escondido no bolso, mas seria arriscado usar ela aqui.

Num ato repentino e impensado, usei a mão direita para jogar a bandeja inteira de comida sobre a pessoa de Gregory Hudson, cujo conteúdo era um pedaço de pizza inteiro, macarrão à bolonhesa, potinho de salada com mostarda, um copo de suco e um outro potinho com pudim (se eu não estivesse assinando minha sentença de morte, teria sido engraçado...). Hudson ficou mais do que furioso! Me olhou mortalmente e me arremessou sobre a sua mesa vindo para cima, me encolhi e praticamente pulei a mesa indo parar do outro lado, tentei passar por baixo dela e me arrastar por entre as pernas de Gregory, logo vendo Ethan... Ainda bem que nessas horas eu tenho um colega de quarto...

—Kenny? - Ethan me viu correndo em sua direção e me escondi em suas costas - O que você quer importunando meu... - Ethan olhou Hudson da cabeça aos pés e teve um ataque de risos o que piorou ainda mais minha situação porque todos viram seu ataque de risadas histéricas e entraram na onda ao ver um Gregory todo sujo de molho de tomate, pudim, suco e mostarda.

Foi então que Hudson decidiu que iria se vingar e despejou toda uma bandeja de macarrão sobre mim e Ethan... Eu me sentia uma fatia de pizza com todo aquele molho, e do jeito que andava a coisa, iria virar o próximo prato da cantina: picadinho de Kenneth a moda do Chef...

—Guerra de comida! - gritou alguém da ponta do refeitório...

Se lembra de quando eu disse que tive um mal pressentimento? Talvez eu estivesse certo... Certo demais!

A guerra de comida virou uma confusão generalizada: Ethan foi para cima de Gregory socando seu nariz, mas antes de cair, Hudson o puxou junto com ele e logo os dois estavam aos socos no chão e eu tentando tirar meu colega de quarto de cima do valentão, era uma verdadeira batalha, estavam já brigando em cima de espaguete, molho de tomate e pizza com queijo. Ethan conseguiu montar sobre Hudson, acertando uma série de socos em seu rosto anguloso, mas logo Gregory o ergueu do chão e o jogou sobre outra mesa e a comida se misturou um pouco com o sangue da boca de Ethan e do nariz de Hudson. Foi quando eu realmente achei que tinha enlouquecido, fiquei entre os dois e tentei separar os dois, acabei levando um murro, o que não deixei barato e revidei algumas vezes, algumas delas com sucesso, outras ele desviava, mas em uma delas eu me dei muito mal.

—Hah! - ele urrou vitorioso segurando meu punho, tão rápido quanto eu o tinha derrubado pizza, ele torceu meu braço para trás e eu me vi de joelhos no chão, meus olhos ardiam com algumas lágrimas de dor que eu sentia escorrer, um estalo meio que oco ecoou pelo refeitório e não enxerguei mais nada ao ser atingido...

[...]

Abri meus olhos e tudo ainda estava muito turvo, ouvia uma voz ainda distante e quando consegui abrir meus olhos e enxergar com clareza, senti minha cabeça latejar, olhei em volta e reconheci Ethan sentado entre pratos quebrados e molho de tomate.

—Tá se sentindo bem? - me apoiou e forcei os olhos por causa da tontura - Acho que a resposta é não... - vi de relance Hudson sair com o diretor e com um talho aberto na cabeça, parecia que tinha batido em algo bem duro.

Olhei para Ethan com uma expressão assustada e ele deu um sorriso fraco.

—O que foi que aconteceu? - pergunto com a mão do lado da cabeça.

—Ele socou você na cara e você desmaiou, aí eu bati a cabeça dele na mesa. - disse retirando uma mecha de cabelo dos meus olhos, não sabia ainda porque doeu tanto quando levou a mão até minha testa - Hmm, é um galo e tanto, mas você vai sobreviver, desde que não saia um alien daí - riu fazendo piada e não consegui conter um riso abafado e um sorriso... Droga! Ele conseguiu me fazer rir - Olha só! Milagres acontecem! Kenneth Lee sorriu?

Soquei de leve seu braço e ele me ajudou a seguir até os dormitórios para nos trocarmos, o lado bom de se meter em uma briga é que você é dispensado pelo resto dos períodos, o lado ruim é que você tem que dar uma série de explicação ao diretor.

Tomei um banho e me troquei, Ethan disse para eu dar uma volta e foi isso que eu fiz, peguei um livro qualquer e fui seguindo em direção ao ginásio, pouca gente ia lá nessa época do ano, mas eu sabia que haveria uma pessoa por lá e provavelmente fumando.

 Olívia Potts, era de San Francisco, ela veio pra cá porque estava envolvida com prostituição e drogas, ela era uma vadia, mas uma boa amiga. Me aproximei devagar da loira e ela soprou a fumaça do cigarro para longe, estava irritada com alguma coisa. Ollie olhou por cima do ombro e deu um sorriso sacana. Ela era a única pessoa em quem eu confiava aqui.

—Se continuar fumando assim, vai acabar se matando. - digo e ela ri sarcástica.

—Me deixa ser a Alaska, Kenneth. - disse e sentamos na arquibancada - Soube da sua briga com o Hudson.

—Soube que ficou com Charlie Tucker. - digo e ela põe as mãos na cintura.

—Eu já imagino que vão me chamar de vadia. - disse tragando o cigarro - Mas eu não ligo, eu sou uma vadia.

—Sabe que eu não acho. - digo e começamos a conversar coisas aleatórias, eu secretamente era um pouco apaixonado pelo modo dela agir, bem diferente do meu.

Ollie me contou muitas coisas e lhe contei sobre o Ethan, ela disse para eu não me apaixonar, eu respondi que a única pessoa que poderia machucar meu coração e meu traseiro era ela, o que nos rendeu muitas gargalhadas, ela terminou de fumar e se despediu, mas quando voltei ao dormitório, encontrei um bilhete de Ethan sobre a cama:

Caro Kenneth, fiz uma coisinha pra você, me encontre em meia hora no campo de futebol americano. P.S.: venha rápido.

Mais essa agora...


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler até aqui!