Denso Como Sangue escrita por PhantonRed


Capítulo 4
O Anel de Prata


Notas iniciais do capítulo

Olá, bem vindos de volta!
Acabei atrasando o capítulo por causa da faculdade, mas eu estou de volta agora, sei que é o começo da história, mas gostaria de ver mais interação entre vocês e eu.
Obrigado e boa leitura!



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6 de Agosto, Ethan é definitivamente maluco...

Ethan estava sentado na arquibancada do campo com algo em mãos e o notebook do lado dele, parecia muito interessado no objeto em suas mãos e quase não percebeu minha presença.

—O que é tão importante pra me chamar aqui. - digo me sentando ao lado dele e ele me mostra o anel que não deixei ele mexer hoje cedo - Você mexeu nas minhas coisas?

—Eu só fiquei curioso pra saber de onde veio esse anel, e como você não ia me contar eu resolvi sondar a história. - disse alisando o metal - Eu não entendo por que não me deixa tocar.

—Acha que eu roubei isso? - pergunto irritado o encarando pelo canto dos olhos - Tá me sondando?

—Não, Kenneth, eu só quero saber por que você tem um anel feito por encomenda de uma joalheria de Los Angeles. - disse e suspiro derrotado.

—É da minha mãe. - respondo e ele me entrega de volta.

—Quem é "Elliot"? - perguntou encarando o vazio e se apoiando nas coxas - O nome "Elliot" tá gravado no anel.

—É o Senhor Cromossomo Y. - digo e ele me encara com uma expressão de confusão - Meu pai.

—Ah. - disse cobrindo os lábios - Por que chama ele assim?

—Eu não o conheço... A única coisa que sei é o nome e que ele abandonou a minha mãe. - explico - A única coisa boa que ele me deu até hoje foi a porra do cromossomo Y.

—Entendi. - disse dando um sorriso engraçado - Mas se você não gosta dele, por que guarda esse anel?

—Minha mãe me deu antes de eu vir pra cá, quando estava no hospital. - digo - Ela disse que era a única coisa que ainda guardava dele, o anel de prata que ele deu pra ela. - conto imitando sua postura.

—Você ainda tem esperança de que vai encontrá-lo? - perguntou e neguei com a cabeça.

—É um lembrete de porquê eu vim pra esse lugar: se ele não tivesse nos abandonado, seria tudo diferente agora.

Ethan concorda com a cabeça levemente e começo a sentir meu crânio latejar.

—Você está bem? - perguntou me apoiando.

—É só uma enxaqueca, coisas demais aconteceram hoje. - digo indo em direção ao meu quarto.

[...]

Cheguei no quarto me arrastando de dor, coloquei a cabeça dentro da pia e liguei... A sensação era de que meu cérebro estava se liquefazendo. A dor era tanta que encharquei meus cabelos e ainda sim, sentia tudo latejar... Talvez fosse a minha irritação com o Ethan, talvez o galo que ainda estava inchado, ou até mesmo ambas as coisas estavam me causando dor. Gemi baixinho me apoiando à pia e Ethan entrou no banheiro, o que me deixou ainda mais desconfortável.

—Tá tudo bem? - ele segurou meus ombros e neguei com um murmuro - O que posso fazer pra te ajudar? - disse massageando o topo de minha cabeça.

—Deve ter algum remédio pra dor por aqui. - gemi de dor e me arrastei até a cama, Ethan começou a procurar algo no armário do banheiro e depois separou uma muda de roupa.

—Toma, vai se sentir melhor. - disse me entregando uma aspirina e um copo de água - Você não dormiu bem e levou um soco, essas coisas só te deixaram pior. - disse Ethan examinando minha testa, logo me puxando para mais perto e me examinando melhor à luz da única janela do quarto - Faz quanto tempo que não dorme direto? Você está com olheiras enormes.

—Alguns dias, desde que avisaram que eu ia ter um colega de quarto. - admito e ele suspira.

—Você precisa descansar um pouco. - disse me ajudando a subir na cama de cima - Vai ficar aí e não vai mover um músculo. - falou o loiro de forma autoritária. 

Ele me cobriu com o cobertor e massageou minhas têmporas, era relaxante, senti meus olhos pesando, a cabeça já não pesava uma tonelada, eu era capaz de dormir ali mesmo, mas era algo muito estranho o tratamento paternal de Ethan comigo. Às vezes eu acho que ele sente algo por mim e isso me dá medo, mas ao mesmo tempo que penso nisso, penso também que ele me vê como uma criança... um irmãozinho.

—Sabe, geralmente dores de cabeça são causadas por grande quantidade de cafeína e estresse. - começou ele - Você bebe café demais, eu já percebi isso, e também você se estressa demais comigo e com... - tampei sua boca para que ele parasse de falar antes que a dor voltasse, ele riu e tirou a mão.

—Fica quieto, por favor... - imploro com uma cara de "para de bancar minha mãe" e ele continua com o que estava fazendo antes.

Era como se às vezes Ethan ouvisse o que eu penso, sentei na cama e puxei lentamente os cabelos molhados, ainda sentindo meu corpo e cabeça pesarem, Ethan pegou uma toalha e secou meu cabelo para que eu não pegasse um resfriado. Logo me deitando outra vez, eu me sentia cansado...

[...]

7 de Agosto, eu não posso ficar doente...

Mesmo com todos os esforços de nós dois, eu sentia o corpo inteiro clamando por misericórdia depois do dia anterior, os hematomas da briga com Gregory ainda doíam e eu sentia que estava ficando doente, o que não era novidade para mim, todo outono era a mesma coisa.

—Melhorou? - perguntou Ethan se vestindo, mas não estava gritando coisas do tipo: você vai se atrasar; só vou chamar mais uma vez; vou te jogar outro balde de água se não levantar; - Você passou a noite inteira choramingando de dor.

Concordei com a cabeça olhando o relógio.

—Eu tô muito atrasado? - pergunto e ele nega com a cabeça, não conseguia enxergar as horas.

—São cinco e meia, tô indo pegar o café, você vem? - fitei a janela e logo voltei a me esconder nos cobertores.

—Eu vou ficar mais um pouco. - digo abafado pelo cobertor e Ethan se aproxima - Achei que era meu despertador. - disse debochado.

 _Não quis te acordar hoje, você estava muito abatido. - concordei com a cabeça e me remexi na cama, absorvendo as informações - Você está pálido, bem pálido, vou te levar pra enfermaria. - resmunguei em protesto.

—Nem arrastado... - digo e ele revirou os olhos me pondo no ombro - Ei! Não sou um saco de batatas! Me solta!

—Você vai na enfermaria por bem ou por mal. - disse saindo comigo no ombro, me debatia inutilmente tentando me soltar, vi Olívia ao longe rindo com a cena e formei com a boca "me ajuda", recebando um "não" como resposta, bufei indignado.

Ethan foi me carregando e suspirei derrotado, logo me sentou em uma cadeira qualquer e eu olhei em volta ainda meio tonto pelo esforço de me debater, uma figura loira e de roupas punk me encarava com um sorriso cínico escorada no batente da porta, Olívia tinha me seguido.

—Você não toma jeito, né? - disse ela.

Dei de ombros e massageei a cabeça, pondo entre os joelhos.

—Eu vi você se debatendo no ombro do grandão ali. - disse tirando uma mecha de cabelo do meu rosto - Esse é o Ethan? - concordo com a cabeça.

Ollie tinha seu próprio jeito de ver as coisas, seu jeito de ser um tanto quanto peculiar e cínico comparado ao das outras garotas que tentavam se encaixar de alguma forma em algum padrão, ela não ligava para nada disso, ela própria dizia "eu sou uma vadia sim, e tô pouco me fodendo se elas dizem isso, a vida é minha". Ela tinha um jeito único, o jeito "olivesco" de ser e isso fez com que aos poucos eu desenvolvesse uma paixonite por ela, paixonite essa que não imaginei que pudesse evoluir para uma amizade ou algo do tipo.

—Vamos, seu molenga, a enfermeira vai te atender. - disse e me apoiei em ambos - Quem é essa? Sua namorada? - disse rindo, comecei a corar violentamente...

—Olívia Kaplan Potts. - disse ainda escorada no batente - Amiga desse magricela inútil. - disse rindo.

[...]

E como eu esperava, os resultados não eram nada bons.

—Parece que é só um resfriado, mas você, mocinho, precisa cuidar direito dessa alimentação, sua imunidade não está nada boa. - disse e eu bufei.

—Era só o que faltava. - rosno em protesto.

—Nem adianta protestar, gemer, grunhir, roncar, rosnar ou latir, você sabe o que isso quer dizer... - disse Ethan.

Neguei com a cabeça e arregalei os olhos, não, tudo menos isso, por favor...

—Vai ter que tomar remédios. - resmunguei alto - Eu disse pra não resmungar, você sabe que está doente, e vamos cortar as pizzas, salgadinhos, batatinhas... - quando ele começou a falar a lista de todas as coisas que eu gosto, desci da maca e me dirigi ao corredor, fiquei de frente para a parede e choquei a cabeça nela cogitando a hipótese de matar Ethan de uma forma lenta e cruel.

—Eu odeio você. - digo e ele vira os olhos.

—Vamos, garotão. - disse Ollie me arrastando e me segurei na parede, eu sei que é infantil da minha parte, mas se tem uma coisa que eu odeio são remédios e pessoas na minha volta cuidando de mim - Você é um bebezão, Kenny. - disse rindo cínico.


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Notas finais do capítulo

Gostaria muito de saber se estão gostando e o que vocês mudariam na história, ou dúvidas sobre o enredo. Obrigado por sua atenção e carinho até aqui, até a próxima vez!