Clichês escrita por Miss A


Capítulo 4
Clichês


Notas iniciais do capítulo

Tem título mais clichê do que desse capítulo?
Eu quero agradecer pelos comentários e por vocês não darem uma de Imperador Francisco I da Áustria e me deixarem com um vácuo de 15 meses. (Ele fez isso com a filha, Leopoldina).
Nesse capítulo nós temos surtos, só pra variar, e cozinhas industriais again o/
Comentário aleatório: Encontrei uma vaga de emprego numa cozinha industrial na minha cidade e fiquei toda "Será que é o Destino me dando um sinal?", se for, deixarei passar.

Boa leitura!



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Bati na porta e James me pediu para entrar. Abri a porta e o vi deitado na cama com o notebook no colo. Sons saiam do aparelho.

— Tá vendo pornô? - Perguntei.

— Não - Respondeu James, franzindo a testa.

Droga. Se ele estivesse assistindo pornô seria mais fácil seduzi-lo.

— Está assistindo o que? - Questionei enquanto caminhava para a cama. Sentei-me ao lado dele, com as pernas esticadas em cima do colchão.

— Sherlock.

Hummm, Benedict Gostoso Cumberbatch.

— O Sherlock morre.

Ok, ele na verdade não morria, mas não importava.

— O QUÊ? - Ele me olhou aborrecido - Não acredito que você me deu spoiler.

Parecia que spoiler não excitava.

— Ahn, desculpe?

— O que você quer?

— Nada - Respondi, mexendo no cabelo.

Ele ergueu uma sobrancelha. Sua sobrancelha arqueava perfeitamente, era um talento. Encarei-o com a minha expressão mais inocente.

Ele pôs o notebook de lado.

— Olha, se isso é sobre o que aconteceu...

— O que não aconteceu - Eu o corrigi.

— Isso. Bem, eu... Nós fomos levados pela bebida. Vamos só tentar esquecer isso e fingir que não aconteceu nada.

Mas aconteceu.

Quanta contradição.

— Você me deixou com um chupão! - Eu disse, tirando meu cabelo do pescoço.

— Isso... Desculpe. Não foi a intenção.

— Duvido disso - Respondi mal-humorada.

Ele fez uma cara feia e abriu a boca para retrucar.

— Não vim aqui para discutir com você. 

Vim aqui para transar com você.

— Veio para quê então?

Eu o beijei, porque fiquei com preguiça de usar palavras.

 

Encarei o teto. Minha respiração estava acelerada e o meu coração acompanhava o ritmo. James se deitou do meu lado, ofegante.

De repente toda a reputação de James havia feito sentido. Ele era como uma cozinha industrial de última geração.

E lá vinha a cozinha industrial de novo.

James se virou para mim e sorriu. Eu sorri. Depois parei de sorrir.

Sorrisos podem dar a impressão de que estou sentindo mais do que a felicidade habitual após ter copulado.

O que não era o caso. Era só algo casual.

Primos transando casualmente. Só por desejo, nada demais.

Casual.

Só casual.

Que merda eu tinha feito?

Primos NÃO podem transar casualmente.

É claro que podem, Rose, disse a voz do meu demônio interior, Você fez isso.

Claro. É isso mesmo. Não é nada demais. Eu tenho razão.

Não tem nada demais, além do fato de...

De que?

De que não vai dar certo.

— O que foi? - James perguntou.

Será que eu estava com a mesma expressão de quando eu soube que o meu último crush era de áries?

Ou de quando eu terminei de assistir a adaptação de Orgulho e Preconceito de 2006?

Ou de quando James apareceu com o meu livro “Memórias de minhas putas tristes” totalmente encharcado de cerveja?

— Nada. Por quê?

— Você encarou o teto como se estivesse aterrorizada.

Ferrou.

— É que eu me lembrei que esqueci de devolver a playboy do Fred.

Que?

— A edição está boa?

— As piadas sim. Mas tinha uma matéria meio sexista. Estou pensando em enviar um hate e-mail para o jornalista.

Por que eu simplesmente não calava a boca?

Ele deu um risinho. Caímos num silêncio constrangedor.  Senti meu rosto esquentar.

Mais silêncio.

Minhas mãos começaram a suar frio. Parecia que meu estômago estava se contorcendo.

Eu iria morrer.

— Você está bem?

Que tipo de pergunta era essa?

— Não! - Opa. A resposta não deveria ter saído assim.

Prevendo o surto em 3...2...1...

— Nós acabamos de transar, James! - Sentei e puxei o lençol para me cobrir - Transar! Sabe o que é isso?

— Claro que eu sei, nós acabamos de fazê-lo, como você enfatizou.

Olhei-o com raiva.

— Pare de debochar. Isso é sério. Nós transamos. NÓS, você e eu.

— Eu e você - Ele completou com um sorriso.

— POTTER! Você não entende as consequências disso?

— Só a que você está surtando por nada.

— Eu não estou surtando! - Neguei, quando estava óbvio que eu estava surtando. Levantei-me, puxando o lençol. Pensei em ir para o meu quarto, porém Fred poderia estar no corredor. Peguei minhas roupas e me tranquei no banheiro.

— Rose, não é nada demais. - A voz de James soou - Não é como se tivéssemos matado alguém. Não é um crime. Não é proibido. E ninguém precisa saber.

Ele não estava entendo nada. Parvo.

— A questão não é essa, James! - Eu disse, enquanto vestia a blusa - É sobre a nossa amizade. Você viu o silêncio constrangedor. E depois? Nós não vamos nem poder ir nos almoços de família sem ficar desconfortáveis. Droga. Eu vou ter que arrumar um novo apartamento.

— Do que você está falando? Não exagere. Nada disso vai acontecer.

Percebi que tinha vestido a blusa do lado avesso. Bufei.

— Não é exagero. É o futuro! - Arrumei a blusa e abri a porta. - Eu fico com o centro e metade do lado leste. O resto da cidade é seu.

James estava de pé em frente a porta. Ele franziu a testa.

— Rose... Para de dramatizar. Nós vamos continuar os mesmos.

Olhei-o como se ele fosse um patife, o que, de fato, ele era.

— Como podemos continuar os mesmos se você está nu na minha frente? - Debochei.

Ele me olhou irritado.

— Pare de ser teimosa e neurótica.

— Quem está sendo teimoso e não está aceitando os fatos é você. Pois que fique claro que não vou mais me mudar do apartamento. Você que saia! - Eu segui para a porta, esbarrando com força no seu ombro - E vista uma roupa!

Saí do quarto e bati a porta com força.

 

Horas depois, andando de um lado para o outro no meu quarto, eu percebi que aquilo tinha sido ridículo.

Ridículo a briga.

Ridículo eu ter cogitado sair do apartamento.

Ridículo eu ter escolhido o lado leste da cidade ao invés do oeste. Por que eu havia escolhido o leste? É no oeste que ficava o zoológico, onde ficavam os pandas. Como eu ia viver sem os pandas?

Que dia de merda.

Primeiro eu perdi o meu melhor amigo e agora os pandas.

Ouvi batidas na porta.

— O que é?

— Sou eu - A voz era de James. Antes que eu pudesse responder ele abriu a porta e entrou. Vejam só, o ladrão de pandas tinha aparecido.

— Veio jogar na minha cara que agora os pandas te pertencem?

— Que? – Seu rosto aderiu uma expressão confusa. Sentei-me na beirada da minha cama e o encarei.

— O que você quer?

— Conversar. Sobre o que aconteceu - Ele colocou a mão no bolso da calça e tirou de lá dois bombons - Eu vim em missão de paz.

Estreitei os olhos. Que manipulador.

— Quem me diz que não estão envenenados?

— Eu. Você sabe que se eu fosse te matar, envenenaria uma maçã - James tinha um certo amor por contos de fadas. Dos irmãos Grimm aos da Disney.

— Você é tão clichê - Peguei um dos bombons.

— Bem, você também é - James sentou-se do meu lado e abriu o outro bombom - Afinal, dormir com o seu primo? Sério? Mais clichê que isso só transar com o seu melhor amigo.

Deixei escapar um sorriso que logo tratei de esconder. Comi o bombom.

— A vida é um clichê.

— Exato. Não importa quantas vezes tentamos, ela sempre se torna clichê. Isso quer dizer que vamos ter que continuar tentando então.

Eu o olhei.

— O que você quer dizer com isso?

— Noventa por cento dos amigos que transam terminam a amizade - Ele começou. Pergunto-me de onde ele tirou essa estatística. Sexoeamigos.com? - É um clichê. Não vamos nos tornar um clichê. Eu me recuso.

— E como você pretende isso?

— Continuaremos amigos. Sem silêncio constrangedor. Vamos fazer coisas nada clichê. Tipo... Já foi em um cemitério à noite?

Eu franzi o cenho.

— Não e se for preciso ir a um para salvar a nossa a amizade, eu sinto dizer que... Adeus. Foi bom enquanto durou.

— Garota ingrata. Te dei horas de prazer, te trouxe chocolate e você não tem coragem nem de ir no cemitério por mim.

— Com horas de prazer você está citando toda a nossa amizade ou só o sexo? Porque se for o sexo, eu não acho que tenha chegado há nem uma hora.

Ele estreitou os olhos, sorrindo.

— Isto é um desafio, Weasley?

— Não, porque seria totalmente clichê.

— Certo. Não faremos coisas clichês.

— Não.

Encaramo-nos, sorrindo por um momento.

— Sabe o que não seria clichê?

— O que?

— Se você me comprasse uma pizza e me trouxesse uma Coca-Cola bem gelada.

Ele pegou o celular no bolso.

— Só farei porque não é clichê.

— Aham.

— E porque eu estou com fome.

— Claro - Eu dei um sorriso convencido, enquanto ele ligava para a pizzaria.

 

— Fred disse que vai se juntar a nós - James avisou, entrando no meu quarto com uma caixa enorme de pizza.

— Se ele sujar a minha cama de pizza eu irei sujar todas as cuecas dele com catupiry.

— Eu iria adorar - Disse Fred, entrando no quarto. Ele pegou um pedaço de pizza e se jogou na cama, ao meu lado. James se juntou a nós.

— O que vamos assistir?

Apertei freneticamente os botões do controle remoto. Peppa Pig não.  Novelas mexicanas não. Arrow não. Documentário sobre ufologia... SIM. Troquei um olhar com os meninos e eles concordaram.

Encostei-me na cabeceira da cama e ali no meio dos meus dois garotos, mordi um pedaço de pizza. Eu me sentia tão bem que os deuses do Olimpo deveriam estar com inveja.

 

 


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Notas finais do capítulo

Se a Ana (50Tons) tem uma deusa interior, a Rose pode ter um demônio interior também UAHSAUHAU
Eu queria dizer que seria ótimo se vocês falassem o signo de vocês nos comentários, e se souberem até o resto do mapa (Só os posicionamentos principais), só pra sanar minha curiosidade.
Nos vemos no próximo capítulo que será... Rose Weasley. Isso, Rose W. acabou de se tornar um adjetivo. Entendam o que quiserem com o significado dele.



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