Clichês escrita por Miss A


Capítulo 15
Evolução JayRose


Notas iniciais do capítulo

Olá raios de sol!
Peço perdão pela demora. Farei o possível para que o próximo - e último - capítulo saia mais rápido.
Agradeço a todos pelos comentários ♥

Observação: James é 2 anos mais velho que a Rose.



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Aos 5 anos.

— Por que seu cavalo tem um chifre? – James perguntou.

— Ele é um unicórnio.

— E o que ele faz?

— Faz xixi de arco-íris!

James contorceu o rosto.

— Que nojo!

— Não é nojento! É bonito!

— Você ia querer que ele fizesse xixi em você?

— Sim!

— Você gosta de xixi?

— Sim!

Ele deu um sorriso maldoso, que eu não entendi, e começou a abaixar a bermuda.

— O que você está fazendo?

— Vou fazer xixi em você, ué.

Eu gritei e sai correndo, deixando o unicórnio de pelúcia para trás. James me perseguiu pela casa.

Não conseguiu me alcançar, mas depois encontrei o unicórnio todo molhado e fedendo a xixi.

 

Aos 8 anos.

— Por que você não brinca comigo?

— Eu vou sair com os meus amigos, Rose.

— Posso ir junto?

— Não.

— Porque não?

— Não vou levar uma criancinha comigo.

— Você também é criança!

— Não sou não!

— É sim!

— Não sou!

— É!

— Não!

— Sim!

— Não!

— Que bagunça é essa? – Tia Ginny apareceu na sala.

— Não é nada.

— Ele não quer brincar comigo e nem me levar junto – Contei, baixei os olhos para o chão – Eu só queria ficar um pouquinho com ele, tia.

— Ele vai te levar sim, querida. Não fique triste.

— Eu não vou levar ela!

— Vai sim ou você não vai.

Senti James me encarando com raiva.

— Então eu não vou.

— Como queira.

Tia Ginny saiu da sala e eu comecei a gargalhar.

— Alguém não vai mais sair – Debochei.

— Você estava fingindo!

Eu ri mais.

— Eu vou contar para a minha mãe!

— Eu digo que é mentira sua.

— Ela não vai acreditar!

— Você acha?

Ele cruzou os braços e foi sentar num canto, emburrado.

Esperei por alguns minutos, mas ele continuou lá.

— Você não vai brincar comigo?

— Não.

— Você está bravo comigo?

— Sim.

Cruzei os braços.

— Está bem. Eu digo para tia que não quero mais ir.

— É?

— Sim. Mas você vai me deixar brincar com o seu videogame.

— Eu até brinco com você.

Eu sorri e ele me correspondeu.

 

Aos 11 anos.

— James está namorando – Contou minha tia.

— Sério? – Questionou minha mãe, Hermione.

— Flagrei ele beijando a filha da vizinha nos fundos.

— Credo – Eu torci o nariz. Aquilo era nojento. Elas riram.

— Ele te viu?

— Não. Mas eu brinquei com ele depois. Disse que ia convidar minha nora para jantar. Ele ficou bravo – Minha tia riu.

Sai dali irritada. Não é como se a vida amorosa do meu primo me interessasse.

Acabei esbarrando nele enquanto subia as escadas para procurar Albus.

— Não olha para onde anda?

— Foi você que esbarrou em mim! – Ele se defendeu.

— Babaca.

Deixei-o falando sozinho.

 

Aos 13 anos.

— Você está pronta? – James gritou em frente à minha casa.

— Pronta para ver a pior adaptação das nossas vidas? Mas é claro!

Ele riu.

— Esse pode não ser tão ruim assim.

Tínhamos adquirido o hábito de ler livros que iam se tornar filmes e depois assisti-los juntos. Era a nossa mais nova tradição.

— O resto da trilogia foi, não vejo como esse vai ser diferente.

— Você é muito pessimista.

Eu bufei e entrei no carro.

Peguei o celular e fiquei mexendo no Twitter enquanto seguíamos para o cinema.

— Você está saindo com alguém, Jay?

— Por quê? Interessada?

Revirei os olhos.

— Jamais. Mas uma amiga talvez.

— Quem? A Loren?

— A Loren não é minha amiga. Eu só finjo que ela é.

Ele riu.

— Quem então?

— A Mary Ellen.

Seu sorriso se alargou.

— Eu sabia que você tinha uma queda por ela! – Gritei, animada.

— Queda eu tenho por você, princesa. Por ela, eu tenho uma leve atração.

— Seria uma pena se eu estivesse interessada em outra pessoa – Brinquei.

— Quem?

— Ninguém.

Nem pensar que eu contaria. Éramos amigos, mas James sempre debochava ou me dava sermão.

— É uma garota?

— E isso é da sua conta?

Ele gargalhou.

— Só estou dizendo por que talvez eu tenha uma amiga interessada – Ele me olhou de esgueira.

— Então, tudo bem se for uma das suas amigas, mas não se for um dos seus amigos?

— É que nas garotas eu confio.

— Qual é o seu medo? De que eles quebrem o meu coração? Pois, adivinhe James, garotas também o fazem.

— É, eu sei.

— Você já teve o coração partido?

— Quem é que nunca teve?

Não respondi. Sua resposta estava me fazendo repensar algumas coisas sobre ele.

Havia melhorado sua imagem de insensível.

Mas só um pouco.

 

Aos 15 anos.

— Está bonita – James disse enquanto eu descia as escadas. Corei. Parei no meio do caminho, surpresa com a sua presença.

— O que você está fazendo aqui?

— Vim alertar seu pai sobre o Hunter.

— O QUE?

Eu desci as escadas correndo.

— É brincadeira!

Fuzilei-o com os olhos e cruzei os braços.

— Tem certeza?

— Sim. Não vou estragar o seu baile.

— Ótimo.

— Agora desfaça essa cara de merda.

Dei um tapa em seu braço.

— Babaca.

— Você está linda, sério.

— Você já disse isso.

— Não, eu disse que você estava bonita, mas agora te observando de perto, a palavra certa é linda.

Eu corei. Eu não entendia porque isso sempre acontecia quando James me elogiava.

— Obriga... James! Seu babaca! – Eu o flagrei olhando para o meu decote e voltei a estapeá-lo.

— Desculpa! – Ele ria.

— Você é insuportável, James – Cruzei os braços, encarando-o da forma mais furiosa que eu conseguia.

— É, eu sei.

Ergui uma sobrancelha. Não tinha certeza se ele tinha noção do quanto era irritante.

— Você continua linda.

Estreitei os olhos.

— Qual é, Rose.

Não me mexi.

— Será que você poderia, por gentileza, me perdoar? Eu prometo não aterrorizar o seu pai.

Revirei os olhos.

— Se você fizer isso, eu te mato.

— Desconfio que você vai usar isso só como uma desculpa para me assassinar.

Eu deixei escapar um sorriso.

— Talvez. Agora saia da minha frente.

Ele me puxou para um abraço desajeitado. Eu deixei. Era minha bandeira branca.

James beijou minha testa.

— Se divirta.

 

Aos 17 anos.

— JAMES!

— O que?

— Eu amo esse lugar!

Olhei ao redor, havia muitas luzes, música alta e pessoas se divertindo. Eu amava a universidade.

— Eu totalmente vou vim para cá em setembro.

— Santo Hemingway.

— Está invocando o Hemingway para que ele possa nos abençoar com fortes fígados?

— Não, é para que eu não acabe me suicidando.

— Por que você faria isso?

— Porque só a ideia de ter que te suportar me parece intragável.

Mostrei a língua para ele.

— Pois eu vou facilitar para você, meu caro.

Fui vagar pela festa sozinha.

 

— Oi, gata.

— E aí, gato?

— Gata, a queda que eu tenho por você é maior que a queda de Bastilha.

— Gato, eu não sou a Maria Antonieta, mas por você eu perco a cabeça.

— Gata, meu nome não é Napoleão Bonaparte, mas boa parte de mim já é sua.

Eu ri.

— Essa foi péssima, James!

— Eu estou bêbado, o que você queria?

— Bukowski era mais criativo quando estava bêbado.

— Deve ser por isso que é difícil entendê-lo quando estamos sóbrios.

Ele bebeu um gole da sua garrafa e chegou mais perto. Perto demais.

— Sabe, existe uma pesquisa que comprovou que mais de 90% da população já se envolveu sexualmente com primos.

— Quem fez essa pesquisa?

— Eu.

— Quem você entrevistou? Você mesmo?

— Sim, mas é uma pesquisa bem confiável.

— Aposto que é.

— Qual é, Rose – Ele se inclinou para sussurrar no meu ouvido – Você é tão gostosa. Eu quero tanto te...

Afastei-me dele antes que ele terminasse de falar.

— Para com isso, James.

— Mas, Rose, eu só estou dizendo que podemos...

— Eu não quero saber.

Comecei a me afastar e ele segurou o meu braço. Numa reação impulsiva, joguei a bebida nele.

Eu ri.

Depois sai correndo, porque James vinha logo atrás, querendo me abraçar todo molhado.

 

Aos 19 anos.

— Você acredita em aliens, certo? – Perguntei, ajeitando-me minha cabeça em seu ombro. James e eu estávamos sentados no sofá conversando sobre a vida, o universo e tudo mais.

— Mas é claro. Em um Universo tão imenso, é impossível...

— Estarmos sós – Eu o cortei.

— Exato.

— Simon Bolívar ou Napoleão Bonaparte?

— Napoleão Bonaparte, é claro.

— Vá morrer no inverno da Rússia, James.

— Não sou Hitler.

— Nem o Bonaparte.

— O que é uma pena.

— Sim, eu adoraria te ver morrer exilado numa ilha e tendo alucinações com a sua primeira esposa.

— Você é cruel.

— Cruel era o Bonaparte. Aquele traidor cretino.

— Como se a Josefina fosse um anjo.

— Não era, por isso eu gosto dela. Manipuladora, carismática, quase uma boa mãe.

— Quase?

— Fazer Hortense se casar com o irmão velho e rude do Bonaparte só para o filho deles ser o herdeiro do imperador, já que a Josefina não podia mais ter filhos, foi hediondo.

— E você ainda gosta da Josefina.

— Ela foi forte. Aguentou todas as humilhações do Napoleão e conseguiu a coroa. Um exemplo.

Ele bufou.

— Ela não conquistou o Egito.

Eu me afastei para poder encará-lo de frente.

— Napoleão não seria nada sem os dons sociais da Josefina. Aquele parvo era tão sociável quanto um porco. Ele mesmo admitiu que ganhava batalhas, porém ela ganhava corações.

— Ok, eu admito que a influência dela era muito útil, mas...

— Mas nada, querido. Você se lembra daquela cena do teatro? Na peça Cinna?

— Qual?

—“Seduzi Cinna, seduzirei muitos mais”.

— Da amante dele?

— Sim! Na peça ela disse isso e o público se levantou e aplaudiu Napoleão que estava no camarote. Aquele ser teve a audácia de inflar o peito e sorrir! E com a Josefina do lado! Um absurdo! Ultrajante. Humilhante.

— Estonteante.

— Que?

— Eu só estava rimando. Você está levemente alterada.

— Culpa do bosta do Bonaparte.

Eu respirei fundo, tentando fazer o ódio evaporar do meu corpo.

— Pronto?

— Pronto.

— Podemos falar de Dom Pedro I agora?

Quis dar um tapa nele. Trocar um embuste por outro?

— Eu prefiro falar dos Bórgias.

— Não quero.

— James, você tem que superar seu crush na Lucrécia.

— Pelo menos eu não tenho um crush pela Maria Antonieta.

— Nem eu.

— Você pode confessar que gosta de uma rainha fútil, Rose. Só estamos nós dois aqui. Eu só vou te julgar um pouco.

— Parvo.

— Suas ofensas são tão batidas.

— Seguidor do...

— Demônio?

— Eu ia dizer Bonaparte, mas dá no mesmo.

— De novo não.

— Foi você que o mencionou!

— Eu não.

— Você sim.

— Não vou discutir isso.

— Que pena. Eu queria brigar.

Ele rolou os olhos.

— Você só tem cara de anjo.

— Você também. Deve ser por isso que somos amigos.

— Depois de anos te aguentando é isso que eu ganho: ter que te aguentar por muitos anos mais.

— Não é nenhum sacrifício.

— Diga por você mesma.

 

— Eu adoraria passar o resto da minha vida comigo... Espera, eu vou!

— Ridícula.

— Suas ofensas também estão batidas.

— Vou elaborar uma listinha de ofensas novas.

— Quer ajuda?

— Quero.

E fomos fazer a tal da lista.

 

Aos 20 anos. 

— Cheguei!

Pulei assustada no sofá.

— Quer me matar, peste?

James fechou a porta e jogou a mochila no chão, ele caminhou na minha direção, de braços abertos.

— É claro que não, foi por isso que eu voltei.

Eu ri da sua presunção e o abracei de volta.

— Sentiu saudade?

— Não.

— Posso fazer você mudar de opinião – Ele sussurrou em meu ouvido, apertando seus braços ao meu redor.

Eu o afastei.

— Vá comer, James. Não está com fome?

— Morrendo.

— Acho que ainda tem pizza na geladeira.

— O que é isso? – Ele apontou para o álbum de fotos ao meu lado - Recordando o passado?

— Mais ou menos.

— Depois diz que não estava com saudades.

 

Eu soltei um sorriso.

— James, precisamos conversar.

— Isso ainda é sobre aquele unicórnio? Isso faz uns quinze anos, Rose!

Eu revirei os olhos.

— Para de ser idiota e senta aí.

Ele se sentou no mesmo sofá que eu e me encarou.

Batuquei os dedos no álbum e decidi abri-lo.

— Lembra-se dessa foto?

Era a foto da nossa apresentação de ginástica artística. Eu havia finalmente conseguido aquela relíquia.

— Sim. Nunca mais consegui ser tão flexível daquela forma na minha vida.

Eu ri.

— Quando foi que paramos de brigar e nos tornamos amigos?

— Eu acho que sempre fomos amigos, mas nunca paramos de brigar.

— Nunca algo fez tanto sentido.

— O que você está tentando me contar, Rose?

— Não quero que deixemos de sermos amigos. Nunca.

— Não vamos.

— Isso é algo difícil de prometer, especialmente dada as circunstâncias atuais.

— Você está grávida?

— QUE?

— Seu tom está estranho, eu só deduzi que...

— Deduziu errado. Está maluco?

— Bem, não é como se não houvesse chances – Ele deu um sorriso malicioso.

Estreitei os olhos para ele.

— Calado, James.

— Viu? Vinte anos de convivência e continuamos brigando. Vai dar tudo certo.

— Mas a questão é que não somos só amigos agora, não é? Existe uma amizade com benefícios.

— Amizade lápis de cor.

— Que?

— Também conhecida como amizade colorida.

Revirei os olhos.

— Que bosta.

— Eu acho engraçado.

Tentei focar no assunto. O que eu estava prestes a fazer seria difícil.

Mordi o lábio inferior.

— Qual é o problema, Rose?

— Eu tenho medo de que não dê mais certo.

— Relaxa, vamos continuar os mesmos. Nada vai mudar.

— Você é muito positivo. Ou iludido.

— Nenhum dos dois. Eu só conheço a gente.

— James, você não pode afirmar que as coisas vão permanecer as mesmas. As pessoas são instáveis.

Os sentimentos ainda mais.

— O que você realmente está querendo dizer?

Tirei coragem do fundo do meu fígado para dizer as seguintes palavras:

— Eu acho que quero terminar.

Suas sobrancelhas se franziram.

— Por quê?

— Porque eu te amo.

 


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Notas finais do capítulo

Pra quem quer mais JayRose: https://fanfiction.com.br/historia/747854/Flertes/



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