Clichês escrita por Miss A
Notas iniciais do capítulo
Olá raios de sol!
Peço perdão pela demora. Farei o possível para que o próximo - e último - capítulo saia mais rápido.
Agradeço a todos pelos comentários ♥
Observação: James é 2 anos mais velho que a Rose.
Aos 5 anos.
— Por que seu cavalo tem um chifre? – James perguntou.
— Ele é um unicórnio.
— E o que ele faz?
— Faz xixi de arco-íris!
James contorceu o rosto.
— Que nojo!
— Não é nojento! É bonito!
— Você ia querer que ele fizesse xixi em você?
— Sim!
— Você gosta de xixi?
— Sim!
Ele deu um sorriso maldoso, que eu não entendi, e começou a abaixar a bermuda.
— O que você está fazendo?
— Vou fazer xixi em você, ué.
Eu gritei e sai correndo, deixando o unicórnio de pelúcia para trás. James me perseguiu pela casa.
Não conseguiu me alcançar, mas depois encontrei o unicórnio todo molhado e fedendo a xixi.
Aos 8 anos.
— Por que você não brinca comigo?
— Eu vou sair com os meus amigos, Rose.
— Posso ir junto?
— Não.
— Porque não?
— Não vou levar uma criancinha comigo.
— Você também é criança!
— Não sou não!
— É sim!
— Não sou!
— É!
— Não!
— Sim!
— Não!
— Que bagunça é essa? – Tia Ginny apareceu na sala.
— Não é nada.
— Ele não quer brincar comigo e nem me levar junto – Contei, baixei os olhos para o chão – Eu só queria ficar um pouquinho com ele, tia.
— Ele vai te levar sim, querida. Não fique triste.
— Eu não vou levar ela!
— Vai sim ou você não vai.
Senti James me encarando com raiva.
— Então eu não vou.
— Como queira.
Tia Ginny saiu da sala e eu comecei a gargalhar.
— Alguém não vai mais sair – Debochei.
— Você estava fingindo!
Eu ri mais.
— Eu vou contar para a minha mãe!
— Eu digo que é mentira sua.
— Ela não vai acreditar!
— Você acha?
Ele cruzou os braços e foi sentar num canto, emburrado.
Esperei por alguns minutos, mas ele continuou lá.
— Você não vai brincar comigo?
— Não.
— Você está bravo comigo?
— Sim.
Cruzei os braços.
— Está bem. Eu digo para tia que não quero mais ir.
— É?
— Sim. Mas você vai me deixar brincar com o seu videogame.
— Eu até brinco com você.
Eu sorri e ele me correspondeu.
Aos 11 anos.
— James está namorando – Contou minha tia.
— Sério? – Questionou minha mãe, Hermione.
— Flagrei ele beijando a filha da vizinha nos fundos.
— Credo – Eu torci o nariz. Aquilo era nojento. Elas riram.
— Ele te viu?
— Não. Mas eu brinquei com ele depois. Disse que ia convidar minha nora para jantar. Ele ficou bravo – Minha tia riu.
Sai dali irritada. Não é como se a vida amorosa do meu primo me interessasse.
Acabei esbarrando nele enquanto subia as escadas para procurar Albus.
— Não olha para onde anda?
— Foi você que esbarrou em mim! – Ele se defendeu.
— Babaca.
Deixei-o falando sozinho.
Aos 13 anos.
— Você está pronta? – James gritou em frente à minha casa.
— Pronta para ver a pior adaptação das nossas vidas? Mas é claro!
Ele riu.
— Esse pode não ser tão ruim assim.
Tínhamos adquirido o hábito de ler livros que iam se tornar filmes e depois assisti-los juntos. Era a nossa mais nova tradição.
— O resto da trilogia foi, não vejo como esse vai ser diferente.
— Você é muito pessimista.
Eu bufei e entrei no carro.
Peguei o celular e fiquei mexendo no Twitter enquanto seguíamos para o cinema.
— Você está saindo com alguém, Jay?
— Por quê? Interessada?
Revirei os olhos.
— Jamais. Mas uma amiga talvez.
— Quem? A Loren?
— A Loren não é minha amiga. Eu só finjo que ela é.
Ele riu.
— Quem então?
— A Mary Ellen.
Seu sorriso se alargou.
— Eu sabia que você tinha uma queda por ela! – Gritei, animada.
— Queda eu tenho por você, princesa. Por ela, eu tenho uma leve atração.
— Seria uma pena se eu estivesse interessada em outra pessoa – Brinquei.
— Quem?
— Ninguém.
Nem pensar que eu contaria. Éramos amigos, mas James sempre debochava ou me dava sermão.
— É uma garota?
— E isso é da sua conta?
Ele gargalhou.
— Só estou dizendo por que talvez eu tenha uma amiga interessada – Ele me olhou de esgueira.
— Então, tudo bem se for uma das suas amigas, mas não se for um dos seus amigos?
— É que nas garotas eu confio.
— Qual é o seu medo? De que eles quebrem o meu coração? Pois, adivinhe James, garotas também o fazem.
— É, eu sei.
— Você já teve o coração partido?
— Quem é que nunca teve?
Não respondi. Sua resposta estava me fazendo repensar algumas coisas sobre ele.
Havia melhorado sua imagem de insensível.
Mas só um pouco.
Aos 15 anos.
— Está bonita – James disse enquanto eu descia as escadas. Corei. Parei no meio do caminho, surpresa com a sua presença.
— O que você está fazendo aqui?
— Vim alertar seu pai sobre o Hunter.
— O QUE?
Eu desci as escadas correndo.
— É brincadeira!
Fuzilei-o com os olhos e cruzei os braços.
— Tem certeza?
— Sim. Não vou estragar o seu baile.
— Ótimo.
— Agora desfaça essa cara de merda.
Dei um tapa em seu braço.
— Babaca.
— Você está linda, sério.
— Você já disse isso.
— Não, eu disse que você estava bonita, mas agora te observando de perto, a palavra certa é linda.
Eu corei. Eu não entendia porque isso sempre acontecia quando James me elogiava.
— Obriga... James! Seu babaca! – Eu o flagrei olhando para o meu decote e voltei a estapeá-lo.
— Desculpa! – Ele ria.
— Você é insuportável, James – Cruzei os braços, encarando-o da forma mais furiosa que eu conseguia.
— É, eu sei.
Ergui uma sobrancelha. Não tinha certeza se ele tinha noção do quanto era irritante.
— Você continua linda.
Estreitei os olhos.
— Qual é, Rose.
Não me mexi.
— Será que você poderia, por gentileza, me perdoar? Eu prometo não aterrorizar o seu pai.
Revirei os olhos.
— Se você fizer isso, eu te mato.
— Desconfio que você vai usar isso só como uma desculpa para me assassinar.
Eu deixei escapar um sorriso.
— Talvez. Agora saia da minha frente.
Ele me puxou para um abraço desajeitado. Eu deixei. Era minha bandeira branca.
James beijou minha testa.
— Se divirta.
Aos 17 anos.
— JAMES!
— O que?
— Eu amo esse lugar!
Olhei ao redor, havia muitas luzes, música alta e pessoas se divertindo. Eu amava a universidade.
— Eu totalmente vou vim para cá em setembro.
— Santo Hemingway.
— Está invocando o Hemingway para que ele possa nos abençoar com fortes fígados?
— Não, é para que eu não acabe me suicidando.
— Por que você faria isso?
— Porque só a ideia de ter que te suportar me parece intragável.
Mostrei a língua para ele.
— Pois eu vou facilitar para você, meu caro.
Fui vagar pela festa sozinha.
— Oi, gata.
— E aí, gato?
— Gata, a queda que eu tenho por você é maior que a queda de Bastilha.
— Gato, eu não sou a Maria Antonieta, mas por você eu perco a cabeça.
— Gata, meu nome não é Napoleão Bonaparte, mas boa parte de mim já é sua.
Eu ri.
— Essa foi péssima, James!
— Eu estou bêbado, o que você queria?
— Bukowski era mais criativo quando estava bêbado.
— Deve ser por isso que é difícil entendê-lo quando estamos sóbrios.
Ele bebeu um gole da sua garrafa e chegou mais perto. Perto demais.
— Sabe, existe uma pesquisa que comprovou que mais de 90% da população já se envolveu sexualmente com primos.
— Quem fez essa pesquisa?
— Eu.
— Quem você entrevistou? Você mesmo?
— Sim, mas é uma pesquisa bem confiável.
— Aposto que é.
— Qual é, Rose – Ele se inclinou para sussurrar no meu ouvido – Você é tão gostosa. Eu quero tanto te...
Afastei-me dele antes que ele terminasse de falar.
— Para com isso, James.
— Mas, Rose, eu só estou dizendo que podemos...
— Eu não quero saber.
Comecei a me afastar e ele segurou o meu braço. Numa reação impulsiva, joguei a bebida nele.
Eu ri.
Depois sai correndo, porque James vinha logo atrás, querendo me abraçar todo molhado.
Aos 19 anos.
— Você acredita em aliens, certo? – Perguntei, ajeitando-me minha cabeça em seu ombro. James e eu estávamos sentados no sofá conversando sobre a vida, o universo e tudo mais.
— Mas é claro. Em um Universo tão imenso, é impossível...
— Estarmos sós – Eu o cortei.
— Exato.
— Simon Bolívar ou Napoleão Bonaparte?
— Napoleão Bonaparte, é claro.
— Vá morrer no inverno da Rússia, James.
— Não sou Hitler.
— Nem o Bonaparte.
— O que é uma pena.
— Sim, eu adoraria te ver morrer exilado numa ilha e tendo alucinações com a sua primeira esposa.
— Você é cruel.
— Cruel era o Bonaparte. Aquele traidor cretino.
— Como se a Josefina fosse um anjo.
— Não era, por isso eu gosto dela. Manipuladora, carismática, quase uma boa mãe.
— Quase?
— Fazer Hortense se casar com o irmão velho e rude do Bonaparte só para o filho deles ser o herdeiro do imperador, já que a Josefina não podia mais ter filhos, foi hediondo.
— E você ainda gosta da Josefina.
— Ela foi forte. Aguentou todas as humilhações do Napoleão e conseguiu a coroa. Um exemplo.
Ele bufou.
— Ela não conquistou o Egito.
Eu me afastei para poder encará-lo de frente.
— Napoleão não seria nada sem os dons sociais da Josefina. Aquele parvo era tão sociável quanto um porco. Ele mesmo admitiu que ganhava batalhas, porém ela ganhava corações.
— Ok, eu admito que a influência dela era muito útil, mas...
— Mas nada, querido. Você se lembra daquela cena do teatro? Na peça Cinna?
— Qual?
—“Seduzi Cinna, seduzirei muitos mais”.
— Da amante dele?
— Sim! Na peça ela disse isso e o público se levantou e aplaudiu Napoleão que estava no camarote. Aquele ser teve a audácia de inflar o peito e sorrir! E com a Josefina do lado! Um absurdo! Ultrajante. Humilhante.
— Estonteante.
— Que?
— Eu só estava rimando. Você está levemente alterada.
— Culpa do bosta do Bonaparte.
Eu respirei fundo, tentando fazer o ódio evaporar do meu corpo.
— Pronto?
— Pronto.
— Podemos falar de Dom Pedro I agora?
Quis dar um tapa nele. Trocar um embuste por outro?
— Eu prefiro falar dos Bórgias.
— Não quero.
— James, você tem que superar seu crush na Lucrécia.
— Pelo menos eu não tenho um crush pela Maria Antonieta.
— Nem eu.
— Você pode confessar que gosta de uma rainha fútil, Rose. Só estamos nós dois aqui. Eu só vou te julgar um pouco.
— Parvo.
— Suas ofensas são tão batidas.
— Seguidor do...
— Demônio?
— Eu ia dizer Bonaparte, mas dá no mesmo.
— De novo não.
— Foi você que o mencionou!
— Eu não.
— Você sim.
— Não vou discutir isso.
— Que pena. Eu queria brigar.
Ele rolou os olhos.
— Você só tem cara de anjo.
— Você também. Deve ser por isso que somos amigos.
— Depois de anos te aguentando é isso que eu ganho: ter que te aguentar por muitos anos mais.
— Não é nenhum sacrifício.
— Diga por você mesma.
— Eu adoraria passar o resto da minha vida comigo... Espera, eu vou!
— Ridícula.
— Suas ofensas também estão batidas.
— Vou elaborar uma listinha de ofensas novas.
— Quer ajuda?
— Quero.
E fomos fazer a tal da lista.
Aos 20 anos.
— Cheguei!
Pulei assustada no sofá.
— Quer me matar, peste?
James fechou a porta e jogou a mochila no chão, ele caminhou na minha direção, de braços abertos.
— É claro que não, foi por isso que eu voltei.
Eu ri da sua presunção e o abracei de volta.
— Sentiu saudade?
— Não.
— Posso fazer você mudar de opinião – Ele sussurrou em meu ouvido, apertando seus braços ao meu redor.
Eu o afastei.
— Vá comer, James. Não está com fome?
— Morrendo.
— Acho que ainda tem pizza na geladeira.
— O que é isso? – Ele apontou para o álbum de fotos ao meu lado - Recordando o passado?
— Mais ou menos.
— Depois diz que não estava com saudades.
Eu soltei um sorriso.
— James, precisamos conversar.
— Isso ainda é sobre aquele unicórnio? Isso faz uns quinze anos, Rose!
Eu revirei os olhos.
— Para de ser idiota e senta aí.
Ele se sentou no mesmo sofá que eu e me encarou.
Batuquei os dedos no álbum e decidi abri-lo.
— Lembra-se dessa foto?
Era a foto da nossa apresentação de ginástica artística. Eu havia finalmente conseguido aquela relíquia.
— Sim. Nunca mais consegui ser tão flexível daquela forma na minha vida.
Eu ri.
— Quando foi que paramos de brigar e nos tornamos amigos?
— Eu acho que sempre fomos amigos, mas nunca paramos de brigar.
— Nunca algo fez tanto sentido.
— O que você está tentando me contar, Rose?
— Não quero que deixemos de sermos amigos. Nunca.
— Não vamos.
— Isso é algo difícil de prometer, especialmente dada as circunstâncias atuais.
— Você está grávida?
— QUE?
— Seu tom está estranho, eu só deduzi que...
— Deduziu errado. Está maluco?
— Bem, não é como se não houvesse chances – Ele deu um sorriso malicioso.
Estreitei os olhos para ele.
— Calado, James.
— Viu? Vinte anos de convivência e continuamos brigando. Vai dar tudo certo.
— Mas a questão é que não somos só amigos agora, não é? Existe uma amizade com benefícios.
— Amizade lápis de cor.
— Que?
— Também conhecida como amizade colorida.
Revirei os olhos.
— Que bosta.
— Eu acho engraçado.
Tentei focar no assunto. O que eu estava prestes a fazer seria difícil.
Mordi o lábio inferior.
— Qual é o problema, Rose?
— Eu tenho medo de que não dê mais certo.
— Relaxa, vamos continuar os mesmos. Nada vai mudar.
— Você é muito positivo. Ou iludido.
— Nenhum dos dois. Eu só conheço a gente.
— James, você não pode afirmar que as coisas vão permanecer as mesmas. As pessoas são instáveis.
Os sentimentos ainda mais.
— O que você realmente está querendo dizer?
Tirei coragem do fundo do meu fígado para dizer as seguintes palavras:
— Eu acho que quero terminar.
Suas sobrancelhas se franziram.
— Por quê?
— Porque eu te amo.
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Pra quem quer mais JayRose: https://fanfiction.com.br/historia/747854/Flertes/