Clichês escrita por Miss A


Capítulo 14
Freud ou Hemingway?


Notas iniciais do capítulo

EU AMO VOCÊS JAYROSE SHIPPERS ♥
Amei os comentários, eles me fizeram TÃO feliz. Vocês sabem aumentar o ego das pessoas como ninguém (imagina se isso fosse um emprego remunerado?!). Cleo Buarque, quero agradecer muito pela recomendação, eu me derreti com ela.

Segue abaixo um capítulo com uma cena JayRose bonitinha ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/740114/chapter/14

Suspirei.

— O que foi? – Perguntou James.

Joguei o meu livro de psicologia na cama.

— Você acharia totalmente loucura se eu dissesse que quero desistir do curso de psicologia?

— Você está falando sério?

— Não sei. Talvez. Sim. Eu quero desistir.

— Por quê?

— Porque eu gosto de psicologia, mas não amo psicologia.

— O que você ama?

— Literatura.

Eu deitei na cama e fechei os olhos.

— Serei pobre o resto da vida, não serei?

— Pobre, porém feliz.

— Minha mãe vai surtar muito.

James tirou uma mecha de cabelo do meu rosto.

— Você está exagerando. Ela vai te apoiar.

— E você vai?

— É claro. Na verdade, estou aliviado.

Abri os olhos.

— Aliviado?

— Agora você vai parar de tentar interpretar as pessoas.

— Sim, mas irei tentar explicar Ulisses para as pessoas.

Ele riu.

— Apesar disso, tenho certeza que você se sentirá muito melhor fazendo algo que gosta.

— Eu também.

— Sendo assim, não tem o que temer, certo?

Assenti.

— Você é um doce, sabia?

— Doce do que?

— Doce de limão. Amargo.

— Está falando de si mesma?

Sorri de canto.

Passei a mão em seu rosto e ele se aproximou.

Ficamos nos encarando por um tempo.

Ele abriu a boca para falar alguma coisa, porém, nenhum som saiu dali antes que ela fosse fechada.

Ele cortou a distância e roçou seus lábios na minha testa, nas minhas bochechas, no meu queixo e finalmente nos meus lábios. Eu o beijei de volta.

Ergui minhas mãos até o seu cabelo e o puxei mais para mim.

Ele se afastou o suficiente para olhar os meus olhos.

— Você tem noção do que faz comigo?

Ergui uma sobrancelha em desafio.

— Não, mas adoraria saber.

Ele sorriu.

— Adoro esse seu atrevimento.

— Você gosta que eu seja insolente?

— Gosto que você seja uma garota má – Ele se aproximou do meu ouvido – Assim posso castigá-la.

Eu ri da forma mais debochada que consegui.

Era ridículo.

E eu não queria que ele soubesse que sua insinuação (ou talvez sua perfeita gramática) me excitava.

— E o que você vai fazer?

Eu não deveria ter perguntado.

 

 

Quando comuniquei minha decisão aos meus pais, eles não se mostraram surpresos, o que me chocou. Aparentemente estava óbvio para todos que eu tinha escolhido o curso errado.

Dominique foi a que mais comemorou, porque assim poderíamos ir para Paris mais cedo, o que fez Fred estreitar seus olhos para o meu lado.

Decidi que iria me meter na vida alheia, algo que eu detestava, mas aquela era uma situação diferente. Dominique estava sofrendo.

Aproveitei que James estava viajando e fui bater na porta de Fred.

— Pode entrar.

O quarto dele era cheio de fotografias nas paredes, além de ter um pôster enorme do Nascimento de Vênus, de Botticelli. Ele mexendo no computador.

— O que está fazendo?

— Editando algumas fotos. Senta aí.

Sentei na ponta da cama.

— Quero conversar com você.

— Fala.

— É sobre Dominique.

Ele desviou o olhar do computador para mim.

— O que foi?

Fred girou a cadeira para ficar de frente comigo.

— Ela me contou sobre vocês.

Ele soltou um sorriso.

— Não é só James que aprecia o incesto.

Ignorei o seu comentário.

— Você me olhou como se quisesse me matar hoje, depois que Dominique disse que iríamos para Paris.

Ele deu de ombros.

— Não vai se explicar?

— O que você quer que eu fale?

— Por que você está bravo com a viagem?

— Eu...

— Você está apaixonado pela Dominique.

Seu rosto começou a se colorir de tons vermelhos. Esse era o problema de ser ruivo.

— É claro que não.

— Então, porque você está corando e fazendo cosplay de tomate?

— Porque essa insinuação é ridícula.

— Não sei não. Eu tenho uma teoria.

É claro que ele não estava ligando para a minha teoria, mas eu contei mesmo assim.

Não é a falta de interesse que vai me desestimular uma aquariana de falar.

— Quando foi que você começou a implicar com a Nick? Quando ela tinha 13, 14 anos? Exatamente quando ela deixou de ser sua priminha irritante para ser a sua prima bonita e atraente.

Ele ergueu uma sobrancelha. Seu rosto havia ganhado seu tom de deboche habitual.

— Está dizendo que eu sempre briguei com a Dominique porque era secretamente apaixonado por ela e não porque ela era uma garotinha irritante?

— É você que está dizendo isso.

Ele cruzou os braços.

— Sua teoria é mais furada do que a meia do James.

— Você nem ouviu o resto dela ainda – Eu sorri – Já reparou que todas as suas namoradas eram loiras?

Ele se mostrou surpreso por um momento. Provavelmente, nunca tinha parado para pensar sobre.

— Coincidência. Isso não prova nada.

— De fato, mas achei interessante.

— É só isso?

— Fred, admitir os seus sentimentos não vai te tornar fraco. Quer dizer, na verdade vai, porque você não terá mais o controle sobre a sua vida como antes. Mas você vai se abrir para algo maravilhoso.

Em teoria, é claro.

— Como perder o controle pode ser algo maravilhoso?

— Você está me saindo um péssimo sagitariano.

Talvez ele tenha capricórnio no mapa astral.

— Dominique é incrível. Ela é carismática, engraçada, inteligente, bondosa e uma ótima amiga. Quem tiver ela por perto é um sortudo.

Ele deixou um escapar um sorriso.

— Ela é incrível, sei disso.

— Vocês se conhecem a vida inteira. Ela ficou com você mesmo sabendo de todos os seus irritantes defeitos.

— Obrigado.

— Você vai se arrepender amargamente se não lhe dizer seus sentimentos.

Ele descruzou os braços.

— Eu preciso pensar.

— Eu vi a forma como você a olhou a tarde toda hoje. Não acho que você precise pensar – Eu disse, mas levantei-me para deixá-lo.

— Você sabe se ela...

— Gosta de você?

Hesitei. Dominique não gostaria que eu dissesse a verdade.

— Não sei, mas eu diria que as chances são favoráveis e certamente vale o risco, não vale?

Ele não disse nada, então eu saí do seu quarto.

 

 

Naquela mesma noite recebi uma mensagem de Dominique, anunciando que Fred e ela estavam oficialmente namorando.

A família se mostrou chocada pelo WhatsApp. O pai de Dominique, tio Gui, quis matar Fred. Mas o conflito se deu mais pelo garoto estar namorando sua filha do que por eles serem primos. É claro que houve burburinhos na família, mas ninguém achou uma abominação ou algo do tipo. No interior, de onde meus avôs vieram, era comum primos se casarem.

Tudo estava ótimo, menos para a minha pessoa, afinal o namoro prejudicou a nossa viagem. Dominique não queria ficar tanto tempo longe de Fred, portanto, convidei Roxanne. Ela era uma companhia tão agradável quanto Nick.

Eu sentia que essa viagem poderia me salvar ou me afundar de vez.

 

 

— Soube da novidade? – Perguntei, enquanto colocava o celular no viva-voz.

— Como não saber? Fred inundou meu Instagram de fotos dos dois juntos – James falou do outro lado da linha.

— Te recomendo a não entrar no Facebook. Tem textão da Dominique lá.

— Santo Hemingway.

— Pare de inveja.

— Inveja de receber um textão meloso?

— Quer que eu te escreva um? Posso exaltar todos os seus defeitos.

— Não daria nem uma linha.

— Eu acho que passaria de trezentas.

— Certo.

— Como estão as coisas aí?

— Legais. Vimos coisas interessantes na feira hoje.

— Comprou algo para mim?

— Claro.

— O que?

— Poeira.

— Parvo.

— O que você queria? Não é uma feira de vendas.

— Grosso.

— Já discutimos sobre isso.

— Hum.

— De qualquer forma, quero voltar logo. Eu quero a minha cama. Ou a sua.

— Aham.

— Eu estou morto, mas o pessoal ainda quer sair. Seria muito grosseiro se eu recusasse?

— Hum.

— Rose?

— Também acho.

— Que? Você está prestando atenção no que estou dizendo?

— Desculpa, eu estava tuítando.

Ele bufou.

— É o cúmulo. Ser trocado pelo Twitter.

— Ele não tem culpa que é melhor do que muitas pessoas, incluindo você.

— Não basta me ofender pelo Twitter, por aqui também?

— Eu não sei do que você está falando.

— Acabei de ver sua publicação.

Eu ri.

— É que você está me enchendo o saco. Eu estava lendo.

— Vou desligar, ok? Tenho que sair do mesmo jeito.

— Divirta-se, mas não muito.

— Prometo não ficar bêbado e acabar dormindo na cama de alguém.

— Parvo.

— Tchau, gata.

— Tchau.

Desliguei, sorrindo. James Sirius Potter era detestável.

 

 

Incrivelmente, eu não morri depois de um fim de semana sem James.

O que me causou um choque. O mesmo choque de quando descobri que Lorde Baelish morre na sétima temporada de Game of Thrones.

Mas também houve grande felicidade, como quando te contam que D. Pedro I não tornou Domitila de Castro uma rainha.

O mais importante dessa experiência foi descobrir que eu poderia sim superar aquele sentimento.

Se eu poderia sobreviver a um fim de semana sem James, eu poderia voltar para a vida, onde eu não transava com ele, sem grandes complicações.

Se Napoleão Bonaparte¹ conseguiu, por que eu não?

Vênus em Sagitário, obrigada.

 

 

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

1. Se o parvo do Bonaparte conseguiu """"""""esquecer"""""""" da Josefina de Beauharnais, qualquer um pode esquecer um crush.

Gente, só quero avisar que talvez o próximo capítulo demore mais do que o comum para sair. Clichês já tem um final definido, porém eu resolvi mudar a maneira de como as coisas vão acontecer, o que está me dando mais trabalho, mas beleza.
Para compensar, o próximo capítulo vai ser bem grande.
Até logo e ótima semana ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Clichês" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.