Coração de Carmesim escrita por Narrador sem nome


Capítulo 8
Parte 8– Biblioteca animada.




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Enquanto Jade percorria todo o corredor da biblioteca, os personagens dos livros começavam a ganhar vida, deste as histórias de conto de fadas até livros contemporâneos, todo tipo de ideia, imaginação ou fatos históricos surgiam a sua frente o que a deixou perturbada.

Ela continuou a correr até o fim do corredor que não parecia terminar nunca até tropeçar em um dos montantes de livros que se aglomeraram no seu caminho após cair das prateleiras, ela se espatifou no chão e permaneceu deitada.

“O que eu faço? Esse corredor não termina nunca.” – pensou Jade.

Ela se lembrou do rei da imaginação sugando suas ideias, do seu pai contando uma história de dormir, e de seu amigo Alan que deveria estar perdido naquele mundo esquisito.

“O que eu faço?”

Lembrou-se da primeira história que tentou publicar e que foi recusado pelo seu editor, meses depois ela voltou com o mesmo trabalho revisado e novamente foi recusada, sem esperanças de publicar algo ela desistiu de desenhar.

Certo dia quando voltava do colégio ela acabou se esbarrando em uma velha senhora, os rascunhos dela caíram sobre o chão, ela se desesperou e ajudou a velha senhora a se levantar.

— Me desculpe moça, eu ultimamente estou avoada.

— Não se preocupe minha jovem. – A moça olhou para um dos rascunhos que Jade havia derrubado e gargalhou. – Essa tirinha é muito hilária, foi você que fez?

Jade envergonhada pôs a mão na nuca.

— É, sim, mas...

— Você deveria publicar.

Jade de uma expressão séria mostrou um sorriso gentil.

— Sério mesmo?

— Sim! Não sei o que fez você não publicar essa tirinha antes, mas não desista.

Jade pegou seus rascunhos e cumprimentou a velha senhora.

— Muito obrigada, eu farei o meu melhor.

— Espero ansioso pelo seu trabalho.

Aquele incentivo a fez revisar todos os rascunhos e finalmente criar uma história que pudesse ser aceita pelos editores.

Seu devaneio foi encerrado quando finalmente se levantou.

“Grande coisa eu se lembrar disso agora, há tempos não publico nada”.

Ela olhou para o corredor que parecia mais próximo da saída.

“No fim eu duvidei de minha capacidade e apostei em um lápis “mágico” que resolvia todos os meus problemas”.

O corredor novamente se encurtou e uma porta surgiu na sua vista.

“Se eu tivesse acreditado mais em mim, nada disso teria acontecido, e agora eu perdi completamente toda a história que eu criei”.

A porta surgiu a sua frente quase instantaneamente, ela se abriu e revelou a Jade seu escritório.

— O mundo real! Mas quando?

Ela deu um passo até a porta e se lembrou de Alan, assim negou com a cabeça e a fechou.

—Ainda não, eu preciso encontrar ele.

Ela olhou para trás e não viu nada além de um corredor obstruído por um montante de livros, a porta que ela havia fechado desapareceu e ela não sabia mais aonde ir, já que a sua frente não havia nada além de um corredor longo, assim ela respirou fundo e gritou o mais alto que podia.

A aranha bibliotecária logo desceu do teto para advertir Jade de sua falta de educação.

— Fale mais baixo, estamos em uma biblioteca!

— Porque eu falaria mais baixo? Só há livros aqui, não há ninguém lendo, logo não tem necessidade de eu sussurrar.

— Isso não importa, regras são regras e devem ser cumpridas sem exceções, está vendo aquela placa lá na frente?

Jade forçou a vista, mas não conseguia enxergar a bendita placa que a aranha citou.

— Eu não vejo nada.

— Pois force mais a vista.

Ela novamente forçou a vista o máximo que podia, mas nada, a aranha acreditando que ela finalmente avistou decidiu ler em voz alta a placa imaginária.

— Silêncio.

Jade sem compreender seguiu pelo corredor até se lembrar do seu real objetivo.

— É mesmo! Eu gritei porque eu preciso de sua ajuda.

— Ajuda? Procura algum livro de seu interesse?

— Nada disso, eu apenas quero sair daqui.

— Ora mocinha, as portas estão em todas as partes.

Jade procurou essas portas que a aranha havia comentado.

— Não vejo nenhuma.

Um montante de livros caiu a sua frente.

— Cada livro é uma porta para o universo citado em palavras.

Assim ela passou horas procurando por algum livro que a levasse de volta para o Alan, mas o que encontrava era rascunhos descartados de autores famosos  no decorrer do tempo, no meio da busca ela desistiu e acabou deitando sobre os livros entre abertos no chão da biblioteca.

— Impossível, não sei nem o que eu estou realmente procurando, você poderia me dar uma dica senhora aranha?

— Eu não preciso. Você sabe muito bem o que procura.

— Eu não sei, eu realmente preciso de uma dica.

— Se diz isso, é porque você não procurou direito.

— Como eu não procurei direito? Veja o tanto de livros jogados no corredor!

— Eu disse internamente.

— Internamente?

Ela fechou os olhos e tentou se lembrar, o livro que deveria encontrar e assim salvar Alan daquela bagunça, apesar de que tudo parecia uma desordem em sua mente, assim ela decidiu colocar tudo a limpo.

“Rei da imaginação, se tornou real quando eu comecei a acreditar”.

“Coração de carmesim, minha primeira história com a ajuda do lápis dourado”.

“Portas, portas, portas...”.

“Princesa Diana, é parecido comigo, isso porque eu não tinha um modelo exato quando escrevi o rascunho.”.

“O editor que recusou meu trabalho, ele me incentivou a trabalhar melhor meus manuscritos.”.

“Eu retorno a lembrar das histórias do rei da imaginação.”

“Rei da imaginação. Qual era o livro dele?”

“Porque ele está tão irritado? Porque ele me ajudou?”.

“Os contos do amigo imaginário, deve ser esse o nome do livro.”.

“Mas, nessa história, não existe nenhum rei da imaginação, de onde ele surgiu?”.

“Pensa, relembre, volte no tempo, reviva aquele momento, manuscrito, tinta sobre a mesa, sem ideias, Alan, o editor Rafael, Pai, Alan, o livro, tantas imagens surgem em minha mente e não encontro à resposta.”.

“Ele tinha absorvido o cenário coração de carmesim, o conto que ele me ajudou a criar fazia parte dele.”.

“O reino, dragão dourado, lápis dourado, dourado, dourado, dourado...”.

Jade abriu os olhos espantados.

— É isso, porque não pensei nisso antes?

Ela correu até o corredor, as letras dos livros começavam a decrescer até finalmente chegar à letra C, ela procurou pelas prateleiras o título.

— Onde está! Onde está. – Repetia várias vezes ela enquanto retirava vários livros da prateleira.

— Por acaso encontrou menina? – Indagou a aranha curiosa.

— Sim, obrigada pela ajuda, o fato de não existir o livro do rei da imaginação nem em rascunho é porque ele faria parte da sequencia do coração de carmesim, ele seria aquele que tinha o poder do lápis dourado e foi ele que criou o dragão dourado para atacar o reino, mas todas essas ideias eu reservei para a sequência.

Ela finalmente encontrou um livro dourado e sorriu.

— O nome da sequência seria coração de ouro e ele não seria o personagem principal, seria apenas o vilão e provavelmente iria desaparecer...

— Interessante.

— Ele não me chamou de ingrato porque eu me esqueci dele, e sim porque eu lhe dei o pior destino possível, logo ele decidiu tomar conta de minha própria história, de alguma forma ele ganhou vida e tentou se apossar da história.

Ela abriu o livro que logo materializou uma porta.

— Ele me enganou dizendo que ele era da minha infância, e eu acreditei porque as ideias dos meus futuros contos estavam bagunçando minha memória, meu pai nunca iria ler coração de ouro para mim porque fui eu que criei.

A porta se abriu apresentando a ela um mundo dourado e brilhante.

— Ninguém vai se apossar de minhas histórias, eu decido qual será o destino de meus personagens e por isso vou encerrar essa confusão com um final feliz.

Assim ela entrou no cenário dourado e a porta atrás dela se fechou o chão, as árvores, as casas eram feitas de ouro, e um exército dourado marchava rumo em sua direção, atrás de tal exército havia um castelo dourado imponente.


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