Coração de Carmesim escrita por Narrador sem nome


Capítulo 7
Parte 7 – Dança dos dragões.




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Um dragão de ouro aterrorizava a capital do reino, as casas e os jardins eram consumidos pelas chamas enquanto poucos soldados tentavam contê-las,  alguns do exército atacava o dragão com suas flechas, mas inutilmente elas apenas se partiam ao atingir a carcaça dourada da criatura, toda aquele cenário passava pela cabeça de Jade e ela remotamente sabia que esta não era o destino da história que ela gostaria de contar, era como se a história ganhasse vida e tomasse as próprias decisões.

Quem se divertia em tudo isso era o rei da imaginação, completamente exaltado, ele lançava feitiços contra os soldados que tentavam ou atacar o dragão ou conter as chamas que consumiam a cidade.

Diana não ficou, cavalgou por entre os destroços a fim de alcançar um relevo que ela pudesse impulsionar para conseguir alcançar o poderoso dragão dourado.

— Qual é o seu plano Diana? – Indagou o lobo negro.

— Eu pretendo ir a um local alto, pular junto com você até o dragão, utilizar seu corpo como impulso para finalmente alcança-lo e utilizar essa lança mágica para atingir a cabeça dele, assim eu posso finalmente cortar a cabeça dele com esta espada e derrubá-lo lá de cima.

— Eu gostei de todo o plano, menos aquela parte que você me usa como impulso!

— Faça isso pelo bem do nosso reino.

O lobo negro respirou fundo e correu até os destroços das casas, ele subiu pelos telhados tombados e procurou o ponto mais alto para que a Diana entrasse em ação, ele aproveitou uma torre que estava tombada e conseguiu alcançar a altura necessária, com um pulo ele quase alcançou o dragão, Diana ficou em pé em cima dele e o usou como impulso para finalmente alcançar o dragão dourado, com a lança nas mãos ela conseguiu cravar ele na fuça do dragão, transpassando sua boca, ela então girou o corpo para cima e tirou a espada da cintura, desceu até o pescoço do dragão e a cortou como se fosse manteiga, o rei da imaginação estava boquiaberto ao ver aquela cena completamente impossível.

O dragão agora sem cabeça tombou sobre a mercearia e logo foi consumida pelas chamas que ele mesmo produziu, Diana aterrissou na terra utilizando o escudo que estava nas suas costas para amortecer a queda, uma cratera se formou quando ela espatifou no chão.

O exército conhecido como coração de ouro comemorou a investida de Diana e o rei da imaginação não conseguia acreditar no que acabou de ver.

— Isso é impossível, como conseguiu fazer isso? Isso não tem nenhuma lógica. REAL.

— Não sei que diabos é você. – Ela então apontou a espada contra o rei da imaginação. – Mas seus dias de tirania se encerram hoje.

— Inacreditável, diante das criações de Jade, acredito que você seja a personagem mais “poderosa” que ela criou até agora.

Diana ignorou o monólogo do rei da imaginação e investiu contra o rei da imaginação, o alvo no reflexo encostou a mão no chão e ela acabou perdendo a cor, Diana tombou e viu que não existia mais chão onde ele tinha tocado e logo se agarrou no chão a sua direita.

— É o seu fim! Real.

O rei da imaginação estava prestes a tocar Diana que estava presa no chão, mas foi atacado pela versão urso do rei daquele reino, dando-lhe uma patada e o jogando para longe.

— Pai! – gritou Diana que estava escorregando.

O urso a pegou com sua pata gigantesca e a tirou do buraco.

— Não sei como ele fez sumir o chão, mas precisamos tomar cuidado ao encostar-se a ele.

Diana assentiu, mas quando viu a pata de seu pai se assustou ela estava sumindo rapidamente.

— Você encostou-se a mim, este é o seu fim, real.

O urso tombou a se ver sumindo, Diana a agarrou e desesperada não sabia o que fazer.

— Proteja o reino.

— Não! Não suma, eu preciso de você.

— Isso é o que acontece quando entram no meu caminho.

A gargalhada cruel do rei da imaginação amorteceu o choro de Diana, nesse instante Jade finalmente chegou à capital e viu toda a cidade destruída pelo ataque do dragão e pelo rei da imaginação.

O rei da imaginação finalmente encarou o seu alvo, Jade, e apresentou-lhe um sorriso reconfortante.

— Finalmente eu a encontrei, jade, real.

Jade permaneceu atônita ao encarar o rei da imaginação, ela se lembrava vagamente dele, Alan não entendia o que realmente estava acontecendo.

— Eu me lembro de você. – Disse Jade.

— Ora, finalmente se lembrou de mim, diga quem eu sou! Real.

— Mas você não existe, quer dizer, você deixou de existir a muito tempo.

— Eu existo! E estou na sua frente, real.

Alan sem entender perguntou.

— Quem é ele?

— Ele era um amigo imaginário, mas ele tinha deixado de existir quando escrevi minha primeira história.

— Sabe, isso foi muito cruel de sua parte, eu estava do seu lado quando as outras crianças ti perturbavam, eu sempre tentava protegê-la, assustando as crianças e a única coisa que eu ti pedia era que você acreditasse em mim.

Ele encostou a mão no chão, todo o local começou a perder a cor, Jade sem entender deu um passo para trás quando o chão sem cor a alcançou.

— O que está fazendo?

— Apenas absorvendo sua criatividade, se não acreditar em mim por bem, vai ser por mal.

Um terremoto abalou todo o reino, o castelo se desmanchou e os vilarejos perdiam as cores rapidamente.

— Pare com isso, você vai destruir a historia que eu tive trabalho de escrever.

— Pare de se enganar, você trapaceou, você utilizou o lápis da imaginação para criar essa história, logo hipoteticamente, essa história é minha.

Todas as casas, árvores e até o chão era desmanchado conforme perdiam a cor.

— Mas, com o tempo que eu passei aqui eu percebi que essa é minha história, por favor, não faça isso.

Alan agarrou seu braço e correu junto com ela, o chão atrás deles começava a desmoronar, ela apenas viu o sorriso sádico do rei da imaginação que estava isolado em um pilar que não perdeu a cor, enquanto todo o cenário perdia a cor a sua volta.

— Não. – Jade soltou a mão de Alan. – Essa é minha história, e não vou a deixar ser tomada de mim.

Ela correu em direção ao rei da imaginação, mas logo foi engolido pelo buraco que estava se formando, Alan correu até ela, mas acabou caindo no mesmo buraco que expandiu e ambos caíram em uma espiral colorida tomado por cenários de várias histórias que estavam na mente de Jade.

Tudo escureceu para ambos os heróis, o rei da imaginação tinha tomado a história “coração de carmesim” para si, e só era questão de tempo para que ele tornasse real.

Jade despertou em uma passarela colorida, ela olhou em volta assustada e viu portas flutuantes em todos os lugares, um cenário branco semelhante ao limbo, ela se perguntava onde estava naquele momento.

— Alan? Alguém? – Gritou Jade enquanto seguia a passarela colorida.

Ela tinha acabado de retornar no reino da imaginação.

Enquanto caminhava na passarela sem fim ela se lembrava de seu passado e de como conheceu o rei da imaginação.

O rei da imaginação era um dos personagens de sua história preferida que lia quando era criança, na verdade era o seu pai que a lia toda a noite antes dela dormir e essa rotina apenas a motivou de se tornar uma quadrinista, mas algo realmente estranho aconteceu naquele período, o rei da imaginação se tornou real aos olhos de Jade, tão real que acabou sendo um amigo imaginário para ela.

Isso não é comum para humanidade. Poucas pessoas tinham a capacidade de dar vida a um personagem de história, no passado, criaturas mágicas descritas por humanos que tinham esta habilidade se tornavam reais a ponto de que as pessoas realmente acreditavam que elas existissem como o monstro do lago ness ou até mesmo o cthulhu imaginado por Lovecraft, mas isso é outra história.

O rei da imaginação deixou de existir quando Jade teve idade suficiente em não acreditar nele, o que explica o porquê esse rei da imaginação estar irritadíssimo com ela.

Uma porta apareceu a sua frente indicando o fim da passarela colorida, ainda havia dizeres em latim sobre a porta, mas ela a ignorou, apenas girou a maçaneta e abriu a porta e se surpreendeu o que tinha no lado de dentro da porta.

Uma grande biblioteca havia livros até onde seus olhos não podiam alcançar, e as estantes eram tão altas quanto os gigantes descritos no conto João e o pé de feijão.

Ela respirou fundo e logo gritou.

— Alan, você está aí? Apareça?

Um assobio chamou sua atenção, ela olhou para o teto e se assustou uma aranha gigantesca com uns óculos de oito lentes que fazia com que seus olhos tornassem grandes e assustadores tecendo uma teia sobre as estantes da biblioteca.

— Silêncio mocinha, aqui é uma biblioteca, não a casa da mãe Joana.

Ela fechou a boca com as mãos completamente assustada, quando conseguiu coragem para falar logo se desculpou.

— Me desculpe senhora aranha, é porque estou atrás de um amigo meu, você sabe onde posso encontrá-lo? – sussurrou ela.

A aranha a encarou e depois voltou a tecer sua teia.

— Não sei do que está falando, eles provavelmente não estão aqui.

— Ótimo! Obrigada pela informação.

Ela andou para trás e procurou a maçaneta enquanto encarava a aranha gigante, mas logo percebeu que atrás dela havia uma parede, ela se virou e viu que a porta havia sumido.

— A porta está logo à frente menina.

Ela encarou o corredor tomado por estantes gigantes e parecia que tal corredor era tão longo do que ela conseguia imaginar.


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