Coração de Carmesim escrita por Narrador sem nome


Capítulo 9
Parte 9– A pior motivação.




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Um agente literário sempre tem que encontrar o melhor que o autor possa passar em suas histórias, e esse é meu serviço, mas ultimamente, as pessoas hoje em dia não tem mais criatividade para contar boas histórias, e quando vem em minhas mãos são sempre os mesmos clichês utilizados, o problema não é nem sequer utilizar clichês nas histórias, pois eu entendo que hoje em dia é realmente complicado criar uma história inovadora, e sim como é posto esse clichê na história, existiam manuscritos que eu já adivinhava o final da história antes mesmo de ler e isso realmente me desagradava.

Ultimamente penso em desistir desse ramo, já passou minha era de ouro onde eu conseguia revelar autores realmente bons nos mercados e hoje em dia, não havia um trabalho que eu pudesse acreditar que havia um potencial.

Eu permaneço em minha sala lendo mais um manuscrito genérico, me canso daquela história e jogo ele no picotador de papel, enquanto eu realizo esse procedimento uma moça liga para mim.

Ao conversar com ela eu recebo a noticia de que outro aspirante a autor estava prestes a apresentar seu novo e “emocionante” manuscrito, ao invés de recusar e pedir para que outro agente o atenda eu no fundo do coração acredito realmente que deve ser um material de qualidade.

Eu me encontro com esse aspirante de autor e reparo o nervosismo em seu olhar, uma pasta com o manuscrito, quando ela levanta o olhar decide se levantar e me cumprimentar.

— Você é o agente literário que irá analisar minha obra? – Indagou Jade, esperançosa.

— Talvez – Eu digo enquanto a cumprimento. – Bem vindo à editora “novo mundo”.

— Obrigada! – Agradeceu a Jade. – Eu pensei que eu precisava marcar um horário.

— Ultimamente estamos com baixa então não há necessidade de marcar um horário.

Eu pego o manuscrito e noto a capa, uma capa comum como todas as outras, em minha mente acredita realmente que esse conto irá ter um potencial.

Leio página por página, o conto instiga a continuar a leitura, os clichês são devidamente posicionados, é realmente uma excelente história, mas ainda precisa melhorar e muito, eu a encaro e vejo um olhar misto de nervosismo com esperança, seus olhos se lacrimejam enquanto eu acompanho a história.

O fim do manuscrito deixa a história em aberto, como se ela realmente acreditasse que essa história pudesse ganhar uma sequencia futuramente, guardo o manuscrito na pasta e a devolvo.

— Me diga... – Releio o nome da capa. – Jade, porque você acredita que essa história tem que ser publicada?

Ela coça o braço e desvia o olhar, um clima inseguro toma toda a sala.

— Eu não sei se essa história merece ser ou não publicada, eu me esforcei ao máximo porque meu sonho é me tornar uma autora e quando vi um anuncio de que a editora estava aceitando trabalhos amadores eu pensei que poderia ser uma oportunidade.

— Você disse um ponto importante, esse trabalho não passa de um trabalho amador, não tem porque eu publicar isso.

A esperança da Jade esvaiu por completo e ela apenas abaixou a cabeça.

— Mas, está tão ruim assim?

— Para ser sincero precisa melhorar, caso queira publicar algo que possa ser lembrado ou pretende publicar algo e depois ser esquecido por completo tentando publicar mais trabalhos medíocres.

Isso foi um baque contra ela, eu não podia apenas aceitar aquele trabalho, pois acreditava que poderia melhorar.

— Mas...

— Acredite. Isso é o melhor para você, talvez outra editora aceite esse trabalho amador, mas pode ter certeza de que se conseguir publicar, vai ser seu ultimo trabalho que fará.

Eu cocei os olhos atrás dos óculos.

Ela pega o seu trabalho com um olhar depressivo e sai de minha sala, se isso servirá como motivação eu não sei.

Meses se passaram e os trabalhos que vinham era um pior que o outro, e isso realmente me irritava, até mesmo comecei a procurar outro emprego, pois acreditava que meu fim naquela editora já havia chegado mais manuscritos de escritores ocupavam em minha mesa e eu não sabia mais o que fazer.

— Quanto trabalho! – Disse Aline ao olhar o montante de manuscritos.

— É impossível escolher um, todos são ruins, o trabalho da Jade concorreria em um prêmio na revista perto dessas porcarias.

— Ora, porque não pegou o trabalho dela de vez?

— Porque eu realmente acredito que ela possa melhorar mesmo o trabalho sendo bom eu quero que o autor mostre o melhor potencial na sua primeira publicação, a primeira história publicada decide o futuro do autor.

— Entendo, mas não vivemos mais na época dos romancistas famosos.

— Isso é realmente ruim, eu acreditei com o advento da internet iria proporcionar mais informações para os futuros autores e assim histórias revolucionárias surgiriam aos montes, mas parece que isso apenas prejudicou a cognição das pessoas.

Meses se passaram e nada do trabalho de Jade, eu realmente acreditei que ela havia desistido por completo daquele ramo ou ela decidiu entregar seu trabalho para outra editora, se a segunda opção fosse válida e fosse realmente publicado eu perderia o emprego por deixar escapar essa oportunidade.

No fim do expediente eu recebo uma nova ligação da administração, ela falava sobre um autor conhecido que vinha apresentar seu trabalho revisado, e a primeira pessoa que pensei foi nela, fui até o térreo e realmente minhas suspeitas se tornaram verídicas.

O olhar de Jade parecia determinada, diferente do olhar inseguro de meses atrás, o manuscrito estava sobre a mesa e ela logo se levantou para me cumprimentar.

— Ora, eu achei que você havia desistido.

— Não vou desistir até realizar meu sonho.

Eu apenas me surpreendo com aquela motivação e decido ler o manuscrito. O manuscrito era diferente de tudo que eu havia lido, todas as partes que eu considerava medianas estavam excelentes, o trabalho dela realmente parecia de um profissional.

Eu apenas aceno com a cabeça e guardo o manuscrito.

— Então? – Indagou Jade. Esperançosa.

— Irei apresentar esse trabalho para meu chefe, seu telefone está na capa, então qualquer novidade eu ligo.

Ela sorri como se eu tivesse aceitado o trabalho.

— E tira esse sorriso do rosto, não é porque eu irei aceitar seu manuscrito que será publicado.

Ela fecha a cara completamente assustada.

— Entendi...

— Boa sorte! Você vai precisar.

Apresento o manuscrito para o meu chefe e ele aceita na hora para publicar, mas logo eu baixo a bola dele.

— Não é melhor esperarmos até encerrar as inscrições? Talvez apareça um autor com uma história melhor que essa.

— Você realmente acredita que irá aparecer um manuscrito que supere esse?

Eu abaixo a cabeça e digo que não.

— Logo não há porque não publicarmos, é uma chance de ouro, essa autora é realmente um profissional, pelo jeito valeu a pena o trabalho duro.

No fim, meu chefe tinha razão, as inscrições haviam encerrados e nenhum trabalho deste então conseguiu superar o manuscrito revisado da Jade, logo após a publicação eu acredito que você saiba da história.

— E assim um completo desconhecido se tornou uma autora famosa. – Disse Rafael encerrando a história. – Entende porque eu realmente acredito em você?

— Mas, eu não sei se essa história vale a pena a ser publicado. – Disse a moça de cabelos escuros. – Como eu disse antes, eu consegui escrever esse conto por causa de um lápis dourado.

— Acredite, não foi o lápis, foi sua criatividade, alguém deliberadamente, ou até você mesmo acreditou que toda sua criatividade veio por conta de seu material, isso se chama efeito placebo.

— Mas...

— Por favor, deixe-me publicar esse conto, com certeza você se tornará uma autora de sucesso. – Implorou Rafael.

— Não, seria injusto, o lápis era da Jade.

— Jade? Você disse Jade Paskocimas?

— Sim, ela é minha amiga, eu consegui o seu contato por ela.

— Interessante. – Disse Rafael encarando a história. – Isso explica a qualidade desse trabalho.

— Então você acredita que ela que escreveu?

— Não, obviamente se são amigas, deve ter passado pelas mesmas experiências ou também você a utilizou como inspiração para escrever sua própria história, isso é o bastante, eu realmente irei publicar essa história.

— Se for publicar, publique no nome dela!

— Porque, foi ela que escreveu?

— Não, mas eu preferia que fosse ao nome dela, e também as ideias iniciais eram dela.

— Entendo.

Rafael lê novamente o título do conto, uma letra engarrafada dizendo.

“Coração de ouro”.

— Bem que achei que essa história seria uma sequencia mesmo...

Ela assentiu e decidiu sair da sala de Rafael, ele novamente encara o manuscrito e pergunta para si mesmo.

— Até mesmo desaparecida você cria histórias mirabolantes, se realmente for sua ideia inicial isso quer dizer que você se superou, Jade.


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