Hero escrita por spyair


Capítulo 29
Vida


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna!
Demorei, eu sei (pra mim foi uma eternidade),as finalmente está aqui, o penúltimo capítulo dessa história linda.
Esse capítulo está em terceira pessoa (vocês provavelmente já sacaram o por que), principalmente para poder abranger vários sentimentos (risada maléfica)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/740045/chapter/29

O som da explosão ressoou por toda a montanha, levantando vento e poeira por todos os lados. As vidrarias do casarão trincaram com o impacto, causando surpresa nos que estavam lá dentro, já que estavam um pouco atônitos á tudo. O efeito do veneno que imobilizara três deles já estava passando, então já conseguiam respirar normalmente e quase andar sozinhos. Todos os seis saíram apressados do casarão para conferir o que estava acontecendo. Demoraram alguns minutos para que a poeira baixasse, e assim que isso aconteceu, um formigamento familiar surgiu em suas nucas.
— Isso é... — Todoroki murmurou, sentindo seu lado esquerdo esfriar e seu lado direito esquentar.
— Nossas Individualidades! — Kirishima comemorou, fazendo com que seu braço endurecesse e assumisse a forma de uma lança.
— Maldita... — ouviram, alguns metros adiante, seguido por um som alto de explosão. Aquela explosão eles facilmente reconheceram, era Bakugou. Viram o garoto loiro voando até a beira da montanha, e antes que pudessem dizer algo, ele já estava caindo ladeira abaixo. E havia alguém amarrado a ele. Midoriya.
Ambos caíam juntos, Bakugou se concentrava em disparar explosões para acelerar a queda, enquanto Izuku desatava o nó que os prendia. Não demorou muito para que conseguisse, e logo estava deslizando pela parede da montanha, desviando de árvores e pedregulhos.
Chegaram juntos á base da montanha. Um rastro de sangue denunciava o caminho que ela havia traçado. Katsuki seguiu-o sem hesitar, seu coração estava tão acelerado que podia sair pela sua boca a qualquer segundo.
— Hanae! — vociferou, avistando-a. O corpo do garoto explosivo congelou ao fitar o corpo ensanguentado dela. Agachou-se ao seu lado, agarrando-a pelos ombros e a erguendo até conseguir enxergar sua face um tanto deformada — Ei… Ei! Me responde, cacete! — exigiu, pequenas lágrimas brotando no canto de seus olhos. Vendo que a garota estava desacordada, sua respiração ficou falha. O líquido escarlate que escorria da cabeça da garota e manchava suas mãos era frio e metálico. Pousou-a no chão cuidadosamente, levantando-se com os olhos marejados e a face contorcida em ódio. Um pouco mais atrás, Izuku estava paralisado. Não conseguia mover um músculo sequer, mas seu coração estava apertado. Ver sua irmã daquele jeito, sem vida, uma serenidade fantasmagórica cercando seu corpo, era algo de cortar a sua alma. Lágrimas escorriam sem nenhum intervalo por suas bochechas quando o amigo de infância se aproximou.
— Kacchan… Ela está… — o loiro não deixou que terminasse a frase. Seu olhar estava fixo no alto do penhasco, onde a mulher de longos cabelos brancos e uma expressão de puro prazer se encontrava.
— Deku, cale a merda da sua boca — Katsuki fitava a mulher no topo da montanha, coisa que Izuku logo imitou. Sua face estava completamente quebrada, seus cabelos esbranquiçados chamuscavam e o corpo estava um tanto quanto machucado. Coisa que não ficaria por muito tempo.
Ambos com lágrimas nos olhos, eles entendiam os pensamentos um do outro. Pensavam em apenas uma coisa. Matar a vadia que havia ferido a coisa mais preciosa em suas vidas.
Izuku ativou o One For All, se colocando pronto para saltar, ao passo que Katsuki apontou as próprias mãos para o chão e disparou uma explosão, para que juntos deixassem o solo e subissem aquele penhasco tão rapidamente que a vilã nem ao menos teve tempo de vê-los chegar.
O loiro não esperou nem um segundo antes de socar o rosto da mulher com a sua direita. Ela, porém, conseguiu desviar-se. No entanto, Izuku já estava com um chute preparado, que atingiu em cheio nas costelas da mulher. O som de ossos sendo quebrados pôde ser ouvido, mas o som da grande explosão que rompeu em seguida o superou. Bakugou não havia dado tempo nem para que a mulher sentisse dor, já havia liberado a maior explosão que seu corpo lhe permitia.
Zero foi arremessada á metros de distância dali, voando sobre os alunos com expressões confusas. Izuku e Katsuki a seguiram, correndo o mais rápido que suas Individualidades lhes possibilitavam. Ao alcançarem a mulher, esta não conseguia mais se levantar do chão, devido às várias partes do corpo quebradas.
Izuku, ainda preenchido por adrenalina, agarrou seu colarinho, atirando-a para cima com toda a força de seus braços e tomando impulso com as pernas para se erguer do chão e seguir a mulher pelo ar. Ao alcança-la, e acertando em cheio na cabeça, chutou-a de volta para o chão, onde foi aberta uma grande cratera com o impacto do corpo dela contra o mesmo.
Já estava á beira da morte antes mesmo de atingir o solo, mas nem mesmo isso fez com que a sede de sangue acabasse. Katsuki lentamente caminhou até onde ela repousava, suas passadas eram tão firmes que deixavam marcas no chão.
— Eu vou te matar… — de todas as vezes que Bakugou Katsuki dissera aquela frase, aquela era a mais verdadeira. O único desejo que tinha naquele momento era matá-la, e ele com certeza o faria.
Estava possesso. Enquanto não visse aquela mulher completamente destruída ele não iria parar.
Agarrou o rosto dela, erguendo-a do chão até a altura dos olhos. Numa fracassada tentativa de se soltar, Zero levou as mãos até o braço dele, mas antes que fizesse força para se desvencilhar, o garoto loiro disparou uma explosão sem piedade. Em seguida outra, e outra, e outra ainda. Uma atrás da outra, pondo o máximo de energia que conseguia naquelas explosões. Não se importava com a dor em seu braço ou se estava exagerando, ele iria explodi-la até que sua pele estivesse descolando de seu rosto.
— Kacchan — Izuku chamou o amigo de infância.
— O que é? — sibilou, respirando fundo antes de se virar e largar a mulher no chão, o corpo que agora era apenas uma casca vazia.
— Vamos — apontou com a cabeça para a beirada da montanha, onde os outros se reuniam para descerem juntos. Yaoyorozu criara uma corda que amarrou todos juntos, Kirishima na frente, enquanto Uraraka utilizava sua Individualidade para anular a gravidade do corpo de todos, exceto do ruivo, que ativou a sua própria e endureceu seu corpo como pedra, puxando todos para baixo.
Chegaram ao local onde a garota de longos cabelos azulados jazia. Yaoyorozu assustou-se ao ver seu o corpo machucado, mas apressou-se para começar a expelir todo tipo de remédios e curativos. Junto de Uraraka, começaram a tratar os ferimentos da Midoriya, enquanto os garotos davam espaço para que elas trabalhassem, já que ambas haviam estagiado com a Recovery Girl por um tempo. Ela possuía muitos ferimentos graves. A perna esquerda estava torcida, o braço possuía uma fratura exposta, o rosto, antes sereno, tinha diversos cortes profundos, um ferimento na cabeça, além da ferida no peito feita pela vilã.
— Momo… Ochako… — a voz fraca fez não só as duas garotas, como também os outros presentes se arrepiarem.
— Hanae, procure não fazer esforço — Yaoyorozu pediu, sem parar com o procedimento.
— Parem.
— O que? — Uraraka franziu o cenho para o pedido.
— Parem com isso… Eu não tenho mais jeito… Não sinto nada do pescoço para baixo, é melhor parar… — explicou, tendo que respirar fundo em alguns pontos da fala.
— Não! — o outro Midoriya protestou. — Podemos encontrar um jeito! Podemos... — nesse momento as garotas deram espaço para que os dois irmãos pudessem trocar suas palavras. Izuku já tinha lágrimas escorrendo pelas bochechas sem intervalo. A verdade é que não queria de jeito nenhum perder sua amada irmã.
— Nii... — ela suspirou, fitando os olhos esverdeados do irmão. — A partir de agora eu não poderei mais te ajudar… Então… — antes que prosseguisse, começou a tossir sangue, fazendo todos os outros fecharem os olhos e tentar conter as lágrimas. Todos saibam o que a aguardava — Me prometa uma coisa — pediu ao recuperar o fôlego.
— O que? — questionou o esverdeado, mordendo o lábio inferior numa tentativa de se manter calmo m
— Prometa... que se tornará o maior herói de todos.
— Eu não…
— Prometa.
— Não! Não posso fazer isso sem você! Preciso de você! — a garota sustentou o olhar cansado sobre o irmão até que ele cedesse, voltando a derramar-se em lágrimas, antes de bradar com toda força de seus pulmões. — Eu prometo!
Ela sorriu, fechando os olhos por um momento. Nenhum deles havia conseguido se segurar. Todos, até mesmo os mais fortes e sérios estavam chorando. Kaminari e Kirishima gritavam e choravam escandalosamente no ombro um do outro, enquanto Yaoyorozu e Uraraka se abraçavam. Todoroki chorava baixinho com Iida apoiado em si.
— Pessoal, parem de chorar — usava suas últimas forças para conseguir pronunciar as palavras — Estão parecendo idiotas — aquela tinha sido direcionada principalmente para Kirishima e Kaminari, que na mesma hora engoliram o choro.
— Por que? — escutaram Bakugou sussurrar para si mesmo. — Por que tem que ser assim, porra?! — ele ergueu o rosto subitamente, fazendo o restante dos presentes se surpreender. Nenhum deles, exceto o Midoriya, jamais havia visto Bakugou Katsuki derramar uma única lágrima. — Não precisa ser assim, sabia?! Podemos encontrar uma forma de… — suas palavras fugiram ao fitar o sorriso sereno no rosto de Hanae.
— Vem cá.
Percorreu lentamente o pequeno trajeto até chegar nela, ajoelhando-se ao seu lado. Fitou o rosto ensanguentado da garota, levando sua mão até a bochecha rosada. Ninguém jamais conseguiria substituí-la. Gostava quando discutiam, porque no fim sempre a tinha em seus braços. Gostava do sorriso dela, a única coisa que conseguia aplacar sua raiva. Gostava da voz dela, tão gentil que chegava a deixá-lo irritado. Achava-a linda com seus incomuns cabelos azuis. Sentiria saudades dos sermões longuíssimos que ganhava quando fazia alguma merda. A docilidade da garota era de deixar qualquer um admirado. As risadas que davam juntos, as noites em claro conversando, as lutas sem razão, a raiva que sentiam um do outro de vez em quando… nada disso poderia ser substituído por ninguém no mundo, Bakugou sabia disso.
Constatar tudo isso o fez voltar a chorar. Talvez aquele fosse um dos únicos momentos de sua vida que ele chorara pra valer, sem sentir vergonha que os outros o vissem.
— Entendo… — ouviu-a murmurar num suspiro. — Então era isso…
Midoriya Hanae acabara de se lembrar de um sonho antigo que tivera muitas e muitas vezes, e nesse momento ele lhe parecia incrivelmente claro em sua mente. As mãos ásperas eram dele, as lágrimas que molhavam seu rosto estavam sendo derramadas por ele, os cabelos espetados pertenciam a ele…
Sorriu, mexendo um pouco o rosto para sentir a carícia dos dedos de Katsuki em sua bochecha. Ergueu os olhos para a lua brilhante no céu.
— Katsuki, viva bem. Não precisa se apressar... Pode demorar a ir me encontrar... Eu te esperarei.
— E-ei... — o garoto loiro chamou, passando o braço por cima dela para poder encará-la. — Ei! Nem ouse fazer isso! — ele viu. Viu o brilho se esvair dos lindos olhos azuis. O ar fugiu de seus pulmões por um momento antes que ele pudesse reagir novamente — Ei! Me escuta! Ei! — agarrou-a pelos ombros, sacudindo-a. Simplesmente não queria aceitar aquilo. Precisava dela, não queria perdê-la. Lágrimas corriam pelo seu rosto sem permissão enquanto chamava sem cessar o nome da garota. — HANAE!

***

O dia ensolarado combinava bem com aquela ocasião, de certa forma. Os raios do sol brilhavam sobre todas as pessoas reunidas ali usando roupas pretas para velar pela vida de Midoriya Hanae. Ela sempre fora uma garota alegre e de gênio difícil, por isso combinava bem com aquele sol forte.
"Ser enterrada num dia de chuva é tão clichê", era o que ela diria se pudesse.
A mãe adotiva da garota nunca havia sentido dor maior do que quando recebeu a notícia que sua filha mais nova estava morta. Por mais que não fossem do mesmo sangue, sentira aquela dor no mais profundo de seu coração. Parecia que uma parte dela havia sido arrancada drasticamente de seu peito. Falando em sangue, o pai biológico da menina também sentira. Ainda que tivessem passado mais tempo separados do que juntos, ele a amava infinitamente. Ela era sua garotinha, e ele apenas lamentava não ter passado mais tempo junto dela. Também estavam lá todos os alunos da sala 3-A, os seus fiéis amigos, todos os professores com quem a garota pegara afinidade e o diretor da U.A, vários heróis profissionais e o antigo Big Three.
O clima pesado pairava sobre eles quando Midoriya Izuku terminou seu discurso emocionante que arrancara lágrimas de quase todos. Quase todos.
Naquele dia, Bakugou Katsuki lutou contra si mesmo.
Todas as pessoas á sua volta lamentavam a morte expondo suas lágrimas e rezando para que os deuses guardassem a alma da falecida, no entanto, o garoto explosivo não derramou nenhuma lágrima. Apenas fitava a lápide, imerso em pensamentos, alheio ás coisas que ocorriam a sua volta. Em certo momento, Izuku se colocou ao seu lado, o rosto um tanto inchado e a ponta do nariz ruborizada.
— Kacchan... — despertou-o de seus devaneios tocando em seu ombro. — É hora de ir.
Juntos, os dois adolescentes deixaram o cemitério. Enquanto caminhavam por entre as inúmeras lápides e o cheiro irritante de cadáver impregnava seus narizes, o loiro pronunciou:
— Deku... O que vai fazer de agora em diante? Sabe, sem ela — andava com o rosto baixo, apenas fitando os próprios pés aparecerem um na frente do outro á medida que avançava. Incrivelmente, o de cabelos esverdeados sorriu, antes de retrucar a pergunta.
— Eu fiz uma promessa.
Com aquela resposta, continuaram juntos a percorrer o cemitério até os grandes portões que delimitavam aquele território. Mas algo estava os impedindo. Os repórteres.
Várias pessoas com câmeras e microfones se amontoavam umas em cima das outras para tentar falar com os dois estudantes de heróis, dois dos melhores alunos da U.A, apenas para tentar uma entrevista sobre o que acontecera alguns dias atrás. O mundo inteiro ansiava por informações a respeito dos vilões que foram enfrentados e dos planos que foram frustrados.
“Midoriya-san, Bakugou-san! Um momento!”, “nos contem o que aconteceu!”, “como ela morreu?”, “ela era sua namorada?!”, “como vocês dois, os melhores estudantes de heróis da U.A, salvaram o mundo?”.
Ao ouvir esta última pergunta, o loiro estagnou, parando de seguir Izuku por entre a multidão. Virou-se lentamente na direção de uma das câmeras apontadas para ele, um quê de assassinato em seu olhar.
— Calem a boca, seus merdas. Vocês não tem o direito de falar qualquer coisa a respeito disso. Mas apenas para vocês fecharem o cu de vocês e darem o fora dessa merda, eu vou responder uma única pergunta.
— K-Kacchan!
— Ouçam bem, a pessoa que salvou o mundo foi Midoriya Hanae, a heroína Vitale. Ela, sozinha, salvou a vidinha patética de cada um de vocês, então deveriam parar de fazer merda por aí e ir agradecer um pouco a ela — declarou, antes de empurrar brutalmente um repórter para abrir seu caminho. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

NÃO ME MATEM! Não desistam de mim! Podem comentar à vontade, me xingando, me chamando de todo tipo de nome que exista. Sinta-se à vontade para me ameaçar, eu sei que eu mereço.
Vá além, PLUS ULTRA!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hero" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.