Hero escrita por spyair


Capítulo 24
Mudança


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna!
Cá estou eu com mais um capítulozinho pra vocês, com lutinhas e tudo o mais. Aqui está, de fato, o arco final desta maravilhosa historia. Então, sem mais lágrimas, nos vemos nas notas finais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/740045/chapter/24

— Midoriya, agora você tem que ir para a reunião! — Iida declarou, me arrastando pela sala até o sofá onde Yaoyorozu, Ashido, Uraraka, Aoyama e Todoroki já discutiam milhares de assuntos sobre formatura e cerimônia. — Pronto! Agora estamos todos reunidos.

Cruzei os braços, jogando-me entre Kirishima e Uraraka.

— Por que temos que fazer isso logo de manhã? Não podemos ter reuniões depois das aulas?

— Porque você sempre volta pra casa com o Bakugou, e nós não queremos cutucar a fera — Kirishima apontou para trás de si, onde era possível encontrar Katsuki descendo as escadas.

— Eu ouvi isso, seu merda!

Certas coisas nunca mudam.

— Ohayō, Katsuki! — sorri, virando-me para encará-lo e tentar fugir dali.

— Hanae! — todos os integrantes do comitê repreenderam em uníssono.

— Tá bem, tá bem... — voltei a olhar para frente, encolhendo-me no sofá.

***

Durante uma longa aula com o diretor, eu estava um tanto entediada. Sei que não deveria estar pensando em coisas aleatórias quando os exames finais estavam tão perto, mas eu simplesmente não consegui evitar. Nos primeiros vinte minutos de aula e eu já estava perdida em pensamentos sobre mudanças. Muita coisa havia mudado desde quando entrei na U.A, isso é fato. Jirou tinha cabelo longo e agora sua Individualidade se equiparava á de Present Mic; Kaminari havia superado seus limites e não mais ficava idiota quando usava sua Individualidade; Kirishima podia manter seu modo Unbreakable por mais de dez minutos; Mineta não sangrava se tirasse bolinhas demais do cabelo e Tokoyami podia controlar sua Dark Shadow no escuro.

Uraraka conseguiu praticamente dobrar seu limite de três toneladas, e ela agora conseguia eliminar a gravidade do próprio corpo sem vomitar na cara de todo mundo; Aoyama conseguia liberar seu laser por mais de um segundo. Essas e outras mudanças caracterizavam o perfil atual daquela sala.

Uma das maiores mudanças foi a de meu irmão. Lembro-me bem do garoto franzino e tímido, fã de super heróis e sem Individualidade. Quem o visse hoje nunca pensaria que um dia ele já fora assim. No exame de admissão da U.A ele se quebrou inteiro (eu só fui ficar sabendo disso no segundo ano), e hoje alcançava um limite de quase sessenta por cento do poder do One For All. Era quase surreal quando ele lutava.

Outros como Bakugou e Todoroki que já haviam entrado na U.A em níveis acima da média e praticamente sem limitações, também obtiveram melhoras. Não tão estrondosas como as dos outros, mas sim, muitas melhoras. Como por exemplo, o trabalho em equipe. Era quase possível fazer Katsuki cooperar, desde que ele não se animasse demais e começasse a perder a cabeça. Isso ainda está em processo, mas eu tenho fé que até a nossa formatura ele estará totalmente polido.

***

Ao fim das aulas daquele dia, juntei-me aos meus queridos amigos (meu squad) para voltarmos juntos para casa. Eu conversava animadamente com Uraraka, Asui e Ashido sobre assunto paralelos de garotas, enquanto com seu braço passado por meu ombro, Katsuki conversava com meu irmão, Kirishima, Iida e Kaminari. Eles discutiam alguma coisa totalmente irrelevante para mim, então continuei focada na minha própria conversa.

— E eu estava pensando em azul bebê para os vestidos! — comentei, fantasiando comigo vestida num belo traje de gala. Havíamos entrado em senso comum na sala de aula que nossa formatura seria quase totalmente à la América. Claro, carregaríamos algumas tradições formais de nosso país, mas o baile iria com certeza seria como americano. — O que acha? — indaguei, cutucando o garoto ao meu lado.

— Hum... Combina com seus olhos — respondeu, sem nem ao menos olhar para mim.

— Seu cérebro derreteu e foi parar nos pés? Meu cabelo é azul! Não posso usar um vestido azul ou vou ficar parecendo um picolé! — revirei os olhos, estapeando seu peito. Bakugou soltou um gemido de dor baixinho, enquanto gritava algum palavrão para os outros garotos, que gargalhavam.

***

— E podíamos convidar o Togata-senpai para fazer a entrega dos diplomas — Iida sugeriu, na nossa reunião da noite. Apenas para constar, Togara Mirio era o atual Símbolo da Paz. Ele havia conquistado esse título logo após a sua formatura na U.A. Com a sociedade sem um Símbolo, o povo o acolheu tão bem que foi como se ele já fosse heróis há anos.

— Seria fabuloso! — Aoyama exclamou. Apesar de ele ser estranho, o colocamos de bom grado no comitê de formatura, ele tinha idéias bem extravagantes e maravilhosas ás vezes.

— Tem razão! Hanae, pode tentar conseguir o número dele? Você trabalha com o amigo dele, não é? — Yaoyorozu indagou, com um lápis na boca e fitando sua prancheta.

— Claro, peço o contato dele ao Tamaki-senpai — concordei, suspirando.

Todo mundo só falava de formatura, exames finais e licença para herói o tempo inteiro. Eu simplesmente não aguentava mais ouvir falar disso. Claro, eu estava empolgada para me formar logo e virar uma heroína, mas não podiam dar uma pausa?

Bufei, esfregando o rosto com as duas mãos enquanto afundava o rosto no ombro de Iida.

***

— Façam silêncio! — Aizawa-sensei ordenou, uma estranha mas muito conhecida sensação passando por nós e fazendo todos se calarem. Estávamos dentro do ônibus que nos levaria para a USJ para o nosso treinamento de resgate semanal. — Hoje será feito em grupos de quatro. Dois vilões, um refém e um herói. Terão cinco minutos para efetuar o resgate, e todos devem jogar uma vez como heróis. Eu já sorteei previamente, então… Grupo A: Aoyama, Todoroki, Bakugou e Kouda. Vocês ficam na zona de alagamento — avisou, sem tirar os olhos de sua prancheta. — Grupo B: Kirishima, Yaoyorozu, Jirou e Sato. Zona de deslizamento. Grupo C: Ojiro, Sero, Midoriya Izuku e Asui. Zona de incêndio. Grupo D: Mineta, Shoji, Kaminari e Midoriya Hanae — ergui meu olhar do celular escondido entre minhas pernas ao ouvir meu nome — Zona de ruínas. — guardei a informação na mente, voltando a fitar o celular e apoiando a cabeça no ombro de Bakugou, que estava ao meu lado no ônibus. — Grupo E: Uraraka, Ashido, Tokoyami e Iida. Zona montanhosa — finalizou, sentando-se de volta em seu banco e dando uma permissão muda para que voltássemos à conversar.

***

Já na USJ, me dirigi junto com o restante do meu grupo até a área que nos foi designada. Ao chegarmos lá, fizemos um círculo, fechando as mãos em punhos para decidirmos quem seria o herói.

— Jokenpô! — exclamamos todos juntos. Logo estava decidido que Kaminari seria o herói e iria me salvar, enquanto Shoji e Mineta seriam o vilões.

— Kaminari, troque comigo! — Mineta implorou.

— Não, foi decidido de forma justa! — cruzei os braços na altura do peito.

— Tudo bem, tudo bem… — o menor suspirou.

— Vamos — Shoji disse simplesmente, abrindo seus braços e me prendendo numa espécie de jaula. Os vilões teriam cinco minutos para se esconderem, e caso não pudessem impedir, a vítima podia fazer quanto escândalo quisesse.

Não sei para onde me levaram, os braços de Shoji impediam minha visão, mas acabei num prédio mal iluminado e que cheirava a mofo.

Mineta usou sua Individualidade para prender meus braços e pernas (ele parecia estar adorando aquilo), e me jogaram no fundo da sala. Shoji ficou naquele andar comigo, enquanto Mineta saiu para proteger o prédio. Comecei a contagem mental de cinco minutos, aguardando pelo momento em que Kaminari iria entrar pela porta.

Meus braços já estavam latejando de ficar virados para trás quando meu desejo finalmente se cumpriu. Kaminari entrou pela porta, e em menos de dois minutos ele havia eletrocutado Shoji. Não que Shoji fosse fraco, mas ele estava mais pra detecção e corpo a corpo do que ataques de longa distância. 

— Você me salvou! Obrigada, herói! — brinquei quando ele me pegou nos braços, finalizando o salvamento.

— Você pode me agradecer mais tarde, senhorita — o loiro piscou pra mim.

— Cafajeste, eu sou uma moça comprometida! — exclamei, criando uma pequena quantidade de água atrás dele, suficiente apenas para envolver sua cabeça e o deixar sem ar e desesperado.

***

Jokenpô!

Na segunda rodada, eu acabara como heroína, Mineta como refém e Kaminari e Shoji como vilões. Com Shoji eu podia lidar facilmente, mas Kaminari era o verdadeiro problema. Por mais que eu fosse imune à ataques externos como cortes, socos, tiros e tudo o mais, ataques externos me afetavam bastante. Eletricidade, som… Tudo isso era muito bem conduzido pela água e se tornava um problema frequente para mim.

Observei calmamente a rua deserta. Prédios tombados e caídos ladeavam a pista coberta em alguns pontos por destroços. Sabia exatamente onde eles haviam se escondido, já que Mineta gritava desesperadamente. Revirei os olhos, dirigindo-me até o beco. Logo na entrada, avistei aquele que eu não queria avistar. O loiro sorriu maldosamente, ele sabia das minhas fraquezas muito bem.

Travei o maxilar, começando a traçar um plano detalhado em minha mente. Seguindo passo por passo, avancei contra meu oponente, o corpo baixo para conferir maior aerodinâmica. Ao aproximar-me o suficiente de Kaminari, este ergueu a mão e apontou seu dedo para mim como um revólver, pronto para descarregar eletricidade direto em mim. Por sorte, eu conhecia muito bem os truques dele.

Ele iria atirar uma vez, em seguida eu desviaria com destreza, mas ele já teria um segundo tiro pronto. Exatamente dessa forma ocorreu. Eu recebi toda aquela descarga, muito mais forte desde a última que eu me lembrava. Mas mesmo assim, mesmo com a eletricidade percorrendo todo o meu corpo, eu continuei a avançar contra ele. No segundo em que seu braço abaixou, tomei impulso e arrebatei os pés do chão. Fechei minhas pernas ao redor do pescoço de Kaminari, e antes que ele pudesse reagir, girei todo o meu corpo como um gato fazia. Primeiro a cabeça, seguida do tronco para em seguida girar as pernas, que por estarem bem presas em Kaminari, o levaram junto comigo.

O corpo do garoto loiro chocou-se violentamente no chão, e eu aproveitei a deixa para apanhar a fita branca do bolso e o envolver com a mesma, indicando que ele estava fora de jogo. Deixei-o no chão se debatendo (aquelas fitinhas eram resistentes) e adentrei no beco. Não tardaram dois passos para que eu encontrasse com Shoji. Este tapava toda a passagem com seus braços musculosos. Por sorte, eu era especialista em me esquivar por pequenas brechas.

Com esse pensamento, liquefiz todo o meu corpo, que passou sem problema algum por entre os espaços. Solidificando-o e sem parar de correr, eu deixei um rastro de fita por onde eu passei até alcançar Mineta, no fim do beco. O garoto miudinho jogou-se em meus braços, facilitando um pouco meu trabalho. Ele estava segurando-se em locais indevidos, mas como meu tempo era um pouco corrido, eu ignorei. O mataria mais tarde.

Puxei a fita de um lado do beco até o outro sem intervalo, ainda deixando seu rastro por onde eu passava. Shoji corria até mim, seus braços abertos encurralando-me no beco. Respirei fundo, correndo de encontro á ele, e antes que seus braços pudessem me agarrar, evadi-me por debaixo de seu lado esquerdo.

Está completo!, afirmei mentalmente enquanto retomava o equilíbrio. Pus-me de pé, puxando a fita adesiva com força. Eu consegui ver o início da fita e agarrá-lo a tempo para prender Shoji e finalizar aquela partida, ainda com bons dois minutos de sobra.

***

Naquela noite, depois de quatro longas horas jogando MMORPG com Kaminari (ele dormiu e me deixou duelando sozinha, belo amigo eu tenho), eu estava quase indo dormir quando lembrei que ainda precisava falar com o senpai sobre a entrega dos diplomas na nossa formatura, e por um infeliz acaso do destino meu celular estava lá no térreo.

Deixei a minha cama confortável para calçar minhas pantufas pretas e sair do quarto. Cruzei preguiçosamente o corredor vazio e escuro, indo direto até as escadas que levariam até o térreo. Apoiando-me no corrimão, desci os lances de escada rapidamente, encontrando o andar para qual eu estava indo.

Varri todo o espaço com os olhos, buscando o celular. Não foi difícil encontrá-lo, a capinha dourada com um grande “V” em lantejoulas chamava um tanto de atenção, então eu me dirigi até a coluna que suportava um vaso tribal. Assim que estiquei meu braço para apanhar o celular, meus olhos visualizaram pelo reflexo do vaso uma imagem que me chamou atenção.

Me virando rapidamente, deparei-me com Izuku jogado no chão, e montada nele uma garota que aparentava ser uns três anos mais nova, o beijando furiosamente. Ele estava totalmente imóvel, não mexia um músculo, apenas deixava que a garota o beijasse.

Que diabos está acontecendo?! 

Tirando minha atenção deles, um pouco mais atrás eu pude encontrar uma mulher, e ao seu lado um homem bem velho. Ambos estavam de costas, então eu não vi seus rostos. Mas vi algo que me era familiar. Presa nos fios brancos da mulher estava uma flor. Suas pétalas escarlates destacavam-se de longe, e eu senti a estranha sensação de conhecer aquela flor. Onde eu a havia visto?

Ignorei a flor, voltando meu olhar para Izuku. Pude ver seus olhos. Estavam arregalados, desesperados. Tinha algo de muito, muito errado acontecendo ali, e eu não ia deixar que aquela loucura se prolongasse mais. Comecei a reunir água, iria capturá-las num instante e descobrir o que diabos estava acontecendo ali.

No entanto, senti algo perfurar meu pescoço repentinamente. Era uma agulha, uma seringa, para ser mais exata. Eu liquefiz a parte do pescoço que foi perfurada para livrar-me da dor, mas aparentemente isso foi um erro. O conteúdo da seringa dissolveu-se muito mais rápido na água do que dissolveria no sangue, e eu só percebi quando meu corpo chocou-se com o chão. Não consegui ver mais nada, eu não conseguia mexer nenhuma parte do meu corpo e meus cabelos tapavam minha visão. Meus músculos não se mexiam, por mais que eu tentasse e tentasse repetidas vezes, eles continuavam imóveis.

Nii-chan!, pensei, desesperada. Não conseguia nem ao menos falar. 

Não consegui fazer mais nada, não consegui ver o que aconteceu, mas naquela noite meu irmão fora levado por aquelas pessoas. A garota que o beijava, a pessoa que me furou, o homem velho e a mulher com a flor. Eles sequestraram meu irmão e eu não consegui fazer nada para os impedir. Tudo o que eu fiz foi ficar ali, caída no chão, incapaz.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, beberes? O que acharam? Odiaram? Amaram? Acharam meio bosta? Podem comentar viu, nem que seja pra me xingar e dizer que eu sou um monstro e só faço desgraça na vida da coitada da Hanae.
Vá além, PLUS ULTRA!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hero" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.