Hero escrita por spyair


Capítulo 23
Flores, beijos e brigas


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna!
Olha eu aqui de novo! Aproveitei o feriado estadual pra escrever, então cá estamos nós. Apenas um aviso, esse cap está bem açucarado e leve, mas não se preocupem que as tão queridas cenas de ação vão voltar logo logo. E ah, mais uma coisa! Nesse cap ocorre o pulinho no tempo, então parte dele se passa no tempo normal e o final se passa lá no terceiro ano, como vocês logo verão.
E outra coisa! Muito, muito, muito, muito obrigada ao Zero pela recomendação, eu particularmente fiquei emocionada lendo e AMEI! receber recomendação do meu leitor Fiel! Obrigada!
Sem mais delongas, nos vemos nas notas finais!



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— O-o-o J-Japão inteiro?! — Izuku deixou seus hashis caírem no chão com o choque da notícia.

— Não posso acreditar... — mamãe levou a mão até a boca, estupefata. E eu não estava muito diferente dela. O Japão inteiro sem Individualidades. Isso poderia causar uma crise sem precedentes, algo que nos levou tão de surpresa assim. Desde que a primeira Individualidade surgiu, na China, quando aquele bebê brilhou, algo assim nunca aconteceu. Em toda a história, em nenhum momento uma massa de pessoas tão grande perdeu suas Individualidades de uma vez só.

Porém, alguns dias depois eu descobri que isso teve um lado bom. Como ninguém mais tinha Individualidade, nem mesmo os vilões, a taxa de captura de vilões subiu drasticamente. Os heróis ajudaram a polícia a pegar o maior número possível de vilões naquela semana, já que eles eram mais formados em corpo a corpo do que a maioria dos vilões. Papai me ligou na quarta a noite, disse que queria muito ir me visitar mas que não poderia, pois as coisas estavam um tanto movimentadas. No noticiário desse mesmo dia, recebemos uma notícia magnífica.

A Liga dos Vilões fora capturada. Já estavam sendo rastreadas pela polícia a algum tempo, e todos os membros conhecidos estavam confinados em prisões de segurança máxima. Foi dito que entre os heróis responsáveis pela captura dos mesmos estavam Endeavor, Gran Torino, Night Eye e Hydro, mais conhecido como meu pai. Dizem que ele deixou Dabi quase morto. Não o julgo. Eu também faria isso se alguém destruísse o braço da minha filha.

***

No sábado, eu chamei Uraraka para vir passar a tarde na minha casa. Ela me disse que tinha acabado de chegar de viagem, mas que viria e me traria um presente. Eu não discordei, é claro. Presentes são sempre bem vindos.

— Nii-chan? — chamei, batendo na porta de seu quarto. Abri a mesma, um sorriso divertido brincando em meu rosto. — Eu chamei alguém pra vir aqui.

— É um garoto?! — exaltou-se repentinamente, deixando cair no chão a revista que ele lia.

— Não — franzi o cenho.

— Menos mal — suspirou.

— Chamei a Ochako-chan.

— Hã?! — ele quase caiu da cama. — P-por quê chamou ela?! U-uma garota... Aqui em casa... — antes mesmo que eu percebesse ele já havia começado a murmurar e murmurar até não poder mais.

— Pare! Assim eu me sinto um abajur!

— Hanae, você é diferente — Izuku revirou os olhos — Eu te vi de fraldas, então você não conta como “uma garota”.

— Nii-chan! Eu tenho cara de garoto?!

— Se olhar bem... E inclinar a cabeça um pouco... — Izuku apertou os olhos, fixando meu rosto.

— Idiota! — bradei, ignorando seus risos e batendo a porta de seu quarto com toda a força dos meus braços. Bufei, pisando firme até meu quarto. Joguei-me na cama, puxando meu celular enquanto esperava. Todas as redes sociais estavam movimentadas, tanto pela falta de Individualidades quanto pela recente prisão dos vilões responsáveis por dois ataques á U.A. Fui tirada de meus devaneios pelo som da campainha tocando. — Eu atendo! — avisei, jogando tudo para o alto e correndo para fora do quarto. Percorri o corredor e a sala, encontrando a porta de entrada ao fim do percurso. Abri a mesma, dando passagem para que Uraraka Ochako passasse. Notei que ela carregava um vaso com uma flor de pétalas carmesim e um estranho caule arroxeado. As folhas tinham um tom muito estranho de verde, e aquela flor tinha uma mistura de cheiros muito agradável, algo misturado com essência de baunilha, perfume de bebê e papel novo. Talvez eu esteja louca.

— Ochako-chan, de onde tirou isso?

— Linda, não é? — ergueu o vaso ao entrar em casa. — É uma Flor de Kyia.

— Kyia?  Nunca ouvi falar dessa flor.

— Eu colhi no Monte da Princesa. Passei lá quando fui com meus pais visitar minha tia que teve bebê. Você tinha que ver! A vista de lá é linda!

Monte da Princesa? Nome clichê pra um monte.

— Qualquer dia eu vou lá...

— Acho que não. Vão fechar, aparentemente estão usando aquele monte pra algum estudo científico estranho ou algo assim, não sei, mas nem nos deixaram subir muito. Peguei essa flor na base do monte, só que a minha mãe tem alergia ao pólen dela, então... É pra você!  — estendeu-me o vaso que continha a flor, sorrindo.

— Ah, obrigada, Ochako-chan! Estava precisando de algo para decorar meu quarto já que todas as minhas coisas estão lá na U.A — apanhei o vaso, observando  flor com atenção.

— Você sabia que essa flor só cresce lá no Monte da Princesa? Lá é o único lugar do mundo com as condições climáticas e solo ideais para o crescimento dessa flor! Ei, quer ouvir a história da flor?!

— Não...

— Muito tempo atrás, um camponês plantava flores na base do Monte da Princesa, que naquele tempo era só um monte mesmo... — suspirei. — Então um dia ele notou que estavam construindo um casarão no topo do monte e ele descobriu que era pra uma princesa de um país distante. Quando ele descobriu isso ele subiu até o alto da montanha e plantou suas flores ao redor do templo que estavam construindo para a princesa. Dizem que as flores lá de cima são muito mais bonitas que essa aqui, devido á altitude.

— Muito legal... Mas, enfim. Vamos! Ainda temos que escolher o filme e fazer a pipoca... Será que o nii-chan vai querer? Bom, ele que se vire para fazer sua própria pipoca — dei de ombros.

— Hanae-chan! Que coisa egoísta! Deveríamos chamar ele para assistir conosco! — Uraraka protestou, e pude notar que suas bochechas coraram levemente.

— Droga... Já vi que vou ficar de vela...

***

Como previsto, acabei segurando não uma vela, mas sim uma tocha olímpica. Meu irmão fez o favor de sentar no sofá onde Uraraka sentou, e eu tive que ficar na poltrona aguentando os dois. Era um filme de terror, então já dá pra imaginar que Uraraka tomou muito susto e se escondeu atrás de Izuku, não é? Errado. O que aconteceu foi totalmente o contrário. Na maioria das cenas Izuku era quem escondia o rosto atrás de Uraraka, e não posso negar, era um tanto cômico.

Ao fim do filme, nós três suspiramos. Aquele filme fora mais longo do que eu imaginei, três horas de filme, nem sei como consegui assistir tudo!

— Ei, eu tenho uma ideia! — Uraraka declarou. — O que acham de irmos ao Festival da Lanterna? É hoje à noite, e vão estourar fogos!

— Boa ideia! — Izuku exclamou.

— Péssima ideia! — exclamei, na mesma hora.

— Ah, vamos nessa, Hanae-chan! Vai ser legal!

— Nem morta!

***

— Não acredito que vocês, literalmente, me arrastaram até aqui! — gritei mais alto que o necessário, batendo o pé no chão. Izuku e Uraraka estavam entretidos demais numa barraca de tiro ao alvo. — E como essa gente toda pode estar tão feliz?! A sociedade estava em crise até um minuto atrás!

— Hanae, pare de reclamar, é um festival!

Revirei os olhos, cruzando os braços. Eu não via a menor graça em festivais, não via razão para sair de casa apenas para ver fogos estourarem. Eu podia vê-los do conforto da minha casa, então pra quê sair? E por que tive que sair logo com Uraraka e Izuku? Eles estavam me deixando totalmente de lado.

— Eu vou dar uma volta — avisei, enfiando as mãos nos bolsos da jaqueta que eu usava antes de sair andando. Distanciei-me das barracas e me aproximei do lago que havia ali. Era cercado por grama bem podada, onde não iria demorar muito para que as pessoas começassem a estender toalhas e lençóis para sentar em cima. A margem do lago era contornada por lanternas de papel, conferindo uma luz agradável ao redor. Fora essas, ainda haviam muitas outras lanternas penduradas entre as barracas.

Parei á margem do lago, contemplando meu reflexo na água por alguns momentos antes de ser puxada de volta á realidade por alguém que repousou o braço ao redor de meus ombros.

— Katsuki! Veja, eu achei a sua namorada! — ao ouvir aquilo eu engasguei com minha própria saliva. Era Bakugou Mitsuki. A doce e amorosa mãe de Katsuki.

— Hã?! Para de falar merda, sua velha ridícula! —  vi ele aparecer do nada, vestido de maneira ridícula com um quimono tradicional japonês, e eu não pude segurar o riso. — Além de me fazer usar essa merda, ainda me faz passar vergonha?!

— Katsuki, seu merda! Se você não tem um pingo de atitude, eu tenho por você! Não sou uma vadiazinha medrosa como você!

Essa é a família mais disfuncional que eu já vi...

— Para de falar merda, sua mãe de merda! — nunca ouvi tanto a palavra “merda” na vida.

— Faça companhia para a garota, idiota! — Mitsuki vociferou, agarrando seu filho pela orelha e o colocando á força ao meu lado.

— Que droga de mãe... — o garoto revirou os olhos, coçando o peito. — E ainda me fez usar essa maldita roupa ridícula!

— Acho que ficou ótima em você — provoquei, cobrindo a boca com a mão para esconder minhas risadas.

— Não enche, maldita! — vendo que eu não iria parar de rir de jeito nenhum, Katsuki se jogou no chão, cruzando as pernas e apoiando os cotovelos nos joelhos. Sentei-me ao seu lado, ainda rindo. Irritá-lo era tão divertido que eu quase tinha me esquecido que havia acabado de ser chamada de “sua namorada”.

Espera. Eu fui chamada de sua...

— Namorada! — praticamente gritei, tapando a boca em seguida. — Ah, mas que droga!

— Enlouqueceu?

Por quê eu estou pensando em algo assim? É totalmente improvável! Se bem que... Não! No que eu estou pensando?! Mas na verdade, nos conhecemos desde os quatro anos, então são onze longos anos aguentando os defeitos um do outro, ao menos nesse ponto... Midoriya Hanae, pare agora mesmo de pensar nisso!

Olhei para o lado, encontrando o rosto de Katsuki. Seus olhos cor de sangue fitavam despreocupadamente a água, e eu notei seus cabelos espetados balançarem levemente com a brisa. Abaixei um pouco o olhar, nossos ombros estavam se tocando, eu percebi. Por quê aquilo me incomodava? Mas não como incomodaria alguns meses atrás, quando eu me afastaria e mandaria ele ir se foder. Não...

Voltei a olhar seu rosto, mas fui pega de surpresa quando bati meus olhos nos seus. Ele estava me olhando! Nossos olhares se encontraram, e por algum motivo desconhecido por mim, eu não consegui desviar o olhar. Eu tentei, mas meu olhar simplesmente estava preso no dele.

— O que foi? — indagou, erguendo a sobrancelha.

— Eu... Quer dizer... Bem... — gaguejei, tentando encontrar uma desculpa plausível. Por que justo numa hora dessas a minha incrível habilidade de mentir vai embora? — Eu só estava olhando... — tentei novamente encontrar algo para dizer. Cocei a nunca, rindo nervosamente e sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Quer fazer o favor de calar a boca? — praticamente ordenou, ainda me fitando.

— Hã? — antes que eu processasse o que ele havia dito, Katsuki me puxou, e nossos lábios se encontraram.

Não acreditei. Ele havia mesmo feito isso? Com certeza foi fruto da minha imaginação, ele nunca faria isso, e só fez uma vez porque era absolutamente necessário. Não é? Mas se foi fruto da minha imaginação ou não, eu devo admitir que esse foi muito melhor que o outro. E devo admitir, Bakugou Katsuki sabe bem o que faz.

Ele me puxou para perto de si pela cintura, e eu prontamente levei minhas mãos até sua nuca. Não demorou muito para que estivéssemos explorando vorazmente a boca um do outro, saboreando cada pedacinho, mas por falta de ar, precisamos nos separar. Eu ainda estava de olhos fechados quando recebi um segundo beijo, singelo, calmo. Este durou pouco tempo, mas pareceu se estender por toda uma eternidade, e eu não reclamaria se durasse.

Fomos arrancados de nossa feliz realidade por um grito agudo, que eu reconheci muitíssimo bem. Viramos o rosto imediatamente, encontrando Uraraka quase tendo um ataque epiléptico, e Izuku formando um coração com as mãos.

— Deku, seu nerd de merda! Eu vou te matar!

— Uraraka, sua cretina! Eu vou te matar! — a última frase foi pronunciada exatamente na mesma hora por nós. Ambos empalideceram, tremendo dos pés á cabeça quando Bakugou e eu nos levantamos, olhares assassinos brilhando em nossos orbes.

— Uraraka.... Corre! — Izuku berrou, agarrando o braço da manipuladora de gravidade e puxando-a. Bakugou e eu não medimos esforços para persegui-los (por motivo nenhum) por todo o Festival, e paramos apenas quando os fogos estouraram. Nesse momento, nós quatro nos reunimos para ver as luzes coloridas pintarem os céus.

— Que lindo! — Uraraka e eu entrelaçamos nossos braços, admirando os fogos juntas e com as cabeças encostadas. À minha esquerda, Katsuki tinha os braços cruzados e uma expressão indignada no rosto, e Izuku, à minha direita, possuía uma feição de derrota e melancolia. Não entendi bem o porquê, apenas continuei a contemplar a beleza dos fogos.

Naquele momento, por um milésimo de segundo, senti todo o meu corpo liquefazer e em seguida voltar ao sólido. Nesse mesmo segundo, várias Individualidades se manifestaram ao mesmo tempo, tomando toda a atenção dos fogos. Ouvi pequenas explosões soarem ao meu lado, vi caudas e antenas que antes eram imóveis, mexerem-se, vi asas se abrirem e pessoas deixarem o chão.

O sumiço das Individualidades havia acabado. Mas aquela história não.

[Dois anos depois, numa segunda feira fria de novembro]

Folhas secas foram empurradas para dentro do meu quarto no prédio da 3-A pela forte ventania que se iniciou naquela manhã, que também foi responsável de me tirar de meus estranhos sonhos em universos apocalípticos. Aquele maldito sonho que eu já estava cansada de ter.

Lágrimas, a pele grossa das mãos de alguém, os cabelos pontudos, uma risada cínica que me dava nos nervos. Já havia decorado tudo aquilo, mas por algum motivo nunca me lembrava dos detalhes importantes, e isso me deixava puta a cada vez que eu tinha essa droga de sonho.

Saltei da cama, correndo para trancar a janela que havia ficado aberta na noite passada. O maldito vento tinha bagunçado tudo no meu quarto, mas eu só iria arrumar aquilo mais tarde, simplesmente não tinha paciência pra isso agora. Aliás, precisava lavar a roupa.

Enquanto duplicava minhas moléculas de água para criar um pequeno casulo, ia jogando toda a minha roupa suja na água. Adicionei também um pouco de sabão em pó e fiz um movimento simples com o indicador, ordenando que a água começasse a girar como numa máquina de lavar. Truques simples do dia a dia.

Deixei aquilo girando e me tranquei no banheiro para fazer as minhas higienes matinais. Tomei banho e troquei de roupa, penteei os fios azulados e calcei meus sapatos, em seguida voltei para o quarto, onde a água já havia parado de girar. Substituí aquela água com sabão por uma nova água pura para enxaguar, enquanto apanhava minha mochila e tirava meu celular do carregador. Saí do quarto, caminhando despreocupadamente pelo corredor e descendo as escadas, as roupas boiando no casulo d’água que flutuava atrás de mim.

— Ohayō — cumprimentei, adentrando o térreo. Vários dos meus colegas já estavam lá, uns tomando café e outros jogados nos sofás. Cortei caminho até a lavanderia, onde se encontrava apenas Mineta, lutando para alcançar os varais. — Ah, Mineta! Ohayō — aproximei-me dele, despejando as roupas encharcadas numa cesta, uma bela ideia brilhando em minha mente.

— Ohayō, Hanae...

— Mineta, que tal se você estendesse as minhas roupas, hum? — sugeri, já empurrando a cesta contra seu corpo. — Obrigada! — fugi dali antes que ele pudesse contestar. — E nem pense em fantasiar com minhas roupas íntimas! — gritei, já alcançando a cozinha.  Sentei-me numa das cadeiras, juntando minhas mãos em prece e murmurando um “Itadakimasu”. Comi meus onigiri calmamente, observando o vai e vem.

— Ohayō, Hanae — senti depositarem um beijo no topo da minha cabeça.

— Ohayō, nii-chan — continuei a comer normalmente.

— Midoriya! — a voz robótica de Iida me chamou a atenção.

Não!

Corri para longe dele, me escondendo atrás de Izuku, que preparava panquecas. Ele quase derrubou a massa no chão.

— Midoriya, você não pode fugir das suas responsabilidades!

— Nii-chan, me salva! — implorei, agarrando-me à sua camiseta.

— Quem mandou você entrar pro comitê de formatura? Agora aguenta.

— Maldito traidor!


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Odiaram? Querem me matar? Se quiser me matar, pode comentar viu. Se você gostou também pode comentar!
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