Hero escrita por spyair


Capítulo 21
O fim do tormento


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna!
Não vou mentir, estava muito ansiosa pra postar isso logo, então aí está!
Ainda não será tudo o que alguns de vocês querem, mas vai chegar a hora. E ah, esse cap foi feito especialmente para os shippadores de plantão (mesmo se você não gostar desse casal, o cap foi feito pra você)
Então, nos vemos nas notas finais!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/740045/chapter/21

Todos nós fazemos coisas erradas na vida, digo isso por mim mesma. Já fiz tanta coisa errada que poderia escrever um livro só sobre isso. Todos nós também passamos por momentos muito difíceis, isso é fato. Ás vezes queria ter o poder de viajar no tempo, só para impedir que tais coisas horríveis acontecessem. Acho que todo mundo já sentiu isso, pelo menos alguma vez na vida. Mas essas coisas horríveis servem para fortalecer as pessoas.

Percebi isso comendo bolo. Sim, o bolo do meu aniversário. Aquele aniversário que eu não queria comemorar, mas que acabou sendo um dos melhores aniversários da minha vida. Sentir-me amada por dezenove pessoas ao mesmo tempo, todas dizendo o quanto estavam felizes por me ter ao lado e o quanto eu era uma pessoa incrível, essas coisas que se diz em aniversários. Mais tarde eu recebi uma ligação da minha mãe e outra do meu pai, me desejando os parabéns. A do meu pai não durou nem dez minutos, enquanto a da mamãe durou quase uma hora e meia. Mas não importa o tempo da ligação, eu sei que os dois me amam, e isso serviu para me animar ainda mais naquele dia. Estava tão feliz que por um momento, um curto espaço de tempo onde toda a turma havia se juntado numa guerra de bolo, eu me esqueci do infeliz acontecido de alguns dias atrás. Infelizmente, esse momento acabou. Eu tive que voltar para o meu quarto para tomar um banho, e ao me trancar no banheiro, tranquei-me também com a minha solidão novamente. A solidão, que me trouxe lembranças horrendas.

Por quanto tempo mais eu tenho que aguentar isso?

Senti a água escorrer pelo meu corpo, apenas desejando que cada uma daquelas malditas lembranças sumisse de vez da minha mente.

***

Na segunda feira, tudo aconteceu como normalmente ocorria na parte da manhã. Fui para a escola na companhia de Izuku (e Bakugou), tentei dormir ao chegar na minha carteira, uma tentativa frustrada, e tive aulas chatas da grade curricular normal. O que mudou foi na hora do almoço, que Bakugou me chamou para irmos juntos ao refeitório.

Não tinha realmente nada a perder com aquilo, então fui. Saí da sala recebendo incentivos e provocações das garotas, e gentilmente lhes mostrei o dedo do meio. Eu não sou obrigada a aguentar uma coisa dessas.

Após algum tempo de percurso, notei que estávamos pegando um caminho um tanto... Diferente.

— Bakugou, onde estamos indo? O refeitório fica lá do outro lado da escola.

— Cala a boca, ou vou te matar — ordenou, me fitando por cima do ombro. Não pude deixar de revirar os olhos.

Andamos por mais algum tempo, cortando o fluxo de alunos que iam à direção oposta, até pararmos na porta de uma sala especifica.

— Será que pode me explicar o que estamos fazendo? — pedi, encarando a porta, impaciente.

A porta permanecia fechada, e era possível ouvir o professor lá dentro, o que talvez significasse que aquela sala ainda não havia sido liberada da aula. Bufei, já começando a me irritar. Eu queria comer, droga!

Vi Bakugou erguer sua mão para bater algumas vezes na porta, que logo foi aberta pelo professor.

— No que posso ajudá-los?

— Pode chamar Chikara Shouya, por favor? — Bakugou pediu (quase educadamente demais).

Quem diabos é Chikara?

— Claro... Ei, Chikara, tem gente querendo te ver aqui! — o professor vociferou para a turma, que soltou uma provocação coletiva para o tal Chikara.

Ao ver o rosto do Chikara, meu corpo congelou. Era ele. Bakugou havia me levado ali, na sala onde ele estudava. Pra quê? Por quê?! O que diabos esse idiota está pensando?!

— Hã? O qu... — antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, Bakugou o acertou com um soco certeiro no rosto, que o fez cambalear para trás.

— EI! Que está fazendo?! — o professor ia intervir, porém Bakugou se esquivou de suas mãos e agarrou Chikara pelo colarinho prensando-o na parede antes de chutar direto seu estômago, seguido de um segundo soco, dessa vez no maxilar. Isso diante da turma inteira.

Foi como se uma chama se acendesse no meu interior, como se tudo esquentasse. Mas era diferente de como foi com Chikara. Não havia dor, nem sofrimento. Eu também não sabia explicar o que era, mas com certeza, era algo bom.

O professor tentava separar Bakugou de seu aluno e impedir que os dois se matassem, já que agora os golpes vinham dos dois lados, mas não demorou muito para que dois seguranças da escola chegassem para apartar.

— Diretoria, os dois! — ordenou. O rosto do professor estava próximo ao púrpura, e parando para ver bem, ele lembrava um leão marinho. — E ela também! — apontou para mim.

— Quê? Eu não fiz nada!

— Não quero saber! Diretoria, já!

***

Haviam me mandado aguardar do lado de fora da diretoria. Estava sentada numa das cadeiras daquele corredor, e era possível ver tudo o que se passava na diretoria pelas janelas de vidro, mas não ouvir.

De professores estavam lá Aizawa-sensei e o professor do Chikara, assim como o diretor Nedzu, fora, é claro, Bakugou e o próprio Chikara. Seu professor gesticulava agressivamente, e Aizawa-sensei parecia bem zangado, assim como Chikara. Bakugou, por outro lado permanecia calmo. Ainda não havia aberto a boca em nenhum momento, apenas aguardando sua vez de falar. Logo ela chegou. Queria que minha Individualidade me permitisse virar uma mosca, só para poder ouvir o que ele disse. Apontou para mim algumas vezes, em seguida para Chikara. Aizawa-sensei e do outro professor empalideceram, antes de me encararem e em seguida mudarem seus olharem para Chikara, que parecia completamente indignado. Vi o diretor arregalar os olhos antes de pular em cima de sua mesa e começar a dar um sermão em Chikara.

De quê diabos eles estão falando, cacete?

A seguir, Nedzu apanhou o telefone fixo de sua mesa e telefonou para alguém, vociferando ordens, e o que surgiu em seguida foram os mesmos seguranças que haviam apartado a briga. Eles agarraram brutalmente Chikara pelos braços, o arrastando á força para fora da sala. Ele saiu aos berros, e eu pude identificar ameaças entre os seus gritos. Todos os outros presentes na sala saíram também, ignorando-me e rumando para uma outra sala, que eu pude identificar como a sala das câmeras de segurança. Não me deixaram entrar, então eu fiquei imaginando o que se passava naquela sala por mais alguns minutos, até que todos eles saíssem. Os dois professores me olhavam tristemente, enquanto Nedzu permanecia impassível. Bakugou estava atrás, fitando o chão.

— Midoriya-san — o professor de Chikara começou — em nome do meu aluno, eu te imploro perdão por todos os atos grotescos que ele cometeu — ajoelhou-se no chão, curvando-se diante de mim. Nedzu o imitou.

— Em nome da escola, eu te peço perdão, Midoriya-san.

Encarei os dois por algum momento, para então direcionar meu olhar para Bakugou. O seu olhar, por vez, eu pude entender como um “Vai ficar tudo bem”.

 

Aizawa-sensei me liberou do restante das aulas do dia (ele disse que era o mínimo que ele podia fazer diante do que eu passei), e Bakugou acabou recebendo um suspensão. Ele ia ganhar uma semana por ter agredido Chikara, mas eu expliquei que ele fez aquilo por minha causa, então consideraram diminuir para apenas dois dias.

Nós dois voltamos juntos para o prédio da 1-A, com aquela sensação boa no peito. Tipo nos filmes, quando os mocinhos já derrotaram o vilão e tudo está bem. Essa era a sensação.

À porta do prédio, notei os machucados de Bakugou. Claro que Chikara havia saído bem mais machucado, mas Bakugou ainda tinha umas marcas e uns cortes, aqui e ali.

— Venha cá — chamei, já dirigindo-me para a cozinha. Vi que Bakugou me seguiu, e sentou despreocupadamente numa cadeira de uma das mesas. Tirei de dentro do armário uma caixinha vermelha com uma cruz branca estampada e voltei para me sentar na cadeira ao lado de Bakugou, ficando de frente para ele.

— Você não vai cuidar de mim! — recusou, cruzando os braços.

— Vou sim, e acho melhor calar a boca — disse-lhe, abrindo a caixinha e puxando de lá um frasquinho. Aproximei-me dele, segurando seu queixo para borrifar o líquido do frasco no corte em seu maxilar.

— Essa merda arde! — protestou, tentando se afastar.

— Deixa de ser chorão! — fechei o corte com um curativo, passando para o próximo machucado. Bakugou parou de reclamar logo e me deixou cuidar de seus machucados em silêncio. Estava enfaixando um grande hematoma próximo á sua costela quando senti seu olhar recair sobre mim — O que foi? — ergui o rosto.

— Nada… — ele virou o rosto, focando em seu blazer e sua camiseta que estavam jogados em cima da mesa. — Tá perto de acabar esse cacete?

— Uhum... Para de se mexer! — ordenei, finalizando o curativo do hematoma. — Pronto. Acabei.

— Até que enfim!

— Ei, ei! O que acha de jogarmos videogame? Tenho um jogo novo!

— Aposto que é algum jogo de menininha…

— Só diz isso porque está com medo de perder.

— O que disse, maldita?!

— Eu ganharia se você em qualquer jogo que fosse.

— É? Então eu escolho o jogo!

— Por mim tudo bem — dei de ombros.

***

— Não! Eu quero uma revanche! — vociferou o garoto loiro, indignado pela sua sexta perda consecutiva.

— Desista, Bakugou.

— Não! Vamos de novo! Eu vou ganhar! Vou ter um primeiro lugar incontestável! — declarou, já reiniciando o jogo. Começamos a jogar, e Bakugou estava tão focado que até me assutava.

— Ei, Bakugou — chamei, cutucando-o com o ombro.

— Que é, droga?

— Obrigada.

— Pelo quê? — revirou os olhos, ainda focado no jogo.

— Você sabe… Por me ajudar.

— Tá, tanto faz. Não, não, não, cacete! — comecei a gargalhar com o escândalo do garoto. Eu havia ganhado mais uma vez.

— Me desculpe se isso fere a sua masculinidade, mas eu sou melhor do que você.

***

Quando a noite caiu, precisei explicar milhares de vezes a mentira bem ensaiada sobre o porquê de eu te desaparecido durante as aulas da tarde, e Bakugou também precisou inventar umas mentirinhas sobre o ocorrido com Chikara, por mais que o fato de Bakugou se envolver em briga não seja algo realmente difícil de se acreditar.

— Bakugou-kun! Já é a sua segunda suspensão esse ano! Deve tomar mais cuidado para não manchar o seu nome e principalmente o nome da tão prestigiada U.A! — Iida repreendeu ao ouvir nossas histórias inventadas.

— Para de me encher, quatro olhos de merda!

Iida arregalou os olhos, movimentando seu braço para cima e para baixo como um robô. Izuku estava ao meu lado, murmurando coisas inteligíveis para mim.

— Hanae-chan, tem certeza que já está melhor? — Yaoyorozu perguntou, surgindo atas de mim — Eu posso preparar um chá se você quiser...

— Não precisa, Momo-chan — detesto chá! — A Recovery Girl me deu um remédio, então a dor já passou. Nii-san — chamei, cutucando o ombro de Izuku e o puxando de volta para o mundo real. — Pode me passar as lições de hoje, mais tarde? — Izuku concordou, então eu me despedi dele e subi para o meu quarto. Já havia jantado, então eu podia vegetar sozinha pelo resto da noite.

Ao trancar a porta do quarto e me despir, passei em frente ao espelho apenas de lingerie, notando algo que realmente me deixou feliz. As marcas roxas haviam sumido. Eu não precisava mais usar a maldita saia longa que me trazia lembranças todas as vezes que eu olhava pra ela. Podia voltar a me vestir como eu gostava, sem olhar para o meu corpo e encontrar aquelas malditas marcas.

Sorri com aquilo, vestindo um pijama e apanhando meu celular no bolso da calça que eu estava usando anteriormente. Joguei-me na cama, puxando os fones de ouvido da gaveta ao lado da cama. Pluguei-os nos ouvidos e dei o play numa música calma, apenas para aproveitar minha súbita sensação de liberdade.

Umas cinco músicas devem ter se passado até que ouvi batidas insistentes na porta. Deveria ser Ashido querendo me contar alguma coisa, ela sempre vinha no meu quarto para fofocarmos. Abandonei o colchão confortável e as cobertas quentinhas e parti para a porta, tendo uma surpresa ao abrir a mesma.

— Bakugou? O que quer? — inclinei a cabeça para o lado. Sem dizer nada, ele puxou do bolso da calça o celular, estendendo para que eu visse o que a tela estava mostrando.

"Estudante da U.A é preso"

— Esse é… — tomei o celular dele, dando zoom na foto que a matéria continha, constatando que sim, era Chikara. Dentre alguns parágrafos inúteis, eu consegui ler:

"O motivo ainda não foi revelado, mas estudante do terceiro ano do curso de Estudos Gerais foi preso na noite de hoje. Sua pena foi anunciada como sendo de aproximadamente quatro anos, e ele permanecerá em cárcere até o fim do prazo".

— Katsuki, essa é tipo… a melhor notícia do dia! — comemorei, abraçando-o sem nem pensar no que estava fazendo. Realmente agi por puro impulso, não percebi que estava abraçando meu inimigo jurado de morte. Quando me dei conta, separei-me dele imediatamente, evitando olhar em seu rosto. — Quer dizer… Legal.

— Tanto faz — ele fitava a sua esquerda, e seu rosto estava levemente corado. — Eu só achei que você fosse querer ver isso.

— É… Tem razão — devolvi-lhe seu celular, e quando ele já ia se virar para ir embora, eu voltei a falar. — Só mais uma coisinha — ele parou, virando o rosto para me encarar — Porque você veio até aqui me mostrar isso? Podia ter me mandado por mensagem — ergui a sobrancelha, um sorriso malicioso se formando ao ver a expressão corada do loiro.

— Morra! — vociferou, começando seu caminho de volta para as escadas á passos firmes. Não pude deixar de rir daquilo, provocar Bakugou Katsuki era algo bastante divertido de se fazer, às vezes. — Ah, e só uma coisa — vi ele parar e girar nos calcanhares, agora mais calmo. Ao invés da expressão corada e enfurecida, ele parecia sereno (sereno demais para Bakugou Katsuki), o que me assustou. — Suas coxas ficam bem melhores sem aquelas marcas.

Agora foi a minha vez de corar. Acho que meu rosto deve ter assumido as cores do cabelo de Kirishima. Um sorriso orgulhoso surgia no rosto de Bakugou enquanto ele finalmente deixava aquele corredor, e me deixava totalmente envergonhada.

— Morra! — urrei, antes de bater a porta do quarto com toda a força que tinha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?! Comentem, pleasee!
Vá além, PLUS ULTRA!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hero" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.