Hero escrita por spyair


Capítulo 20
Uma ajuda inesperada


Notas iniciais do capítulo

YO, MINNA!
Primeiramente, meu mais sincero obrigada ao Nathan Freire que recomendou a história (eu não agradeci no capítulo passado porque tava esperando chegar no capítulo 20, e cá estamos). Eu quase morri de felicidade lendo, sério, não sei nem como agradecer direito. Só quero dizer que foi maravilhoso receber a recomendação, então muito muito obrigada!!
Segundamente, capítulo 20, yaaaay!
Estou muito feliz de ter chegado no capítulo 20, sério. Quando eu tava escrevendo o primeiro capítulo, pensei que a história ia flopar e eu ia desistir no segundo capítulo, mas olha só onde chegamos! É clichê falar isso, mas essa história só chegou aqui graças a vocês (principalmente os fantasminhas, eu amo vocês).
Sem mais enrolação, nos vemos nas notas finais!



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— Vocês dois chegaram juntinhos! O que estavam fazendo?! Kaminari me disse que você saiu correndo! Foi se encontrar com ele?! Me conta tudo! — Ashido inquiriu, logo ao fim das aulas do dia.
— Vocês estão saindo juntos, é?! — Uraraka complementou, agarrando meus ombros.
— Eu já sabia... — ouvi Asui comentar.
— Meninas, não é nada disso! — exclamei, livrando-me do aperto da manipuladora de gravidade. — Ele só… Me ajudou com um negócio — dei de ombros.
— Mas espera! Que negócio?! — a rosada voltou a perguntar, agarrando meu braço, exatamente onde havia uma marca roxa coberta pelas mangas do blazer. Puxei o braço com força, numa reação impensada. — O que houve? — Ashido se assustou.
— N-não é nada... — menti. — Eu estou bem — aquela havia se tornado a minha mentira mais frequente nos últimos dias. Mas eu não estava nem um pouco bem. Precisava de alguém para conversar, mas não queria conversar com ninguém.
— Tem certeza? — Asui inclinou a cabeça, pondo o indicador na bochecha.
— Claro… Vamos indo? — tratei de mudar o assunto logo. — Ah, eu não entendi nadinha que o Aizawa-sensei falou hoje, você pode me ajudar depois, Ochacco-chan? — vi a garota assentir, indicando que aquele assunto havia morrido ali. Seguimos conversando amenidades até chegarmos ao prédio da nossa turma, onde parte da sala se encontrava no térreo — Eu vou pro meu quarto — avisei para as garotas, acenando enquanto subias as escadas na direção da ala feminina. Abri a porta com uma plaquinha onde havia escrito “Midoriya Hanae” enfeitado com vários adesivos floridos ao redor. Caminhei direto até a gaveta da escrivaninha, puxando de lá uma cartela de comprimidos. Engoli um deles no seco, escondendo de volta a cartela no fundo da gaveta. Suspirei, ao lembrar-me de um ocorrido no passado.
Estão vendo só? — uma das garotas da minha sala comentou, balançando orgulhosa uma cartela de comprimidos brancos no ar. — Apenas mulheres tomam esse comprimidos! Eu peguei da gaveta da minha mãe ontem á noite, depois que cheguei do meu encontro com o Kurosaki-senpai.
— Isso é tão legal, Nao-chan! Espero poder tomar isso logo! — exclamei, os olhos brilhando em expectativa frente aqueles comprimidos.
Mal sabia eu na época para que serviam aqueles malditos comprimidos. Tomá-los nessa idade não significava nada mais nada menos do que sofrimento. Tranquei a gaveta, guardando a chave atrás do porta retratos que continha uma foto minha com Izuku, em meu aniversário de sete anos. Aquilo me fez lembrar que meu aniversário se aproximava, mas naquele ano eu definitivamente não queria comemorar ou acordar mais cedo para receber os parabéns de todo mundo. Eu só queria poder me trancar no meu quarto e aproveitar a minha solidão o dia inteiro.
— Hanae-chan! Saia desse quarto agora mesmo! — a voz de Ashido, seguida de batidas na porta, me tirou de meus devaneios sobre solidão. — Izuku-kun pediu pra gente te animar e...
— Mina-chan! Não era pra falar isso! — ouvi Yaoyorozu reclamar.
— AH, verdade! Hanae-chan! Se você não sair daí agora nós vamos entrar!
— Okay... Eu vou só trocar de roupa — ri comigo mesma, já despindo meu uniforme. Joguei a muda de roupas no cesto de roupa suja, dado-me conta de que precisava levar as roupas pra lavanderia. Decidi que faria isso depois, tirando uma outra roupa da gaveta. Nada elaborado, apenas uma calça e uma camiseta de mangas, para esconder as marcas roxas. Saí do quarto, dando de cara com todas as meninas com feições contentes. — O que nós vamos fazer?
— É quinta-feira, Hanae-chan! Vamos sair! — Uraraka exclamou, agarrando minha mão e me arrastando pelo corredor. Ah, iria ser um longo fim de tarde.

***

Era por volta das onze da noite quando voltamos para a Heights Alliance, e cada uma das meninas se dirigiu para seu respectivo quarto, pois estávamos um tanto cansadas dos passeios que demos. Nós visitamos o “bairro otaku”, fomos num teatro de sombras e demos uma voltinha no shopping da região. Enfim, pernas um tanto doloridas.
Atirei-me na minha cama, com as mesmas roupas com que havia saído. Aquela calça estava me apertando a cintura, então abri os dois botões que fechavam a calça e a tirei, ainda deitada.
— Bem melhor... — murmurei, revirando-me na cama, mas uma dor aguda ponteou no meu joelho. — Ai... Não está melhor não... — tentei mudar de posição, mas isso apenas piorou a dor, ao ponto de eu soltar um ganido baixinho. Levantei-me com dificuldade, vestindo um shorts de malha antes de cruzar o quarto lentamente. Eu teria que descer até o térreo para buscar uma bolsa de gelo. Desci as escadas apoiando-me no corrimão, amaldiçoando cada uma das meninas que me arrastaram para andar na rua. Correr já não é meu forte, andar por muito tempo, então...
Finalmente cheguei ao térreo, passando direto pela sala de estar até a cozinha, onde eu abri o freezer no canto da parede, buscando uma bolsa de gelo.
— Eu vi por aqui... — murmurei, bagunçando todos os itens do freezer até encontrar o que procurava. — Achei! — comemoro, puxando a bolsa de gelo do fundo. Abaixei a tampa do freezer, apoiando-me nele para encostar a bolsa de gelo no meu joelho. Observei a cozinha, aproveitando a sensação de alívio que o gelo proporcionava, porém essa sensação cessou ao ver uma silhueta pela janela. Não poderia ser... Não ali. Ele não iria ali. Foi o que me obriguei a pensar, enquanto identificava que sim, era ele.
Soltei a bolsa de gelo no chão, dando passadas nervosas para longe da janela. Ele havia me notado. Um sorriso malicioso surgia em seu rosto enquanto ele aproximava-se vagarosamente do prédio. Eu deveria me sentir segura dentro daquele prédio, não deveria? Essa é exatamente a finalidade daqueles prédios, nos manter seguros. Tentei manter aquilo em mente, mas eu simplesmente não conseguia. Se eu quisesse, já poderia ter quebrado a cara daquele idiota, mas por alguma razão desconhecida, meu psicológico me mandava apenas ficar longe dele. Foi exatamente o que meu corpo fez, afastou-se descontrolavelmente, ignorando completamente todos os objetos no meu caminho. Sei que bati meu joelho em alguma coisa, mas não consegui prestar atenção na dor que se alastrava, tudo o que eu pensava era em fugir dali.
— Que merda é essa? — uma conhecida voz agressiva exclamou, surgindo na cozinha.
— Bakugou! — bradei para mim mesma, olhando do garoto loiro para a janela, onde o outro havia estagnado no chão. Graças ao tempo de reação rápido do loiro, ele pareceu captar a mensagem rapidamente, como no outro dia. Agradeci aos céus por isso, ainda com o olhar fixo em Bakugou, que por sua vez, encarava ameaçadoramente o garoto do lado de fora do prédio.
— Hanae... Aja naturalmente — murmurou, fitando meus olhos com uma expressão despreocupada. Nem percebi quando Bakugou me puxou pela mão, apenas quando nossos lábios já haviam se tocado. Bakugou não deixou eu me afastar, levou sua mão até minha nuca, prolongando o beijo por mais alguns segundos antes de eu liquefazer meu rosto e conseguir me livrar dele.
— O que merda você está fazendo?! — gritei num sussurro, sentindo minhas bochechas esquentarem. Soquei seu ombro com força, cobrindo o rosto com a mão livre. Vi pelos espaços entre os dedos Bakugou apontar para a janela. Direcionei o olhar pra lá, não mais encontrando o outro garoto. — Você...
— Te ajudei. É claro, idiota. Acha que sou insensível? — revirou os olhos, cruzando os braços ao encostar-se no balcão.
— Me...
— Ajudei, é, idiota!
— Então... Bem... Obrigada, Katsuki... — abaixei o olhar, ainda cobrindo o rosto com a mão.
— E então? Vai contar ou não? — questionou, já perdendo o pouco de paciência que tinha. Fiquei confusa, franzindo o cenho. — O que houve entre você e o merda dos Estudos Gerais.
— Acho melhor você não saber...
— Hanae — começou, encarando-me — Eu sei que nunca nos demos muito bem... Que a gente se odeia e tudo o mais, mas eu não sou um monstro. Sei que algo ruim aconteceu com você e eu... Quero te ajudar, sei lá. Ah, você entendeu!
Estava pasma. Aquele realmente era o valentão Bakugou Katsuki que eu conhecia desde os três anos de idade? A criatura mais irritante de toda a face da terra? O nº1 na minha lista de pessoas mais desprezíveis?
—Eu... — não... ele não me parecia um ser humano desprezível nesse momento. Não sei por qual razão, motivo ou circunstância, mas ao olhar para o rosto dele... eu podia confiar nele. Então eu lhe contei tudo. Desde a ida até a reitoria, o estupro e tudo o mais. Ao fim da história, eu desviei o olhar. Minha voz estava trêmula, minha respiração descompassada e as mãos suando. Bakugou não me interrompeu nenhuma vez, ouviu atentamente cada palavra do meu testemunho, prestando atenção em tudo o que eu dizia e fazia.
— Tá tirando uma com a minha cara? — Bakugou boquiabriu-se, me fitando. Neguei com a cabeça, vendo o loiro dar alguns passos para junto de mim. — Não se preocupe, Água de Es... , Hanae — ele pareceu corrigir a si mesmo, ainda me fitando — Eu te ajudarei.

***

No dia seguinte, eu segui para a escola com Izuku, como normalmente fazia, mas algo me surpreendeu. Bakugou nos acompanhou. Okay que na nossa conversa de ontem á noite ele havia dito que iria me ajudar, mas não imaginei que fosse ficar andando comigo. Não apenas comigo, mas com Izuku ao lado! Dois Midoriya e um Bakugou caminhando lado a lado para a escola é algo que a ciência provavelmente nunca viu, e esse fato deveria virar histórico.
Foi o maior clima de tensão da minha vida, provavelmente. Izuku parecia nervoso, com medo de que Bakugou fosse explodir a qualquer momento. Este, por vez, parecia mais nervoso ainda devido ao nervosismo de Izuku, e que iria explodir a qualquer momento! E eu estava no meio dos dois! Estava nervosa, receosa de uma possível briga que poderia acontecer ali, bem em cima de mim! Resumindo, aquele espaço se tornou uma granada de nervosismo!
Caminhamos a passos firmes, cada um olhando para o caminho a sua frente, por vezes eu espiava os dois garotos ao meu lado para ver se estava tudo bem, enquanto conferia se um certo alguém indesejável não estava por perto. Nosso percurso seguiu silencioso até a sala de aula da turma 1-A, inacreditavelmente, não ocorreu briga alguma. Ao adentrar na sala, fui direto para a minha carteira, jogando minha mochila no chão e eu mesma na cadeira. Enterrei meu rosto entre os braços, buscando dormir. Difícil, já que o ser irritante que eu comumente chamo de melhor amigo veio me cutucar.
— O que é, Kaminari?
— Hanae-chan, eu preciso da sua ajuda! Não entendo nada que a Midnight fala e teremos um teste dela semana que vem! Você é a minha única chance de salvação!
— Você entenderia se não passasse a aula inteira prestando atenção nos peitos dela! — levantei o rosto para olhá-lo — Kaminari, isso é algo repugnante de se fazer! — dei um tapa em seu ombro, vendo-o corar.
— Eu só fiz isso duas vezes! Estou falando sério, Hanae-chan! — o loiro implorou, ajoelhando-se ao meu lado. — Eu não posso tomar bomba nessa matéria ou a Midnight vai me reprovar!
— Tá, tá, Kaminari. Para de drama! Eu te ajudo — declarei, vendo Aizawa-sensei entrar na sala e ordenando que todos calassem a boca e sentassem suas bundas nas drogas das cadeiras, palavras dele.
Parece que alguém acordou com o pé esquerdo hoje...
Apoiei o cotovelo na mesa e o queixo na mão, olhando o professor de maneira despreocupada. Seria uma longa aula...

***

De fato, muitíssimo longa. Como foi uma aula teórica e o Aizawa-sensei possui aquela voz sonolenta e preguiçosa, dá ainda mais vontade de dormir do que o normal. Mas eu consegui passar a manhã sem cochilar nenhuma vez, então saí da sala com uma expressão vitoriosa por fora, embora por dentro eu estivesse bastante apreensiva. O garoto dos Estudos Gerais poderia aparecer em qualquer lugar, a qualquer momento. Aquele era o horário mais perigoso do dia, pois todos os alunos de todas as classes se uniam para o almoço no refeitório. No meio daquela bagunça, eu poderia muito bem ser pega de surpresa. Felizmente, eu consegui chegara até a mesa em segurança. Com Shoji e Todoroki ao meu lado, eu comi meu almoço em segurança. Ashido falava freneticamente sobre alguma coisa qualquer com Yaoyorozu, e eu passei os olhos por cada pessoa na mesa. Izuku conversava com Uraraka e Iida, Kirishima e Satou travavam uma batalha de dedões, e os dois garotos ao meu lado comiam em completo silêncio. Estranhei não ver Kaminari na mesa, mas deixei de lado enquanto colocava uma porção generosa de arroz na boca.
— Que estranho... — ouvi Todoroki comentar, e segui seu olhar, encontrando ninguém mais ninguém menos que Kaminari e Bakugou, caminhando lado a lado enquanto conversavam calmamente. Geralmente Kaminari fazia questão de irritar Bakugou, então ver os dois conversando tão sérios era algo realmente estranho. Ambos sentaram-se na mesa conosco, cessando seu assunto. Bufei, apanhando um dos meus sushis. Os dois haviam me deixado curiosa sobre o assunto sobre o qual estavam falando.

***

Na hora da saída, outra coisa bem estranha aconteceu, as meninas saíram em disparada assim que o sinal tocou. Até Kaminari, Iida, Kirishima e Izuku correram. Ou seja, nenhum dos meus amigos estava ali para me fazer companhia, lê-se escoltar. Desesperei-me. Como eu iria voltar para os dormitórios? Não iria sozinha de jeito nenhum!
— Anda logo, Água de Esgoto! Não temos o dia todo! — a voz estressada de Bakugou soou atrás de mim, me fazendo dar um pulo.
— O que está dizendo, idiota? — virei para encará-lo.
— Vou te acompanhar, desgraçada!
— Não me chame de desgraçada, desgraçado!
— Morra! — vociferou, puxando-me pelo braço até a saída da sala, de onde partimos juntos. Ele andava na frente, as mãos nos bolsos e o caminhar despreocupado. Percorremos os corredores tumultuados por alunos que saiam de suas salas, cortando caminho pelo bloco de Suporte para não passarmos pelo bloco dos Estudos Gerais. Saímos do campus, levando mais cinco minutos de caminhada até alcançarmos os dormitórios da 1-A.
Esperei o garoto abrir a porta para adentrar o prédio atrás dele. Na sala não havia ninguém, incrivelmente. Despedi-me de Bakugou com um aceno, partindo para a ala feminina. Subi calmamente a escadaria até encontrar o andar do meu quarto. Lá, ergui a mão para girar a maçaneta da porta e abrir a mesma. O quarto se encontrava absurdamente escuro para aquela hora do dia.
— Mas o que… — levei os dedos até o local já conhecido do interruptor, onde eu pude acender a luz. Tomei um susto ao encontrar ali todas as garotas da minha turma. Jirou e Yaoyorozu sentadas na cama, as pernas cruzadas, Asui na cadeira giratória da escrivaninha, seu indicador na bochecha, Uraraka no centro do quarto de braços cruzados e Ashido sentada á sua frente, no chão. Todas me olhavam com olhares questionadores. — O que droga vocês estão fazendo aí?
— Hanae-chan, é hora da verdade — Ashido começou.
— Sabemos o que houve — Jirou seguiu, e um de seus fones de ouvido se estendeu até ficar rente aos meus olhos, apontando diretamente para mim.
— Vocês sabem o quê? — mordi minhas próprias bochechas. Não havia como elas saberem. A única pessoa que sabia era o Bakugou, e eu achava improvável que ele fosse contar justo para alguma das meninas.
— Nós sabemos que… — Yaoyorozu levantou-se, ficando por trás de Asui e apoiando-se no encosto da cadeira.
— Você foi… — Asui continuou, e todo aquele suspense estava me deixando maluca. Não poderia ter a menor possibilidade de elas saberem que eu fui…
— Beijada pelo Bakugou-kun! — Uraraka finalmente disse.
— Quê?! Ah, isso! — suspirei internamente. Isso não era tão ruim, afinal.
— Então admite?! — Ashido ficou de pé, correndo até mim. Todas as outras a imitaram, amontoando-se em frente à mim.
— Bem… Talvez — dei de ombros.
— Não existe talvez! Ou foi ou não foi! — Jirou exclamou, seus fones "gesticulando" coisas inteligíveis acima de sua cabeça.
— Fala logo, Hanae-chan! — Uraraka pediu, agarrando minha mão e dando pulinhos entusiasmados.
— Tá, ele me beijou. Felizes? — puxei minha mão de volta, cruzando os braços. O que aconteceu a seguir, nem eu entendi bem. Só sei que devo ter ficado surda, pois Ashido e Uraraka deram um grito que anularia até mesmo a Individualidade de Present Mic. Jirou e Yaoyorozu me abraçaram com força, enquanto Asui sorria, inclinando sua cabeça para o lado.
— Quando?! Onde?! Conte-nos todos os detalhes! — Uraraka me puxou, sentando-me na cama enquanto todas elas sentavam no chão, numa fileira ombro a ombro, olhando para mim atentamente, como se eu fosse lhes contar o segredo da imortalidade ou algo do tipo.
— Ahn… — eu definitivamente não podia contar todos os detalhes, mas poderia inventar uma mentirinha aqui e ali, só para deixar as coitadas felizes. — Ontem à noite quando nós chegamos meu joelho estava doendo muito, então eu fui pegar uma bolsa de gelo na cozinha — até aí, era verdade. — Eu peguei o gelo e blá blá blá, daí o Bakugou chegou lá na cozinha. A gente começou a discutir, e quando eu fui bater nele, ele me agarrou e me beijou — as mentiras escorreram da minha boca com uma facilidade extraordinária. Uraraka e Ashido estavam quase tendo um treco, enquanto Asui me encarava de olhos arregalados. Isso é muito assustador.
— Hanae-chan, vocês estão juntos? — Yaoyorozu indagou, ela era a mais calma de todas, embora estivesse vermelha como um camarão.
— Não! Claro que não!
— Tem certeza? — insistiu Jirou.
— Absoluta. Agora que já descobriram o que queriam, fora daqui!

***

No sábado, eu ocupei a maior parte da manhã ensinando Kaminari a direcionar sua Individualidade, para a aula da Midnight. Fiquei grata por não encontrar com Izuku naquele dia, ele provavelmente era a única pessoa que sabia que eu fazia aniversário naquele dia, então o Groud Beta, onde eu estava com Kaminari, serviu como uma espécie de refúgio para mim.
— Ah, já está na hora do almoço! Vamos voltar! — o loiro chamou, de forma realmente suspeita. Dei de ombros, seguindo-o para fora dali. Não demorou muito para chegarmos ao prédio da 1-A, e logo já havíamos alcançado a porta, que Kaminari gentilmente abriu. Estranhei as luzes estarem apagadas, mas entrei mesmo assim atrás de Kaminari.
— SURPRESA! — ouvi o grito estrondoso soar de todas as direções, e de repente as luzes acenderam-se, revelando toda a turma com chapeuzinhos de festa e confete caindo por todo lado. Não consegui processar muito bem os segundos seguintes, só dei por mim quando já estava sendo esmagada por um abraço coletivo.
— Parabéns, Hanae-chan!
— Feliz aniversário!
— Meus parabéns!
Eram as coisas que eu conseguia distinguir. Minha visão estava turva, não sabia exatamente o porque, mas eu conseguia distinguir uma cabeleira verde à minha frente quando toda aquela gente se afastou.
— Hanae — a tão conhecida voz de Kaminari começou — Não sei o que aconteceu com você, e nem precisa me contar. Essa festa foi idéia do Bakugou e... — ouvi um resmungo, um pouco distante — ele pediu que a gente falasse pra você que… Hanae, todos nós te amamos.
— E estaremos sempre aqui quando você precisar — também pude reconhecer a voz de uma garota, provavelmente Uraraka.
— Se você cair, iremos te levantar — afirmou outra garota, que eu reconheci como Ashido.
— E sempre que precisar de alguém pra limpar suas lágrimas, nós estaremos aqui — ouvi meu irmão. Senti sua presença se aproximar, suas mãos tocarem meu rosto e suavemente limparem as lágrimas dos meus olhos bem bochechas. Então era por isso que eu não os estava enxergando. Eu estava chorando. Quando percebi isso, eu chorei ainda mais. Me desmanchei em lágrimas. Tudo o que eu estava guardando na última semana, todas as lágrimas que eu segurei durante esses dias, eu soltei tudo. Izuku me puxou para um abraço, seus braços me envolvendo e suas mãos acariciando delicadamente meus cabelos. Ele sussurrava palavras de conforto em meu ouvido, e eu só conseguia chorar ainda mais. Em um momento, eu abri os olhos, que bateram com uma figura carrancuda encostada na parede. Ele encarava todo aquele momento de emoção com desinteresse, mas no momento em que seu olhar bateu com o meu, sorri. Sibilei um "obrigada" por cima do ombro de Izuku, para que ele pudesse ver. Pode ter sido efeito das lágrimas em meus olhos, mas posso jurar que o vi sorrir de volta para mim.


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Notas finais do capítulo

E aí? Odiaram? Gostaram? Comentem para que eu saiba!
Fiz esse cap mais leve pra me desculpar pelo cap passado, então me digam o que acharam!
Vá além, PLUS ULTRA!



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