Inerzia escrita por Captain Marvel


Capítulo 6
Mia Pace


Notas iniciais do capítulo

TAMO DE VOOOOOOOOOOOOOOOLTAAAAAAAAAAAAA!!!!
Como dizia Moriarty: Sentiram minha falta?

Sobre esse capítulo só queria pedir calma, se segurem, se apoiem, leiam com atenção e amor! Vou deixar os significados das palavras com * nas notas finais.

Boa leitura!



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Após o dia no shopping, se divertindo, comendo, fazendo compras, assistindo a um filme. Pâmela até esqueceu por quê estava de atestado.

Já está no fim da tarde quando chegam em casa. Tomam banho, têm de se arrumarem rapidamente para a festa na casa de Carolina.

Elaine faz uma trança embutida nos cabelos da amiga, enquanto a mesma pinta as unhas. Antes de se maquiar, a ruiva coloca o vestido vermelho com as sapatilhas baixas de mesma cor que comprara mais cedo.

— Arrasou, viada! – A loira brinca, enquanto seca seus cabelos.

Simultaneamente, Thiago assiste à TV entediado. A semana está tranquila demais! O único ocorrido que o justiceiro se meteu foi o da vizinha. Seu celular toca. Vê no visor o nome de Rodrigo:

— E aí parça! – O amigo cumprimenta.

— E aí... Algum caso pro justiceiro? – Anima-se, ajeitando-se no sofá.

— Nada cara... Essa semana está tranquilo. Pensei que talvez pudéssemos fazer algo juntos. Mas não sei o quê! – Comenta despretensioso.

Ouve barulho de uma buzina insistente vindo do fim da rua. Levanta-se e caminha em direção à janela, bisbilhotando por trás da cortina. São os convidados da tal festa da vizinha chegando.

— Eu tenho uma ideia! Vem pra cá que te conto. – Desliga.

Corre para tomar banho. Sai enrolado apenas em uma toalha com os cabelos respingando. Enxuga-os rapidamente, abre o guarda-roupa a fim de escolher algo.

Fuça os cabides e se dá conta que tem mais roupas sociais (as quais usa para trabalhar) a roupas casuais. Observa o uniforme do justiceiro guardado num fundo falso e sorri orgulhoso. É realmente muito bonito!

Enfim, após muita busca, acha uma camiseta cinza mescla escurecida pelo tempo e um jeans surrado. Vestir-se-ia dessa forma para não chamar atenção.

Volta ao banheiro, passa creme de barbear pelo rosto e redesenha os pêlos que não ornam com o contorno desejado.

Não muito tempo depois, Rodrigo chega. Traja camisa social branca e calça preta. Ambos estão extremamente perfumados, alinhados. A noite poderia ser mais promissora que o imaginado.

[X]

Elaine usa um vestido curto e colado na cor azul. Os cabelos louros bem escovados dançam conforme o ventilador bate neles. Faz muito calor, ainda que Carolina tenha aberto todas as janelas e ligado todos os ventiladores de teto. A mesma conversa com a amiga, enquanto esperam Pâmela voltar do banheiro, onde foi retocar seu batom vermelho.

Thiago e Rodrigo atravessam a porta tímidos. Procuram pela anfitriã que não nota sua chegada. O advogado vê uma garota morena, de baixa estatura, cabelos curtos negros e lábios chamativos. Parecem convidá-lo à uma conversa. Encanta-se à primeira vista.

Aponta ela ao amigo que ao encará-la, percebe que se trata da dona da festa. Caminham em sua direção o mais rápido que podem, contudo Thiago se envergonha ao notar que a garota maluca que o havia chamado de gostoso pela manhã está ao seu lado.

— Senhor Thiago... O senhor não disse que não viria? – Carolina indaga direta.

— Meu amigo e eu estávamos a fim de fazer algo diferente... E por favor, me chame de “você”! – Responde timidamente.

Carolina olha para Rodrigo que pega sua mão direita.

— Meu nome é Rodrigo. Estou a seu dispor! – Beija-a. Ela ri, sem graça.

— Prazer, Carolina! Mas pode me chamar de Carol... Vocês querem comer ou beber alguma coisa?

— Não. – Thiago replica.

— Sim. – Rodrigo discorre ao mesmo tempo. – Será que pode me levar ao lugar das bebidas? – Vislumbra-a maliciosamente. O amigo não demora a perceber que aquilo é um pretexto para ficar a sós com a jovem, assim o fazem.

Elaine ao notar que está sozinha com o vizinho misterioso, ousa passar a mão sobre seu peito forte.

— E aí gostoso... Você veio aqui por alguma razão, não é? Claro que deve ter vindo por mim. – Pisca.

— Não, na verdade, vim porque não tinha nada melhor a fazer. – Retruca sincero.

— Não precisa mentir. Eu sei que... – E naquele momento, não consegue mais prestar atenção à nada do que a loira diz.

Seus olhos tomam outro foco. Pâmela vinha em sua direção da forma mais graciosa possível, como se seu mundo estivesse em câmera lenta. Tal qual só existissem eles dois ali.

A loira constata seu desvio de atenção, se irrita:

— EI, ELA TEM NAMORADO, SABIA?! – Grita, todavia, ele faz pouco caso.

A ruiva finalmente se achega da amiga e do vizinho. Abaixa os olhos para não o encarar. Apenas o cumprimenta com um “Oi” frio. A outra dirige-se a ela com uma expressão emburrada.

— Vamos pegar algo para beber! – Tenta arrastá-la por um braço, entretanto Thiago segura o outro.

— Você está bem? Como foi sua recuperação depois do que aconteceu com o justiceiro? – Demonstra claramente sua preocupação no tom de voz.

— Estou melhor. Tomei calmantes, fiz alguns hobbies e descansei a mente! – Explica ainda evitando contato visual.

— Amiga, vamos??? – Elaine a pressiona.

— Quando te levei ao hospital, fiquei tão preocupado. Até ofereci à sua mãe para comprar seus remédios, mas ela se recusou a aceitar. – Ignora completamente a loira.

— Minha mãe é assim mesmo... Nunca aceita nada de ninguém. Mas e você, como tem passado os últimos dias? – Por fim o encara, perdendo-se naquele mar negro que são seus olhos.

Elaine bufa e sai de lá irritada, deixando-os sozinhos.

— Ando entediado. Sabe como é... Rotina, vida parada, monotonia... Parece que nada acontece! – Coloca as mãos no bolso da frente de sua calça.

— Inércia. – Completa. – Sei bem como é essa situação! Tenho andado cansada da minha vida ultimamente...

— Nunca diga isso, por favor. Ela pode estar enfadonha, porém ainda é sua vida! – Repreende-a.

— Eu sei... No entanto, às vezes é inevitável aquele cansaço mental. As coisas sempre são da mesma forma. Ocasionalmente queria que algo diferente acontecesse...

— E seu namorado? – Desconversa abruptamente.

— O que ele tem a ver? – Cruza os braços e o fita séria.

— Talvez se o contasse isso, ele tentaria te agradar de alguma forma.

— Não estou mais com Daniel. – Retorque seca.

— Creio que seja por culpa do olho roxo que estava na segunda... – Deduz.

— O-O quê? C-Como você...?

— Não sou besta, Pâmela. Sou policial. – Interrompe-a. – Conheço marcas de violência doméstica. Por que não o denunciou?

— Tenho medo. – Abaixa o olhar.

— Mas não deveria! – Dá um passo para frente.

[X]

Assim, passam boa parte da noite. Jogando conversa fora, contando coisas sobre seus passados, dissertam sobre a situação política do país e como toda jovem, Pâmela reclama:

— Eu odeio meu emprego! Sabe o quão horrível é sentar todos os dias numa P.A*., colocar um headset * e ouvir cliente xingando você?

— Você é corajosa de trabalhar no inferno... Digo... SAC! – Thiago se diverte com o “apelido” que ela deu a seu emprego.

— Vai dizer que ama seu trampo na polícia?! – Ergue uma das sobrancelhas.

— Preferia quando era policial... – Pensa antes de prosseguir. – No entanto, cometi um ato que me fez ir para a parte “burocrática”. – Faz aspas com as mãos.

— Você matou alguém? – Questiona franca.

Ele pondera.

— Quase. – Dá um sorriso sem graça. – Vamos beber algo? - Aponta para a mesa de bebidas.

— Aceito uma água! – Refuta e riem.

Chegam à mesa, Thiago coloca água para ela, enquanto se serve com um pouco de vodca. Repara pessoas dançando ao fundo e não hesita em fazer um convite:

— Quer dançar um pouco?

— Não sei dançar! – Gesticula com uma das mãos.

— Você acha que aquelas pessoas sabem dançar? – Ri, indigita outros convidados. – Elas estão apenas mexendo o corpo. Vem comigo e te ensino! – Toma o último gole de sua bebida, indo em direção à sala, onde fizeram como pista de dança.

Pâmela larga seu copo ainda cheio na mesa e corre para alcançá-lo. Ele começa a fazer alguns passos com os pés.

— Dois para lá e dois para cá. – Interpreta.

— Ah meu Deus, você está fazendo os passinhos do meu pai! – Gargalha.

— Ele é um homem de bom gosto então! Vivemos na melhor época que alguém poderia viver. – Fala próximo ao seu ouvido devido à altura do som.

— Isso eu não discordo. Amo essas músicas antigas! – Fala alto, tentando imitar seus passos.

A canção acaba e começa Dancing In The Dark do Bruce Springsteen.

— Essa é foda! Vem que te ensino o passinho...

I get up in the evening

And I ain´t got nothing to say.
I come home in the morning,
I go to bed feeling the same way

Ele mexe os pés rapidamente. Da forma mais desengonçada possível ela tenta acompanhar, o que os alegra.

Ao final da música, Pâmela já está extremamente ofegante. Thiago também se cansa, portanto a sugere tomarem um ar na sacada ali próxima.

Ao chegarem lá, veem vários casais juntos. Abraçados, conversando, beijando. Ela observa a Lua e sorri.

— Sabe, sou fissurada pela Lua e toda essa coisa de planetas, sistema solar, alienígenas... – Comenta, ainda olhando o céu. – Vivo me questionando se estamos mesmo sozinhos no universo. – O encara.

Ele abre um sorriso largo.

— Acho que algumas pessoas só querem estar sozinhas no universo... – Aponta para dentro, onde veem Carolina e Rodrigo sentados no sofá se beijando. A ruiva novamente sorri. – Outras pessoas podem representar o universo para alguém. – A olha sério, enquanto ela mantém a serenidade. – Se continuar sorrindo desse jeito, pode estraçalhar o coração de alguém! –  Avalia da forma mais natural possível.

Seu sorriso se desfaz ao ouvir aquelas palavras. O coração bate mais forte contra o peito, enquanto sente o hálito gélido de Thiago em sua face. O mesmo se aproxima, deixando-a a pouquíssimos centímetros de distância.

Abaixa o rosto em sua direção, enquanto suas mãos involuntariamente chegam à sua cintura, apertando-a. Um choque percorre o corpo de Pâmela ao senti-lo. Fecha os olhos, sem pensar em mais nada.

Os lábios se selam devagar. Na mente de ambos, uma explosão de fogos de artificio coloridos parece acontecer, como se fosse muito aguardado. A química fica evidente quando ao provarem o toque das bocas, querem mais.

Finalmente, abraça seu pescoço e o puxa para sentir o calor de seu corpo. Sua respiração está descompassada. Seu corpo treme e as pernas bambeiam. O beijo se estende por mais de um minuto, mesmo com os rostos se afastando, se mantêm abraçados, como se precisassem daquilo para viver.

Uma falta de ar muito forte a aflige, fazendo com que respire pela boca. Custa a perceber que aquilo não é normal. Empurra o homem se afastando, escorando-se na sacada. Sua visão começa a enegrecer, até que ouve sua voz apenas de longe.

Ele a chama, sacode e verifica seus batimentos no pulso. Não demora para ter de ampará-la. Ergue-a no colo e corre em meio às pessoas que não dão a mínima atenção à sua atitude.

Interrompe o momento romântico do amigo, pois precisa da orientação de Carolina:

— Ela desmaiou! E o coração está batendo desproporcional! – Transmite desespero em sua voz.

— Vou chamar uma ambulância! – Rodrigo pega o celular.

— Levem-na para o hospital em que os pais dela trabalham! – Carol passa o endereço.

Thiago e o amigo correm para fora da casa, onde os socorristas a colocam na maca e permitem que apenas o policial vá.

Passa as mãos pelo cabelo desesperadamente e é inevitável não se lembrar da noite em que Bruna morreu.

Não está disposto a perder outra pessoa com quem se importa. Não assim. Não agora.


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Notas finais do capítulo

P.A.: Mesa onde ficam conectados o computador e o telefone do atendente de call center/telemarketing.
Headset: Fone com microfone usado pelo atendente.

Gostaram? Odiaram? Ainda me amam? Deixem seu feedback pois ele é muito importante!



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