Nemuru - Desperta-me escrita por Candle Light


Capítulo 9
Tension 緊張


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo guys!

Espero que estejam gostando! Desculpem mais uma vez a inconstância na postagem >



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Meu pai avisara-me que tinha chegado. Ele estava ficando num hotel em Ipanema, relativamente bem perto de casa. Ele queria me ver e eu ainda não tinha me preparado mentalmente pra isso, ou ensaiado minha cara de falsa.

Respirei fundo, peguei minhas chaves e saí para encontrá-lo.Que os deuses me ajudassem.

Os dias estavam ficando mais frescos conforme Maio se arrastava, e eu agradecia por isso.Mas com isso eu tinha quase quatro meses de farsa para criar em alguns poucos minutos de caminhada.

Meu pai era bastante pontual, de modo que quando cheguei ele já me esperava no saguão. Keisuke Sakagawa era um homem de aparência séria, porém gentil. Mas quando era desagradado, tinha uma expressão aterradora. Estava com sua costumeira roupa de camisa de botão e jeans. Ajeitou os óculos quando me viu e se aproximou.

— Otou-san. - cumprimentei. Eu não convivia tanto com a parte japonesa da família, pelo motivo lógico de que eles moravam do outro lado do mundo, e tinha que sempre me lembrar que meu pai ainda tinha essa coisa mais contida arraigada nele. Então nada de dois beijinhos. Mas por viver no Brasil a mais de 20 anos, ele tinha se acostumado com demonstrações de afeto, de modo que me abraçou.

—Nemu, eu estava com saudade! Como vão as coisas?Me conte, como vai a faculdade? As notas vão bem? Seus amigos?

Minha cabeça deu um ligeiro “bug” com tantas perguntas

—‘Tá tudo bem, pai, as notas ‘tão boas. Meus amigos são os mesmos, mas acabei fazendo mais dois.

—Isso é bom, fico feliz. - ele suspirou e sorriu - Será ótimo quando você se formar! Você com certeza será uma incrível engenheira e será muito útil na companhia! Estou muito feliz com isso!

E eu nervosa. Suei frio ao ouvi-lo dizer essas palavras. Não queria decepcioná-lo, mas ao mesmo tempo não queria ser engenheira. Ou trabalhar na companhia.

E meu amigos... um deles não era exatamente meu amigo. Era...não era. Não sei como definir o Daniel. Mas não ia contar para ele ainda.

Tivemos uma tarde agradável, andamos, conversamos trivialidades. Até meu pai dar uma de tia e perguntar aquilo que todo jovem odeia:

—Algum interesse romântico?

Eu quase cuspi meu capuccino. Um pouco mais formal que o “e os namoradinhos” mas ainda sim, ruim.

—Não pai.

—Não tem caras legais na sua faculdade?

“É sério isso?” pensei.

—Sei lá, deve ter. Não ‘to pensando nisso agora.

—Faz bem. Estudar é prioridade.

Ele pareceu bastante satisfeito e parou de perguntar, ainda bem. Quando voltei pra casa foi até um alívio. Não gostava desse tipo de pergunta, principalmente porque eu não sabia o que fazer da minha vida nesse sentido. Daniel gostava de mim, e parte de mim acreditava que eu deveria gostar dele de volta. Não é como se tivesse muita gente interessada, e eu achava realmente difícil se interessarem por alguém como eu. Pouco sociável, calada, sensível, esquisita. Quando eu teria outra chance, certo?

Difícil.

Os pensamentos me deixaram inquieta, o que me deu vontade de conversar com alguém. Acionei minha amiga louca, mas sempre de prontidão, Nicole.

—Que foi mulher? - me atendeu, sempre com muito amor.

—Eu ‘tava pensando...

—Você pensa demais sempre.

—Deixa eu falar, cacete! - ralhei - Não sei se continuo com o Daniel.

—Ué, por quê? Você não gosta dele? Ele é um babaca? Oh, nós vamos falar mal dele?!

—Não, pára, calma! Ele não é um babaca, e não, não vamos falar mal dele. Eu não sei se gosto dele.

Nicole pareceu um tanto desapontada por não falar mal dele, mas felizmente se focou no que interessava.

—Mas por quê?

—Sei lá, eu só acho que não gosto.

—Termina ué.

—Pra você parece simples assim. Mas acho que talvez valha a pena tentar.

—Olha só amiga, você não tem que fazer nada que você não queira. Lembra sempre disso. Se você não gosta dele, insistir é pior para os dois.

—Mas...eu queria que desse certo, sabe...com alguém. Nunca ninguém pareceu demonstrar interesse em mim como ele. 

—Nemu, vai tomar no cu! Você não precisa de ninguém pra ser incrível, e se você não gosta dele certamente vai aparecer alguem que goste de você e você goste de volta.

—Eu nem sei como é gostar de alguém.

—As suas "crushes" famosas não servem?

Senti minha bochechas encherem de sangue quente, ficando vermelhas. Por quê eu estava com vergonha daquilo? Talvez por eu ter sido uma adolescente que tinha passado alguns ridículos  em fandoms de Paramore e de Evanescence.Eu amava a Hayley Williams, meu Deus. Dias sombrios aqueles em que eu usava majoritariamente preto e era uma pseudo gótica esquisita.

O resto da conversa foi aleatória, e foi bom pois me fez esquecer essas coisas um pouco. No fim decidi pintar. Coloquei uma música de fundo e deixei as ideias fluirem. Os traços deram lugar a um caminho escuro de floresta, com uma árvore brilhante no fim. Uma luz no fim do túnel. Na parte escura do caminho, desenhei um animalzinho meio antropomórfico. Por mais que meus desenhos fossem místicos, eu não conseguia não imaginar que os personagens que eu desenhava eram, de certa forma uma representação minha.

As coisas que se acumulavam na minha mente faziam esse caminho ficar escuro. Pintar me dava paz, e realmente fiquei em paz por algum tempo. Até meu celular fazer vários sons de mensagens. Era Daniel. Ele queria me ver, sair comigo. Encarei a tela do celular, pensativa. Não sabia o que responder, ou se sequer queria responder.

Enquanto encarava a tela, outras mensagens surgiram. Eu li o nome mas demorei para entender quem era.

“Nova Mensagem de Marina”


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