Nemuru - Desperta-me escrita por Candle Light


Capítulo 11
Light 光


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Não estou recebendo muitos feedbacks então não sei se estão gostando da história ou se existe algo que seja bom mudar :/
De qualquer forma ainda não desistirei de Nemuru :3

Alguem poderia me dizer como colocar uma imagem minha no capítulo? Tenho desenhos dos personagens e queria colocar



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—O que quer fazer agora? - Marina falou. Estávamos fora do shopping, e ainda havia sol. Ele estava descendo, deixando o céu laranja e rosa e o ar um pouco mais frio. As nuvens pareciam rasgar-se com os raios e as fragatas que voavam mostravam sua silhueta elegante quase que de propósito contra aquele fundo incrível. Eu tinha me perdido observando o céu de modo que quando ela falou eu tive que sacudir a cabeça para puxar minha consciência de volta para o mundo real.

—O quê?

Ela sorriu, divertida.

—Perguntei o que você quer fazer agora, cabecinha de vento.

Olhei para baixo um pouco envergonhada de não ter prestado atenção, mas eu costumava sempre fazer isso quando estava sozinha. O que era um bom número de vezes.

         -Não sei - disse finalmente - Pode sugerir se quiser.

Ela parou, pensando um pouco.Em seu semblante, um sentimento divertido.

—Já sei, vamos na beira da praia!

—Para quê?

—O fim de dia está bonito, acho que seria um bom cenário para você pintar.

—Para eu pintar? - Olhei-a um tanto confusa. Ela me devolveu um olhar que eu não soube interpretar.

—Eu gostaria de te desafiar - ela disse, lançando-me o que deveria ser seu olhar sedutor de desafios com um sorriso torto que me fez rir e subitamente não pude dizer não.

—’Ta certo. - eu disse, e sorrindo ela ajeitou a caixa do violino na costas e começou a caminhar, esperando que eu me juntasse à ela

Fomos na direção da praia conversando sobre amenidades. Ficar na companhia de Marina era fácil, agradável. Ela era energética, sempre pra frente, e eu me sentia muito confortável na sua companhia. Chegamos na praia e o sol ainda clareava o céu, lentamente caminhando para se esconder atrás do morro.

Sentei-me na areia, tirando meu bloco da bolsa. Eu sempre levava-o comigo. Marina olhava na direção do sol com uma expressão de satisfação muito grande.

—O que eu devo pintar, ó desafiante? - brinquei. Ela virou-se para mim e puxou profundamente o ar com vontade.

—Escolha! Olha em volta e faz alguma coisa. - ela respondeu, deitando a caixa do violino no chão e retirando de lá o instrumento. Colocou-o no ombro e começou a tocar uma música leve como a brisa que vinha do mar. Ela caminhou pela areia com o violino no ombro,parando na beira da água. A espuma lambeu-lhe os pés descalços e o vento remexia seus cabelos e as fitas no braço do instrumento. Seus olhos estavam fechado e o corpo balançava-se lentamente com a música. Eu parei, atenta à cena. Observava aquilo com uma fascinação inexplicável. O céu, o mar, a música e sua instrumentista...era fantástico e maravilhoso. Perdi-me em apreciar por uns bons minutos, até que sacudi a cabeça para voltar à realidade, e sorrindo diante da cena, comecei meu trabalho de imortalizar aquele momento.

Com rapidez, tracei todas as guias da imagem e fui detalhando-a aos poucos. Marina aparecia como uma silhueta contra o sol, enquanto o mar banhava seus pés e o vento levemente balançava aquelas fitas coloridas como o céu acima.

Algumas pessoas pararam por perto para observar também, e quando ela parou aplaudiram. Marina docemente fez uma reverência contida e voltou para onde eu estava, jogando-se na areia ao meu lado.

—Uau, eu adorei! - ela disse, espiando o que eu estava fazendo. Não estava pronto, mas o principal já havia sido feito. - Vai colorir?

—Vou sim - sorri - Acho que esta cena merece.

Ficamos mais algum tempo ali, até que estivesse escuro, para só então levantarmos, batendo nossas roupas, retirando a areia e nos encaminharmos de volta à rua. Acompanhei Marina até o ponto do ônibus que ela pegaria. Descobri então que ela morava no Jardim Botânico.

—Na verdade eu sou de Niterói - ela contou-me - Então quando passei lá pra faculdade, pedi aos meus pais para ficar numa república ali perto e facilitar minha vida. Mas por algum motivo, meu pai acredita que as repúblicas são um antro de libertinagem como nos filmes americanos, e resolveu alugar um apartamento de quarto e sala para mim. Não reclamei.

—Você gosta de morar sozinha?

—Cara, é bastante bom. Não tenho que seguir as regras de ninguém, posso deixar minha bagunça onde eu quiser. As contas chegam pra mim, e eu tenho que lembrar de pagar, tenho que limpar, etc. Não acho realmente uma desvantagem. - ela deu de ombros. - As vezes é solitário, mas até gosto às vezes. Do silêncio e de me sentir em casa. É bom para praticar também.

—Bem, eu quase que moro sozinha, já que minha mãe pouco fica em casa. - dei de ombros - ‘ acostumada.

Marina franziu ligeiramente o cenho olhando para mim, como se a ideia de eu estar acostumada a ficar sozinha fosse algo ruim. Ela abriu a boca para dizer algo mais, mas seu ônibus havia chegado. Deu-me um rápido abraço e subiu, acenando-me enquanto partia. Suspirei ligeiramente. O dia havia sido longo, mas agradável. Encaminhei-me para pegar um ônibus para minha própria casa, cansada.

 

***

 

Chegando em casa, minha mãe fazia algo para jantar, de avental e tudo.Sinceramente as vezes tinha medo do que ela inventava para fazer. Geralmente dava certo, mas já houve vezes em que eu corri para ajudar a salvar a panela depois do que tinha dentro virar carvão. Espiei-lhe pela porta.

—Oi mãe. ‘fazendo o que aí?

—Oi filha! - ela se sobressaltou com a minha chegada, dando um pulinho engraçado - Ah, ‘to fazendo umas coisas pra gente comer. Coisa simples. Quer ir tomando banho? Logo fica pronto.

Fui pro banho relembrando o dia. Lembrei de Marina tocando violino, nossas conversas. Foi muito legal. Sentia mesmo que seríamos boas amigas.

Logo sentava-me com minha mãe para jantar e ela havia feito um ravioli com molho de queijo e cheirava realmente muito bem. As vezes eu sentia falta de jantarmos assim. Realmente estava gostoso, e trocamos uma conversa fácil, sobre coisas comuns e coisas que estavam acontecendo no mundo.

Depois, voltei ao quarto e me joguei na cama, olhando meu céu de estrelas particular. Me sentia cansada mas me sentia muitíssimo bem. Como se a luz da Marina agora existisse um pouco em mim. Peguei meu bloco, abrindo na página em que havia desenhado aquela tarde para então colocar cores. Usei minhas aquarelas, os laranjas amarelos e rosas daquele pôr do sol, e a silhueta plácida e banhada pelo vento de minha nova amiga.

Gâteau saltou sobre minha mesa e cumprimentei-o com um afago em sua grande cabeça de bochechas gordas. Ele começaria a brincar com meus pincéis, então peguei-o no colo e joguei-me com ele na cama.

“Sim, foi um bom dia”, pensei sorrindo.


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Notas finais do capítulo

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