A Casa de Íris escrita por Carol Azevedo


Capítulo 8
Capitulo 7 - Pensamentos Incessantes




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"O que foi aquilo?  O que ele é... E o que quis dizer com ' Não sabe o que você é ' Se tem alguém com alguma coisa errada é ele! Quis me confundir"
Se deixou cair na cama, e começou a chorar, deixou todo aquele desespero sair em forma de lágrimas. Acabou adormecendo de tanto chorar.
Acordou com o despertador tocando. Meio dia, hora de ir para a escola, tinha de dar aulas a tarde ainda.
No banho pensou um pouco sobre os acontecimentos de mais cedo, estava mais calma e pensava com clareza. Queria entender, saber o que Anik era, provavelmente o mesmo que Ernesto.
Após vestir-se desceu as escadas e  pensou em comer, porém fome era algo que lhe faltava no momento. Resolveu ir logo, assim escrevia algumas matérias ao quadro antes da turma chegar. Sabia que não tinha cabeça para lecionar aquele dia, mas tinha de ir.
Na escola Lanne saudou a turma e ja havia escrito toda tarefa no quadro negro. Pediu que copiassem e traduzissem todo o texto. A turma resmungou, mas ela não tinha cabeça para ensinar hoje. Foi a sala de professores, estava vazia. Sentou-se em uma cadeira e pôs se a pensar. Tinha que saber o que aquele homem era. Por que se referiu a ela. Anik não saía de sua cabeça, nem tão pouco as palavras dele. Em meio aos seus pensamentos, lembrou se de sua boca e de como a beijou intensamente, sentiu seu corpo se aquecer, encostou a cabeça no encosto da cadeira e fechou os olhos. Lembrou-se das mãos de Anik passeando por seu corpo, podia sentir novamente o toque dele.
Quando sentiu uma mão em seu ombro, em um susto abriu os olhos
— Lucas! Me assustou.
— Desculpe, deve estar cansada. Dormindo pelos cantos.
— Não estava dormindo.
— Percebi! - Lucas riu - Não admite nada como nos velhos tempos
— Não comece Lucas - Lanne levantou-se e saiu da sala voltando para a turma. Lucas levantou os braços rendendo-se. Lucas não falava muito sobre o relacionamento que ele e Lanne tiveram há um ano. Ficaram alguns meses sem se falar, agora que conversam, ele não quer estragar isso. Não chega a ser uma amizade, mesmo porque Lanne não tem amigos, não se permite ter. Não se aproxima intimamente de ninguém. Esse talvez fosse um dos motivos do termino do relacionamento. Lucas leciona na mesma escola, é professor de história. Cursaram juntos e Lucas a ajudou a conseguir um emprego na Escola de São Pedro.
Lucas se dirigiu ate a sua classe, antes passou na sala onde Lanne estava. Chamou-a na porta.
— Ja lanchou ?
— Nem almocei ainda!
— Ótimo, no intervalo vamos almoçar no bistrô aqui na frente. Tem algo que quero contar.
— O que seria ?
— Relaxe, não é nada grave. Só algo que quero compartilhar e assim podemos conversar um pouco sobre o que esta achando do trabalho.
— Tudo bem por mim.
— Ok. Daqui a 15 minutos me encontre la.
Lanne baixou a cabeça em confirmação e entrou na sala. Exatos 15 minutos Lanne atravessara a rua para encontrar Lucas no Bistrô, ele ja se encontrava sentado em uma mesinha no canto próximo a uma janela. Era alto, forte, cabelos pretos estilo militar, e olhos castanhos claros. Tinha uma barba cerrada. Era elegante e bonito, e tímido demais. Dificilmente discutia ou brigava por qualquer motivo que fosse. Sempre pacífico.
Lanne sentou-se na cadeira de frente a ele
— E então, já pediu? - Disse Lanne pegando o cardápio
— Sim... Sabe que temos pouco tempo. Pedi seu prato predileto. Mas se quiser outra coisa eu cancelo.
— Tudo bem Lucas, estrogonofe certo?
Lucas riu, e confirmou com a cabeça
— E batatas fritas.
— Huum... Perfeito pra mim. Diga-me o que tem pra me contar.
— Bom... Conheci uma pessoa. Estou gostando bastante dela. Acho que vou pedi-la em casamento. Lanne engasgou-se com a agua que estava bebendo, tossiu um pouco e secou os lábios com um guardanapo.
— Quanto tempo tem ?
— Creio que dois meses, ou vai completar dois meses.
— Esta brincando comigo ?
— Por que? Você se opõe?
— Eu não me oponho a nada. Só acho que dois meses não é tempo suficiente para decidir casar-se com alguém.
— Ela é maravilhosa, e me ama. Eu a amo também. E seriamos noivos, nao significa que vou me casar amanhã.
— Bom Lucas, a vida é sua e quem sou eu para opinar... - Lucas interrompeu
— Você é alguém que gosto muito, a considero uma amiga.
— Sim... Bem... De todo modo é você quem decide o que faz. Se você quer assim, então que seja. Mas saiba Lucas, que ninguém ama dessa forma que você diz em um mês.
— Esta enganada. Não é porque não aconteceu assim entre nós, que seja uma regra.
— Tudo bem Lucas, não voltemos ao passado. Olhe a comida chegou, comemoremos então comendo.
Lanne riu e Lucas também.
— E você? Como vai? Está gostando da escola ?
— É... Tem apenas dois dias, mas parece bom.
— Você parece bem cansada. Continua treinando... Aquilo... Seja lá o que for com John?
— Sim, para não perder o ritmo - Lanne riu. Comeram um pouco em silêncio.
— Tem certeza que não esta acontecendo nada ? Perguntou Lucas olhando-a sem levantar a cabeça.
— Tenho sim... Bem... Ontem sofri um atentado na rua, não sei bem qual era a intenção do delinquente. Roubo... Sequestro... Mas um homem apareceu e me ajudou.
— Lanne! Nossa... Você se machucou?
— Estou bem, estou bem! Ja disse, um homem me ajudou.
— Você o conhece? Quero dizer o homem que a ajudou.
— Não. Na verdade, não sei nem mesmo se o reconheceria na rua se o visse, não consegui distinguir suas feições, estava zonza por conta da substância que o bandido me forçou a inalar. Mas ele me deu um cartão.
— Que perigo Lanne, precisa prestar queixa. Não foi a delegacia?
— Não. Não estava em condições, nem quero fazê-lo, mal me recordo de seu rosto.
— Mas Lanne...
— Vamos Lucas, ja se avançou o nosso horário! - Disse ela enquanto levantava-se para sair. De volta a escola, Lanne resolveu aproveitar o texto imenso que os alunos ainda demorariam a traduzir e foi a biblioteca da mesma para fazer uma pesquisa. Pensou que poderia achar algo nos livros antigos a respeito daquele fenômeno estranho que presenciara por duas vezes. Talvez, fosse coisa de sua cabeça, pensou por diversas vezes durante o longo de sua vida. Traumas podem causar certas alucinações. Porém aquele momento com Anik, as palavras dele a fizeram perceber que não é com ela que ha algo errado, e sim, o que ela viu era real.
Perguntou a bibliotecária responsável do balcão da livraria, se havia algum livro a respeito de olhos, cores, mudanças e etc. Porém todos os livros indicados a esse respeito por ela se tratavam de biologia ou áreas afins. Não sabia o que procurar, não tinha um ponto de partida. Olhos que mudam de cor, que se tornam somente íris sem pupilas, não era um bom norte. Somente essa informação não ajudava em nada.
Pensou bem, e chegou a conclusão de que somente uma pessoa poderia dar-lhe informações, ou mesmo lhe dizer toda a verdade.
— Anik!
Lanne dispensou a turma no horário de saída e pediu que lhe entregasse o texto traduzido no dia seguinte. Saiu em disparada para casa. Se o ônibus ajudasse, chegaria bem rapidinho ao Descampado, o bairro em que morava. Pouco movimentado recebera esse nome pois nada mais é que um grande descampado com poucas construções, a maior parte de seus hectares são fazendas. Sua casa mesmo ficava em um grande terreno gramado, com mais duas casas ao lado. A frente uma estrada de terra e do outro lado um campo muito grande com cercas de arame farpado. Atrás das casas uma barreira com algumas árvores e mata alta. Por sorte havia um único ônibus que passava por ali, verdade que havia um intervalo mínimo de meia hora. Mas ainda sim seria a única opção util e segura para se chegar em casa.
O ônibus demorou o tempo de costume e Lanne chegou em casa. A noite ja chegava, por volta das sete horas, Lanne largou a bolsa em cima do sofá, e dirigiu-se a casa ao lado. Chegando lá, bateu... Chamou... Gritou, mas não houve resposta. Provavelmente Anik nao estaria em casa. Tentaria de novo amanha antes da aula. Estava ansiosa para interroga-lo, mas infelizmente não seria naquele momento. Voltou então para sua casa.


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