A Casa de Íris escrita por Carol Azevedo


Capítulo 9
Capitulo 8 - Explicações demais




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739671/chapter/9

Não sabia que naquele momento Anik a ouvira chamar. Não quis abrir, não iria mais falar com ela, passou o dia pensando no acontecimento anterior. "Ela não sabe de nada" Anik bebeu algumas cervejas e ficou jogado no sofá remoendo-se em seus pensamentos. "Não faz ideia de quem é"
Anik pensou nos breves momentos em que a tocou e quando trocou-lhe a roupa, quando a beijou...
A forma como sua raiva se transformara em desejo. Como ela conseguia fazer isso. Ele achava que ela era poderosa, sabia do seu poder e achava que podia dominar qualquer um. Mas estava enganado. Era só uma menina petulante que não tem capacidade nem pretensão de fazer mal a ninguém. Que não sabe que tem poder para isso, que não faz ideia das portas que pode abrir.
"Não posso mata-la, não há essa necessidade. Ela não vai ajudar ninguém a entrar na Casa de Íris, nem quer entrar"
Pensou no rosto dela e que mata-la seria um pecado. " Um ser tão inofensivo... Totalmente ignorante... Belo... Intrigante..." Percebeu que já não tinha a intenção de mata-la antes. Que sua intenção era tocar-lhe, queria ouvir as histórias que viveu, entender porque esta sempre na defensiva, ou melhor, pronta para o ataque. É diferente das outras mulheres com quem se envolveu. Nenhuma era tão intrigante. Ela era um grande ponto de interrogação para ele. Como poderia não saber sua verdadeira raça? Era quase impossível.
Aquela noite, Anik foi ao quarto de Lanne, por volta da meia noite ele fechou os olhos, quando os abriu estavam mudados sem as pupilas, contraiu a mandíbula, parecia fazer um grande esforço, fechou novamente os olhos e quando os abriu estava no quarto de Lanne.
Ela dormia enrolada em lençóis floridos, os cabelos estavam jogados para trás por cima do travesseiro, cabelos extra longos, loiro acinzentado. Usava apenas uma blusa, abaixo da cintura o lençol a cobria.
Anik abaixou-se e ficou a contempla-la
Pensando na inocência que tinha ao não saber de nada. Não poderia tirar-lhe isso. Se lhe tirasse essa inocência... E Otho lhe encontrasse, teria de tirar-lhe a vida. Dela e de Otho.
Anik procurava Otho a semanas, desde que seu avô lhe dissera que ele estava a procura da única sobrevivente da primeira linhagem dos Citas. Desde então tem seguido os rastros que Otho deixa, já assassinou três Mulheres com o perfil de Lanne. Os assassinatos pararam a seis anos. Ele voltou a estaca zero, porém a cinco meses atrás uma mulher foi assassinada e Anik quase conseguiu impedir, mas chegara  tarde. Assim chegou a Cidade de São Pedro. Graças a ajuda de Hellen, Anik conseguiu Localizar Lanne e decidiu morar próximo a ela. Se Otho a encontrasse ele o pegaria, e estando ali tão perto, seria mais fácil mata-la.
Mas agora, não teria mais coragem para fazê-lo. Pretende afastar-se dela para que não descubra sobre sua condição, e dessa forma fique mais invisível a Otho. Quando o encontrasse o mataria. E assim não haveriam mais preocupações.
Antes de partir, tinha de vê-la uma ultima vez. Colocou sobre seu criado-mudo uma flor Íris, e se foi.
Não para a casa ao lado, mas para a casa que pertencia a seu avô, hoje sua casa. Mas afastada do Descampado, sua casa ficava no Centro, bem onde o comércio era mais forte e havia bastante movimento de pessoas.
Lanne sempre procurava se isolar, logo sua casa não lhe seria um alvo fácil de encontrar.
Passados 2 dias Lanne percebeu a ausência de Anik e pensou em sondar, foi ai que se deu conta de que não sabia absolutamente nada sobre ele, familia, trabalho nada. Estava completamente no escuro, la se fora sua fonte de respostas, e não tinha ideia de como encontra-lo, resolveu seguir em frente.
Lanne queria seguir em frente, tentar esquecer ou pelo menos guardar no fundo de um baú aqueles olhos, como havia feito com Ernesto.
Porém foi mais fácil jogar Ernesto no fundo do baú pois era algo que desejava esquecer mais que tudo.
Não queria esquecer Anik, não conseguia, sonhou com ele cinco dias seguidos. Mas não tinha outra opção, era obrigada a esquecer tudo aquilo.
Anik estava sentado na mesa da cozinha pequena de sua casa no centro. Bebia uma xícara de café, olhava para o teto e seus pensamentos o traíam, o lembrando dos olhos de Lanne, exatamente quando mudaram.
Ele gostava assim, de vê-la com raiva, quando estava agressiva ficava linda, e embora tentasse não havia como negar que adorara o momento em que revelou sua força. A lembrança o fazia sorrir.
Uma brisa quente soprou levemente ao seu lado, e o tirou de seu devaneio.
— Droga Hellen, não sabe entrar pela porta?!
— Já disse, não preciso. - Disse Hellen sentando-se na cadeira ao lado e  apoiou a cabeça sobre o braço descansando em cima da mesa.
— Sabe o quanto isso nos exaure, não sei porque insiste. Esta com medo do namorado a ver entrando aqui. - Falou levando a xícara a boca.
— Não me teleporto muito, ainda tenho bastante energia.
— Duas vezes já é muito, não deveria usar desnecessariamente.
— Não vai me oferecer um café?
— Não!
— Esta estressado amor? Ainda não conseguiu matar a garota? Esta ficando fraco hein! - Anik baixou a xícara e a olhou com um olhar ameaçador
— Não se meta nos meus assuntos. - Hellen aproximou o rosto de Anik debruçando-se levemente sobre a mesa
— Também são meus assuntos. Quer que eu faça? - Anik a segurou pelo braço e puxou
— Não... se... meta! - Hellen puxou o braço e se afastou.
— Não estou entendendo você Anik! É de meu interesse vê-la morta. Nosso!
— O que ela fez a você? Diga-me? - Hellen franziu a testa, sentiu-se confusa com a pergunta de Anik
— O que ela fez? Ela não deveria estar viva! Ela é o resto daquela praga de Íris... - Hellen aproximou o rosto novamente e falou entre dentes - Ela precisa morrer.
— Ela não fez mal a ninguém Hellen
— Vai esperar que ela faça? Vai esperar que ela entre na maldita casa da vó ou pior que leve Otho até la?
— Ela não tem essas pretensões
— Como sabe? Anik... Você esta interessado por ela é isso??? Nossa como você é idiota! Não pensa com a cabeça de cima! - Anik alterou a voz e virou o rosto
— Não é isso!!!
— Então... O que é?
— Ela... Ela não sabe... Não sabe de nada. - Hellen apertou os olhos e aproximou-se um pouco
— Não sabe? Não sabe o que Anik?
— Acaso é burra? Não sabe que é uma Cita, muito menos que é a ultima descendente da Primeira Linhagem.
Hellen virou o rosto e encarou o chão por alguns instantes, com a boca entreaberta, a fechou, respirou fundo e voltou a olhar Anik
— Ela mente. Só pode!
— Não é mentira.
— Como sabe?
— Eu sei!!! - Anik gritou exausto de tantas explicações
— Isso não importa, isso não muda o que ela é. Precisa matá-la.
— Não vou matar ninguém!
— Você prometeu ao seu Avô!
Anik perdeu o tom belo e claro de azul e aqueles olhos de diamantes sem pupilas assumiram o lugar, ele a pegou pelo pescoço
— Cale a boca!
— Se Otho a encontrar vai obriga-la a passar pelos portões. Sabe disso! - Disse Hellen tentando respirar, Anik levantou-se da cadeira e arrastou-a  até a porta, a empurrou contra a parede
— Vá embora e esqueça o caso! - Anik a soltou e abriu a porta.
Hellen passou pela porta, parou e olhou para Anik, abriu a boca para dizer algo, dizer que ia matar Lanne ela mesma. Mas não seria uma boa ideia confrontar Anik, principalmente com ele na forma de força. Resolveu ir em silêncio.
Anik bateu a porta com raiva, deu um soco na mesa de madeira, que se estilhaçou. Ele colocou as mãos sobre a testa e encostou na parede, respirou fundo, seguiu na direção da sala e sentou-se no sofá, sua mandíbula se contraiu, ouviu um som... Seu celular estava tocando.
O tirou do bolso, e viu na tela um número desconhecido, atendeu.
— Anik?
Seus olhos voltaram ao normal abruptamente ao som daquela voz         "Lanne"
— Alô Anik? Está me ouvindo?
Ele desligou, não disse uma palavra. Encostou a cabeça no sofá, não acreditou que Lanne havia ligado a sua procura, lembrou-se de quão orgulhosa é, abriu um sorriso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Casa de Íris" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.