Virando do avesso escrita por calivillas


Capítulo 8
Dois covardes




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Já estava no meio da tarde, Ricardo avisara que só voltaria ao anoitecer, assim, Júlia não quis ficar o resto do dia inteiro de casa, por isso saiu para sua caminhada diária, sem saber o que estava fazendo ali naquele lugar, pois em vez de estar resolvendo sua vida envolveu-se com um rapaz com uma história muito complicada. Um ato de pura ousadia, seguindo seus impulsos nessa aventura carnal, ou uma vingança velada contra seu noivo? Ela não sabia.

Maria, que limpava a casa quando Júlia saiu, fitou-a de um modo acusador, devia estar achando que ela não passava de uma vadia por trazer um rapaz do circo, que mal conhecia, para sua cama.

Júlia sentiu o peso daquele olhar, tinha consciência da enrascada que se metera, que aquela história com Ricardo não daria em nada, era só um capricho, mesmo que fosse só uma espécie de vingança inconsciente contra o seu noivo traidor, no entanto, descobriu algo que jamais imaginaria, toda aquela loucura e sensações que nunca experimentou na sua vida.

— Olá! Veio mais tarde hoje!

Escutou a voz que a tirou dos seus pensamentos e voltou-se para o homem atrás da cerca, era o seu vizinho. Ele estava sem camisa, seus cabelos cortados bem curtos já mostravam alguns poucos fios cinzas, assim com sua barba por fazer, estava suado e a pele bronzeada brilhava no sol.

— Dormi demais! – Ela parou e se aproximou da cerca.

— Isso fez bem para você. Parece mais descansada hoje.

— Nada como uma boa noite de sono!

— Esse lugar ajuda muito a relaxar. Muita paz e tranquilidade, sem nenhuma pressa ou estresse.

— Bem! Vou continuar o meu caminho.

— Então, até amanhã.

— Até amanhã.

A tarde já chegava ao fim, quando Ricardo regressou na sua moto. Ele estava muito sexy, usando um casaco de couro preto um tanto surrado, calça jeans apertada, lembrando aqueles filmes sobre os anos 50. Assim que ela abriu a porta, abraçou-a e beijou-a até quase ficarem sem folego.

— Vamos dar uma volta!

— Eu nunca andei de moto antes – Júlia declarou receosa, ele riu alto.

— Jura?

— Juro

— Então, vamos! Sempre tem que ter uma primeira vez.

Ele segurou a pela mão, e a guiou até o veículo.

— Tome! Coloque isso! Não vou quer que você se machuque!

Entregou-lhe o capacete reserva, depois de colocar o seu, instruiu-a onde ela deveria colocar os pés e a mandou agarrá-lo com força, essa era a parte mais fácil, assim sentiu barriga dura e sua respiração por baixo da roupa dele. Apesar de estarem em uma estrada de terra, ele andava rápido, era muito seguro, o medo que Júlia sentia no início se dispersou.

A distância percorrida foi pequena, embora já começasse a anoitecer, Júlia reconheceu a clareira, onde vira Ricardo a primeira vez com Magda.

— Por que me trouxe aqui, Ricardo? –

— Bem, quando eu vi você parada aqui, naquele dia, observando eu comer a Magda. Pensei, como seria se fosse você ali comigo. Então, naquele instante, eu transei com você, imaginando você nos meus braços, seu cheiro, seu sabor, seus gemidos.

— Foi por isso que você me trouxe aqui? Por que você fantasiou?

— Foi.

— Mas não posso transar com você no meio do mato!

— Por que não?

— Porque é um lugar aberto, qualquer um pode chegar a qualquer momento.

— Ninguém vem aqui, ainda mais a esta hora.

— Mas, eu vim.

— Você está aqui agora. Não tenha medo! Vem!

Ele tirou a jaqueta, estendeu a mão para ela, que a segurou a levando para a mesma árvore, aquela possibilidade a excitou. Ricardo a pressionou contra o tronco com o peso do seu corpo e beijou sua boca, desceu pelo pescoço, sua mão procurou o seu seio, ela gemeu de prazer. As mãos do homem desceram até a sua cintura, procurando o botão da sua calça e a baixando, deixando cair no chão. Ela fez o mesmo com ele. A mão dele entrou pela calcinha dela, acariciando, fazendo-a suspirar, puxou-a para baixo, desvencilhando-se dela. Júlia enfiou os dedos nos cabelos cacheados deles e o trouxe mais para perto, mordiscando sua orelha, beijou seu pescoço, colocou, com rapidez, a camisinha que tirou do bolso.

 - Você é gostosa! – sussurrou no seu ouvindo, erguendo uma das coxas dela junto do seu quadril, penetrou-a, com força e rapidamente. Sensações a invadia por todos os lados, como no seu sonho, sentiu o receio de serem observados, a aspereza do tronco da árvore contra sua pele, ouviu barulhos silvestres do fim de tarde, o cheiro de graxa e óleo que vinha do corpo dele e o prazer por tê-lo dentro dela, mexendo-se cada vez mais rápido e forte, sem perceber ela acompanhou o ritmo dele com seu quadril, a pressão crescendo no seu ventre, até uma onda de eletricidade a percorrer e gritar alto, sem conseguir se segurar. Ricardo gemeu alto, soltando-se. Depois sorriu feliz, por si mesmo e por ter feito aquela mulher gritar alto de prazer.

— Você é demais, Júlia!

Ele deu um leve beijo na sua boca, Júlia nunca imaginaria que ouviria isso na vida.

— Acho melhor a gente ir agora. Já está anoitecendo – pediu acariciando os cabelos dele.

Assim, recolheram as roupas, vestiram-se e voltaram para a casa, apressados, enquanto a noite começava a cair.

— Por que você transa com a sua madrasta?

Sentados à mesa, enquanto jantavam. Júlia se encheu de coragem para perguntar o que não saía da sua cabeça, desde do momento que conheceu aquela história.

— Não sei, bem como tudo começou, acho que ela gostou de mim.

— E o seu pai nisso tudo?

— Acho que faço até um favor para ele, porque Magda vive reclamando que ele não quer mais nada com ela, que se sente desprezada, que só não abandona meu pai por minha causa – Ricardo deu de ombros, dando mais uma garfada, ele tinha um apetite voraz também para a comida.

— Ela não podia fazer isso, você era pouco mais que uma criança. Isso é assédio, ela está tirando proveito de você.

— Ela não me obrigou a nada. Eu fiz porque quis. Ela cuida da gente, do meu pai – Deu de ombros.

— Ela não o obrigou, claramente. No entanto, ela era adulta e mais velha, está usou você. Ela está chantageando você, dizendo se não fizesse o que ela queria largaria o seu pai doente, sozinho! Isso não está certo, Ricardo! Se ela não quer ficar mais com seu pai, simplesmente, deveria deixá-lo.

— Não é tão fácil assim. Somos uma família.

— Não, isso não coisa de família. Quem nos ama não faz esse tipo de coisa. Família cuida um do outro, sem exigir esse tipo de troca. Não pede que você se submeta desse jeito a algo que pensa que seja amor e carinho, mas, na verdade, é uma chantagem.

— Pode ser, mas é complicado. Não sei o que fazer. Já se passou muito tempo, não tem como voltar atrás.

— Não estou aqui para ensiná-lo como deve viver sua vida, Ricardo. Eu nem consigo saber o que vou fazer da minha. Entretanto, não acho que esse tipo de relacionamento com aquela mulher seja bom para você, nem para o seu pai ou para o seu irmão. Imagine se eles descobrirem tudo, pode ser muito ruim para todos.

— Mas se ela deixar meu pai? Ele vai ficar mais triste e sozinho e eu tenho medo do que possa acontecer.

— Seu pai não precisa de uma mulher como aquela, muito menos você, Ricardo – Ela olhou nos seus olhos e segurou a sua mão e ele devolveu um olhar confuso e indeciso. - Eu sei como é isso, acreditar que uma pessoa a ama e que está fazendo aquilo para o seu bem, mas no fundo, quem ela, realmente, ama é a si mesmo e você é só um instrumento para sua satisfação.

— E por isso que você está aqui? Alguém também fez isso com você, Júlia?

— Sim, mas de uma forma diferente.

— Quem foi?

— Meu noivo. Ele queria a esposa perfeita para apresentar a sociedade e seus planos ambiciosos, não se importando comigo como mulher.

— Então, você fugiu?

— Vamos dizer que sim. Eu estava preste a me casar, quando descobrir o que ele realmente queria de mim, enquanto se divertia com outras mulheres. Porém, não tive coragem para enfrentar todo mundo, falar que o noivado tinha terminado, porque não era aquilo que eu queria para a minha vida.

— Acho que somos dois covardes.

— Talvez sejamos mesmos.

Sorriram um para o outro.


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