Como acabar com um casamento escrita por Lily


Capítulo 4
IV




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IV

O sol começou a nascer, quando seus raios tocaram a pele exposta de Caitlin, ela sorriu. Era realmente lindo. Uma paleta de cores que ia do amarelo ao azul, seguindo por uns tons de rosa e violeta. Eles ficaram lá por mais alguns minutos, até o se estômago roncar.

—Acho que o restaurante do hotel ainda não está aberto a essa hora. – disse incerta.

—Acho que sim, mas eu tenho certeza que em algum lugar da cidade tem um pequeno café aberto.

Caitlin cruzou os braços.

—Vocês está me convidando para tomar café, sr. Allen?

—So se você aceitar, dra. Snow. – ele colocou as mãos no bolso e sorriu.

—Então eu aceito, não sou de recusar comida.

—É, eu sei, vi isso ontem.

Fechou os olhos sentindo o rosto se avermelhar.

—E como vamos chegar a cidade? – perguntou mudando de assunto.

—Ah, você vai ver.

Caitlin tinha pavor de várias coisas e andar de moto era uma delas, mas enquanto tentava se agarrar a Barry para não cair esse medo simplesmente desapareceu, ele dirigia pelas ruas quase vazia de Santa Rosa com uma calma surpreendente.

—Já esteve aqui antes? – levou o copo de café a boca.

—Algumas vezes com... – ele hesitou e balançou a cabeça. – Algumas vezes.

—Barry posso perguntar uma coisa? Nem precisa responder se não quiser.

—Claro, o que?

—Essa garota que...partiu seu coração. Como ela era?

—O nome dela era Patty Spivot, ela era uma pessoa encantadora, gente que faz amizade fácil.

—Foi amor à primeira vista?

—Não. Demorou um tempo, acho que tive que me acostumar com ela antes de tudo.

—Mas por que ela te usou?

—Eu trabalhava como cientista forense e era o melhor, todo mundo sabia disso. Joe e capitão me chamavam de menino de ouro, sempre fui zoado por isso. – ela riu. – Patty se aproveitou disso, quando começamos a namorar, acabei me desviando um pouco do trabalho. Ela queria prejudicar o pai e acabou me prejudicando.

—Que vaca. -murmurou.

—Eu sei, mas quando terminamos ela foi embora e eu me demite.

Caitlin comeu um dos biscoitos banhados a rum e envolvidos com açúcar.

—Você ainda a ama?

—Não, foi um erro, mas não me arrependo.

—Por que?

—Se eu não tivesse me envolvido com Patty, acho que nunca teria te encontrado e minha vida seria tão chata. – ele prolongou a última palavra, dando um ênfase. Caitlin revirou os olhos, mas mesmo assim sorriu. – Que tal um jogo de perguntas e resposta?

—Como?

—Eu pergunto, você responde.

—Um interrogatório?

—Mais ou menos, agora responde, quando você deu seu primeiro beijo?

—No meu primo, quando tinha dez anos. Mas por que diabos você está perguntando isso?

—Quero te conhecer melhor, pretty. – ele jogou a cabeça para o lado e sorriu. – Cor favorita?

—Azul.

—Filme favorito.

O casamento do meu melhor amigo. E o seu?

Grease. Música favorita.

—São muitas.

—Top cinco?

—Nem a pau. – sorriu. – Doce favorito.

—Brigadeiro.

—Briga...o que?

Ele riu de sua confusão, antes de explicar.

—É um doce brasileiro, que leva leite condensado e chocolate em pó, envolto em granulados coloridos. Experimentei uma vez quando fui ao Brasil.

—Você viaja muito, não é?

—Brasil, México, Itália, Grécia, Inglaterra e Paquistão. – enumerou com dedos, ela o encarou impressionada, o mais longe que havia ido era para Las Vegas quando terminou o curso. – Estou querendo ir para Madri.

—Adoraria ir para Madri, nunca sai do país. – suspirou apoiando o queixo sobre a mão e se curvando para frente.

—Eu adoraria levar você. - Barry chegou perigosamente perto. – Se você quisesse, é claro.

—Madri é aonde mesmo? – perguntou fingindo inocência. – Sou horrível em geografia.

—Mas deve ser maravilhosa em línguas. – ele observou tocando levemente as bochecha.

—É o que veremos. – Caitlin não pensou duas vezes antes de fechar o pequeno espaço entre eles e beija-lo. Foi um gesto tão natural que seu corpo pareceu reconhecer a sensação, aquela adorável sensação. – Ai meu Deus, me desculpa. Eu não devia ter feito. – colocou a mão sobre a boca e se afastou de Barry. – E não sei o que me deu.

—Não foi... – mas ele não teve tempo de terminar as desculpas, Caitlin o puxou pela gola da camisa e o beijou novamente. – Você vai acabar me enlouquecendo.

—Eu sei, mas eu apenas não consigo ficar longe de você e isso está me irritando. – sussurrou com a testa colada na dele.

—Digo o mesmo. – ele riu ácido, mas a beijou novamente.

—Eu não posso fazer isso, Barry. – resmungou entre beijos. – Não posso mesmo.

—Então pare.

—Não consigo. – murmurou. – Por que eu não consigo?

—Porque eu sou extremamente sexy. – ele brincou e ela riu. – Pelo menos você sorriu.

—O que eu estou fazendo? – perguntou pra si mesma. - Eu me caso amanhã e estou me agarrando com o me fotografo em um bistrô no centro da cidade. – Barry riu e voltou a beija-la. – Como isso é possível? Eu te conheço a menos de um dia e já não consigo tirar as mãos de você.

—Devo levar isso como um elogio?

—Acho que sim.

Eles se encaram por alguns segundos, depois explodiram em gargalhadas.

—Meu Deus, eu sou tão boba. So estou tentado achar um jeito de cancelar este maldito casamento. – se recostou na cadeira.

—Do que você está falando?

—Eu não sei se quero me casar, Bar. Já tenho pensado nisso a algum tempo, mas ainda não sei ao certo. – passou a mão sobre o cabelo.

—Sabe, eu estive observando você e Ronald ontem a noite e acho que cheguei a uma conclusão.

—Sério?

—Com certeza. Não acho que isso ainda seja amor, apenas é o costume. Vocês não se amam mais, a risco até dizer que vocês nunca se amaram. Pretty, você ao menos sabe o que é o amor?

Caitlin jogou a cabeça pro lado.

—Não faz pergunta difícil. – gemeu dengosa.

—Por que você vai casar com ele Cait?

—Não sei, ele é bom pra mim, bom pra minha mãe, bom pro meus amigos.

—Você está confundindo as coisas, pretty. Acho que seu desejo de ser uma boa amiga, uma amiga perfeita, uma namorada maravilhosa, fez você esquecer do que você quer, de quem você é. Você realmente quer se casar? Se amarrar com um cara pelo resto da vida? Acabar em um casamento sem amor.

Ela ficou em silencio por um instante, as palavras de Barry a bombardeavam.

—Sabe, eu te odeio de verdade.

Barry pegou sua mão.

—Que tal sairmos daqui? A cidade é grande e o dia tem muitas horas.

Cait sorriu.

A cidade era realmente grande e tinha muita coisa para ver. Ela não teve muito tempo para pensar sobre o que estava acontecendo, pois a cada ponto, cada parada, a cada beijo ou sorriso roubado, mas encantada e possivelmente apaixonada ela se sentia. Barry Allen mexeu com ela de uma maneira quase inexplicável.

Pararam na praça cheia de food trucks, Barry a abraçou por trás, beijando seu pescoço.

—Dois sanduíches, batatas, suco natural e um refrigerante. – pediu para a garçonete sorridente.

—Pra viagem?

—Sim.

Barry a rodou colando seus corpos.

—Eu gosto do seu sorriso. – ele sussurrou contra seu ouvido. – E dá sua voz. Do seu beijo, do seu abraço, do seu cheiro, do seu toque. Acho que estou completamente apaixonado por você.

Caitlin sorriu.

—Você está?

—Acho que sim. Não consigo tirar você da minha cabeça desde do primeiro momento em que eu te vi, você por acaso é algum tipo de bruxa, Caitlin?

—Se isso for um tipo de cantada, você está perdendo o jeito sr. Allen.

—Não preciso de nenhuma cantada quando se trata de você.

Caitlin se virou, ficando de frente para Barry.

—Por que a gente não se conheceu antes? As coisas seriam muito mais fáceis. – ele passou a mão sobre seu rosto.

—Você quer ficar comigo Caitlin?

—Acho que sim.

—Você acha ou tem certeza.

Caitlin jogou a cabeça pra trás em um gemido.

—Bar, não faz pergunta difícil.

—Cait.

—Por que isso é tão importante? – seus ombros caíram, Barry arqueou a sobrancelha.

—Você vai se casar amanhã ou não?

—Eu realmente tenho que responder essa pergunta?

—Caitlin.

—Eu não sei Barry. – suspirou. – Eu preciso de um tempo para pensar. Você me leva de volta pro hotel?

—Claro. – ele beijou o topo de sua cabeça.

Caitlin observou a o teto do quarto do hotel ainda relembrando tudo o que Barry havia lhe falado, era uma decisão simples, se casaria ou não, viveria uma vida sossegada ao lado de Ronnie, ou desistiria de tudo e se entregaria a Barry. Com Ronnie ela tinha estabilidade e companheirismo, com Barry era tudo impulsivo e dramático, eles eram opostos e Caitlin estava no meio disso tudo.

Ela tinha que escolher. E rápido.

Fechou os olhos relembrando o gosto dos lábios de Barry. Se tivesse sido em outro tempo, outra época, talvez fosse mais complicado, mas agora depois tanto tempo, ela sabia exatamente quem escolher. Saltou da cama caçando o celular no meio do lixão que virou seu quarto. Barry havia entrando em sua vida a mais de vinte e quatro horas, mas ele havia conseguido fazer um estrago enorme. Ele virou a sua vida de cabeça para baixo com apenas um beijo, um único beijo que a fez desistir do casamento.

Olhou para tela do celular, três chamadas perdidas de Felicity, duas mensagens de Ronnie e um mensagem de voz. Ignorou as mensagens de Ronnie e ligou pra ele, torceu os dedos quando deu o terceiro toque e ele parecia não atender. Tentou novamente.

—Alo?

—Ronnie é Caitlin, eu preciso...

—É brincadeira. É meu correio de voz.

—Ronald eu preciso falar com você o mais rápido possível, é sobre o casamento. Por favor me liga assim que der.

Desligou o celular e saiu do quarto, tinha que achar Ronnie, tinha que acabar com aquilo. Era a única certeza que tinha.

—Caitlin. – se virou, Felicity correu em sua direção. – Está melhor? Oliver disse que queria um tempo sozinha.

—Onde está Ronnie?

—Em Las Vegas, se lembra? A despedida de solteiro. - Caitlin rosnou de raiva. Como podia ter esquecido disso? – Cait o que está acontecendo?

—Nada, apenas tenho que falar com Ronnie o mais rápido possível. Felicity eu...

—Aí está a minha noiva favorita. – Sara gritou se jogando contra ela. – Onde você estava? Passamos o dia no SPA, só estava faltando você.

—Tive que resolver uns problemas.

—Então já que você os resolveu, vai passar o resto do dia com a gente. – Sara entrelaçou seus braços. – Vamos, futura senhora Raymond.

Caitlin mordeu o lábio inferior para não corrigir Sara. A tarde no SPA passou voando, sua mãe estava lá, assim como sua sogra e suas tias. Lá pras oito da noite Felicity a fez se arrumar toda para a despedida de solteira, eles iriam para a cidade até uma boate, beberiam e enlouqueceriam.

Quando o relógio bateu meia noite Caitlin resolveu que estava na hora de voltar pro hotel, arrastou Sara, Felicity, Laurel e Thea para dentro de um táxi, ela não sabia como havia conseguido aquele feito milagroso, mas sabia que havia lhe custado um par de sapatos maravilhoso e duas unhas quebradas.

Atravessou o corredor arrastando Felicity pelo braço, Feli era pior tipo de bêbada que existia. Usou o cartão magnético para abrir a porta e deixou ela cambalear até a cama. Sorriu pra si mesma ao fechar a porta, suas amigas não batiam bem da cabeça mesmo.

—Hey, pretty. – se virou dando de caro com Barry parado na porta do quarto da frente. – O que está fazendo aqui?

—Felicity bebeu além da conta. Esse é o seu quarto?

—O que aconteceu com aquela Caitlin toda contida? – ele perguntou enquanto ela se aproximava ainda mais.

—Você acabou com ela. -  sussurrou antes de beija-lo. Colocou a mão sobre a nuca de Barry o puxando para mais perto, ele passou o braço pela sua cintura e a puxou para dentro do quarto. Caitlin fechou a porta com pé, jogou a bolsa no chão e ajudou Barry com a blusa dele. Ela o queria e queria de todas as formas possíveis.

—Você está me enlouquecendo, pretty. – ele murmurou sorrindo. Caitlin adoraria responder com algo divertido, mas a única coisa que saiu da sua boca foi um suspiro desesperado seguido por...

—Me ame, por favor.

Ela não soube de onde aquelas palavras vieram, nem porque elas vieram, a única coisa que sabia era que ela necessitava disso, necessitava dele.

—Onde está Ronald? – Barry perguntou colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

—Em Las Vegas com Oliver, Cisco e Tommy. Despedida de solteiro. – bocejou.

—Las Vegas é um pouco longe. – ele observou.

—Eles foram no avião das empresas do pai do Ronnie. – explicou fechando os olhos. – E antes que você possa falar qualquer coisa sobre o quanto Ronald tem dinheiro e você não tem, se você começar com essa historinha eu juro que saio desse quarto.

Ele ficou em silêncio e Caitlin tomou isso como um consentimento, se enroscou ainda mais em Barry e tentou dormir.

—Acho que você devia ir com ele. – ele sussurrou.

—Do que você está falando? – perguntou em meio a um resmungo.

—Você devia se casar com Ronald. – disse ele por fim. Caitlin se sentou na cama de frente para Barry, agora ela estava totalmente desperta.

—Barry, você está brincando, não está? – tentou ver alguma luz em seus olhos que se significassem que era apenas uma brincadeira de mau gosto, mas não havia nada. – Barry por favor.

—Ele é o melhor para você.

—Não! Não é!

—Cait, pretty. Você precisa dele. – ele seguro suas mãos.

—Eu preciso de você, eu quero ir para Madri com você, eu quero viajar o mundo, conhecer pessoas novas, eu quero você. – tentou beija-lo, mas Barry desviou.

—Acho melhor você voltar para o seu quarto.

Caitlin não podia acreditar naquelas palavras, simplesmente não podia.

—Barry, por favor...


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