Como acabar com um casamento escrita por Lily


Capítulo 3
III




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III

Passou pela piscina e entrou no hotel, queria ir direto para o quarto, mas foi brutalmente parada pelo grito de sua mãe. Não agora.

—Caitlin! – respirou antes de virar e encarar a mãe, que vestia um vestido preto estilo tubinho e estava maquiada como se estivesse pronta para uma festa. Foi então que ela se lembrou do maldito chá de panela. – Está atrasada.

—Eu sei.

—E encharcada. – sua sogra apareceu ao lado de sua mãe, ela era uma mulher refinada e de nariz em pé, por isso Caitlin não se importou com o olhar analítico que ela lançou.

—Eu sei.

—Você está bem? – Felicity, sua salvadora, perguntou.

—Não sei. -sussurrou para si mesma.

—O que você disse? – sua mãe perguntou em um tom alto. – Sabe que eu não gosto quando sussurram.

—Eu sei. – suspirou. – E eu estou bem Feli, apenas tenho que trocar de roupa, tive um pequeno problema com os irrigadores. Com licença.

Saiu de perto das três e entrou no elevador. Tomou o banho mais rápido que podia, vestiu o vestido vermelho e calçou os saltos, passou a maquiagem de leve e correu de volta para o andar de baixo, seguiu para o salão de festas e encontrou Íris na porta a sua espera.

—Estou quanto tempo atrasada? – perguntou baixo.

—Uns quinze minutos, mas não se preocupe, tirando sua mãe e sua sogra, ninguém pareceu notar isso. -  Íris abriu a porta do salão e Caitlin instantaneamente se encantou com a decoração. – Desta vez seguimos seu gosto à risca.

—Obrigada.

—Não tem que, mas tivemos um pequeno problema com o fotografo. – ela encarou a organizadora. Será algo havia acontecido com Barry? – O seu fotografo teve que ir resolver alguns problemas na cidade, porém não se preocupe, outro fotografo ficara responsável pelo evento de hoje.

—Ok. – murmurou, quando Íris se afastou ela soltou o ar que estava preso.

Merda, merda, merda. Aquele dia estava sendo um dia de merda. Pegou a bebida que o garçom distribuía, virou de uma vez.

—Caitlin. – Sara se aproximou e ela tentou sorrir. – Me diga onde está aquele fotografo gatinho, para eu poder me agarrar com ele.

—Barry teve um pequeno problema, por isso, um outro fotografo vai ficar no lugar dele. – explicou pegando outra bebida.

—Que pena. Queria esfrega-lo na cara de Tommy mais tarde. – Laurel falou se aproximando junto com Felicity, sendo que está última perguntou casualmente.

—O que aconteceu? Você está atrasada, mas você nunca se atrasa.

—Houve um pequeno problema na minha saída.

—Você estava encharcada.

—Eu caí na piscina, estava voltando da sessão de fotos com Barry e um garotinho me empurrou na piscina. Foi isso. – tomou um gole generoso da sua bebida. – Não tem nada mais forte, não?

—Você está tomando whisky. – Sara observou. – Não tem nada mais forte do que isso nessa festa.

—Queria um minuto da atenção das senhoritas. – Caitlin voltou sua atenção para o palco onde Íris falava ao microfone. – Hoje é um dia especial, ainda não é o casamento, mas é a preparação para algo maior. Caitlin, como a maioria dos seus presentes será entregue diretamente em sua casa, hoje faremos apenas algumas brincadeiras, entre elas, suas amigas e familiares contaram suas histórias mais vergonhosas. 

—Finalmente eu vou poder contar sobre aquela vez no sex shop. – Sara comemorou, para o desespero de Caitlin, em voz alta.

—Estou preste a ter um ataque cardíaco aqui. - murmurou tomando o resto do liquido que jazia no copo.

—Mas primeiro, Caitlin sua cadeira a espera. – Íris apontou para um trono majestoso no meio do palco.

Meio contrariada caminhou até o trono se sentando nele, olhou ao redor observando a quantidade de mulheres que ocupavam as cadeiras. Caitlin não conhecia nem metade daquelas mulheres, sabia que eram convidadas de sua mãe e sua sogra, tias, primas, primas de segundo, terceiro e até quarto grau, que ela nunca havia visto ou ouvido falar.

Obviamente, aquela brincadeira idiota rendeu altas risadas e muitos gritos, uma hora depois metade daquelas mulheres já estava mais alta do o Empire State. O fotografo, que ela descobriu se chamar Wally, andava de um lado para outro, tirando o maior número de fotos possíveis. Ela tinha certeza que ele já estava ficando irritado por não conseguir nenhuma foto dela sorrindo, mas o que Caitlin podia fazer? Não suportava a atenção que estavam lhe dando e o beijo entre ela e Barry ainda rodava em sua cabeça.

Desceu do palco a pedido de Íris. Estava na hora do desfile de lingerie, que no caso passou como um borrão de cores, no final optou por um preto com detalhes em renda, que lhe parecia mais confortável.

—Temos duas horas antes do jantar de ensaio. – Felicity informou a puxando pelo braço. – Ou seja, temos tempo para você me contar o que diabos está acontecendo.

—Do que você está falando? – apertou o botão do elevador para seu andar.

—Por favor, Cait. Eu te conheço a anos e sei quando algo está errado. Fala logo.

—Não é nada. Apenas estou com a cabeça cheia sobre o casamento, é muita coisa para pensar.

—Não se preocupe. – Feli a abraçou. – Tudo vai dar certo.

—Claro que vai. – afirmou mais para si mesma do que para Felicity.

Fechou a porta do quarto jogando os sapatos para o mais longe possível, retirou o vestido, ficando somente de lingerie. Seu corpo todo pareceu adormecer e suas memórias voltaram à tona, o leve arrepiou correu pela sua espinha. O beijo. O abraço. A memória sensitiva e fotográfica.

Se jogou na cama, se enrocando em posição fetal, não queria sair do quarto ou ir para aquela merda de jantar. Queria dormir e acordar somente quando estivesse casada, era pedir muito?

Respiro fundo. Ela era Caitlin Snow, nunca abaixava a cabeça ou deixava de fazer as coisas, mas...nesses últimos tempos era exatamente o que ela vinha fazendo. Havia deixado sua mãe e sua sogra controlarem seu casamento, que devei ser algo que a refletia, mas agora só mostrava o reflexo de uma garota que não sabe fazer nada sem pedir uma segunda opinião.

Se levantou indo para o banheiro e tomando outro banho, mas desta vez, o mais demorado que ela conseguia e podia. O vestido que havia escolhido era simples, vermelho com um decote nas costas e um recorte na cintura, calçou os sapatos de salto e finalizou a maquiagem com dez minutos de antecedência.

—Amor. – Ronnie a chamou assim que ela saiu do elevador. – Parece que faz anos que eu não te vejo. – sorriu contida. – Você está linda.

Viu, ele também dizia que ela era linda, não era só Barry que falava isso.... Por que ela está metendo ele nessa conversa?

—Você também está lindo. – mesmo de salto teve que ficar na pontinha dos pés para beija-lo. – Vamos?

—Claro, Cait.

Ela entrou novamente no salão de festa, mas desta vez não se impressionou, na verdade se surpreendeu, tudo havia sido redecorado e enfeitado em poucas horas que ela queria se lembrar de agradecer Íris por isso. E por falar em Íris, Caitlin a buscou com o olhar e quando a achou acenou a chamando, a organizadora caminhou até ela acompanhada da última pessoa que Cait queria ver.

—Caitlin e Ronald.

—Ron, essa é Íris a organizadora do casamento. – apresentou sem conseguir tirar os olhos de Barry. – E Barry Allen, nosso fotógrafo.

—Então vocês são responsáveis por tirar minha linda noiva de mim por horas a fio. – Ronnie brincou fazendo Íris sorri, mas nem Caitlin ou Barry pareciam prestar atenção na conversa em si, a doutora lutava com todas as suas forças para desviar o olhar, mas alguma coisa a prendia naquele mar de castanho e verde.

—Eu vou tirar algumas fotos por aí. – Barry avisou e saiu de perto dos três, ela ainda o acompanhou com olhar.

—A festa está linda. – falou. – Estou impressionada.

Íris sorriu em agradecimento, mas seu olhar era questionário, como se ela soubesse que algo estava errado.

—Que bom, porque vocês não se sentam, os convidados estão preste a chegar.

A mesa onde os noivos e seus pais iam se sentar estava de frente para a pista de dança. Ela não sentia a menor vontade de dançar ou de socializar, por isso quando os seus convidados começaram a chegar ela apenas sorria e agradecia pela presença.

Ela não se lembrava muito bem de quando começou a passar mal, mas sabia que tinha algo haver com a grande quantidade de docinhos que havia comido para evitar falar com as pessoas. Porém quando Íris anunciou que seus padrinhos e madrinhas tinham uma surpresa especial para o casal, Caitlin teve que segurar o estômago e esperar pelo melhor.

—Cait, sei que você odeia ser o centro das atenções e provavelmente está surtando com o casamento e tudo mais. – Felicity falou e ela riu, assim como todos a sua volta. – Mas não se preocupe, o que vamos fazer agora não vai te envergonhar como aconteceu no chá de panela, porque foi muito horrível o que aconteceu lá e você...

Então alguém tomou o microfone da mão de Felicity, porque já estava mais do que óbvio, que aquele discurso não iria acabar tão cedo.

—O que a minha adorável namorada está tentando dizer. É que isso é pra vocês. – Oliver apontou para o DJ e Locked out in heaven começou a tocar, Felicity se afastou enquanto Tommy e Cisco se posicionavam ao lado de Oliver. A coreografia deles era impressionante e perfeitamente sincronizada, de repente a música parou e os três se entreolharam confusos, então com a música Sax da Fleur West, Sara, Laurel e Felicity entraram.

Caitlin gargalhou alto, mas parou quando seu estomago se embrulhou e a necessidade de sair dali aumentou. Mas a coreografia parecia longe de acabar, a música mudou novamente, agora era Sugar do Maroon V, colocou a mão sobre a boca e apenas assentiu quando Ronnie a cutucava e comentava algo.

Foi no início de Singer Ladys que ela empurrou a cadeira e correu para fora do salão, seu primeiro pensamento foi ir direto para o banheiro, mas ele parecia longe demais, então fez o caminho oposto em direção aos jardins e vomitou no primeiro vaso de planta que viu.

Vomitar era nojento, ela se sentia nojenta, não apenas por estar vomitando, mas por ter beijado outro cara que não era seu noivo. Sentiu uma mão passear pelas suas costas e alguém puxar seu cabelo para longe do rosto.

—Você está bem, pretty? – Barry perguntou em um tom preocupado, Caitlin fechou os olhos, porque além de estar vomitando, agora ela estava chorando.

Negou com a cabeça. Quando terminou de vomitar passou o dorso da mão sobre a boca, então encarou Barry.

—Muitos doces. – justificou.

—É, eu vi. – ele sussurrou lhe estendendo um lenço de papel.

—Obrigada. – murmurou sem conseguir conter as lágrimas, mas por que diabos ela estava chorando? -Acho melhor voltar pra lá.

—Eu acho melhor não. Você não está em sua melhor condição. – ela fechou os olhos, Barry estava certo, porque além de se sentir nojenta e ter vomitado, ela estava tonta e faminta. 

—Então vou voltar para o quarto.

—Quer que eu te acompanhe?

Caitlin o encarou por um instante, ponderando sua companhia.

—Acho melhor não. – disse por fim. – Mas obrigado de qualquer jeito.

—Ok, boa noite pretty.

—Boa noite, Bar.

Encontrou Oliver no meio do caminho até o elevador, ele sorriu feliz por vê-la.

—Onde você estava Cait? Ficamos preocupados.

—Não conseguir chegar ao banheiro a tempo. – sorriu para o primo. – Acho que vou receber uma multa por vandalismo amanhã.

—Mas você está bem?

—Sim, apenas quero descansar um pouco. Vou voltar para meu quarto, você pode avisar os outros, não quero ninguém surtando por minha causa antes do casamento.

Oliver assentiu, ele estava preste a sair quando Caitlin se lembrou de uma coisa.

—Ollie?

—Sim?

—Quando foi que vocês conseguiram ensaiar sem que eu soubesse, porque estava na cara que Ronnie sabia.

—Foi mais fácil do que você imagina. – Oliver colocou as mãos no bolso e deu de ombros. – Você está tão ocupada com seu trabalho que as vezes esquece dos seus amigos. Aquelas noites que você fazia plantão extra na clínica serviam para nossos ensaios.

—Vocês estavam perfeitos. – sussurrou já sentindo as lágrimas voltarem. – Ollie, você pode pedir para ninguém me incomodar até as três da tarde. – ele arqueou as sobrancelhas. – Preciso de um tempo para mim mesma e necessito urgentemente de uma boa noite de sono.

—Ok.

Apertou o botão do elevador e quando as portas se fecharam, desabou. Deve ter chorado a noite toda, pois quando despertou com o barulho de alguém batendo em sua porta ainda podia sentir o gosto das lágrimas. Se levantou sonolenta e caminhou até a porta.

—Bom dia, pretty. – Barry falou com um sorriso enorme de orelha a orelha. Como ele conseguia fazer aquilo em plena.... Quer porra de horas eram?

—Barry, eu só tenho duas perguntas simples. O que você está fazendo aqui? E que horas são?

—São cinco e meia da manhã de um sábado perfeito e eu estou aqui para te levar a m lugar magico.

—Primeiramente, ninguém é feliz a cinco da manhã, falo isso por experiência própria. E segundo, você não dorme não? – se apoiou na porta.

—Sim, mas às vezes eu gosto de acordar cedo.

—Pra que?

—É exatamente o que eu vou te mostrar. – ele estendeu a mão. – Vem?

A última vez que ele havia feito aquela pergunta, ela terminou traindo seu noivo, mas alguma coisa dentro dela se contorceu em alegria e ela se surpreende quando se ouviu dizer.

—Espera aí, eu vou trocar de roupa. – e em menos de dois minutos, ela trocou o pijama por um short e uma blusa folga, calçou um tênis que nem sabia que havia trago e seguiu Barry pelos corredores do hotel até o (procurar o nome da parte de cima de um prédio). O sol ainda não havia nascido, a escuridão e o frio reinavam pelo pequeno espaço.

—O que viemos fazer aqui? – perguntou enquanto passava a mão sobre os braços, tentando se aquecer.

—Ver o nascer do sol. – ele falou estendendo o casaco pra ela, Caitlin aceitou de bom grado.

—Por que?

—Eu gosto de ver o nascer do sol, faz com que eu me sinta mais humano. – ela arqueou a sobrancelha. – Imagina, Caitlin. Você está aqui, nesse exato lugar e momento, enquanto lá fora, em outra cidade, outro pais, outro continente, a alguém comemorando, alguém morrendo, algo nascendo, algo sorrindo ou chorando, alguém gritando, alguém dançando. Todos estão fazendo alguma coisa, mas em algum momento eles vão parar e olhar para o sol, seja ele nascendo ou se pondo. Isso me agrada, porque assim eu sei que todos somos iguais.

—É um belo pensamento. – sussurrou encarando-o.

—Minha mãe me falou isso antes de morrer, ela disse que eu sempre devia olhar para o sol, porque não importava onde eu estivesse, ela sempre estaria comigo.

—Sua mãe morreu de que?

—Câncer.

—Eu sinto muito. – passou a mão pelo braço dele.

—Obrigado, eu tinha onze anos na época, meu pai entrou em depressão, largou o emprego e foi morar em uma cabana no meio da floresta. – ele suspirou. – E como eu ainda era uma criança na época, ele me deixou sobre os cuidados de Joe, que o pai da Íris e melhor amigo dele.

—Deve ter sido duro, pra você.

—Foi muito.

—Eu também perdi meu pai quando era mais nova, tinha quatorze anos na época. – mordeu o lábio inferior, falar de seu pai nunca foi uma coisa muito fácil. – Ele era a pessoa mais otimista que eu conhecia. Uma vez ele me levou a um parque, porque eu queria andar na montanha-russa, mas morria de medo. Então ele propôs que se eu conseguisse ele me dava um pônei.

—Aí você foi.

—Fui. Mas nunca ganhei meu pônei.

Eles sorriram um para o outro.

—Mas ele prometeu aquilo apenas para que eu vencesse meu medo.

—Os pais fazem coisas estranhas. – ele pegou sua mão.

—Eles sabem que nossos sonhos são maiores que os nossos medos.

—É. Eles sabem.


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