Star - Rainha das Trevas escrita por TopsyKreets


Capítulo 6
Marco morre nesse capítulo




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Star – Rainha das Trevas

 

A primeira coisa que ele sentiu falta ao ver Star depois de tanto tempo era, sem dúvida, a tiara de chifrinhos.

 

A segunda coisa era o seu sorriso.

 

O vestido negro era bem detalhado, encrostado de pérolas negras e rubis rubros, da cor do fogo – algo que somente a nobreza poderia bancar.

Seu decote (que não era sutil) era um contraste poderoso na pele branca, ainda mais pálida pela maquiagem, no estilo gótica.

 

Estava claro que ela tentara em vão esconder suas marcas de nascença – os pequenos corações nas bochechas rosadas. Contudo, só conseguiu faze-los serem mais discretos e opacos.

Marco retirou a espada de a bainha. Apontou a lâmina para a rainha das trevas.

Ela fez um gesto análogo, levantando sua varinha.

 

O movimento seguinte foi arremessar a arma aos pés de Star.

— Não vou te encostar um dedo.

Vim aqui pra te salvar. Não importa o que tenha de errado com você.

Possessão do mal, pactos, seja o que for.

 

Àquela altura, ela imaginara uma série de cenários de como aquela conversa entre os dois seria, mas nada assim. Por um momento, Star ficou confusa.

E em seguida, gargalhou como nunca.

— Espera, é isso o que você acha que está acontecendo?

Possessão? Desculpa, não deu pra segurar o riso.

Se a sua inocência não fosse tão burra, seria até meiga.

— Essa não é você.

— Pelo contrário. Essa sempre fui eu.

Francamente, não seio porque me segurei todo esse tempo.

 

Passo a passo, ela se aproximou de Marco.

O suficiente para que ele sentisse seu hálito gelado no rosto.

— Então, não vai tocar mesmo em mim?

Nem um dedinho sequer?

— Não....

— Que ótimo. Porque eu vou encostar em você.

 

O soco veio em disparado, derrubando Marco com o impacto.

Ele tentou se levantar mas levou um chute sequencial com a bota escura da rainha.

 

Seu olho esquerdo já estava roxo. Testa e boca sangravam.

— E agora? Quer rever seus conceitos sobre não bater em uma garota?

 

Com dificuldades, ele se levantou, ainda de perna bambas.

— Não. Você não é a verdadeira Star.

Tudo bem. Pode continuar. Só me diz o porquê disso tudo.

 

Perdendo o pouco da paciência que reservara para o momento, ela partiu para cima uma segunda vez.

Soco. Soco. Soco.

Estômago. Rins. Rosto.

 

Neste momento, tudo doía.

E não pararia por aí. Estava longe de acabar. A cada nova rodada, ela ia explicando sua atitude. Seus atos até o presente momento.

De certa forma, explicava seu verdadeiro eu. E a medida que isso ocorria, ela se sentia livre, com um peso a menos nas costas.

 

— Quer saber o que mudou?!

NADA MUDOU!

Exatamente por isso!

 

Soco. Soco. Chute. Soco.

Rosto. Peito. Barriga. Rosto.

 

— Sempre tem algo de ruim acontecendo.

Alguém para salvar, alguém morrendo. Nada muda.

Nunca. Eu cansei disso. Cansei das pessoas dizendo que eu tenho que ser uma heroína.

Que eu tenho que salvar o mundo.

E QUEM VAI ME SALVAR?!?!

QUEM?!

 

Soco. Soco. Soco.

Rosto. Rosto. Rosto.

 

— Meus pais? Meu tão incrível conselheiro?

Você?

Ludo. Toffee. Pugs malditos. Eclipsa.

Tem sempre alguém tentando me matar. Sabe o que eu aprendi com eles?

Só consegue paz quem mata primeiro.

Quem ataca primeiro. Quem massacra primeiro.

 

Soco. Soco. Soco.

Rosto. Rosto. Rosto.

 

— Pra que contar com você?

Para você me abandonar, e ir para a faculdade?

Eu não preciso de você! Nunca precisei!

Eu amadureci. Me viro bem sozinha.

Só foi preciso o feitiço certo, o exército certo. Meu reinado terá paz.

Só que ela só vem com o medo.

 

Um sorriso desforme escapou pelo canto da boca.

— Tudo bem – Ela concluiu.

Tenho todo o medo que preciso, bem aqui.

 

Uma segunda vez, marco se levantou.

Cambaleante, não sentindo mais nada no rosto inchado.

Mal enxergava, mas ainda tinha forças o suficiente para falar, mesmo com a quantidade absurda de sangue que estava cuspindo.

— Errada. Você está.... Errada.

Não amadureceu nada. Nem aqui.... Nem na Terra.

Nada mudou por sua causa....

 

Star deixou que a fúria tomasse conta e num chute, derrubou Marco cm vontade, mas do que nunca.

Dessa vez, ele não se levantaria do chão.

 

Agarrando-o pelo colarinho, ela se aproximou, sussurrando em seu ouvido:

— Repete, se for homem o bastante.

 

Ele levantou o rosto, o máximo que conseguia, para encarar Star.

Só via um burrão loiro, mas era o suficiente.

Ainda podia sentir seu cheiro. O perfume não mudara.

 

 

— Poderia ser quem você quisesse ser.

Ninguém te obrigou a nada. Mas você escolheu isso.

Você.... Mais ninguém....

 

Star já estava perto de uma nova sessão de murros quando sentiu a mão do rapaz em cima da sua.

— Crescer dói.

Perde-se amigos. Vantagens.

Mas você não desiste....

Vai doer.... Mas você não desiste....

Vai parecer o fim do mundo....

Mas você se adapta. Conhece gente.

E não desiste....

 

Antes de continuar, ele precisou de uma pausa.

Estava difícil de respirar.

 

— Você desistiu....

Voltou a ser a mesma criança mimada de sempre.

Ou nunca deixou de ser....

E eu te amei, mesmo assim....

 

....

 

Ela tentou se conter, mas a lágrima escapou para o rosto do rapaz.

Vendo daquele jeito, talvez não fosse a melhor forma de resolver o problema.

 

....

 

Foi por isso que ela pegou a espada do chão.

 

Segurando mais uma vez pelo casaco, ela aproximou a lâmina do pescoço de Marco.

— Sabe, eu vou sentir sua hoje à noite....

Mas amanhã vou estar muito melhor.

— Se me odeia tanto, porque.... Está chorando?....

— Cala a boca....

— Isso não parece ódio....

— Cala a boca....

— Parece outra coisa....

— CALA ESSA BOCA!!!!

 

Ela levantou a lâmina o mais alto que podia, mirando bem no coração de Diaz.

Por sorte, foi nessa hora que os demais resolveram aparecer, arrombando a porta da torre.

 

Dipper, Mabel, seu pequeno dragão, Smoky Quartz e Peridot.

Todos sacaram suas armas e..... Presas.

Direcionadas apenas a uma pessoa.

 

Num impulso, Star agarrou Marco e passou a usa-lo como escudo humano, apontando a lâmina para o rapaz.

— Não se aproximem de mim, seus vermes....

— Olha, vocês eu não sei, mas eu quero muito matar essa vadia – Comentou Mabel.

Eles se entreolharam e concordaram com a afirmação da caçadora.

 

— NÃO! POR FAVOR!

Estou implorando....

Se não fosse pela súplica do líder, eles não teriam baixado as armas/garras.

Entretanto, devido ao pedido, assim o fizeram.

 

Uma última vez, antes do fim, ele olhou para o vulto loiro que tanto amava.

— Pára, por favor.

Eu te perdoo....

 

As palavras viajaram na mente da rainha com rapidez, batendo aqui e ali.

Uma raiva adormecida acordou.

— Não preciso de você. Não preciso de ninguém!

 

E acompanhado do ato final, veio uma risada distorcida e desvairada, de uma rainha das trevas dignas de nota.

— Sabe o que tem de errado com você, Marco?

Sempre lutou como uma mulher.

Eu luto como uma guerreira....

 

Atravessando a espada no rapaz, ela sentiu o sangue dele deslizar pelos dedos.

Ele sentiu uma dor profunda, nauseante.

Em seguida, ainda que acordado, não podia sentir mais nada.

 

Arrancando a lâmina com violência, ela a arremessou para longe e sacou sua varinha.

— Me sinto bem melhor agora. Quem é o próximo?

 

 


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