Star - Rainha das Trevas escrita por TopsyKreets
Star – Rainha das Trevas
Marco retirou da mochila o velho livro de feitiços, surrupiado ousadamente das posses de Star.
Tal coletânea de encantamentos por sua vez já pertencera a própria Eclipsa.
— Não estou pedindo que entre no campo de batalha – Disse Marco.
Quero apenas que você traduza o que puder, para que tenhamos uma vantagem.
Não é tão complicado.
— De fato – Respondeu Eclipsa – Não é.
— Então, vai ajudar?
— Não.
....
— Têm gente morrendo, mulher! – Bradou Steven.
Mulheres, crianças!
— Cãezinhos! – Complementou Corn Flakes.
— Pense nos cãezinhos.... – Suplicou Mabel.
A primeira rainha das trevas balançou a cabeça, em negativa.
— Pode ser o cansaço por mim, e a carência.... – Iniciou Eclipsa – Mas entendo o lado de vocês. Até acho seu líder bonitinho....
— Obrigado – Respondeu Marco – Eu acho.
— .... Mas são vocês que têm que entender o meu.
Eu mesma já tentei dominar o universo.
— Com um exército de demônios....
— Exato. E olha no que deu. Passei séculos num maldito cubo de gelo.
Perdi tudo. E pra quê? Perda de tempo.
E mesmo que consigam matar Star, novas rainhas das trevas surgirão para tomar seu lugar. Isso é um tormento sem fim, pode acreditar. Nunca acaba.
— Não vamos mata-la.
Vamos detê-la. Mas não vamos encostar um dedo nela, se não for necessário.
....
A afirmação solene de Marco pegou todos – até mesmo Eclipsa – de surpresa.
Steven, Mabel, Pônei e o rei Pug achavam que não seria necessário ressaltar o óbvio.
De uma forma ou outra, a vadia teria que morrer....
Do contrário, como parariam Star?
— Boa sorte com isso. É um plano de merda.
Estou fora.
— E vai fazer o que?! – Urrou o rapaz – Vai desistir, se jogar no sofá e assistir tv até o fim dos tempos?!?!
— Não tinha pensado nisso ainda, mas....
É um bom começo.
Sem mais devaneios depressivos, ela arrancou o ovo das mãos de Marco, uma rosquinha das mãos de Steven e se pôs para fora da sala.
....
Nas horas seguintes, Mabel utilizou o comunicador dimensional de Marco para fazer contato com seu irmão.
Enquanto isso, Cabeça-Pônei e Corn Flakes decidiram aproveitar o momento e sair para um encontro, ainda que a contragosto da princesa.
Marco estava deitado no maldito sofá rosa horroroso, se lamuriando e fazendo carinho na barriga de um dos Pugs quando Steven retornou.
— Onde a Eclipsa está?
— No quarto da princesa – Respondeu Steven.
Ela descobriu o que é Netflix, então parece que vai ficar ocupada por um tempo.
— O que ela está assistindo?
— Bojack Horseman. Mas isso não é o que me preocupa.
Ela está conversando. Com o ovo.
O líder achou melhor se sentar para absorver melhor a notícia.
Ainda assim, continuou o afago no Pug.
— A primeira rainha das trevas, soberana do submundo, está assistindo Bojack Horseman enquanto conversa com um ovo?
— E aparentemente a conversa está rendendo.
....
— Detesto minha vida.
— Não desanime, herói – Interrompeu Mabel – Você pode não contar com a bruxa, mas ainda têm a gente.
— E o que adianta? Não temos nem um plano.
— Claro que temos – Afirmou a caçadora, radiante – E temos porque eu posso traduzir o livro.
O guerreiro Gem ficou pasmo.
Marco olhou para a cadela em seu colo.
— Ambrosia, podemos terminar isso depois?
— Claro – Ela respondeu.
Levantando-se, ele encarou Mabel nos olhos, segurando-a pelos ombros.
— Não brinque com meus sentimentos....
— Estou falando sério. Eu posso.... Quero dizer, meu irmão e eu podemos.
E ele já está vindo pra cá.
Exaltado com a informação, Marco correu desenfreado pela sala, abrindo em enorme mapa na mesa. Os demais se aproximaram para entender os pontos marcados no papel.
— Perfeito, isso é.... Mabel, eu te amo.
— Não se empolgue, já tenho namorado.
Eles riram um pouco antes que o rapaz pudesse explicar a situação.
Depois de tanta raiva, lágrimas e arrependimento, um pouco de humor não caía nada mal, àquela altura.
— Bem, com o livro traduzido, temos alguma chance de prender a Star.
— Não podemos, sei lá, só mata-la? – Perguntou Steven.
— Ele tem razão – Concordou Mabel – Seria muito mais fácil.
Vamos matar a vadia!
— Eu voto por matar a vadia – Repetiu Universe.
— Matar a vadia parece um bom plano – Disse Ambrosia.
Seria algo que o rei concordaria.
Marco olhou para os três com seriedade antes de responder.
Ele deveria ser o mais novo do grupo. Steven e Mabel já estavam na casa dos vinte.
A pequena pug já tinha mais de trinta.
Mesmo assim, tinha algo no rapaz, algo na voz, em sua convicção, que convencia qualquer um, a qualquer coisa.
Se não fosse por isso, jamais teria convencido Corn Flakes a ajudar.
Ou os demais, no péssimo – e ênfase no péssimo— plano a seguir.
— Mataria seu irmão se ele se tornasse maligno?
Virando - se para Steven e a pequena Pug, ele refez a pergunta.
— Ou alguém da sua família? Mataria seu rei?
Os três se entreolharam, mas não conseguiram responder ao rapaz.
E com razão. Ele tinha um ponto.
— Então vocês três têm que entender que eu não posso mata-la.
Sei que meus planos são ruins. Mas por algum milagre divino, eles funcionam.
Me deem uma chance. Por favor.
....
— O que eu posso dizer – Respondeu Mabel.
Me convenceu.
— É. Que se dane – Disse Steven – Vamos pegar os Pugs e ir de cabeça nesse plano de merda.
— Se eu ganhar mais carinhos na barriga, eu topo – Completou Ambrosia.
— E vai ganhar. Só que ainda temos um detalhe a resolver.
Apontando para o mapa, Marco continuou.
— Se os Pugs nos derem cobertura, vamos ter uma chance de chegar até o castelo. Mas ainda precisamos de uma forma de chegar até lá. Portais estão fora de cogitação.
Nem temos carros ou comboios.
Precisamos de transporte. E tem que ser veloz.
— Eu cuido disso – Anunciou Steven.
O meu grupo ainda está se recuperando do último ataque da rainha, mas temos uma nave em condições de voar.
— Ela pode levar a todos? Inclusive os Pugs.
— Pode apostar.
— Isso! Agora, sim. As chances estão melhorando!
Passando o comunicador para o rapaz e o livro para Mabel, o otimismo na voz de marco retornara, a todo o vapor.
Pela primeira vez em meses, ele enxergava um final.
....
Se ele soubesse, neste momento, como o final seria, talvez não ficasse tão animado.
No entanto, com um plano de merda como esses, o que ele poderia esperar?
Um final feliz?
Não nessa história. Será um final digno. Mas muito longe de ser feliz.
....
— Entre em contato com a sua equipe, Steven.
Assim que os Pines traduzirem o suficiente, vamos a guerra.
Até lá, nós....
O líder fora interrompido por uma explosão de energia que rompeu o tecido do espaço-tempo, diante do grupo.
Saindo por dentre o portal, Dipper Pines – o irmão gêmeo de Mabel – surgiu trazendo consigo uma bolsa repleta de armamentos, água benta e sémen de unicórnio.
Todo mundo sabe que, quando um caçador carrega sêmen de unicórnio, é porque ele sabe exatamente o que está fazendo.
Mabel correu em disparada, lançando-se afetuosamente nos braços do irmão.
Estavam separados há meses, desde que Star Buterfly invadira a cidade dos gêmeos, Gravity Falls, alguns meses antes.
E se não fosse pelos planos ruins de Marco Diaz, esse reencontro não teria sido possível.
Enquanto eles trocavam carinhos, os demais achavam a cena meiga.
O que rapidamente mudou para um leve tom de bizarro quando o abraço se tornou um beijo de língua e passadas de mão em lugares inapropriados.
— Deixe eu lhes apresentar.
Esse é o Dipper.
— Achei que fosse trazer seu irmão, não namorado – Retrucou Steven.
— Não esquente com isso. Ele é ambos.
....
Tanto Steven como Marco e Ambrosia gostariam muito de poder esquecer da cena que acabaram de presenciar, tanto para o moral do grupo quanto para proteger a sanidade do recinto.
Tarde demais. Visto, jamais desvisto.
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