Doce, doce amor

Capítulo 4

Ela não pensou duas vezes sair da cidade. As malas estavam prontas para passar uma semana na casa da tia no interior, a pedido da senhora. A uma semana passou ser quinze dias. Quinze dias, um mês. Tudo isso na tentativa de esquecer a cena desagradável da formatura: o seu namorado em amasso com outra garota.

Resolveu ali refazer a sua vida. Prestou vestibular novamente em uma universidade na cidade vizinha, passou com uma boa bota em gastronomia. Arrumou um emprego de meio período. A sua tia fez o pedido que ela poderia continuar vivendo ali, não tinha que preocupar de arrumar uma moradia. Orihime falou que gostava da sua independência e não queria incomodar com nada.

Assim começou a sua rotina: faculdade, trabalho meio período, estudo a noite em casa, horas de sono reduzidos. Quando mais a sua mente estivesse ocupada, melhor. O seu corpo deu os primeiros sinais da rotina desgastante: tonturas. Não ligou muito para os sinais, como estava no verão, culpou o calor. Aos poucos vieram outros sintomas, inclusive enjoos. Ela não queria parar, não podia perder as avaliações. Mesmo ter feito tudo com bastante esforço, não teve outro jeito de o corpo desligar. Sofreu um desmaio no caminho de casa.

Acordou em uma cama de enfermaria em um hospital. E recebeu o seu diagnóstico: estava gravida. A notícia caiu como um balde de agua fria na moça. Tudo que queria esquecer há três meses retornou na sua mente. Ela, uma jovem grávida do seu ex-namorado. Tinha que decidir em contar ou não contar para Ichigo. Que poderia falar para ele, depois de três meses afastada? Se ele a rejeitar? Como poderia criar um filho sozinha?

Ligou para sua velha amiga, Arisawa, falando da gravidez. A sua amiga ficara muda no telefone por um tempo.

—_ Ichigo precisa saber! Já falara com seu irmão?

O seu irmão, era outra pessoa que precisava de saber. Não sabia como que daria a notícia, mas não queria saber das consequências.

—_ Os dois precisam saber logo, não esconde isso!

— Preciso de um tempo, Arisawa.

— Que tempo Orihime? Logo a sua barriga estará enorme! Isso é uma urgência.

— Ok, farei isso. Sabe aonde encontro com Ichigo?

—_ Irei conseguir o endereço dele. Irei junto.

Passara algumas semanas, o seu corpo começara a dar sinais visíveis da gravidez. Decidiu que iria naquela noite dar notícia ao Ichigo. Arisawa iria encontrar na porta da Universidade.

Poderia ser tudo tranquilo a sua viagem até a cidade que Ichigo estava cursando a graduação. Levaria uma hora e meia de viagem. Uma chuva começou no meio do caminho, deixando a pista escorregadia. O motorista não conseguiu usar os freios quando outro veículo fizera ultrapassagem irregular causando um acidente.

Orihime não lembra de nada claramente, somente algumas frases soltas e a voz da Arisawa.

— Ela está gravida!

— ... bebê...

— Precisamos do seu responsável legal mediamente. Vai ser necessário de cirugia.

— O irmão dela está a caminho.

...Sora...

Depois disso tudo ficara escuro.

****

Orihime ficara paralisada pela pergunta que acabara de ouvir. Não estava preparada, porem sabia que mais cedo ou mais tarde aquele assunto viria à tona. Shun tinha os seus traços físicos e a idade dos anos que eles tinham separados. Levou a sua tremula no peito e ficara em silencio por um tempo.

— Orihime?

— Desculpa Ichigo. – falou baixo – Poderíamos falar sobre isso mais tarde.

— Você sabe que isso é importante.

— Sim, mas aqui não é o local para conversarmos. – encostou na mesa do escritório, ao sentir o seu corpo tremer. – Eu contarei tudo para você.

A conversa fora interrompida com uma batida na porta.

— Senhorita Orihime, o forncecedor chegou . – falou uma das empregadas – Ah! Seu irmão também.

— Por favor, peça a Tsumugiya para receber para mim. A lista está na prancheta rosa em cima do balcão. Fala com Sora, estarei indo.

— Sim senhora. – a moça retirou do local.

— Estarei respeitando. – Ichigo concluiu - Compreendo que está no seu horário e local de trabalho. _ Estarei respeitando. Compreendo que está no seu horário e local de trabalho.

— Eu prometo  que estarei contando para você.

— Tudo bem, estarei esperando por você.

Orihime respirou fundo quando Ichigo saiu do escritório. Os seus olhos estavam marejados, por pouco choraria ali mesmo. Tinha que controlar havia um dia de trabalho para concluir.

— Irmã?

— Sora. – virou e abraçou o homem. – Que bom você veio.

— Que aconteceu? – abraçou a irmã – Vi o Ichigo saindo aqui, veio com algum desaforo?

— Nada disso. – levantou o rosto – Fizemos as pazes e esclarecemos o a mal entendido. Tudo passou de um plano mau intencionado de Senna para mim prejudicar.

— Então, por que ele saiu daquela maneira?

— Ele desconfia que o Shun é filho dele. – desfez o abraço – Então veio perguntar sobre isso.

— O que você falou?

— Não confirmei nada sobre isso. Prometi que contaria depois.

— Você tem que ser breve quanto isso. Antes que venha mais confusão sobre isso.

— Eu sei, mas tenho medo da reação dele.

— Não importa a reação dele.- sorriu para encorajar – Você sentirá livre ao contar esse segredo para ele. Bom, Ichigo não será deshumano. Eu acredito nisso.

— Tenha razão. – sorriu

— Bom, anima-se essa cara. Não é um rosto de uma jovem empresária deve apresentar.

— Certo.- sorriu.

****

Ichigo observava a noite pela janela, minutos antes tinha saído do banho em uma tentativa de relaxar a tensão muscular. Vestia uma calça de moletom cinza e a toalha ainda encontrava pendurada no seu pescoço.

Os pensamentos estavam nos acontecimentos dos últimos dias e principalmente na reação da Orihime quando fizesse a pergunta: “Shun é meu filho? ”. A reação da ruiva só demostrou como uma reação traumática, aquela conversa era como tocar em uma ferida que não irá fechar.

Tinha a consciência que na época os dois eram jovens e imaturos, não sabiam agir em algumas situações. Mal tinham saído da adolescência tinha tornado pais. Mas que levou a Orihime a esconder por tanto tempo a existência de filho? A única coisa que ele tinha na cabeça, que iria correr do tempo perdido.

— Fodas!

Foi para o quarto jogou a toalha na cama, pegou uma camisa de malha e calçou os tênis. Pegou os seus documentos e a chave do carro, tinha decidido ir atrás de Orihime e não ia importar com o horário. Ele teria a resposta de qualquer maneira.

Já estava de saída e ao abrir a porta do apartamento, deparou com a figura feminina. Era a Orihime. Ela estava com os olhos marejados, tinha chorado durante o caminho. Ficaram um tempo sem pronunciar nehuma palavra, devido a surpresa. Orihime olhou firme para o Ichigo, como estivesse juntando a sua coragem.

— Eu vim para falar sobre o nosso filho.

Continua...