50 Tons - Sem Saída escrita por Mary Kate


Capítulo 28
Quatro.


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas queridas!!!
Sei que dessa vez vocês devem estar pensando
que eu nem voltaria mais a escrever... porém não foi pq eu quis!
Tive umas questões e fiquei impossibilitada de escrever, realmente não tinha como
nem tocar na fic para coloca-la aqui no site.
Eu tbm fiquei super angustiada, doida para voltar a escrever!
Mas graças a Deus, consegui resolver e cá estou novamente!
Estou supeeeer feliz que 50 Tons - Sem Saída recebeu mais uma
recomendação! Uhuuu :D
Imaginem fogos de artificio para esse momento!
Transbordei de alegria com suas lindas palavras Emily Smoak,
muito obrigada pelo carinho! Esse cap é dedicado a você!
Gente esse capítulo está demais!
Ótima leitura a todas ;*



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— Ah! Que droga! – Digo olhando para dentro do vaso sanitário, após vomitar todo o meu café da manhã. Bato a tampa, me levanto e dou descarga. Caminho para pia sentindo o maldito enjoo permanecer igual, é como se não tivesse colocado nada do que comi para fora. Chegando na enorme pia dupla de mármore preto lavo meu rosto, escovo meus dentes e então me encaro no espelho. – Nossa, você está ótima Anastácia! – Falo com ironia para mim mesma, estou pálida e com os olhos vermelhos pela força que fiz para vomitar. Será que esse enjoo nunca vai passar?! Já faz quatro dias que voltamos da ilha para nossa casa em Atenas e desde a manhã seguinte daquele incidente na piscina meu estômago vive embrulhado. As vezes coloco tudo para fora após as refeições, as vezes não. Mas o maldito enjoo não passa nenhum minuto. Acho que bebi água da piscina demais, o cloro pode ter me feito mal ou então peguei algum tipo de virose estomacal. Se não passar até amanhã vou ao médico. Saio do banheiro da nossa suíte me sentindo cansada e indisposta, resolvo me deitar novamente e tirar um cochilo. Em alguns segundos já mergulhei em sono profundo. De repente acordo com o celular novo que Christian me deu tocando, pisco algumas vezes, o barulhinho chato da chamada é insistente. Bufo pela chateação e o recolho da mesinha de cabeceira. No visor vejo ser mamãe, atendo rapidamente.

— Alô mamãe?! – Ainda estou meio confusa e sonolenta, esfrego os olhos e bocejo devagar. Então ouço alguém chorando do outro lado da linha, uma voz feminina tenta falar, mas chora sem parar. – Alô?!! O que está havendo?!! – Fico aflita e me sento na cama. – Por favor fala alguma coisa!!! – Grito me desesperando.

— Bubu sou eu... eu... é que o Bob... – Ouço a voz de mamãe, fala fazendo pausas intercalando com o choro e os soluços. – Ele está internado, os médicos disseram que ele tem pouco tempo de vida. Não sei se aguento viver sem ele! – Ela explica e cai em prantos novamente. Sinto meu coração pequenino de tão apertado em meu peito, meus olhos se enchem de lágrimas, fico com muita dó dele e dela também, que noticia mais triste.

— Calma mamãe! Eu vou para Seattle encontrar vocês, estarei aí o mais rápido possível! Não se desespere por favor. – Ao ouvir minhas palavras ela responde somente um ok e desliga o telefone em prantos. Olho para a tela do aparelho chocada e triste ao mesmo tempo, respiro fundo e ligo para meu marido, em dois toques ele atende.

— Oi meu amor. – Diz com sua voz grave e deliciosa de ouvir. Respiro fundo para me concentrar no que tenho a dizer.

— Oi amor, eu sinto muito se estou te atrapalhando... – Ele me interrompe rapidamente.

— Você nunca me atrapalha Ana! O que houve? Sua voz está estranha. – Percebo preocupação em seu jeito de falar. Faço uma careta olhando para a parede, que coisa mais horrível que está acontecendo com o Bob.

— Eu estou bem, mas tenho que ir para Seattle agora! Mamãe me ligou aos prantos, Bob está morrendo no hospital, não posso deixa-la sozinha. Você sabe ela está se tratando do alcoolismo, não sei o que essa situação pode causa-la. – Explico tudo de uma vez, nervosa e angustiada. Nunca tive um relacionamento próximo com Bob, mas pelo fato dele ter ajudado mamãe a sair do alcoolismo e a dado ânimo para viver depois de tantos anos da perda de meu pai, tenho consideração por ele, respeito como ser humano e principalmente tenho medo de que mamãe possa se afundar no álcool de vez com essa fatalidade. Eu fiquei chocada com essa notícia, já que desde que me casei com Christian ele vinha melhorando, fazendo os melhores tratamentos. Mamãe também tinha voltado a cuidar de suas questões nos últimos dias, então tudo levava a crer que as coisas melhorariam.

— Como assim Ana?! Ele não estava melhorando? Eu não estou entendendo... – Christian fica nervoso, percebo sua agitação pelo seu tom de voz. O interrompo.

— Eu também não compreendo Christian, mas vou arrumar uma mala. Tenho que viajar imediatamente para chegar o mais rápido possível! Preciso do jato e... – Levanto-me da cama enquanto caminho para o closet explano a situação e meu marido atropela minha fala.

— Claro, mas eu vou com você. Peça a Gail que arrume uma mala padrão para mim também. Vou organizar a viagem e já te mando uma mensagem para dizer em quanto tempo viajamos. – Com seu habitual jeito de CEO dono do universo, dita as ordens da forma que só ele sabe fazer.

— Mala padrão? – Questiono um pouco perdida, enquanto observo todos os meus armários.

— Sim, Gail já está acostumada a arrumar uma bagagem para viagens de emergência ou que surgem em cima da hora, ela coloca as peças essenciais, tudo o que eu possa vir a precisar, por isso padrão. – Me explica com um pouco de humor na voz, sinto seu meio sorriso daqui. Mas não sei porque no fundo uma ponta de ciúme me afeta, acho que eu como esposa gostaria de saber arrumar a sua mala para viagem. Faço um biquinho e respondo.

— Certo, vou falar com ela agora e já estará tudo pronto só aguardando seu aviso para embarcarmos. – Digo já caminhando para fora do closet para sair do quarto e ir atrás da Gail.

— Te mando uma mensagem em alguns minutos. Beijos. – Me derreto com seu carinho, sorrio feito boba.

— Beijos meu amor! – Ao terminar de dizer desligamos juntos. Desço as escadas rapidamente, ando por uma ala da casa e não acho nossa governanta. Resolvo ir em direção a cozinha. Enquanto passo pela enorme sala de estar vejo Gail entrar pela porta francesa lateral, que dá acesso ao caminho de ida pelo jardim aos fundos da casa.

— Gail, preciso de sua ajuda! – Minhas palavras saem afobadas, percebo que estou até meio ofegante de tão rápido que andei. Ela me olha espantada e vem até mim apressadamente.

— O que houve Ana? – Me pergunta preocupada.

— Eu e Christian vamos viajar de emergência para Seattle, meu padrasto está muito mal no hospital, preciso de sua ajuda para arrumar uma mala padrão para Christian enquanto arrumo a minha. – Explico de forma rápida. Ela balança a cabeça afirmativamente e ao passar para meu lado alisa meu braço e diz.

— Sinto muito querida, mas tudo vai ficar bem! – Percebo dó em seu olhar, ela deve pensar que minha vida é uma verdadeira montanha russa de emoções.

— Obrigada! – Digo com sincera gratidão pelo seu cuidado de sempre comigo. Então caminhamos rapidamente em direção as escadas.

...***...

Estamos no Audi com Taylor ao volante. Cerca de meia hora depois que falei com Christian já estávamos embarcando rumo a América, o voo levou poucas horas e em alguns minutos já estaremos no hospital. Mordo os lábios de aflição olhando pela janela fechada, meu antigo lar. Com esse tradicional céu cinzento e clima frio. É engraçado que já não sinto mais que pertenço a esse lugar, agora definitivamente sinto a Grécia como minha casa, mas acho que principalmente sinto em Christian o meu lar.

— Ana, fique calma. Tudo vai ficar bem! Você está com as mãos frias, nem suas bochechas estão rosadas como de costume. Está se sentindo bem? – Ouço a voz de meu marido me tirar dos meus devaneios, ele alisa minha mão em cima de sua coxa, me viro para encara-lo. Seus olhos cinzas como o céu me encaram com preocupação.

— Sim, é que ainda não consegui me alimentar hoje. – Respondo sorrindo fraco e alisando sua face sem barba, ele é tão lindo que me deixa até zonza só por olha-lo.

— Então nós vamos fazer uma parada! Taylor vá para o Starbucks mais próximo ao Seattle Hospital. – Dita as ordens para Taylor que já faz a busca pelo GPS e começa a seguir o percurso.

— Não, não! Nada disso Taylor! Eu tenho que estar no hospital imediatamente. – Digo nervosa olhando para os dois homens, um que de costas para mim nem se altera, enquanto meu lindo marido olha para mim e responde taxativamente.

— Anastácia, não há negociação! Você ainda está recuperando o peso perdido, além do que não vai ir a um hospital de estomago vazio e fragilizada desse modo! Ou por acaso está querendo ir para o médico e já ficar por lá internada?! – Reviro os olhos indignada. – Não revire os olhos para mim! – Fala sério. O encaro fazendo biquinho. – Nem adianta fazer essa carinha, muito menos esse biquinho! – Abro a boca irritada e bato as mãos em punho em meu colo.

— Mas Christian! – Falo com exasperação.

— Sem discussão, Taylor chegue logo ao café! – Me interrompe totalmente irredutível, bufo colocando o braço apoiado na janela do carro e o queixo apoiado em minha mão fechada. Resolvo ficar quieta, já que a única solução para fazer a minha vontade seria pular do carro em movimento.

...***...

Estamos saindo do elevador no Seattle Hospital e sinto meu estômago revirar, comi um muffin de massa branca com amoras e tomei um expresso com leite e canela, mas acho que a qualquer minuto os colocarei para fora. É como se sentisse a água da piscina no meu estômago, esse enjoo infeliz não passa. Faço uma careta, mas rapidamente me recomponho, não quero que Christian perceba meu real estado. Estou aqui para dar atenção aos outros, não volta-la para mim. Caminhamos até o quarto que já sabemos que estão Bob e mamãe, chegamos a porta e olhamos um para o outro em apoio. Respiro fundo e bato duas vezes na porta, ouço um entre e a abro. Entramos no quarto, vejo Bob na maca ligado a vários aparelhos, inclusive para sua respiração e mamãe sentada em um sofá distante dele, em frente a uma grande janela fechada com persianas brancas. Ela levanta o olhar e seu rosto está totalmente abatido. Seus olhos muitos inchados e vermelhos, além de profundas olheiras em seu redor, a boca sem cor, o cabelo louro curto está bagunçado, vestida com uma calça jeans clara e camiseta.

— Mamãe... – Digo fraco dando alguns passos à frente, ela se levanta e vem até mim, praticamente se joga em meus braços num abraço apertado. Sinto sua necessidade de carinho e cuidado, além do seu corpo trêmulo. Meu coração se aperta, as lagrimas começam a brotar e sinto um nó na garganta.

— Eu não vou poder viver sem ele, não aguento perder outra pessoa que amo. – Ela fala chorando e soluçando muito. Cheiro seus cabelos e lá está ele, o cheiro de bebida alcóolica toma conta de sua pele, começo a perceber. Respiro fundo, pois tenho que acalma-la, seco meus olhos antes de solta-la.

— Precisamos falar com o médico. – Digo me soltando do abraço. Ela me olha com o rosto molhado em lagrimas, passo meus dedos em sua face a limpando. Ela me olha profundamente, vai abrindo um sorriso devagar.

— Eu te amo tanto Anastácia, meu bebê! Você está tão linda! – Ela segura com as duas mãos o meu rosto, sorrio sentindo as lagrimas querendo voltar. Mas alguém entra no quarto nos interrompendo. Me viro e uma mulher alta de cabelos castanhos claros e olhos azuis, de jaleco e prancheta nas mãos para no meio do ambiente.

— Olá, boa tarde! Sou a Dra. Melissa Dreamer – Fala com sua voz polida de médica. Me aproximo e estendo a mão para cumprimenta-la.

— Sou Anastácia Éllenis, filha da Karla e enteada do paciente. – Ela balança a cabeça afirmativamente, depois ela e meu marido também se cumprimentam com o mesmo aperto de mãos e explicação de quem ele é. – Gostaríamos de saber qual é a real condição do Bob. – Digo a encarando.

— Bem, o paciente Robert tem uma condição genética rara, que pode resultar em alguns problemas de saúde ao longo da vida. Se a pessoa for sempre saudável ou pelo menos tiver uma vida em condições normais tem mais chances de não ter muitos transtornos. Mas devido o fato dele ter sido alcoólatra por mais de doze anos, seu organismo ficou muito debilitado. Ele desenvolveu lesões no fígado e rins, que foram tratados fora do país, pelo que soube quando morou com sua mãe na Indonésia. Mas ele não ficou curado e infelizmente seu fígado entrou em falência ontem. A única opção para ele será um transplante, essa é sua única chance de sobreviver. Estávamos muito preocupados hoje pela manhã, pois houve uma piora significativa em seu quadro e precisamos entuba-lo. Avisamos inclusive para Karla, que dado as circunstâncias, era provável que ele não tivesse mais do que três dias de vida se não aparecesse o órgão para transplante. – Ela faz uma pausa ao ver mamãe cair em prantos, vou para seu lado e a abraço lateralmente, enquanto olho para a médica que prossegue ao me ver pedi-la. – Mas as notícias são boas Karla, pode se tranquilizar. Conseguimos um doador compatível! Já fizemos os testes e o transplante será imediatamente. Por isso vim até aqui, vamos levar Robert para cirurgia agora mesmo. – Sorrio sentindo um alivio descomunal, olho para mamãe que de olhos arregalados encara a médica.

— É sério?! É verdade?! – Indaga estridente. A médica sorri e caminha até mamãe e segura em suas mãos.

— Sim, vamos cuidar disso agora mesmo. E você também precisa se cuidar Karla! Dra. Harper já está te aguardando. – Fala com tranquilidade, ao mesmo tempo como se desse uma leve bronca. Nesse momento a equipe médica começa a entrar no quarto, mamãe vai até a maca para dar um beijo na bochecha de Bob, depois disso ele é transferido de maca e levado para fora do quarto. A médica então se volta para nós. - A cirurgia é um pouco longa, mas tenhamos calma e pensamentos positivos. O médico transplantista é o melhor do estado. Além do que a partir de agora o quadro clinico de Robert muda completamente, podemos ser otimistas. – Explica com calma. Sinto-me bem mais leve, creio que tudo vá ficar bem.

— Obrigada doutora! – Agradeço e ela sai do quarto. – Temos que ter fé agora e aguardar, tenho certeza de que Bob vai sair dessa muito bem! – Digo com entusiasmo olhando para mamãe que olha vagamente para parede a nossa frente. – Quem é Dra. Harper? – Pergunto interessada na situação antes colocada pela médica.

— É a psiquiatra que cuida de mim. Já tinha seções com ela em seu consultório, mas agora descobri que ela trabalha aqui também. Tentou que tivéssemos uma consulta ontem, porém eu fugi do encontro.

— Mas agora está na hora de se cuidar também, pode ir! Aliás eu vou te acompanhar. Ah, mamãe! Esse é meu esposo: Christian Grey Éllenis. – Comunico e a direciono para meu marido que está num canto do ambiente, próximo a parede. Com certeza viu que a situação estava muito tumultuada e preferiu nos dar espaço, só ficando por perto para cuidar de qualquer eventualidade. Ao ver que o citei ele caminha até nós e para na frente dela.

— Prazer senhora Kaligarys. – Estende a mão para ela, que espontaneamente o abraça. Ele fica um pouco paralisado, mas depois a abraça de volta.

— É um grande prazer! Você é muito bonito! Vocês formam um casal muito bonito. – Ela diz primeiro olhando para ele depois olhando intercalado para nós dois. Sorrimos para ela.

— Certo, agora sua consulta! – Digo já a levando empurrando levemente em suas costas para fora do quarto. – Você já sabe onde fica o consultório, não é?! – Pergunto para ela que só balança a cabeça afirmando. – Então vamos até lá! – Ela começa a caminhar e eu acompanho. Mas ouço a voz de Christian chamar meu nome e me viro para olha-lo.

— Eu vou ficar aqui na sala de espera desse andar, para dar privacidade a vocês. – Me explica com tranquilidade.

— Obrigada, eu volto já! – Digo e dou um selinho em seus lábios e assim tomamos caminhos diferentes. Ele segue pelo corredor a direita, eu e mamãe pegamos o elevador mais à frente e subimos dois andares, depois andamos até uma porta onde há o nome da psiquiatra. – Boa sessão, nos vemos na sala de espera lá de baixo. – Ela presta atenção nas minhas palavras e sorri, depois bate na porta e ao sinal entra. Respiro fundo e agora volto a me ligar que o enjoo não me abandonou, estava apenas sem percebe-lo pelas distrações. Sinto que vou vomitar e corro seguindo algumas placas de sinalização penduradas no teto e vou para o banheiro mais próximo, mas ao adentrar a vontade passa e só o enjoo mais fraco permanece. Fico de frente para o espelho da pia, prendo meus cabelos em um rabo de cavalo com um elástico que tinha no bolso do meu casaco. Depois molho meu rosto e minha nuca com um pouco de água fria. Levanto meu rosto e olho para mim no espelho, meu reflexo é dividido entre pálida com problemas estomacais e belíssimas roupas. Estou com um tubinho cinza, meias finas pretas, salto alto fechado bordô e sobretudo preto. Inalo o ar vagarosamente tentando de alguma forma acalmar minha barriga, mexo o pescoço devagar tentando relaxar e resolvo sair do banheiro. Então um estalo vem em minha cabeça e me dou conta de que esqueci meu celular no carro, decido ir buscar pois posso receber alguma ligação de Kate ou de Mia. Falei com as duas no voo e fiquei de dar notícias. Pego o elevador para o térreo, depois saio do hospital e ao caminhar pela frente do mesmo me atento em minha burrice. Taylor está na garagem, tenho que dar a volta na rua inteira já que peguei o caminho errado e daria no mesmo que entrar no hospital novamente e fazer todo o percurso correto. Caminho pela calçada e entro na rua ao lado do hospital, sinto uma sensação ruim. É uma rua estreita, deserta e com algumas caçambas grandes de lixo. Sinto um arrepio e olho para trás ao passar por uma caçamba, sinto que há alguém me observando. Caminho mais rápido, o coração já acelerado, ouço meus saltos fazerem barulho no chão, uma gota de suor escorre por minha têmpora. Então ouço passos atrás de mim, não quero olhar para trás, ando mais rápido ainda, falta uns quinze metros para que eu chegue ao final da rua. Mas sou pega pelo braço e empurrada com força contra o muro do hospital. Sinto meu sangue gelar em minhas veias, olho para o lado e fico chocada.

— Ora, ora, ora! O que temos aqui! Não poderia ter surpresa mais agradável! – Fala com sua voz cínica e aveludada.

— Leila, o que você quer comigo?! – Digo seriamente a encarando. A linda mulher antes extremamente bem cuidada, agora está com roupas simples de frio e os cabelos mais compridos do que antes. Com muitas olheiras e a pele muito pálida.

— Você tirou tudo de mim!!! Tudo!!! Não bastava pegar o Christian só para você ainda tinha que acabar com o meu noivado?! – Ela fala alterada, os olhos enchem de lágrimas e aperta meu braço com força, me imprensando mais contra a parede.

— Você quem buscou isso para você! Não eu! – Ao mesmo tempo em que falo puxo meu braço e consigo me afastar alguns passos dela. – O que você está fazendo aqui em Seattle? – Pergunto alisando minha roupa que ela amarrotou.

— Aqui é minha cidade natal, depois de você tirar tudo de mim só poderia vir para cá. – Explica com tristeza enquanto coça a cabeça, depois olha para mim com fúria. – Você tem que me pagar, você vai me pagar por tudo o que me causou!!! – Grita a todos pulmões e avança em minha direção. Defere um tapa em meu rosto com força, fico zonza e cambaleio. Estou muito fraca nos últimos dias, com certeza não terei forças para uma briga. Mesmo assim me endireito e retribuo o tapa com toda força que tenho. Ela cai no chão, me viro e tento correr, mas ela me alcança puxa meus cabelos e segura em meu pescoço com uma gravata. – Dê adeus ao mundo sua vadia! – Fala em meu ouvido, começa a apertar meu pescoço com força, me debato, tento me soltar, mas não consigo. O ar começa a me faltar, sinto meus olhos saltados, me debato mais, bato com minhas mãos a esmo, mas isso é pior pois meu oxigênio se vai ainda mais rápido. Minha visão começa a ficar turva, o desespero vai dando lugar a escuridão. De longe ouço vozes, gritos e alguém me toma nos braços.

— Anastácia! Ana meu amor! Por favor abra os olhos, fique comigo! Por favor! – As coisas começam a ficar claras novamente, ouço a voz de Christian ao mesmo tempo que me carrega em seus braços fortes. Abro os olhos devagar, pisco algumas vezes. – Ah graças a Deus! Ana! Eu estou aqui, tudo vai ficar bem! – Ele fala olhando em meus olhos. Entra comigo no hospital, solicita que eu seja levada e rapidamente estou numa maca acompanhada por vários médicos.

...***...

— Muito bem senhora Éllenis, os resultados dos seus exames já confirmaram que a senhora passa bem. Só preciso de mais um para uma pequena confirmação. – Dra. Presley, uma mulher de mais de quarenta anos, negra, de olhos cor de mel, muito simpática e doce comigo desde que começou a me atender, fala olhando os papéis em suas mãos e parada ao lado da maca onde estou deitada. Ela é ginecologista e obstetra. Só ainda não entendi o porquê do clinico ter passado meu caso para ela desde que vim para este quarto há cerca de duas horas.

— Mas se estou bem não posso ser liberada de uma vez doutora?! – Pergunto a médica que me encara com ternura.

— Ainda não. – Dito isso ela arrasta um aparelho em um console para o lado da minha cama. – Vou levantar seu pijama, passar um gel no seu baixo ventre e fazer um ultrassom, tudo bem?! – Me explica já se preparando para o procedimento. Franzo o cenho e digo confusa.

— Mas eu não fui atingida na barriga, não levei nenhum golpe. – Explico gesticulando impaciente, não é possível que de acompanhante eu virei paciente!

— Tenha calma é um procedimento rápido. – Me diz e sorri, solto o ar com força e muito chateada. Ela começa o procedimento, o gel é frio, e a máquina passando em cima de minha barriga é engraçado. Mordo a parte interna dos lábios e de repente ouço um barulho ecoar no ambiente, é rápido e forte. Me assusto e olho para a médica que encara o monitor sem parar, enquanto movimenta a máquina sobre minha barriga. – Está confirmado, senhora Éllenis parabéns! A senhora está grávida. – Diz olhando para mim, depois volta a olhar para a tela. Eu fico zonza, fico paralisada olhando para a médica que prossegue. – Esse barulho é o coraçãozinho do seu bebê. – Ela olha novamente para mim e sorri.

— Mas isso não é possível! Eu ouvi a vida inteira que não podia engravidar! Eu não estou entendendo. – Digo confusa, minha voz sai fraca e baixa.

— Isso é muito comum! Muitas mulheres são diagnosticadas com problemas de fertilidade e um dia, de repente são surpreendidas com uma gravidez. É mais comum do que se imagina, acontece senhora Éllenis. – Me explica e ainda me sinto fora da realidade, então começo a dar risada. Sorrio muito e coloco uma mão tampando os lábios quando sinto a emoção começar a tomar conta de mim.

— Mas ele ou ela... – Dou risada só de começar uma frase assim. – Está bem? – Pergunto preocupada, afinal não vinha me cuidando, pelo contrário. Parecia mais doente do qualquer coisa nesses últimos dias.

— Sim, seu bebê é completamente saudável. Mas ainda é cedo para sabermos o sexo, você está pelo que podemos calcular de cerca de sete semanas. Olhe para cá, ele está aqui. – Ela me tranquiliza, depois aponta o monitor para que eu olhe para ele.

— É esse pontinho?! – Pergunto achando graça, como pode algo tão minúsculo já ser uma vida?! Meu filho! Meu bebê e de Christian! Fico maravilhada ao pensar nisso e sorrio o maior sorriso que alguém pode dar, ainda com os olhos cheios de lágrimas.

— Hmm... espere um momento. – Ao ouvir essas palavras sinto meu couro cabeludo pinicar, já fico apavorada. Não é possível que minha felicidade iria durar tão pouco assim?! Olho para médica e antes que eu possa perguntar ela já prossegue. – Não é um bebê somente, são dois. Você está grávida de gêmeos, univitelinos pelo que posso perceber no momento. – Sinto meu coração saltar no peito, são dois! Dou risada, pensando comigo nossa! Estou num sonho!

— É sério?! Estou grávida de gêmeos?! – Pergunto com a mão nos lábios pela surpresa.

— Sim e os dois estão bem! Podemos chamar o seu marido para dar a notícia?! Assim ele também poderá ouvir os corações dos bebês. – Me pergunta normalmente.

— Sim, quer dizer... será que eu posso dar a notícia sozinha para ele? E depois a senhora entra para fazer um novo ultrassom? – Concordo, mas depois repenso que não sei como ele vai reagir. Não sei se ele vai gostar, é uma novidade bombástica demais, esse assunto já nos causou muita dor.

— Claro! Eu vou sair do quarto e chama-lo, daqui a meia hora eu retorno para fazer o exame novamente. Porque também vou precisar te receitar alguns cuidados e suplementos, então veremos isso com calma na minha volta. Até logo! – Ela fala depois se despede com sua mesma tranquilidade e simpatia. Gostei muito dela, mais ainda pela notícia que me deu! Estou esfuziante e ao mesmo tempo um pouco nervosa para contar para o meu marido. Ela sai e em menos de um minuto Christian passa pela porta e a fecha. Anda a passos largos até minha cama e para olhando para mim com seriedade, parece nervoso, os olhos brilham e ao mesmo tempo o maxilar está travado.

— O que está acontecendo? Por que você quis falar sozinha comigo? Você está doente? – Percebo o quanto ele está abalado e preocupado, pego sua mão que pende ao lado do seu corpo. A puxo até meu rosto, beijo com carinho depois a coloco em cima de meu ventre. Ele me olha totalmente confuso.

— Eu estou grávida meu amor! Grávida! – Digo esfuziante, dou risada e ele me encara paralisado.

— Grávida?! – Ele pergunta olhando em meus olhos. Balanço a cabeça afirmando. – É sério?! – Ele pergunta mais uma vez, balanço a cabeça novamente ficando emocionada. Mordo os lábios e as lágrimas começam a brotar em meus olhos. Ele abre a boca e fecha duas vezes, depois sorri um sorriso enorme e lindo e me abraça. Eu choro enquanto nos abraçamos com tanto amor, carinho e cumplicidade que é quase palpável. – Meu amor, nós vamos ter um bebê!!! – Ele diz super animado saindo do abraço e segurando meu rosto com as duas mãos, eu dou risada em meio as lágrimas e completo.

— Na verdade dois! Nós vamos ter gêmeos! – Minha voz sai alta e animada. Ele me olha atônito e gargalha erguendo as sobrancelhas e se afastando da cama, anda pelo quarto atordoado. Depois para aos meus pés e ri, ergue os braços com euforia e fala alta empolgado.

— Dois!!! Vamos ter dois filhos!!! – Caminha para perto do meu rosto e se abaixa, segura de novo minha face e olha em meus olhos cheio de amor. – Ah Anastácia! Você está me fazendo o homem mais feliz do mundo! Obrigado meu amor! Eu te amo! – Me emociono com seu carinho comigo, ele abaixa e me beija com ternura. Uma lagrima rola por minha bochecha. – Mas vocês estão bem? Está tudo bem? – Pergunta ao levantar o rosto e me olhar novamente enquanto seca minhas bochechas com seus dedos hábeis.

— Sim, está tudo bem! Eu ainda nem acredito. – Digo feliz.

— Mas como isso é possível? – Agora ele senta na cama ao lado do meu bumbum e me olha atentamente.

— A Dra. Presley disse que é muito comum, mais normal do que parece. Mulheres ditas inférteis podem sim engravidar em algum momento... – Explano como a médica me disse. – Eu estou tão feliz! Nossos pontinhos! – Falo e aliso meu ventre. Ele sorri e coloca as mãos sobre as minhas, depois se abaixa e tira as nossas mãos beijando o lugar onde elas estavam. Depois começa a falar com minha barriga.

— Nós já amamos muito vocês! Nossos pontinhos! – Ele me remeda com carinho, sorrio boba ao ver sua atitude, ele beija minha barriga mais uma vez e depois vem beijar os meus lábios, estamos totalmente cheios de amor por todos os lados.


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Notas finais do capítulo

Aaaah quanta emoção!!!!
Gente fiquei feliz demais com esse cap!
Falem se não é amor demaaaais?!
Como esses dois são lindos e merecem muito ser felizes!
Espero muitoooooos coments, pois nossa amada fic
está realmente chegando ao fim!
E temos algumas leitoras que há algum tempo já vinham
esperando o acontecimento do baby ein?!
E para surpresa de vocês são dois!
Então quero ver vocês nos coments!
Um maravilhoso fds a todossss! Beijinhuuus ;*



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