Novas direções escrita por Aurora Vermelha


Capítulo 8
Um encontro inesperado


Notas iniciais do capítulo

Oi galera! Sei está bem cedo, mas estou tentando postar todos os capítulos que eu fiquei devendo essa semana. Gostaria de agradecer ao pessoal que está lendo a fic, nossas visualizações aumentaram muito!
Esse capítulo é dedicado a quem quer saber um pouquinho mais da história da Cat com o Thiago :)
Agora sem mais enrolação, vamos para o capítulo!



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Mais uma semana havia se passado e tudo estava voltando ao normal. Todas as noites juntava um grupo e íamos para o salão lounge. Já estava me acostumando a ver Hugo e Yasmin juntos na varanda todas as noites. Cada vez mais eu me sentia mais próxima do pessoal, principalmente de Bruno, que havia se mostrado um ótimo amigo.

—Por favor, segundo ano, faça fila para entrar no ônibus! –Gritou a diretora enquanto carregávamos nossas mochilas em direção ao grande ônibus de passeio.

Naquela manhã iríamos visitar uma das melhores faculdades da cidade. Estava muito ansiosa para assistir as palestras dos cursos. Só de sair do internato e respirar um pouco de ar puro, eu já estava na vantagem.

Subi e me sentei ao lado de Bianca no ônibus. Passamos a viagem inteira escutando música em seu Ipod e conversando sobre séries que assistíamos antes de entrar para o internato.

—Eu quero muito assistir a palestra sobre dança –Ela trocou de assunto muito animada.

—Eu quero ver qualquer coisa. Só de poder sair do internato já é lucro –Respondi rindo.

—Sabe, você melhorou muito de uns tempos pra cá. Está menos tristinha –Sorriu.

—Eu apenas comecei a aceitar uns fatos da minha vida. Nada demais.

—Você poderia assistir a palestra de física. É a sua cara –Mudou de assunto.

Chegamos rápido na faculdade. Lá estava lotado de alunos de outras escolas e de alunos da faculdade que ficaram para auxiliar nas palestras. Peguei minha mochila e fui em direção ao banner enorme que tinha a programação das palestras. Infelizmente a palestra de Dança era no mesmo horário da de física.

Enquanto ela não começava, aproveitei para rodar pelo campus e conhecer a faculdade. Os alunos do terceiro ano se juntaram na quadra da faculdade e ficaram lá resenhando. Bruno e Priscila combinaram de irem juntos para todas as palestras, então eles se separaram dos amigos do terceiro ano e ficaram o dia inteiro indo de sala em sala para assistir tudo o que a faculdade oferecia.

—Acho um absurdo não ter uma sobre medicina aqui –Comentou uma voz grave que vinha de trás de mim.

—Tem a de enfermagem, eu sei que não é a mesma coisa, mas acho que também combina com você –Respondeu uma voz doce e rude muito familiar.

Yasmin e Hugo estavam atrás de mim.  Me virei sem olhar para o rosto deles e fui em direção à cantina para comprar um salgado. Me sentei em um dos banquinhos e sobre a bancada encontrei vários panfletos espalhados com a programação do dia.

—Esses alunos são podres, pegam as coisas e saem deixando espalhadas por aí –Disse a tia da cantina enquanto pegava um salgado para mim.

—Eu posso colocar eles no lugar –Respondi enquanto mordia meu salgado.

—Iria me ajudar muito, minha jovem –Respondeu me dando os panfletos.

Paguei o meu salgado e fui até onde estava o banner. Por sorte, o casal não estava mais lá. Coloquei os panfletos no lugar e fui em direção ao pavilhão onde seria a palestra de física.

Ao chegar lá, me sentei ao lado de umas pessoas com um uniforme muito familiar. Parei para observar e tentar descobrir qual era o colégio.

Gelei. Era o meu colégio antigo.

Larissa e Lana deveriam estar lá. Um sorriso se esboçou em meu rosto. A palestra começou e o lugar começou a ficar lotado. Eu não imaginava que tanta gente gostava de física. Fiquei apaixonada pelos professores de lá e por todas as propostas que eles apresentaram. No final da palestra, recebi um kit com lápis, borracha e régua da faculdade. Eu ia guardar aquilo com todo o carinho do mundo.

Entrei na fila para sair do pavilhão. Demorou cerca de uns 10 minutos até todas as pessoas saírem de lá. Fui até a quadra para ver se encontrava com Bianca, que certamente estaria junto com o pessoal do terceiro ano. Assim que cheguei lá encontrei um grupo de alunos jogando bola. Um deles estava com o uniforme do meu colégio antigo. Me aproximei para ver quem era e meu estômago embrulhou quando ele olhou para mim e me reconheceu.

—Catarine? –Ele saiu correndo da quadra e foi até a minha direção –Quanto tempo!

—É –Foi a única coisa que eu consegui responder.

—Confesso que achei que nunca mais iria te encontrar –Respondeu tirando seu cabelo do rosto. –A gente sente a sua falta.

Por favor, não me diga isso. Também sinto saudade de todos.

—Muita coisa mudou –Consegui formular a frase. Thiago estava muito mais bonito do que da última vez que nos encontramos.

Ele pareceu estar um pouco sem graça por ter me encontrado daquela maneira. Esboçou um leve sorriso e ameaçou falar algo, mas logo eu intervi.

—Como está na escola? –Eu queria fazer uma metralhadora de perguntas, mas ao mesmo tempo não queria demonstrar nenhum tipo de emoção.

—Segue tudo normal, o mesmo pessoal de sempre.... Foi em qual palestra hoje?

—Física –Respondi secamente.

—Sempre soube. Você é muito boa em exatas –Sorriu me encarando.

—É –Respirei fundo.

—Sinto muito pelo que aconteceu com os seus pais. Eu queria ter ido falar com você, mas sei lá, achei que era melhor você lidar com isso no seu tempo. Iria ser informação demais eu aparecer na sua casa para falar sobre –Disse parecendo que retirou um peso dos ombros.

—Naquele momento qualquer tipo de apoio era bem-vindo. Eu precisava muito de você e das meninas, mas vocês não estavam lá comigo quando mais precisei.

—Sinto muito por isso, de verdade –Respondeu limpando o suor da sua testa.

—Já passou –Dei os ombros e encarei o pessoal que estava na quadra me olhando desde o início daquela conversa.

—Aquele pessoal da sua escola é meio metido ein, enquanto jogava eu consegui ouvir algumas coisas –Tentou mudar de assunto.

—Acontece –Dei os ombros mais uma vez.

—Está gostando do internato?

—Sim –Fui seca mais uma vez. Eu não estava controlando.

Ele olhou para o chão e respirou fundo.

—Você está.... Diferente –Deu uma pausa e respirou –Achei que depois desses meses sua reação seria outra ao me encontrar. Parece estar tão desanimada com a minha presença.

Não acredito que ele disse isso. Será que ele não lembra nem de 10% do que aconteceu no final da nossa relação? Não vai ficar por só por isso. 

—Queria que eu pulasse em você e te desse um beijo? Nós terminamos, demos um tempo, sei lá, chame do que quiser. Não vou agir contigo como eu agia antes. É questão de senso. –Consegui dizer enquanto sentia um frio na barriga que estava quase me atando.

—Não, Catarine, queria que me tratasse como um amigo. Antes de ser seu namorado, eu era seu amigo.

—Você me magoou.

—Magoei? Foi você que inventou uma paranoia com a Luiza. Ela era minha melhor amiga e você vivia colocando maldade. Lógico que eu tive que pedir um tempo depois de todas as falsas acusações que você fez.

—Ela te roubou um beijo no nosso primeiro mês de namoro! –Acusei mais uma vez. Dessa vez era verdade. Eu tinha visto.

—E eu fiquei puto com ela! –Quase gritou. Respirou fundo para se acalmar. –Parei de falar com ela e tudo. Só voltamos a nos falar meses depois.

—Não importa. Já passou –Não queria ficar remoendo o passado.

—Sabe o que parecia? Que você não confiava em mim. Que a qualquer momento eu poderia te trocar por ela.

—E não foi o que você fez? Por favor Thiago, você não me procurou uma vez sequer nas férias, e quando eu fui de surpresa na sua casa para te ver, dei de cara com você e ela agarrados vendo filme. Você me trocou por ela, mesmo sem beija-la –Disse segurando algumas lágrimas que queriam cair.

—Eu tive muitos problemas de família. Não queria descontar em você –Respondeu tentando ficar calmo.

—E então preferiu descontar e desabafar com ela? Eu era a sua namorada, Thiago! Como você mesmo disse, acima de tudo eu era sua amiga. Você me trocou por ela.

—Eu não queria te envolver nos meus problemas. Ela querendo ou não já estava dentro do que tinha acontecido.

—E o que tinha acontecido de tão grave? –Perguntei limpando uma lágrima que tinha ousado cair de meu olho.

—Não vai fazer diferença eu te contar agora. São negócios de família.

Meu coração gelou.

—A empresa do seu pai...? –Tentei escolher delicadamente as palavras

Ele fez que sim com a cabeça. Suspirei já querendo encerrar o assunto.

—Realmente, Catarine, muita coisa mudou. Nós crescemos um pouco nesses meses, e acho que amadurecemos também. Com a ajuda da família da Luiza, eu consegui me integrar nos negócios da família e voltamos com a empresa... Com certeza de uma forma ou de outra o acidente dos seus pais fez você amadurecer também, mas nessa conversa, eu não pude notar nenhum sinal de amadurecimento. Espero que tenhamos outra oportunidade de conversar, mas conversar de verdade.

—Eu só não estava pronta para te ver outra vez –Finalmente soltei. –Fiquei sem palavras.

—Nem eu, nem por isso fui seco contigo no início da conversa. Espero que futuramente não crie mais falsas suposições e tire as coisas a limpo antes de agir. Enfim, foi bom te ver –Disse saindo de perto de mim com um rápido aceno de mão.

Uma parte de mim queria chorar, não queria que ele se fosse. Uma pena que meu orgulho tenha falado mais alto. Fui em direção ao grupo da minha escola e me sentei ao lado de Bruno.

—Quem era aquele garoto? –Indagou super curioso.

—Meu ex –Acabei falando alto demais, e só percebi isso quando Hugo e Lucas se viraram para mim com uma cara de surpresa.

—Ele é gato ein –Soltou Bianca entre risadinhas.

—O que ele queria? –Hugo se meteu na conversa enquanto fazia cafuné em Yasmin, que estava com a cabeça em seu colo.

Fingi que não escutei a pergunta. Nada da minha vida era da conta dele. O pessoal seguiu conversando até o ônibus chegar. No caminho da quadra até o ônibus, o pessoal ficou cantando várias músicas para animar e tirando várias fotos com a câmera que a diretora havia emprestado para os alunos. Chegando no ônibus, vi que o pessoal do meu colégio antigo estava entrado no ônibus ao lado. Observei atentamente pessoa por pessoa até que encontrei Lana e Larissa. Saí correndo para abraça-las. Mesmo triste por elas não terem ficado comigo naquele momento, eu precisava do abraço delas. A saudade falou mais alto. Com o Thiago eu consegui controlar minhas emoções, mas com elas não.

—Catarine! –Gritaram em coro enquanto me abraçavam.

—Eu senti tanto a falta de vocês! –Disse segurando as lágrimas.

—Nós também –Lana disse me abraçando fortemente.

—Sinto muito pelo que aconteceu –Disse Larissa cortando o clima de alegria.

—Eu não quero falar sobre isso. Estamos em um momento feliz –Respondi sem sair do abraço.

—De certa forma nos sentimos culpadas.... Por não estarmos contigo naquele momento, mas a culpa não foi nossa –Lana disse.

—Como assim? –Saí do abraço.

As duas suspiraram e Lana começou a falar:

—Sua avó pediu para respeitarmos o Luto, então demos um espaço. Logo depois ficamos sabendo que você foi transferida para o Spirit –Disse encarando o chão. –Sentimos tanto a sua falta!

—O Thiago também morre de saudades –Larissa completou.

Dei os ombros.

—Mas então, como é lá? As pessoas são legais? –Indagou Lana entre pulinhos.

—Vamos, Catarine! –Gritou Bruno da porta do ônibus.

—Nossa, que gato –Larissa riu.

—Infelizmente tenho que ir –Respondi dando um último abraço nelas –Não sei quando nos encontraremos outra vez, mas fiquei feliz em vê-las.

Saí correndo para não perder o ônibus. Assim que entrei, Bianca estava sentada com Priscila e só restavam dois lugares lá no final do ônibus. Caminhei rapidamente e me sentei do lado da janela. Bruno se sentou do meu lado e pegou a câmera para ver as fotos.

—Essa daqui ficou hilária –Disse me mostrando uma da Yasmin caindo.

Gargalhei bem alto, mas sabia que era errado.

—Olha essa –Era uma foto da Bianca abraçando o mascote da faculdade.

Em seguida ele passou rápido pelas fotos, como se não quisesse que eu as visse.

—Ei, volta, eu não as vi –Protestei.

—Não vai querer ver, vai por mim.

Fechei a cara.

—Nem vem com essa cara amarrada aí não –Começou a fazer cosquinha em mim –Vem, sorri, vamos tirar uma foto –E tirou uma foto me abraçando com os nossos rostos colados.

—Uau, quem não nos conhece poderia dizer que somos um casal –Riu.

—Melhor nem imaginar essa possibilidade, tá doido que vou fazer isso com a Pri.

—E eu jamais trairia ela de novo –Disse fingindo estar sério, mas logo caiu na gargalhada.

—Espero mesmo que não –Ri e o abracei.

—Você gostou de hoje? Estava com uma carinha meio estranha ainda pouco.

—Foi só a saudade dos meus amigos mesmo, nada demais. Obrigada por se preocupar.

Ele me abraçou de forma que consegui sentir seu coração. Fiquei muito feliz por ter um amigo como ele ao meu lado. Sorri de lado e me soltei do abraço. Como estava cansada, fiquei a viagem inteira com a cabeça encostada na janela para poder descansar. Bruno me fez um cafuné, mas parou assim que percebeu que eu dormi.

Chegamos no internato e fomos almoçar. Felizmente as pessoas indesejadas não sentaram com a gente. Depois do almoço, fui para todas as aulas e tentei me esforçar ao máximo para prestar atenção, mas foi quase impossível, não conseguia tirar aquele encontro da minha cabeça.


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Notas finais do capítulo

P E S A D O
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