Rolei preguiçosamente, espreguiçando-me, devia ser cedo meu despertador sequer havia tocado. Não estava mais no sofá e sim em minha cama. Assusto-me ao sentir seu braço envolto da minha cintura, Adam estava ali, dormindo ao meu lado, só de pensar nisso enrubesço.

 Posso escutar minha mãe preparando o café da manhã no andar de baixo. Ela devia estar nos esperando para me constranger provavelmente. Olho meu despertador já estamos meia hora atrasados para primeira aula.

— Droga! – Levanto-me em um pulo. – Adam! Adam! – chamo-o sacudindo seus ombros. Ele abre os olhos preguiçosamente, solta um bocejo longo e abruptamente envolve minha cintura com o braço e puxa-me de modo que fico em cima dele, encaramo-nos e ele diz:

— Você é muito barulhenta pela manhã. – diz suavemente, sorrindo. Podia ficar ali horas aproveitando este Adam bem humorado pela manhã.

— Estamos super atrasados. – Digo, desviando meu olhar do seu, apontando para o despertador com meu queixo. Adam olha as horas e levanta-se não tão desesperado quanto eu.

— Vamos chegar só pro segundo horário mesmo. Posso me trocar aqui? – ele pergunta pensativo. Fico confusa com a pergunta, não temos roupas masculinas em casa. –Tenho uma roupa extra no carro. – ele diz, respondendo à meus pensamentos.

— Claro! – respondo e levanto-me depressa. Pego uma calça e uma camiseta no guarda roupa e corro para tomar um banho.

Quando termino minha maquiagem, volto para o quarto, porém Adam não está mais lá.

Desço as escadas e escuto risadas na cozinha. Adam está sentando na bancada, com roupas novas e cabelo molhado. Mamãe está servindo café para ele quando chego.

— Bom dia Mia! – ela diz, lançando-me uma piscadela. Enrubesço. Ela provavelmente estava pensando que eu e Adam...

— Bom dia Mãe! – retruco o mais calmamente possível, me sentado ao lado de Adam.  Ele sorri para mim, e eu devoro meu café-da-manhã, antes do interrogatório que sei que está prestes a começar.

— Então o que está rolando entre vocês? – Mamãe pergunta indo direto ao ponto. Queria cavar um buraco ali mesmo. Adam deu uma risada leve, não parecia nem um pouco constrangido ao contrario de mim.

— Nada mãe! Pode ser menos curiosa, por favor? – respondo irritada.

— Você nunca me conta nada! – ela retruca fazendo beicinho – Adam? – ela vira-se pra ele tentando conseguir uma resposta.

— Bom, ontem nos dois apagamos no sofá, o espaço era pequeno então eu subi com Mia. Eu estava esperando a senhora chegar para ir embora, mas peguei no sono também. – Ele explicou com sinceridade, deixando claro para ela que não tínhamos feito nada de mais.

— Ótimo, agora estamos indo, faltam 15 minutos pra próxima aula. – digo levantando-me. Adam levanta-se também.

— Fiz o almoço de vocês. – Mamãe diz nos entregando a comida.

— Obrigado! – Diz Adam genuinamente contente pelo gesto.

— Até mais tarde! – despeço-me e saímos.

Quando chegamos à entrada fico na duvida, o carro de Adam está ali, mas o meu também estava. Se fosse com ele não teria como voltar, mas queria muito que ele me levasse, queria passar o máximo de tempo possível com ele.

Parecendo ler meus pensamentos ele caminha em direção ao seu carro e abre a porta do carona para mim.

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No almoço podia sentir os olhares em mim, desde que eu deixei de ser novidade ali todos haviam parado com isto. Mas quando eu e Adam chegamos juntos e atrasados eu voltei a ser comentário de todos.

— Boa tarde! – Lia cumprimenta-me sentando ao meu lado.

— Oi. – digo em resposta. Lia estava muito bem arrumada hoje. Usava uma blusa branca e uma saia preta bem justa combinando com seus sapatos de salto.

— Para que essa produção toda? – pergunto apontando para sua roupa.

— Tenho um encontro hoje. – ela responde sorridente.

— Com quem? – pergunto curiosa.

— Peter, ele é da equipe da natação. – ela diz animada.

— Legal. – digo sorrindo para ela.

— Fiquei sabendo que você teve um encontro também. Ontem à noite. – ela diz maliciosa, observando minhas expressões atentamente.

— Esta brava? – pergunto. Sou filha única e não conheço as regras de gostar do irmão da melhor amiga.

— Eu adorei! – ela diz praticamente se jogando em cima de mim, dando-me um abraço apertado. Rimos juntas. – E então? – ela pergunta encarando-me.

— Então o que? – pergunto fingindo-me de desentendida.

— O que rolou? – ela pergunta impaciente.

— Nada, nem um beijinho. – digo.

— Sério? – Lia pergunta incrédula.

— Sim, não estava me sentindo bem, ele me fez companhia, pegamos no sono e foi só isso. – explico sem dar muitos detalhes.

— Adam deve ser o mais lento da família pra essas coisas. – Lia diz irritada.

— Eu gosto assim. – retruco sem pensar. Lia olha para mim com os olhos arregalados.

— Então você gosta é? – ele pergunta, enquanto um enorme sorriso brota em seus lábios, enrubesço.

Aceno afirmativamente a cabeça, e ganho outro abraço bem apertado de Lia.

— Vamos ser irmãs, você vai ver! – ela diz animada, enquanto continuamos nosso almoço.

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Depois da ultima aula, estava pensando em como iria para casa. Transporte público ali era raridade. Podia pegar carona com alguém, mas estava evitando os demais irmãos de Adam, não queria mais olhares ou perguntas constrangedoras para mim.

 Caminhava pelo acostamento, saindo da escola, havia decidido ir a pé, seria uma meia hora de caminhada, mas as belas paisagens iriam me distrair.

— Sozinha hoje Mia? – uma voz assustadoramente familiar perguntou-me. Olhei para trás e Sebastian estava praticamente grudado em mim. Como não percebi sua presença antes?!

— Sim, preferi caminhar hoje. – respondo olhando a nossa volta. Ótimo, não havia ninguém ali.

— Posso te acompanhar? – ele pergunta. Não!Não!Não! –queria gritar, mas só conseguia em pensamento.

— Você mora perto de mim? – pergunto curiosa e assustada com a idéia de tê-lo como vizinho.

— Sim, a uns 20 minutos da sua casa. – ele responde enquanto começamos a caminhar juntos.

Sebastian foi mais agradável do que eu esperava, contou-me historias sobre ele, sua família e o colégio. Ele tinha toda uma superfície de bad boy, mas parecia pacifico por dentro. Porque sua presença então sempre me deixava em estado de alerta?!

— Está entregue! – ele diz quando chegamos a minha casa.

— Obrigada por me acompanhar. – retruco dando um sorriso sem graça.

— Sábado você tem planos? – ele pergunta.

— Não. – respondo. Sabia que tinha alguma intenção para me acompanhar ate ali.

— Minha banda vai tocar, no lago, vem nos ver. Quase toda galera do colégio vai. – ele me convida estendendo um folheto referente ao show.

— Legal! Não sabia que você tocava. – digo, olhando para o folheto espalhafatoso, provavelmente uma banda de rock.

— Guitarra. – ele diz.

— Eu vou sim. – digo. Ao ouvir isso, Sebastian abriu um sorriso impressionante.

— Nos vemos por ai então. – ele diz indo embora.

Entro em casa e uma ideia continua a me incomodar. Devia ter aceitado assim de cara? O que Adam iria achar? Não temos nada de concreto ainda, acho que ele não devia se importar. Mesmo assim, sinto-me apavorada que ele descubra que recebi o convite diretamente de Sebastian.