A Garota e o Lobo escrita por Manusinha Mayara


Capítulo 2
Mudanças


Notas iniciais do capítulo

Oii pessoal,

Espero que gostem do capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/738688/chapter/2

Olhando minha mãe dirigir para um novo estado, uma nova cidade, observando o brilho em seu olhar sentia-me esperançosa com esse recomeço. Os últimos anos não foram fáceis para ela, mas finalmente havia cumprido sua promessa.

— Por que está com esse sorriso enorme no rosto? – minha mãe pergunta desviando seus olhos da estrada para mim.

— Gosto disso, só nos duas contra o mundo. – respondo.

— Eu também. Nunca mais vou deixar ninguém nos machucar. – ela retruca séria.

Estávamos indo para Califórnia cidade de South Lake Tahoe recomeçar.

Enquanto observo a paisagem perfeita a nossa frente, posso sentir o cansaço guardado nos últimos dias se abatendo voraz sobre meu corpo.

Quero manter meus olhos abertos, quero lhe fazer companhia, mas não posso mais aquentar e deixo meu corpo descansar.

************************************************

Ouço vozes conversando animadamente, só reconheço a de minha mãe e sinceramente estou cansada demais para socializar então mantenho meus olhos fechados.

—Aquela é minha filha... Viemos de Dakota... - mamãe continua tagarelando animada.

A porta ao meu lado se abre e preparo-me para ser acordada, mas ao invés disso sinto braços fortes que envolvem meu corpo, erguendo-o.  O choque faz com que eu abra meus olhos.

Nunca vi este cara na vida, como pode me carregar tão facilmente?! Ele percebe meu olhar e me encara por um longo momento e diz:

— Não se preocupe, só estou ajudando sua mãe, te levando para casa. – explica-se apontado para frente.

Caminhando a nossa frente está minha mãe conversando com um homem alto, uma mulher de longos cabelos negros e alguns garotos mais jovens que eu. Vislumbro nossa nova casa logo à frente.

Ainda estou exausta, olho novamente para o garoto que me encara com preocupação enquanto caminha. Ele é até bonitinho, cabelos negros brilhantes, uma boca redondinha e avermelhada, perfume delicioso e quente como o sol. Apesar da noite gelada, ele estava quente, nem sequer utilizava um casaco.

Aproveito o calor, encosto meu rosto em seu ombro e volto a dormir.

*****************************************************

— Mia! Mia! – acordo com os berros de mamãe. Meu Deus ela quer me matar de susto assim!

— Que foi? – grito em resposta, sem coragem de me levantar da cama.

—Desce pra almoçar! Pretende dormir o dia todo? Temos que arrumar as coisas! – ela responde, e percebo sua irritação.

Espreguiço-me preguiçosamente, meu quarto novo é maior do que eu pensava. Tinha um closet pequeno, um banheiro, e uma vista incrível do lago e das montanhas há minha volta. Não havia vizinhos muito próximos, finalmente mamãe teria toda a privacidade de que necessitava.

Ouço batidas leves na porta.

— Pode entrar mãe. – digo. Ela abre a porta e entra, posiciona-se ao meu lado de frente á janela.

— Incrível não é? –ela pergunta orgulhosa.

— É sim, como arrumou dinheiro pra tudo isso? – pergunto preocupada.

— Era dos seus bisavôs, sua avó a manteve para alugar na temporada, e agora antecipou nossa herança para vivermos aqui. – ela respondeu animada.

 Respirei aliviada, nada de dividas excelente! Recordando-me do garoto de ontem pergunto:

— Quem eram aquelas pessoas de ontem?

— Nossos vizinhos, moram a uns 15 minutos daqui, ficaram nos esperando quase duas horas para dar as boas vindas, são muito gentis. – ela respondeu. – Deixei seu almoço no forno. Arrumei meu quarto e a sala. Deixo a cozinha e seu quarto para você.

— Vai sair? – pergunto receosa, não queria ficar ali no mato sem companhia.

— Vou conhecer o hotel que vou gerenciar, quero fazer contato com as pessoas locais e sentir o clima. – responde entusiasmada, me da um beijo e sai.

Ótimo! Sem carro por aqui não se pode fazer nada, estou literalmente presa.

Tomo um banho rápido, almoço e começo a ajeitar todos os objetos nos armários da cozinha. A casa já estava completamente mobiliada e como tínhamos poucas coisas por causa da nossa fuga rápida não tive muito trabalho em organizar tudo.

Terminada a arrumação da cozinha, começo a subir com as caixas para o meu quarto, isso sim deu trabalho, estava exausta e não tinha subido nem com a metade quando escutei a campainha. Fiquei curiosa, pois não conhecia ninguém para receber visitas. Abri a porta e lá parada estava uma garota de longos cabelos negros, olhos verdes e vestido xadrez. Ela sorria amigavelmente, mas não disse nada, então eu a cumprimentei:

— Oi, posso ajudá-la? – pergunto educadamente.

— Oi, meu nome é Lia, você deve ser a Mia não é? – apresentou-se me surpreendendo por saber meu nome.

— Sou sim, como você sabe? – retruquei curiosa.

— Sou sua vizinha, mamãe disse que havia uma garota da minha idade e fiquei curiosa para te conhecer. – respondeu sorrindo.

— Legal. Eu ia começar a arrumar meu quarto agora, se não se importar com a bagunça você pode entrar. – digo sorrindo de volta para ela.

— Claro! – ela disse entrando.

Lia era uma garota bem divertida, iria começar no segundo ano do colégio assim com eu, ela estava animada por ter uma garota morando por perto. Ela tinha oito irmãos ao todo, a maioria já morava fora. Ela foi prestativa ajudando-me a guardar todas as minhas coisas no quarto. Ficamos a tarde toda conversando e sabia que seriamos amigas.

Somos surpreendidas com batidas leves na porta do meu quarto.

— Entra mãe. – respondo ciente que só podia ser ela.

— Oi meninas, tudo bem? – ela cumprimenta, surpreendendo-se por ver Lia ali.

— Oi Senhora Steele, eu sou Lia, sua vizinha. Como vai? – ela cumprimenta minha mãe educadamente.

— Sei você é a filha dos nossos vizinhos não é?! – mamãe pergunta se lembrando provavelmente da conversa animada que teve ontem com os vizinhos.

— Isso mesmo. – Lia confirma sorrindo.

— Fico feliz por você ter vindo! Vai ficar para o jantar? – Mamãe pergunta animada.

— Não sei, esta ficando escuro, andar na floresta depois das 19 horas é um desafio e tanto. – ela responde.

— Não se preocupe Mia pode te levar no carro dela. – Mamãe responde, deixando-me confusa.

— Seu carro. – corrijo-a sorrindo.

— Não, o seu mesmo. – Mamãe retruca mostrando uma chave com um laço vermelho em volta.

Fico sem ar, isso é impossível! Não digo mais nada, desço correndo em direção a garagem. Abro a porta e me deparo com um Ford Escape prata novíssimo. Não consigo controlar os gritinhos de entusiasmo que saem da minha garganta enquanto admiro meu carro novinho.

Mamãe e Lia, dão risada enquanto me observam.

— Mas como mãe? – pergunto sem tirar os olhos do carro.

— Sua compensação por ter me ajudado, recebi um dinheiro inesperado e como aqui não se pode fazer nada sem carro. – ela responde dando de ombros.

Dou um salto em cima dela e a abraço com força.

— Muito obrigada! Muito obrigada! – agradeci.

—Você merece querida! Agora vamos jantar, avise aos seus pais Lia. – Mamãe diz voltando em direção a cozinha.

— Que demais! Muito lindo! –Lia diz admirando o carro também.

— Nem acredito! – Digo sorrindo, entrando em meu carro com cheirinho de novo. – Quer carona para escola amanhã? – seria um alivio chegar com alguém que conhecesse o lugar.

— Claro! Geralmente eu vou com meu irmão, mas como vai ser seu primeiro dia na “selva” faço questão de te acompanhar! – Lia responde simpática.

— Ótimo! – retruco entusiasmada.

O jantar foi maravilhoso, Lia nos contou sobre os lugares mais lindos da cidade que tínhamos de conhecer. Eu não consegui prestar muita atenção, estava pensando no o tal “dinheiro inesperado” que mamãe havia dito que tinha recebido. De onde ele havia vindo afinal?!

Depois de ajudarmos mamãe com a louça, levei Lia para casa, ela foi me guiando pelo caminho e realmente devia ser minha vizinha mais próxima.

Sua casa era enorme, havia vários carros parados na entrada, todas as luzes estavam acesas.

— Estão fazendo uma festa? – pergunto curiosa.

— Não, meus irmãos sempre vêm aos domingos com suas famílias, a casa fica cheia. Tenho doze sobrinhos já acredita?! – Lia diz e ri de minha expressão de espanto.

— Nunca mais reclamo por ser filha única. – digo em tom de brincadeira. – Amanhã passo aqui pra te buscar. – digo.

— Ok, vou te esperar, obrigada por tudo! – Lia despede-se me dando um abraço. Ela desce do veiculo e eu dou a volta para sair dali.

Quando volto para casa, apenas a luz do quarto da minha mãe está acesa. Estaciono e começo a caminhar em direção a entrada, uma estranha sensação de estar sendo observada me incomoda, começo a procurar minhas chaves apressadamente em minha bolsa.

O silêncio há minha volta deixa-me ansiosa.

Tento controlar minha respiração, ele não esta ali, não pode mais nos machucar. Respiro fundo e encontrando minhas chaves entro depressa em casa, assim que tranco a porta ligo o alarme. Olho em volta, nada além de escuridão.

Ele não esta aqui, ele não está aqui... Repito para mim mesma. Subo depressa para meu quarto, tenho que me preparar para o primeiro dia na escola nova.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Contem pra mim!

XOXO



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Garota e o Lobo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.