Fiquei surpresa em como nossa escola era pequena, deviam ser no máximo uns 200 alunos, todo mundo se conhecia sendo assim minha intenção de passar despercebida foi arruinada.

Estava extremamente satisfeita por Lia estar ali comigo, ela me ajudou a localizar meu armário e mostrou à sala em que eu teria minha primeira aula, infelizmente estávamos em turmas diferentes.

Quando entrei na sala, o silencio constrangedor tomou conta do ambiente, tomando cuidado para não esbarrar em ninguém, sentei-me em uma carteira próxima das janelas. Como podia sentir os olhares em meu rosto, concentrei-me em olhar para fora.

O professor não demorou a chegar e a primeira coisa que fez foi me procurar claro:

— Mia Steele? – ele chamou. Virei meu rosto em direção a ele, dei um sorriso constrangido.

— Sim. – respondi. Podia sentir todos me olhando agora.

— Venha aqui se apresentar a turma. – A frase mais temida por mim foi dita por ele. Levantei-me engolindo seco e posicionei-me em frente ao quadro negro. Olhei todos aqueles rostos encarando-me e disse:

— Bom dia pessoal! Sou Mia, acabei de me mudar para cidade. – apresentei-me torcendo para que fosse o suficiente para o professor, mas claro que não foi.

— Legal Mia. De onde você veio? – perguntou-me o professor.

— Dakota. – respondi.

— O que está achando daqui? Muito diferente de Dakota? –perguntou-me o professor.

— Sim, bem mais bonito e tranqüilo. – respondi.

— Que bom que está gostando Mia. Seja muito bem vinda! Meu nome é Franco e sou seu professor de biologia este ano. – o professor apresentou-se levantando e estendo-me a mão.

— Obrigada! – apertei sua mão e voltei para meu lugar.

 O resto da aula foi tranqüilo, o professor deu um resumo do que foi visto no último ano, concentrei-me em copiar tudo, sabia que estes dois últimos anos seriam decisivos para entrar em uma boa faculdade. Uma sensação de estar sendo observada me incomodava. Decidi dar uma olhadela para minha esquerda, e vi um garoto de cabelos loiros desgrenhados me observando enquanto rabiscava em seu caderno, ao perceber que estava olhando-o, ao invés de desviar seu olhar ele me encarou. Mantive meu olhar firme nele, até que o sinal tocou.

 Recolhi minhas coisas depressa e corri para descobrir aonde era minha próxima sala.

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No almoço, havia levado meu lanche, nunca gostei de pegar as enormes filas em meus antigos colégios em busca de almoço. Não precisei procurar um lugar para sentar-me, fui literalmente convocada:

— Mia! Mia! Vem pra cá! – Lia gritava do outro lado do salão. Para minha alegria estava um barulho alto das conversas de todos ali juntos, então ninguém se virou para me olhar.

Fui caminhando pelo labirinto de mesas e pessoas no refeitório. Há medida que me aproximei vi que Lia estava na mesa com três garotos, e uma menina que ela havia me apresentado hoje de manhã, Brittany sua amiga. Quando cheguei Lia apontou uma cadeira vazia e sentei-me.

— Lia não mentiu. – um dos garotos falou. Olhei para ele sem entender do que estava falando – você é uma gata mesmo. – concluiu em tom brincalhão fazendo-me corar. Lia deu um safanão forte em seu braço.

— Mia, esses são meus irmãos mais velhos Luca e Luan. – Lia apresentou-me. Eles eram gêmeos idênticos, fortes e bem grandes, não eram lindos, mas achei bonitinhos. Cumprimentei os com um aceno tímido de cabeça.

— E esse é o meu gêmeo Adam. – ela continuou apontando o garoto ao lado de Brittany. Reconheci imediatamente o garoto que me carregou no colo logo em minha primeira noite ali. Ele me encarava com um sorriso educado, eu olhava de ele para Lia em choque, se pareciam um pouco, mas nunca imaginei que eram gêmeos.

— Gêmeos?  - questionei enquanto dava uma mordida em meu sanduíche.

— Eu sei, eu sei! Não temos nada haver! – Lia respondeu, levantando suas mãos como se estivesse rendendo-se. Todos riram um pouco.

Continuamos nosso almoço conversando animadamente. Percebi que Luca e Luan eram bem extrovertidos, eram co-capitães do time de Rugby o que os tornou bem populares por ali.

Adam parecia bem maduro, não falou muito, mas nas poucas vezes que olhei para ele, percebi que ele me encarava como se estivesse analisando-me, Brittany estava pendurada em seu pescoço, tagarelando sobre uma festa pelo que entendi. Seriam namorados?

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 Quando o último sinal tocou, senti um enorme alivio por ter me adaptado tão bem a nova escola. Gostei bastante dos professores e as pessoas eram bem receptivas, pelo menos a maioria era.

Lia dispensou minha carona na volta, iria com Brittany às compras, como era um programa nada interessante pra mim, dei uma desculpa para poder ir para casa.

Estava no estacionamento indo em direção ao meu carro. Entrei, coloquei o cinto de segurança e dei partida, quando comecei a manobrar, um garoto passou de skate na minha frente, freei de uma vez, ele ficou irritado por quase ter sido atropelado e deu um murro forte no capo. Encaramos-nos e reconheci o garoto louro que me olhava na aula de biologia.

Ele não disse nada, foi embora e deixou-me ali. Todos que estavam ali ignoraram o incidente como se não fosse nada.

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Cheguei a minha casa e fui logo tomar um banho, água quente era a melhor coisa do mundo. Depois liguei meu notebook e dei uma boa lida nas reportagens sobre Dakota.

— Nada ainda! – disse para mim mesma, suspirando de alivio. Talvez estivéssemos finalmente livres dele.