P.O.V Sebastian

 Quando a picape que seguia finalmente parou, estávamos em uma fazenda com um enorme milharal. Observei o homem caminhar para a caçamba e retirar a mãe de Mia de lá e carregá-la como um saco sobre seu ombro. Ela parecia estar realmente inconsciente agora, sua blusa ensopada de sangue me deixou realmente preocupado.

 Observei metodicamente enquanto ele a colocou no chão abriu as portas do celeiro, estava tudo muito quieto, ele então a levou para dentro, logo em seguida voltou para o carro e pegou um objeto, uma caixa, e entrou novamente no celeiro.

 Adentrei o milharal ali discretamente, voltando a minha forma humana, ter carregado no focinho minha mochila por todo o percurso tinha finalmente válido a pena. Peguei meu celular e disquei para a última pessoa que gostaria.

— Estou sem tempo agora Sebastian. – Adam, atendeu ríspido.

— Sem tempo para salvar sua namorada e sua sogra? – eu retruco.

Adam ficou em silêncio por um breve segundo.

— O que você tem haver com isso? – perguntou em um tom ameaçador.

— Eu vi quem levou a mãe de Mia, e o segui. – respondi sincero.

— Onde você está?

— Siga meu rastro, começa perto da rodovia na casa de Mia, seguindo em sentido norte. – dei as coordenadas para ele.

— Ok. – Adam retrucou. – Sebastian? – ele me chamou.

— Que? – pergunto curioso.

— Obrigado. – ele diz e desliga.

 Nada nessa vida era gratuito, iria cobrar esse favor de Adam e ao mesmo tempo cair nas graças de Mia. 

 Guardei meu celular na bolsa e vesti minhas roupas, aproximei-me do celeiro, estava extremamente quieto, havia movimento na casa em frente, então o homem provavelmente estava lá. Fui pela lateral e por uma fresta consegui ver Mia desesperada chamando pela mão desesperada.

 Eu poderia quebrar a tábua ali, eram muito velhas, mas isso faria barulho e atrairia atenção indesejada do seqüestrador.

Observo o chão de terra vermelha e uma idéia me surge. Volto para o milharal e me transformo novamente.

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P.O.V Mia

Chorava inconsolável, minha mãe dormia, estava fraca demais para manter os olhos abertos. Ela esperou o pior momento para revelar a verdade sobre a morte de meu pai.

Jack, que nos mantinha ali, era o culpado pela morte de meu pai, pela destruição de minha família, de minha vida.

Flash Back On

— Mãe? – chamo sua atenção, lhe mostrando uma foto em que ela, meu pai e Jack estavam abraçados – vocês conheciam esse homem desde muito antes, porque nunca me contou sobre isso? – pergunto.

Ela olha para mim indecisa, obvio que está me escondendo algo.

— Mia, é dolorosa demais a verdade - ela balbucia, deixando escapar algumas lágrimas em seus olhos.

— Preciso saber de tudo. – retruco com firmeza.

— Seu pai e Jack eram amigos de infância. Seu pai morreu em um acidente de carro, ele sumiu por alguns dias e quando a policia encontrou seu carro, ele estava jogado em um penhasco completamente carbonizado. Jack foi um amigo leal e se comprometeu a cuidar de nós duas. – ela começou a dizer.

— Belo trabalho o dele. – digo irônica.

— Quase dois anos depois da morte de seu pai nos começamos a nos envolver. Casamos-nos e você sabe o resto. – ela diz.

— Começaram a sessões de bebedeiras, pancadarias e afins. – completo com amargura.

— O que você não sabe, é que na última noite em que ele me bateu, dois dias antes de nossa fuga. Jack revelou que cortou os freios do carro do seu pai, ele era advogado de confiança de nossa família e sabia que quando seu pai estivesse morto, você filha, era a única beneficiaria dele. – ela diz com pesar.

Abro minha boca em choque, não consigo dizer nada, minhas lágrimas escapam contra minha vontade.

— Por que não contou a policia? – pergunto friamente.

— Eu contei, o pai de Adam está nos ajudando, ele está em contato com os policiais responsáveis e eles reabriram o caso para investigação. – ela responde. – Enquanto isso eu tentei o manter o mais longe o possível de você, ele só terá acesso ao dinheiro se for seu tutor Mia, por isso ele não vai te machucar, pelo menos não o suficiente para matá-la.

— Mas ele não vai ser meu tutor, você é minha mãe. A menos que você... – digo e o pensamento a seguir-me deixa apavorada. Jack era capaz de tudo por dinheiro.

— A menos que eu morra. – mamãe completa a frase.

Flash Back Off

Ouvi um barulho estranho na parede atrás de mim, levantei-me devagar e segui o som estranho. Olhei para o chão e alguém cavava do outro lado da parede. Era nossa ajuda só podia ser.

— Adam? – perguntei em um sussurro. Ele parou por um breve momento e deitei-me no chão para ver quem era lá fora. Pelos negros e um olhar que reconheci imediatamente.

— Sebastian?! – digo confusa. Ele faz um barulho com a garganta, semelhante a uma risada. Estava rindo do choque em meu rosto ao vê-lo ali.

Ele faz um movimento com a cabeça, incentivando-me a cavar também. Levanto e vou correndo atrás de um pedaço de madeira, que possa ajudar a cavar um buraco no chão duro. Começo a cavar, em um ritmo bem mais lento que o dele.

— Mãe, aquenta firme. – digo, mesmo sabendo que provavelmente ela não pode me ouvir.

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P.O.V Adam

Todos seguiam o rastro de Sebastian, estava fresco e tive a certeza de que ele não poderia ser o responsável por esse sumiço. Só havia o cheiro dele ali, nada de Mia ou de sua mãe.

 Chegamos a um enorme milharal, e bem a frente podia ver uma fumaça enorme que subia. Corri em direção ao local, ignorando os apelos para que eu tivesse cuidado que meu pai fazia em minha mente.

 O celeiro com as portas arreganhadas estava em chamas, ouvi a voz de Mia e a de um homem, eles discutiam.

 - Só vou perguntar mais uma vez, onde ela está Mia? – homem esbravejava.

— Nos deixe em paz. – Mia berrou para ele e logo em seguida pode ouvir sua tosse.

Aquele celeiro não iria demorar a desmoronar, tinha que tirá-la da li.

 ‘ Adam, a mãe de minha está aqui com Sebastian’ – meu pai diz em minha mente.

Através de seus olhos eu vi a mãe de Mia inconsciente e completamente ensangüentada deitada no meio do milharal, Sebastian também parecia machucado, estava encolhido próximo a ela também inconsciente.

 Desliguei-me deles e pensei em como passar pelo homem que apontava um rifle para Mia. Ele estava de costas para a porta, para mim.

Aproximei- me devagar, Mia continuava a gritar, ela já havia me visto, estava distraindo o homem para mim.

Cheguei perto o suficiente para que ele sentisse minha respiração, quando fez menção de virar-se para mim, mordi o vão entre seu ombro e seu pescoço com força.

Encarei Mia, ela balançou o pé, chamando a minha atenção para a corrente que a prendia. Fiquei com um ódio ainda maior do homem, até colocar minha boca sobre ele me dava asco.

 Joguei-o com força no chão, meu pai agora em sua forma humana, veio por trás de mim, e vasculhou os bolsos do homem.

— Cuidado! – Mia gritou.

Olhamos para ela, ela encarava o teto assustada, uma viga enorme caia, saltamos para fora do alcance da viga, que caiu em cima de Jack. Ele agora berrava de dor. Olhei desesperado para meu pai, ele estava com um molho de chaves na mão. Deu a volta na viga em chamas e ajoelhou-se do lado de Mia, testando as chaves para tentar liberta-lá.

Peguei com a boca outra viga menor que estava por ali, e tentei tirar a que estava em chamas de cima de Jack, meus irmãos me ajudaram e juntos o libertamos. Um de meus irmãos arrastou-o para fora.

 Quando voltei meu olhar em direção a Mia, senti uma forte pancada em minha cabeça, fui perdendo a consciência. Na minha frente podia ver Mia berrando desesperada, ela tentava me alcançar, eu tentei me esticar para chegar perto dela, mas a escuridão tomou conta de mim.